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2.6 AS CONDIÇÕES DE TRABALHO NO POSTO DOS MERENDEIROS

2.6.3 Posturas e Movimentos

Os merendeiros, na maior parte da sua jornada, trabalham na posição em pé realizando movimentos repetitivos ou não. O trabalho na posição de pé exige um trabalho muscular estático para imobilização das articulações dos pés, joelhos e quadris. Não só causa fadiga da musculatura, mas também o desconforto causado por condições adversas do fluxo de retorno do sangue. Dão origem a muitas doenças das extremidades inferiores nas profissões que exigem trabalho imóvel de pé por tempo prolongado, incidindo em doenças como alargamento das veias das pernas (varizes), edema dos tecidos nos pés e pernas (edema de tornozelo).

Na atividade dinâmica, o trabalho pode ser expresso como a ação de encurtamento dos músculos e força desenvolvida (trabalho = peso x altura que é levantado). O músculo não alonga o seu comprimento no trabalho estático e permanece em estado de alta tensão, produzindo força durante um longo período. No trabalho estático nenhum trabalho útil é extremamente visível, não sendo possível defini-lo por uma fórmula do tipo peso x distância. Este trabalho assemelha- se mais com a atividade de um magneto elétrico, que consome constante energia durante a ação para suportar determinado peso e que não aparenta produzir nenhum trabalho útil.

Para manter partes de nosso corpo em uma posição desejada, precisamos ter uma série de músculos como os dos pés, pernas, quadris costa e nucas continuamente tensionados.

Não se recomenda passar o dia todo na posição em pé, pois isso provoca fadiga nas costas e pernas. Um estresse adicional pode aparecer quando o tronco fica inclinado, provocando dores no pescoço e nas costas (DUL, 2004, p 19).

No trabalho estático, os vasos são pressionados pela pressão interna, contra o tecido muscular, por isso não flui mais sangue para o músculo, ao contrário do trabalho dinâmico, onde o músculo age como uma bomba sobre a circulação sanguínea, e a contração expulsa o sangue dos músculos, enquanto que o relaxamento subseqüente favorece o influxo de sangue renovado. Com este mecanismo, a circulação de sangue é aumentada em várias vezes: o músculo recebe realmente entre dez a vinte vezes mais sangue do que em repouso.

No trabalho dinâmico, o músculo recebe grande fluxo de sangue, obtendo açúcar e oxigênio, enquanto que os resíduos formados são levados embora. Ao contrário, o músculo que faz grande parte do trabalho estático, não recebe açúcar nem oxigênio e deve usar suas próprias reservas, sendo isto talvez o maior prejuízo, pois os resíduos não são retirados, acumulam-se e causam aguda dor da fadiga do músculo, tornado não suportável por um longo período de trabalho estático devido à dor intensa que obriga a interromper o trabalho. Sendo assim, o trabalho dinâmico, desde que haja um ritmo adequado, pode ser executado por um grande período sem cansaço.

A força natural de uma pessoa depende da secção transversal de seu músculo, é por isso que uma mulher em um mesmo grau de condicionamento físico e por possuir uma secção transversal muscular menor tem 30% menos de força máxima muscular que o homem. No trabalho estático, a irrigação do sangue nos músculos é mais lenta quanto maior for a produção de força. Conclui-se que a fadiga muscular aparece em um trabalho estático tão mais rápido quanto maior for a força exercida ou maior tensão dos músculos.

Recentes estudos e experiências demonstram que a carga estática que corresponde a 15% a 20% da força máxima e que é executada ao longo da semana,

leva ao surgimento de sinais dolorosos de fadiga. Muitos opinam que o trabalho estático só poderá ser executado diariamente por várias horas se não aparecer sinais de fadigas, se a carga estática não superar os 8% da força máxima (GRANDJEAN,1998, p 169).

O trabalho estático provoca fadiga dolorosa nos músculos exigidos, que pode evoluir para dores insuportáveis. Se este tipo de exigência for mantido diariamente por longos períodos, poderão provocar incômodos maiores ou menores nos membros atingidos, não só nos músculos, mas também nas articulações, extremidades dos tendões e outros tecidos envolvidos, conduzindo ao surgimento de lesões de desgastes das articulações, discos intervertebrais e tendões.

Estudos revelam que excessivos esforços estáticos estão associados com o aumento de risco de:

Inflamações nas articulações;

Inflamações nas bainhas dos tendões; Inflamações nas extremidades dos tendões;

Processos crônicos degenerativos, do tipo de artroses, nas articulações; Câimbras musculares

Tabela 4. Tipos de queixas no corpo devido ao trabalho estático

Tipo de trabalho Queixas e conseqüências possíveis

De pé no lugar Pés e pernas, eventualmente varizes

Postura sentada sem apoio nas costas Musculatura distensora nas costas

Assento demasiado alto Joelhos, pernas e pés

Assento demasiado baixo Ombros e nucas

Postura de tronco inclinado, sentado ou de pé Região lombar, desgaste de discos invertebrais Braço estendido, para frente, para os lados ou

para cima

Ombros e braço, eventualmente periatrite dos ombros

Cabeça curvada demasiada para frente ou trás Nuca e desgaste dos discos invertebrais Postura de mão forçada em comandos ou

ferramentas

Antebraço, eventualmente inflamações das bainhas dos tendões

Para a configuração dos locais de trabalho, a escolha da correta altura de trabalho é de capital importância (Figura 3). Se a área é muito alta, freqüentemente os ombros são erguidos para compensar, o que leva às contrações musculares dolorosas na altura das omoplatas, nuca e costas. Se a área de trabalho é muito baixa, as costas são sobrecarregadas pelo excesso de curvatura do tronco, o que dá freqüentemente margem a queixas de dores nas costas. Por isso, a altura das mesas de trabalho deve estar de acordo com as medidas antropométricas tanto para o trabalho de pé quanto para o trabalho sentado (GRANDJEAN, 1998, p.45).

Figura 3. Altura de mesa para trabalhos em pé (Grandjean, 1998, pág. 46)

3 ANÁLISE DO POSTO DE TRABALHO DOS MERENDEIROS

Pelos princípios da Ergonomia, Laville (1977, p.01) define como “o conjunto de conhecimentos a respeito do homem em atividade, a fim de aplicá-los à concepção das tarefas, dos instrumentos, das máquinas e dos sistemas de produção”. Observar e tirar conclusões a respeito do modo de ação possibilita a adoção de medidas técnicas, que objetiva eliminar ou minimizar a ocorrência de doenças ocupacionais resultando diretamente na qualidade de vida e no processo produtivo.

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