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CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.6 PPDC – Plano Preventivo de Defesa Civil

Em 1988, chuvas muito intensas provocaram vários escorregamentos na Serra do Mar, ocasionando mortes em diversas cidades litorâneas do estado de São Paulo. Em decorrência desses graves acidentes, o governo estadual solicitou a elaboração do relatório “Instabilidade da Serra do Mar no Estado de São Paulo. Situações de Risco”, que tinha dentre os seus objetivos, a proposição de medidas que possibilitassem a prevenção, redução e eliminação destes riscos. Uma destas propostas foi a elaboração do Plano Preventivo de Defesa Civil – PPDC, implantado desde então, da mesma proposta derivaram trabalhos como as Cartas Geotécnicas do Guarujá e de Ubatuba. O PPDC foi coordenado pelo Instituto Geológico – IG e pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT, com a colaboração de vários outros centros de pesquisa, existindo até os dias atuais.

O PPDC é operado por meio de acompanhamento das chuvas, previsão meteorológica e vistorias de campo. O objetivo principal é evitar a ocorrência de mortes, com remoção da população antes que os escorregamentos atinjam suas moradias. Além disso, o PPDC é uma medida não-estrutural, que tem como objetivo principal dotar a Comissão Municipal de Defesa Civil – COMDEC de instrumentos de ação para reduzir a perda de vidas humanas e de bens materiais decorrentes de escorregamentos e processos correlatos. Fundamenta-se na possibilidade de se tomarem medidas antes da ocorrência desses escorregamentos.

O período de operação tem início no dia 1o de dezembro e estende-se até 31 de março do ano subseqüente, podendo ser prorrogado de acordo com as condições meteorológicas. As instituições participantes do PPDC são mostradas na Tabela 2.7.

Tabela 2.7 – Instituições participantes do PPDC

Instituição Função

CEDEC – Coordenadoria Estadual de Defesa

Civil Coordenação geral do PPDC

REDEC – Regional de Defesa Civil Coordenação regional do PPDC

IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas Assessoria técnica à CEDEC, REDEC e COMDEC

IG - Instituto Geológico Assessoria técnica à CEDEC, REDEC e COMDEC

Prefeitura/COMDEC - Comissão Municipal

de Defesa Civil Coordenação local do PPDC

Fonte: Defesa Civil do estado de São Paulo.

O funcionamento do PPDC está baseado no acompanhamento das chuvas (acumulado de 3 dias), na previsão meteorológica e nas vistorias de campo. Ele está organizado em 4 níveis: Observação, Atenção, Alerta e Alerta Máximo. Cada nível prevê várias ações. A principal ação de cada nível é apresentada na Tabela 2.8.

Tabela 2.8 - Níveis do PPDC e principais ações correspondentes

Nível Principais Ações

Observação Acompanhamento dos índices pluviométricos

Atenção Vistoria de campo nas áreas anteriormente identificadas

Alerta Remoção preventiva da população das áreas de risco

iminente indicadas pelas vistorias

Alerta Máximo Remoção de toda a população que habita áreas de risco

Fonte: Defesa Civil.

Para que o Plano Preventivo obtenha êxito, todas as instituições devem atuar seguindo uma seqüência de operações. As principais responsabilidades de cada instituição, assim como o

C O M D E C C E D E C R E D E C I P T / IG Í n d i c e s p lu v i o m é t r ic o s V a lo re s d e C C M e A c u m . d e 3 d ia s V a lo re s d e C P C ( s o m e n te p a r a C u b a tã o ) P r e v i s ã o M e te o r o ló g ic a N ív e l V ig e n te Í n d i c e s p lu v i o m é t r ic o s V a lo re s d e C C M e A c u m . d e 3 d ia s V a lo re s d e C P C ( s o m e n te p a r a C u b a tã o ) P r e v i s ã o M e te o r o ló g ic a N ív e l V ig e n te P re v is ã o M e t e o r o ló g i c a V a lo re s d e C C M > = 1 .2 V a lo r e s d e A c u m .d e 3 d i a s > = 1 2 0 m m (L i to r a l N o r t e ) V a lo r e s d e A c u m . d e 3 d ia s > = 1 0 0 m m ( B a ix a d a S a n ti s ta ) V a lo re s d e re f e r ê n c i a d e C P C e f e C P C p o t: 0 .5 , 1 .0 , 1 . 4 e 2 .1 P re v i s ã o M e te o r o ló g i c a L e i tu r a d o s ín d ic e s p lu v io m é tr ic o s P re v is ã o M e te o r o ló g i c a

Figura 2.17 - Fluxograma de informações e responsabilidades de cada instituição no PPDC Fonte: Defesa Civil do estado de São Paulo.

A operação do PPDC é baseada no entendimento dos processos de escorregamentos e seus condicionantes. Estes condicionantes indicam QUANDO e ONDE podem ocorrer os escorregamentos. O QUANDO é definido pelos índices pluviométricos (números calculados a partir da quantidade de chuvas) e previsão meteorológica e o ONDE, pelas vistorias de campo. Estes são os critérios de deflagração das ações do PPDC; com estas informações (chuvas, meteorologia e vistorias de campo), em conjunto com os demais critérios utilizados, cada

COMDEC tem condição de avaliar a situação do seu município e a necessidade de mudança de nível. Para cada nível são determinadas as ações que cada instituição deve desempenhar.

Os montantes pluviométricos são coletados diariamente nos postos determinados para cada município. Esses dados são utilizados para calcular o acumulado de chuvas de 3 dias. A análise de alguns episódios de chuvas que provocaram escorregamentos na região do litoral, onde se estabeleceu o primeiro PPDC, permitiu estabelecer valores de chuvas acumulados em 3 dias para cada plano de contingência elaborado posteriormente para o estado. Esses valores, quando atingidos, indicam alta possibilidade de ocorrência de escorregamentos.

O registro de chuvas moderadas e fortes associadas aos sistemas meteorológicos (Frontais, Linhas e Áreas de Instabilidade, etc.) com tendência de longa duração, é condição potencial para que ocorram escorregamentos. A previsão meteorológica é uma informação valiosa, pois além de indicar as condições de tempo e tipo de precipitação que podem ocorrer em um dado período e região, ainda é subsídio para os cálculos dos Coeficientes de Precipitação Crítica – CPC para a área de Cubatão. A CEDEC, reunindo várias informações meteorológicas, elabora dois boletins meteorológicos diários em dois horários diferentes, que são repassados aos municípios e demais instituições.

As previsões são feitas a partir de modelos numéricos globais e regionais de diferentes centros meteorológicos nacionais e internacionais (por exemplo, CPTEC3, NCEP4, RAMS5). O monitoramento é feito a partir de radares meteorológicos situados em Ponte Nova (atualizado a cada 5 minutos), Bauru e Presidente Prudente (atualizado a cada 15 minuntos), que fornecem informação da localização da chuva, sua intensidade, deslocamento, e rajadas de vento. Além dos radares, são utilizadas informações de satélites.

A CEDEC estipulou valores padrões de duração e intensidade das chuvas, que são utilizados nos boletins meteorológicos, mostrados na Tabela 2.9.

Tabela 2.9 – Valores padrões de duração e intensidade das chuvas I Inntteennssiiddaadde e AAccuummuullaaddooeemm2244hhoorraas s L LeevveeaaFFrraacca a 00,,11--99,,00mmm m F FrraaccaaaaMMooddeerraadda a 99,,11--1177,,00mmm m M Mooddeerraadda a 1177,,11--2266,,00mmm m M MooddeerraaddaaaaFFoorrtte e 2266,,11--3322,,00mmm m F Foorrtte e >>3322,,00mmmm Fonte: CEDEC.

Vale salientar que em casos no qual a chuva persiste por mais de três dias devido à passagem de frentes frias, os riscos de deslizamento aumentam significativamente. Mesmo que as chuvas não sejam de forte intensidade, a presença de nuvens não permite a evaporação do solo encharcado. Os boletins especiais são emitidos nesses casos, alertando para a continuidade das chuvas por mais alguns “n” dias.

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