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PRÁTICAS DE AVALIAÇÃO NO CONTEXTO DA EAD

No documento Download/Open (páginas 42-49)

Para entendermos a avaliação de aprendizagem no âmbito da Educação a Distância – EAD precisamos compreender, primeiramente, se esta modalidade de ensino utiliza, no processo de ensino e aprendizagem, suportes tecnológicos de informação e comunicação, que vêm contribuindo para mudanças significativas nas estratégias de ensino, aprendizagem e avaliação.

Segundo Barros et al. (2008, p. 6),

[...] para entender a Educação a Distância (EaD) é necessário compreender a educação online que engloba todos os elementos que se referem ao virtual e às formas metodológicas atuais organizadas para a aprendizagem. Quando falamos em educação online estamos nos referindo à educação não presencial mediada por tecnologias digitais. Isso engloba vários elementos

como a EaD, os E. B. M. learning(s), entre outros. Pode ser entendida como um conjunto de ações de ensino e aprendizagem que são desenvolvidas através de meios telemáticos como a Internet, a videoconferência e a teleconferência. A educação online nos traz questões pedagógicas específicas com desafios novos para a EaD e a presencial. Para o uso da educação online um dos maiores desafios está na compreensão da diferença do paradigma virtual e do presencial na utilização das interfaces da tecnologia disponíveis para a aula.

Com efeito, a modalidade de educação a distância é reconhecida no Brasil através da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB, que no seu artigo 80 passa a dar mais reconhecimento a EAD, definindo-a como:

Modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias da informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.

Corroborando Moore e Kearsley (2011, p. 02) conceituam a EAD como: Educação a distância é o aprendizado planejado que ocorre normalmente em um lugar diferente do local do ensino, exigindo técnicas especiais de criação do curso e de instrução, comunicação por meio de várias tecnologias e disposições organizacionais e administrativas especiais.

Notamos nos conceitos que, para a EAD, a aprendizagem acontece na maioria das vezes com a separação física entre o professor e o aluno e com a presença da tecnologia, que contribui na efetivação da comunicação e no processo de ensino e aprendizagem.

Percebemos, ao longo dos tempos que a EAD aliada com a tecnologia ocasionou grandes mudanças ao campo educacional. Entretanto, também, adicionou desafios novos, como o processo avaliativo nessa modalidade de ensino.

Desse modo, com os avanços das Tecnologias de Informação e Comunicação – TIC, a EAD vem se desenvolvendo cada vez mais, pois está reestruturando sua identidade à proporção que os recursos tecnológicos vêm contribuindo para as estratégias de ensino e aprendizagem. Podemos confirmar essas evoluções, relembrando as gerações da EAD.

Segundo Mattar e Maia (2007, pp. 21, 22 e 23) são quatro:

A primeira geração da EAD compreende os cursos por correspondência, surge efetivamente no século XIX com os impressos enviados pelos correios, principalmente nos cursos técnicos.

(...) A segunda geração surge já no século XX com as novas mídias: TV, rádio, fitas de vídeo e áudio e telefone.

(...) A terceira geração vem com a internet, é a EAD online, tecnologia multimídia, hipertexto, rede de computadores, marcou o desenvolvimento das TICs.

(...) A quarta geração, é a EAD nos dias atuais, numa sociedade de redes atende milhares de pessoas, oferecendo EAD em todos os níveis.

Cada geração teve sua contribuição no âmbito educacional. No entanto, atualmente, as discussões giram tem torno da quarta-geração da EAD que se caracteriza pelo uso da banda larga, possibilitando estabelecer e manter interações entre os participantes de um curso ou comunidade de aprendizagem com maior celeridade.

Nesse contexto, os avanços das Tecnologias de Comunicação e Informação – TIC estão contribuindo, significativamente, para o andamento das ferramentas pedagógicas na perspectiva da EAD.

Com isso, a EAD pode ser caracterizada “por utilizar diversos meios tecnológicos, tanto para a comunicação entre os alunos, quanto para acesso às informações e materiais didáticos disponibilizados pelo curso” (ALMEIDA, 2011, p. 37). Deste modo, entendemos que as TIC contribuem tanto para a interação entre os sujeitos como para oferecer informações e matérias do curso.

Neste novo universo tecnológico da EAD, salienta Kenski (2007, p. 93) que “a revolução tecnológica redesenha a sala de aula em um novo ambiente virtual de aprendizagem, sendo localizado no ciberespaço, o ambiente virtual disponível pela internet [...]”.

Logo, nesse Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA, sendo espaço educacional online, utiliza a internet como meio para desenvolver a aprendizagem dos alunos com interação, autonomia e motivação. Há várias nomenclaturas utilizadas para designar os AVA, como sala de aula virtual, ambiente de ensino a distância, ambiente digital de aprendizagem, VLE (virtual learning environment), entre outros. No entanto, este estudo utilizou a sigla AVA e o conceito de Faria e Lopes (2014, p. 49): “Ambiente virtuais de aprendizagem são softwares desenvolvidos sobre uma metodologia pedagógica para auxiliar a promoção de ensino e aprendizagem a distância ou semipresencial”.

Esses AVA têm como características a permissão de acesso restrito a usuários cadastrados; há espaços para inserir o material das aulas dos professores e atividades dos alunos e possuem várias ferramentas de comunicação síncrona e assíncrona, como o fórum, que é objeto desse estudo.

Um dos AVA mais utilizado em instituições públicas é o MOODLE (PADILHA et

al, 2009). Trata-se de um software onde as pessoas podem utilizá-lo sem

conhecimento de programação, criado por Martin Dougiamas em 1999, sendo disponível em mais de 40 idiomas.

Afirmam Torres e Silva (2008, p. 4) que:

O ambiente virtual Moodle é mais do que um espaço de publicação de materiais, permeado por interações predefinidas, mas como um local onde o professor espelhe as necessidades de interação e comunicação que cada contexto educacional lhe apresente em diferentes momentos e situações.

Sendo assim, nesse AVA não é apenas um local para inserir publicações, atividades para os alunos, materiais de pesquisa e recursos de acompanhamento e avaliação, mas também possibilita ao professor dialogar com seus alunos segundo as suas necessidades e situações educacionais.

O MOODLE (modular object Oriented Distance Learning) de acordo com Silva (2011, p. 18) “[...] trabalha com uma perspectiva dinâmica da aprendizagem em que a pedagogia socioconstrutivista e as ações colaborativas ocupam lugar de destaque”. De tal modo, o processo de ensino e aprendizagem por meio desse AVA acontece não só através da interatividade, mas, contudo, pela troca de saberes entre os sujeitos, valorizando a autoria e a aprendizagem significativa.

Enfim, essa filosofia do MOODLE possibilita uma avaliação formativa e interativa na ferramenta fórum, que foi o foco desse estudo. Para tanto, no MOODLE a avaliação de aprendizagem, na maioria das vezes, acontece através das interações dos alunos em discussões nas interfaces como fóruns, chats e tarefas. Também é possível por essa plataforma acompanharmos a frequência e o desenvolvimento de aprendizagem dos alunos, por meio dessas ferramentas de interatividade, possibilitando feedbacks se expandir à medida que todos os discentes podem compartilhá-los, mesmo após a postagem das mensagens. Estas atividades avaliativas dos alunos são registradas de forma qualitativa – notas – permitindo a

definição de categorias e a configuração pesos. Os professores-tutores ainda podem acompanhar os discentes por meio de relatórios de acesso, presentes no MOODLE.

Assim sendo, a avaliação em AVA de acordo com Bassani e Behar (2009, p. 100) pode ser compreendida a partir de três perspectivas:

a) avaliação por meio de testes on-line;

b) avaliação da produção individual dos estudantes;

c) análise das interações entre alunos, a partir de mensagens postadas/trocadas por meio das diversas ferramentas de comunicação.

Dessa maneira, para essas autoras, a avaliação em AVA poderá ser realizada através de testes online, atividades de produção individual e nas análises das mensagens enviadas por meio das ferramentas interativas de comunicação.

Entretanto, no âmbito educacional da EAD, a avaliação de aprendizagem de acordo Maia (2005) ocorre de três modos:

a) presencial que é feita uma prova, aplicada em local, dia e hora marcado e na presença do professor ou tutor.

b) avaliação à distância é realizada por meio de aplicação de testes online , onde o aluno utiliza o computador com acesso a internet e entra no AVA para respondê-la. Geralmente, essa atividade: provas, trabalhos, pesquisas e exercícios têm uma data limite de entrega.

c) avaliação ao longo do curso é feita de forma continua, são as atividades, comentários postados, participações em fóruns e chats.

De tal modo, entendemos que essas avaliações não devem focar somente nos resultados finais, mas possibilitar a visualização das etapas de desenvolvimento do conhecimento dos alunos e também proporcionar, por meio das ferramentas de interatividade do AVA, a troca de saberes entre os alunos e professores. Construindo, assim, uma rede de conhecimentos.

Considerando a realidade especifica da EAD, o autor Cortelazzo (2013) relata que existem três momentos da avaliação de aprendizagem nessa modalidade: autoavaliação, coavaliação e heteroavaliação.

Na autoavaliação o aluno autônomo deverá ter a consciência sobre como anda o seu desenvolvimento da aprendizagem. Pode fazer isso, por meio da resolução de questionários, simulados, resumos e elaboração de portfólios. Caso não esteja

aprendendo, é necessário verificar o porquê, e buscar solucionar e não, meramente, esperar ser reprovado pela instituição de ensino.

Em relação à heteroavaliação é o momento de avaliação onde se aplica instrumentos como provas objetivas e discursivas para aferir, diagnosticar, mensurar e ponderar a aprendizagem da turma.

Na coavaliação “[...] exige interação entre os sujeitos da aprendizagem, pois é nesse momento que o grupo ter a condição de se avaliar em conjunto, como acontece em fóruns, seminários e mesas redondas”. (FARIA e LOPES, 2014, p. 110). Logo, este tipo de avaliação, possibilita os membros de uma determinada equipe, grupo ou turma avaliarem uns aos outros.

Referenciais de qualidade para a educação superior a distância afirma: “na educação à distância, o modelo de avaliação da aprendizagem deve ajudar o estudante a desenvolver graus mais complexos de competências cognitivas, habilidades e atitudes, possibilitando-lhe alcançar os objetivos propostos”. (BRASIL, 2007, p. 16). Assim, na EAD a avaliação de aprendizagem precisa contribuir para que o aluno desenvolva uma aprendizagem significativa, não priorizando somente a memorização, mas devendo ressaltar as observações, experiências e descobertas.

Para tanto, devemos pensar a avaliação de aprendizagem como um processo relacional, onde o foco da avaliação afasta-se de somente verificar as construções dos alunos, por instrumento específico, e transfere-se para a relação de construções do conhecimento individual e coletivo e das condições de aprendizagem.

Para Amarilla (2011), aprendemos quando transformamos aprendizagem em conhecimento, o que só pode ser conduzido na relação com o outro, quer a distância ou presencialmente, o que também precisa ser considerado nos processos avaliativos em Ambientes Virtuais de Aprendizagem – AVA.

Entendemos que a linha de pensamento do autor é clara quando ressalta por meio da interação com o outro, transformando aprendizagem em conhecimento que, realmente, se aprende, seja no ensino presencial ou a distância. Isto deve ser inserido também nas práticas de avaliações no AVA.

Desse modo, a prática da avaliação de aprendizagem processual e contínua pode ser facilitada, uma vez que o AVA armazena as interações, produto dos processos de aprendizagem e construção do conhecimento.

Contudo, visualizamos avaliar em ambiente online requer rupturas com o modelo tradicional de avaliação reconhecido e utilizado, historicamente, em sala de aula presencial. Assim, caso o professor ou tutor não queira subutilizar as potencialidades exclusivas dos ambientes online de aprendizagem, ou se não quiser repetir os mesmos equívocos da avaliação tradicional, terá de procurar novas estratégias didáticas, redimensionando suas práticas de avaliar a aprendizagem e sua própria atuação pedagógica. (SILVA, 2006).

Nesse posicionamento, observamos que o autor questiona o processo avaliativo no AVA e faz referência sobre papel do professor, que deve rever sua atuação nesse ambiente online de aprendizagem.

Portanto, dentro do processo educacional tudo deve ser acompanhado e avaliado, não apenas a aprendizagem dos discentes, mais também a escolha dos conteúdos pedagógico dos AVA e materiais didáticos desenvolvidos, a atuação dos professores e tutores que acompanham e avaliam os alunos, para a obtenção de resultados positivos e suficientes.

Compreendemos que algumas vezes, o fracasso da aprendizagem dos discentes é em decorrência da utilização de uma mídia ultrapassada, professores e tutores sem experiências pedagógicas e tecnológicas ou mesmo conteúdos defasados, causam grandes estragos no processo de ensino-aprendizagem.

Ressaltamos ser necessário que os professores-tutores tenham fluência no uso das Tecnologias de Informação e Comunicação - TIC, pois assim podem interagir com os alunos e compor material didático capaz de “seduzir” esses, no processo de aprendizagem. Utilizando, assim, metodologias que sensibilizem e incentivem os alunos para ato de aprender pesquisando.

Portanto, diante do que foi exposto sobre a avaliação de aprendizagem é necessário relembrarmos a importância do planejamento e o quanto caminha junto com a avaliação, ou seja, dialogam entre si. É simples, embora pareça complexo, na verdade, o educador planeja a avaliação, avalia o planejamento e nesse vai e vem, consequentemente, surgem às práticas que propiciam a construção de saberes em uma relação intersubjetiva.

De um modo geral, três pontos devem ser definidos no planejamento de uma avaliação, seja ela no modo tradicional ou à distância: a função da avaliação, os critérios de avaliação e as técnicas/instrumentos de avaliação.

Ressalta Alonso (2005) que quando se fala em avaliação em EAD precisamos pensar em uma proposta educativa, onde o projeto político-pedagógico é que dará sustentação a prática pedagógica vivenciada pelos professores-tutores e alunos que utilizam as Tecnologias de Informação e Comunicação - TIC como mecanismo para desenvolver suas atividades pedagógicas.

Nessa perspectiva, será o projeto político pedagógico de cada curso que poderá contribuir no processo de avaliação de aprendizagem dos alunos da modalidade de ensino a distância.

Assim sendo, diante dessas contribuições sobre a avaliação de aprendizagem no contexto da EAD, vale lembramos que o objeto dessa investigação, é a avaliação no AVA - MOODLE, mais especificamente, as práticas avaliativas na ferramenta de interatividade fórum, relacionando esta ferramenta com as sensibilidades dos sujeitos envolvidos. Logo será o tema que será aprofundando nessa discussão, pois essas práticas avaliativas consistem em um instrumento rico para aprendizagem e importante no processo de avaliação online, deste modo, merece ser analisado com mais detalhes.

No documento Download/Open (páginas 42-49)

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