• Nenhum resultado encontrado

4.2 Prática pedagógica com o grupo de crianças

No documento View/Open (páginas 44-50)

No decorrer do desenvolvimento da nossa prática, utilizámos como estratégia, o brincar, como forma impulsionadora, para novas aprendizagens, assim como, se transformou numa “ferramenta pedagógica” no sentido em que nos auxiliou a formação inteletual e social da criança. Tornou-se assim um pilar para desenvolver na criança a imaginação, a criatividade, regras da vida em sociedade, concentração e gosto pela aprendizagem. Como estratégia realizaram-se várias atividades lúdicas ao longo da nossa prática, muito evidenciadas no nosso projeto lúdico que teve como base um conto infantil contemporâneo.

Todo o processo de aprendizagem realizado iniciou-se na fase de adaptação das crianças ao contexto sala. A maioria das crianças, como já foi referido, provinham do grupo de creche da sala dos dois anos, contudo, oito das ingressaram só este ano e tiveram de se adaptar a um novo contexto havendo a necessidade de criar estratégias. em que se envolveu todo o grupo, no processo de acolhimento. Assim, as atividades lúdicas, inicialmente eram realizadas em grande grupo de forma a dar a conhecer todas as crianças,

atividades como a escolha do símbolo, a construção da tabela dos dias da semana, bem como a tabela do tempo, são exemplos de atividades em grande

grupo que deram oportunidade de todas as crianças participarem de forma direta. (ver anexo III- Fotografia 1)

Posteriormente, depois de todas as crianças se sentirem mais incluídas, pois a fase de adaptação não é linear e depende da criança, passou-se à construção de regras da sala, bem como à identificação e etiquetagem de todo o material da sala. A construção das regras partiu de uma necessidade das crianças que ao brincarem foram passando por situações de controversas em que sentiam dificuldades em resolver. (ver anexo IV- RIC 1), Posto isto,

realizou-se uma conversa, em grande grupo, de forma a entender como se poderiam resolver os problemas que estavam acontecer na sala, depois de alguma discussão e alguma ajuda por parte dos adultos as crianças chegaram à conclusão que a solução passava por criarmos regras que todos respeitassem. Desta forma, utilizámos o jogo da mímica para as crianças adivinharem que boa ação é que o(s) seu(s) amigo(s) estava(m) a realizar, recorrendo à fotografia, para registar e posteriormente realizar os quadrados

das regras. Foram assim, criadas regras comuns da sala e regras específicas de cada área. Outra das atividades, já referidas, foi a identificação e etiquetagem do material que veio na sequência da fase de criação de regras, no sentido em que uma das regras gerais era o de arrumar tudo no devido lugar. Posto isto, voltou-se a ter uma nova conversa de forma a que o grupo, novamente com ajuda dos adultos, chegasse à conclusão que era necessário identificar os sítios de cada material. Foram tiradas fotografias a todos os materiais e realizadas umas etiquetas onde constava a fotografia do objeto e o seu nome, com isto as crianças foram começando a ter algumas noções da associação das palavras com as imagens bem como, a organizar o espaço sala de uma forma adequada. Este processo, foi realizado na maioria dos casos de forma lúdica, a título de exemplo, na área da casinha algumas crianças foram “mães e empregadas” que decidiram arrumar a casa e identificar os sítios, para não se esquecerem de arrumar, houve ainda um grupo

de crianças que se transformaram em inspectores e foram verificar se tudo se encontrava no devido lugar.(ver anexo IV- RIC 2) Através desta atividade foram

abordadas diferentes áreas do conteúdo, no domínio da matemática as crianças realizaram correspondência termo-a-termo, associando o objeto ao local de referência; no domínio da linguagem oral e abordagem à escrita, as crianças iniciaram o processo de correspondência entre a imagem e as palavras, bem como adquiriram novo vocabulário; no domínio da expressão dramática foi muito vivenciado o jogo simbólico; na área de formação pessoal e social, foram trabalhados valores sociais como a cooperação e o respeito pelos outros, na medida, em que a criança organiza o material para que as outras crianças o possam utilizar.

À posteriori, foram realizadas atividades que proporcionaram às crianças tirarem partido da estação do ano em que se encontravam, contos e canções sobre o outono foram ensinadas bem como, a realização de vários passeios ao bosque da instituição onde as crianças poderam “brincar” e sentir estação do ano, atirando as folhas das árvores pelo ar, recolhendo material para posteriormente fazerem trabalhos e apanhando castanhas, que através de algumas explicações/atividades as crianças aprenderam que existiam frutos típicos da época. (ver anexo III- Fotografias 2/3) Mais tarde com a recolha de material foram feitos alguns trabalhos de colagem que serviram para decorar o espaço sala. Em paralelo deu-se início à construção de saberes matemáticos, já que uma das atividades sugeridas e pré-definidas da semana era a matemática. Ao longo do tempo, as crianças adquiriram noções comoformas geométricas, conjuntos, seriação, distinção entre o grosso e o fino, o grande e o pequeno, o alto e o baixo e noções temporais e espaciais.

O Natal, nascimento de Cristo, foi uma festividade muito vividatanto de forma religiosa como de forma lúdica e muito aproveitada para dar a conhecer e ensinar alguns sentimentos e valores, como os da amizade, da partilha, do amor, da compaixão, do perdão, entre outros. Numa fase embrionária desta temática, foi contada uma história “O Pássaro da Alma” que nos fala sobre os valores da vida e do nosso interior. Nesta fase, as crianças construíram um quadro com “gavetas” onde cada uma representava um sentimento e/ou valor. Na fase seguinte, valorizou-se o propósito do festejo contando através do livro “Como falar de Jesus aos Pequenino” a história do nascimento e vida de Jesus. Para representar esse momento, utilizaram-se as figuras de destaque do livro e

representou-se a paisagem de Belém, de forma a realizar um registo que ficaria exposto na sala. Foram também realizadas algumas atividades de plástica com o intuito de decorar a sala através do tema apresentado bem como, a construção de uma pequena lembrança para oferecer aos pais.

No início do ano, de acordo com as observações realizadas, sentiu-se a

necessidade de dinamizar a área da biblioteca, pois de todas era a área menos procurada pelas crianças. Surgiu a ideia de utilizar o jogo simbólico, para dinamizar, de forma lúdica a área referida. A estagiária vestiu-se de “médica dos livros” e ensinou a importância dos livros e de que forma deveríamos cuidar deles, ensinando ainda ao grupo a tratar dos livros que se encontravam em mau estado.

De seguida iniciou-se o projeto lúdico da sala, que como já foi referido, começou através da leitura de um conto, o Elmer, embora a sua forma embrionária tenha passado pelo interesse que as crianças foram demonstrando pela pequena caixa existente na sala com diversos animais onde davam preferência aos animais da selva. O entusiasmo por estes animais, era visível nas brincadeiras enérgicas das crianças. O grupo brincava com os animais, reproduziam os seus sons, distinguindo algumas das suas características, formando conjuntos e seriando. Depois da leitura do conto, foram surgindo variadas questões sobre os animais e o mundo em que viviam e assim se iniciou o projecto. Levantaram-se as questões, formularam-se hipóteses e passámos para a fase de descoberta sobre tudo que está relacionado com a selva. Aqui, as crianças aprenderam de forma lúdica, as caraterísticas dos animais, como o revestimento, a alimentação, o nascimento, os interesses, a locomoção, entre outras coisas. Foram trabalhos conceitos morais e sociais, como o respeito pela diferença. Ao nível do conhecimento do mundo, foram vários os conceitos apreendidos pelas crianças. Tal como já foi referido, foram descobertas e conhecidas todas as características dos animais que culminaram em pictogramas, método utilizado como forma de registo dos novos conhecimentos. Ao nível da matemática, foram consolidados todos os conceitos anteriormente referidos através das características dos animais e ainda a construção de novos termos matemáticos como o histograma, onde as crianças tiveram oportunidade de realizar e registar o animal selvagem favorito

ou a cor do Elmer que mais gostavam. (ver anexo III- Fotografias 4/5). Na linguagem oral e abordagem à escrita, através do conhecimento de novas palavras bem como, o processo de associação do desenho à escrita na construção dos pictogramas; foram ainda dadas a conhecer diversas formas de expressão linguística, como as lenga-lengas, as histórias, etc. Nas expressões,

foram várias as brincadeiras que despertaram o conhecimento. Ao nível da plástica foram várias as técnicas utilizadas desde pintura dos animais da selva bem como da própria selva e do tapete principal da sala. modelagem do Elmer no dia do pai/avô, escultura na construção dos animais em 3D, colagem na construção e criação dos animais, (ver anexo III- Fotografia 6). Na expressão motora a criação de sessões motoras ligadas ao projeto foram uma forma de conhecimento do seu corpo e do corpo dos animais, pois as crianças saltavam, corriam, rastejavam, …, de acordo com as características do corpo e da locomoção dos animais. No final, foi realizado uma festa onde todas as crianças participaram vestindo-se como o seu animal da selva favorito, bem como, partilhando comida no almoço realizado na sala. Neste caso, os pais tiveram uma participação importante, no sentido em que construíram, em conjunto com as crianças, os fatos e levaram para a sala comida para ser partilhada. Havendo ainda a confeção de cupcakes em parceria com a tia de duas crianças da sala. (ver anexo III- Fotografias 7/8/9)

O envolvimento com os pais e com a comunidade, foi também algo importante e trabalhado ao longo do ano. Atividades como o dia do pai/avô onde cada pai e/ou avô foi convidado a ir à instituição participando numa missa e posteriormente num lanche partilhado entre pais, avôs e crianças; o dia das família, realizado para toda a comunidade escolar onde as famílias foram

convidadas a participar e onde as estagiárias participaram em colaboração com as educadoras na venda de livros numa feira do livro construída pelas mesmas, em parceria com a livraria da mãe de uma criança; o dia da mãe/avó que por sua vez foi sequenciado de forma igual ao dia do pai/avô, o magusto onde as crianças foram convidadas a ver um pequeno teatro realizado pelas estagiárias bem como na construção da Maria Castanha, figura principal da história; no carnaval foi organizado também um teatro pelas estagiárias onde todas as crianças puderam participar através do desfile e da festa que se seguiu bem

como, o dia da criança, que como já foi referido foram criadas diversas atividades aproveitando o espaço do bosque oferecido pela instituição. Em parceria com a ESEPF e particularmente com a Dr.ª Margarida Quinta e Costa, foi vivido dentro da sala o dia da ciência, onde se juntou as ciências à hora do conto e as crianças tiveram oportunidade de realizar uma experiência ligada a um conto sobre os animais (ver anexo III- Fotografias 10/11). Estas experiências foram uma mais valia no processo de aprendizagem, no sentido em que colaboraram e construíram novos saberes em pareceria com a comunidade e com a família. Neste sentido, e através do projecto,foram vividas mais duas etapas importantes que ajudaram a levar o nosso projeto à comunidade e às famílias das crianças. Em parceria com a Drª Maria do Céu, responsável pela biblioteca da Instituição, fomos contar a história do nosso projeto a duas turmas do 2º Ciclo, onde as convidamos para conhecerem a nossa selva e as crianças puderam falar sobre o que já tinham aprendido até aquela altura. Outra das etapas vivenciadas, foi designada por “Elmer vai a minha casa” e teve como intuito expandir o projeto da nossa sala para um contexto famíliar. Assim, a equipa educativa lançou, um repto, onde sugeriu a cada criança levar o pequeno Elmer para sua casa oferecendo o conhecimento de forma resumida do projeto lúdico vivido na sala (cada família teve a oportunidade de relatar as suas vivências, culminando num livro de experiências ricas em aprendizagens significativas) (ver anexo II- Portefólio Reflexivo 2 ), notando-se uma vez mais, o grande prazer que cada criança, individualmente, sentiu em partilhar em grande grupo um pouco do que se passa no seu habitat natural (a sua família nuclear). Ao longo destes meses cada uma, teve a oportunidade e a satisfação de levar o pequeno elefante construído pelo grupo, para um ambiente mais intimista, imbuído de outros afetos e experiências pessoais únicas que a escola nunca teve acesso, tendo como principal objetivo, a transversalidade e a continuidade escola- casa, onde, com a ajuda da criação de um livro comum pais, filhos, avós, tios,… pudessem transmitir os seus valores, tradições, os seus afetos, modus vivendi; unindo-se num todo comum, no sentido de descrever, com suporte de texto e

imagem, apelando continuamente à criatividade, todos os momentos em que tiveram a oportunidade de viver e conviver com o Elmer.

Ao longo deste ano foram vividas diversas experiências significativas imbuídas que se demonstraram importantes para o conhecimento e aprofundamento das aprendizagens referidas.

No documento View/Open (páginas 44-50)

Documentos relacionados