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Análise e Discussão dos Dados

6.2 Práticas linguageiras de escrita acadêmica dos/as professores/as em formação

Nesta seção faço a análise dos gêneros acadêmicos selecionados nas disciplinas Metodologia e Prática do Ensino de Física I e II do curso, na UFBA, ou seja, produções textuais cotidianas da formação sem condicionamento à pesquisa, o que para este estudo é necessário, diante dos objetivos já elencados. Seguindo os três momentos de mudança de projetos de curso, selecionei textos de períodos letivos antes do ano de 2015 (quando o novo projeto que está em vigência foi aprovado, os projetos anteriores foram aprovados em 1998 e 2014) e depois de 2015, para que assim, tenhamos uma

visão do funcionamento do letramento acadêmico dos docentes em formação em períodos sócio-históricos diferentes.

Outro critério que usamos foi de contemplar gêneros sociais, sendo então selecionados, textos de licenciandos/as que representam nomes de padrão social cis29 do sexo feminino e masculino. Não contemplei outras identidades ou orientação de gêneros, por conta da natureza dos corpora, fato que não inviabiliza o processo legítimo da pesquisa, mas que me provoca a mudar a natureza do material de análise em pesquisas futuras, com vistas a fazer outras leituras e problematizações sobre o objeto de pesquisa.

Selecionei material para análise de doze professores/as em formação de cinco períodos letivos diferentes: 2009.2; 2014.2; 2015.1;2015.2 e 2016.2. No período letivo 2009.2, selecionei quatro licenciandos, entre eles uma mulher e três homens. No período letivo 2014. 2, um licenciando do sexo feminino. Já em 2015.1, um professor em formação. Em 2015.2 três licenciandos do sexo masculino e uma do sexo feminino. Do período 2016. 2, dois licenciandos. Essa seleção não foi por escolha aleatória e sim o que havia sido produzido pelos/as docentes em formação nos semestres letivos escolhidos. Sobre isso é preciso dizer que não há muitos estudantes matriculados/as e frequentes nas disciplinas, sendo até necessário o repensar do planejamento didático-pedagógico para união dos matriculados nas duas disciplinas.

Essa é uma realidade que muito tem se propagado nas formações em Física, e no caso da licenciatura, há uma tendência de se protelar a matrícula nos componentes da área pedagógica, ratificando a ideia de que para ser docente somente é preciso os saberes dos fenômenos físicos, no máximo uma contextualização cotidiana. Por isso a minha inquietação quando leio nos projetos, disciplinas importantes para a formação docente da área pedagógica estarem como optativas nas matrizes, é como se essa ideia estivesse sendo institucionalizada.

Outro ponto que ressalto é que existiram outros/as estudantes nos semestres analisados, mas que não produziram gêneros, é evidente que perceber os motivos é um

29 É o indivíduo que se apresenta ao mundo e se identifica com o seu gênero biológico. Por exemplo, se foi

considerada do sexo feminino ao nascer, usa nome feminino e se identifica como uma pessoa deste gênero, esta é uma mulher "cis".... - Veja mais em https://universa.uol.com.br/noticias/redacao/2018/03/19/glossario-de-genero-entenda-o-que

dado importante, mas como eu já disse aqui a natureza dos corporas não me permite este estudo. Além do mais, diante dos objetivos específicos interessa-me o que foi produzido e a reflexão disso com a discussão teórica que a pesquisa traz para o alcance do objetivo geral.

Ao longo das análises, omiti os nomes dos/as autores/as dos gêneros acadêmicos, por critérios éticos e para a garantia do anonimato dos sujeitos em questão. Para isso os/as autores receberam nomes genéricos contemplando o gênero social segundo os nomes escritos que assinam os textos, como: Professora em formação(para mulheres), Professor em formação(para homens), seguindo a numeração ordinária, na sequência dos semestres seletivos. Além dos nomes genéricos, cada autor/a recebeu codinomes de personalidades de diferentes etnias e gêneros que protagonizaram lutas, resistências e narrativas de vida ao longo da história do nosso país e/ou perderam a vida vítimas dessa história.

Optei pelo uso de tabelas em alguns momentos da análise por perceber que essa seria uma estratégia visualmente melhor e mais didática para a leitura de alguns dados. As análises e a discussão se deram com a representação da identidade dos sujeitos, com uma demonstração em tabela dos gêneros coletados produzidos por cada docente em formação, em cada semestre letivo, tratando da quantidade, sobre suas funções e peculiaridades, focando nos aspectos da macroanálise como arquitetônica, forma, estilo, composição, tipologia de gênero, tipologia textual, entre outros. Dessas análises, muitas estarão nas tabelas, outras estarão discursivizadas ao longo do texto.

Realizei também a análise dos aspectos voltados para os processos de textualização, como agenciamentos discursivos e informativos, construção de autoria, espaço de confronto e negociação de sentidos entre o que é orientado pelo/pela docente formador/a e o que é produzido pelo/pela discente(as referências instituídas pela comunidade acadêmica)

Fiz também o estudo analítico nos aspectos da microanálise, observando usos de silenciamentos, discurso didático e pedagógico, caracterização de letramento acadêmico, científico e docente(identidade docente), e outros elementos que darão direcionamento para compreender a função que o letramento acadêmico ocupa na formação de professora/es da licenciatura em Física da UFBA. Ressalvo que a análise não seguiu essa

sequência rigidamente, o movimento analítico foi feito de forma não linear considerando que há informações que se repetem nos dados, para que não fique exaustiva a leitura.

Tabela 01 – Tabulação geral dos dados por autor/a e por semestre letivo (2009.2)

SEMESTRE LETIVO: 2009.2