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Quanto às Potencialidades e as Restrições de Uso dos Produtos Cartográficos para o Cadastro Técnico Multifinalitário Urbano.

CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

6.2 Quanto às Potencialidades e as Restrições de Uso dos Produtos Cartográficos para o Cadastro Técnico Multifinalitário Urbano.

O Cadastro Técnico Multifinalitário Urbano deve proporcionar para todos os seus usuários um conjunto de informações que são utilizadas para o gerenciamento, planejamento, controle e fiscalização dos recursos e atividades desenvolvidas sobre o espaço urbano. Essas informações são relevantes para a fiscalização fazendária e tributação imobiliária, planejamento urbano, controle das regiões subdesenvolvidas social e economicamente, desenvolvimento do turismo e áreas de lazer, gestão dos serviços públicos nas áreas da saúde, educação, habitação, transportes, desporto, cultura e parceria com as prestadoras de serviços de energia, telefonia e saneamento básico.

Para atender a todas estas demandas, a base cartográfica deve possuir as informações necessárias para solucionar os problemas dos diversos órgãos e ser geometricamente confiável, constituída de feições topologicamente consistentes, graficamente organizadas e referenciada a um sistema de projeção cartográfico padrão.

Dentre os produtos analisados nesta pesquisa, as bases cartográficas geradas a partir do Levantamento Topográfico Eletrônico, do Levantamento por GPS e da Restituição Estereofotogramétrica, possuem precisão suficiente para atenderem as necessidades de um cadastro fiscal.

Uma desvantagem do método topográfico, é que o produto gerado é constituído por uma carta de traço (delineamento das feições por linhas, polígonos e símbolos), não dispondo de uma imagem que permita visualizar e identificar outros elementos, importantes para o monitoramento e gerenciamento dos recursos ambientais e para o planejamento e urbano.

A base cartográfica produzida através da vetorização da ortofoto, e a base gerada a partir dos dados do levantamento topográfico à trena e da imagem de satélite de alta

resolução não devem ser utilizadas para a obtenção de medidas confiáveis para a tributação imobiliária, pois além de apresentarem resultados não muito satisfatórios, com exceção da ortofoto, os demais produtos não levam em consideração a altimetria, podendo gerar distorções ainda maiores em áreas com relevo acidentado. Entretanto, esses produtos demonstraram ser uma importante ferramenta para a detecção de alterações, podendo ser amplamente utilizadas para a atualização da base cartográfica, permitindo identificar novos loteamentos e construções e sistematizar o processo de fiscalização do cadastro.

As atividades envolvidas no monitoramento e gerenciamento de recursos naturais e no planejamento urbano dependem fundamentalmente de imagens que possibilitam a identificação de novas áreas para expansão urbana, centros esportivos e de lazer, espécies de vegetação, nascentes e recursos hídricos, áreas de preservação ambiental, mapeamento temático dos tipos de solo, geologia, áreas de risco e outras variáveis ambientais. Nesse caso, é importante além da carta cadastral, dispor-se de fotografias ou imagens que permitam a interpretação desses elementos.

A aquisição desses produtos somente pode ser feita através do levantamento aerofotogramétrico ou de metodologias híbridas, como o levantamento topográfico para a confecção de uma base geométrica para o cadastro fiscal e uma imagem orbital de alta resolução para apoiar outros mapeamentos.

Os produtos necessários para subsidiar os cadastros sócio-econômicos, o zoneamento de áreas cobertas por planos de saúde ou a distribuição dos estabelecimentos de ensino, são equivalentes à base cartográfica gerada para o cadastro imobiliário, pois dependem da identificação dos domicílios, logradouros e infra-estrutura pública.

6.3 Recomendações

Na aquisição de imagens orbitais, alguns cuidados devem ser tomados para evitar a aquisição de produtos com problemas. Um deles diz respeito à cobertura de nuvens, que podem impedir a identificação de até 20% da área. Outros problemas estão associados à qualidade geométrica e radiométrica das imagens, que podem ser prejudicadas se forem realizadas a partir de pontos de controle insuficientes ou de baixa qualidade e de modelos

digitais de elevação sem a precisão adequada. Essas questões devem ser bem discutidas e devidamente acordadas entre a contratante e a empresa prestadora de serviços.

Ainda sobre a correção Geométrica das imagens, destaca-se a importância de realizar testes de verificação da qualidade não apenas do ajustamento, mas principalmente na imagem georreferenciada, através de pontos de verificação, somente a partir destes pontos que se pode determinar a qualidade geométrica do produto final.

A escolha de um determinado método para a confecção de um produto cartográfico deve ser cuidadosamente analisada, pois a questão central que deve nortear a solução apontada deve considerar a finalidade da qual se destina, a qualidade técnica a ser alcançada e, principalmente, a relação custo-benefício de acordo com os objetivos do projeto.

Muitas vezes este equilíbrio pode direcionar não apenas para a escolha de um único método, mas também, a criação de produtos híbridos, obtidos a partir da complementaridade de duas ou mais técnicas, um processo que muitas vezes pode não ser o ideal, mas que pode perfeitamente atender as questões técnicas aliadas ao fator econômico.

Por outro lado, a qualidade de um produto, mesmo que sua produção seja menos econômica, pode auxiliar na prática de uma tributação mais justa e no equilíbrio fiscal de um município.

É imprescindível que todos os órgãos contratantes de serviços cartográficos cumpram a legislação e fiscalizem os produtos adquiridos, exigindo testes de qualidade que indiquem os índices de exatidão e precisão cartográfica.

A fiscalização dos serviços cartográficos não chega a representar 10% do custo de confecção dos produtos, mas pode significar ganho ou perda de receita, gerar injustiças fiscais e desgastes políticos.

Outro ponto a ser considerado na escolha do método a ser utilizado para o mapeamento urbano é o tamanho da área, o número de unidades imobiliárias e as características de uso e ocupação do solo. Esses fatores influenciam principalmente no custo dos levantamentos e na confecção dos produtos cartográficos, tornando-se necessária uma análise da relação custo-benefício antes de uma tomada de decisão definitiva.

Diante desta situação, apontamos a necessidade da realização de um estudo diagnóstico, que relate o histórico cartográfico do município, e aponte para a aquisição de um produto que atenda as necessidades de todos os usuários.

Destaca-se também, a importância da continuidade deste trabalho, sobre o ponto de vista econômico, visando comparar os custos para a aquisição dos produtos cartográficos por diferentes métodos.