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3 – POTENCIALIDADES E CONSTRANGIMENTOS DO ECOTURISMO NAS ILHAS

Cabo Verde desfruta de uma grande diversidade cultural e paisagística, que lhe confere potencialidades em recursos naturais e que constituem a base do desenvolvimento do turismo, em particular do ecoturismo, um segmento que poderá acrescentar maior valor a este sector ainda em crescimento.

Todas as ilhas possuem potencialidades ecoturísticas e cada uma delas com a sua particularidade que a define, oferecendo um tipo de produto diferente. As ilhas que revelam ter maior vocação ecoturística são as montanhosas: Santo Antão, São Nicolau Santiago, Fogo e Brava, e as restantes ilhas planas gozam destes potenciais, digamos a nível das suas praias e recursos marinhos, caso: da Boavista, Sal, Santa Luzia, São Vicente e Maio. No entanto “o WWF já fez diversos estudos sobre as potencialidades de se desenvolver o ecoturismo nas áreas costeiras”21.

De entre os principais recursos turísticos das ilhas montanhosas destacamos os seguintes: montanhas imponentes, vales profundos e estreitos, miradouro de belas paisagens, Barragem de Poilão, um vulcão activo e outros inactivos, sua geologia e geomorfologia, mar de águas tépidas, praias de areias preta e branca, parques naturais com espécies de flora e fauna endémicas, cachoeiras, jardim botânico, artes e artesanato, gastronomia e várias actividades culturais, que nos diversos domínios de actividades

21Idem (DGT).

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favorecem boa prática do ecoturismo como caminhadas, escaladas, passeios de barco, observação das aves, pesca e banhos das cachoeiras.

Convém, distinguir que a ilha de Santo Antão, também conhecida como ilha das montanhas é a das mais promitentes em termos de ecoturismo, devido à sua orografia e recursos geológicos recheados das suas paisagens verdejantes ao longo do ano. No entanto, actualmente não é a única ilha com tais privilégios, percebido na competitividade com as outras ilhas (Santiago, Fogo e São Nicolau). O ponto fraco é sobretudo as deficientes ligações marítimas e inexistência de aeródromo na ilha.

Figura 3 – Atractivos das ilhas montanhosas

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3 4 5 1 - Paisagem da Ilha de São Nicolau.

2 – Vulcão do Fogo situado à entrada do Parque Natural do Fogo. 3 - Paisagem do Parque Natural de Serra Malagueta, Ilha de Santiago. 4 – Paisagem da ilha de Santo Antão.

5 – Ilha da Brava (conhecida como a ilha das flores). Fonte: www.areasprotegidas.cv e www.caboverde.com

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Nas ilhas planas encontrarmos praias de areia preta e branca, mar de águas tépidas, belas paisagens das zonas costeiras, recursos marinhos que convidam geralmente a passeios de barco e pesca e à observação de aves e tartarugas. Aliás, a tartaruga é utilizada por algumas instituições privadas, caso do “Resort Sambala Village”como um símbolo do turismo em Cabo Verde, para sensibilizar as pessoas e a sociedade em geral da sua importância na biodiversidade marinha e sobretudo pelo seu perigo crítico de extinção.

Figura 4 – Atractivos das ilhas planas

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1 – Dunas da Ilha da Boavista.

2 – Ilha de Santa Luzia (Ilha desabitada). 3 – Ilha do Maio.

4 – Ilha do Sal.

5– Ilha de São Vicente. Fonte: www.caboverde.com

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Um outro potencial, importante do país a destacar é a sua posição geoestratégica, localizado perto do continente africano, americano e europeu, e a sua estabilidade político-social.

Quanto às infra-estruturas de apoios, já temos boas estradas tanto de asfalto como de calçadas, que ligam cidades e vilas ao interior das ilhas, dando maior conforto as viagens. Até ao momento Cabo Verde dispõem de quatro aeroportos internacionais, nomeadamente na Ilha do Sal, Santiago, São Vicente e Boavista, que permitem efectuar mais ligações com o exterior, a partir destas ilhas, assim como, mais voos charters por outras companhias, como forma de facilitar o acesso a Cabo Verde e dinamizar o sector turístico.

Neste contexto, a estatística de Aeroportos e Segurança Aérea, SA (ASA), permitiram constatar, este aumento referente ao ano de 2008, em que circularam nos aeroportos de Cabo Verde 1,4 milhões de passageiros, havendo um aumento de 6,1% face ao ano anterior. Discriminando que 688 eram estrangeiros equivalendo a 47,7% do total (PEDTCV 2010/2013, s/d).

Todas estas potencialidades elevam a competitividade do mercado de Cabo Verde, perante os outros países da Macaronésia, garantindo actualmente mais possibilidades de crescimento.

No que se refere aos constrangimentos, infelizmente Cabo Verde tem-se deparado com alguns que têm condicionado a evolução desta estratégica de seguimento, mesmo consciencializado de que o ecoturismo não exige infra-estruturas sofisticadas. O certo é que precisa das condições básicas que permitam a sua prática de forma planeada, organizada e sustentável. Estes constrangimentos chamam bastante atenção e tem travado um pouco o desenvolvimento do turismo no país, dos quais mencionamos os seguintes:

 A falta de chuva e a sua distribuição bastante irregular, o que provoca a erosão dos solos pela falta de cobertura vegetal;

 Falta de financiamentos e de verbas que permitam criar oficialmente todas as áreas protegidas do país;

 Insuficiência na divulgação das informações turísticas e promoção do país como destino ecoturístico;

 Insuficiente formação e deficiente circulação de informações de base;  Insuficientes meios de hospedagem e serviços ligado a esta actividade;

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 Grande dificuldade de acesso aos lugares potencialmente ecoturísticos;  Difícil deslocação inter-ilhas pelos poucos meios de transportes existentes

(marítima e aéreas), com viagens feitas de forma irregular e incertas;

 Deficiente articulação de estratégias comerciais/marketing entre operadores de transporte e operadores turísticos;

 Os preços dos produtos são muito elevados, principalmente a comunicação e transporte interno;

 Falta de saneamento, deficiente recolha e tratamento do lixo;  Falta de sinalética nos principais pontos atractivos do país;  Falta de iluminação pública, principalmente electrificação rural.

Perante estas situações é preciso evidenciar esforços de forma a diminuir estes constrangimentos, para que o turismo e ecoturismo possam desenvolver normalmente, visto que estão interligados com todos estes sectores. Seria também uma das formas de se combater a sazonalidade, criando condições necessárias para que se pratique o turismo durante todo o ano.

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