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A Práxis do Profissional da Educação Infantil a partir da Concepção Histórico Crítica

TABELA 3 EDUCAÇÃO INFANTIL: Nº DE ALUNOS MATRICULADOS

2.3 A Práxis do Profissional da Educação Infantil a partir da Concepção Histórico Crítica

Vygotsky (1996) deixou registrado em seus escritos que o docente deveria pensar e agir na base da teoria de que o espírito é um conjunto de capacidades – capacidade de observação, atenção, memória, raciocínio – e que cada melhoramento de qualquer destas capacidades significa o melhoramento de todas as capacidades em geral.

Sendo assim, a tarefa do docente consiste em desenvolver não uma única capacidade de pensar, mas muitas capacidades particulares de pensar em campos diferentes;

93 não em reforçar a capacidade geral das crianças de prestar atenção, mas em desenvolver diferentes faculdades de concentrar a atenção sobre diferentes matérias.

Para Vygotsky (1991, p. 7), o intelecto:

[...] é a soma de muitas capacidades diferentes, cada uma das quais, em certa medida, é independente das outras e portanto tem de ser desenvolvida independentemente, mediante um exercício adequado. O aperfeiçoamento de uma função ou de uma atividade específica do intelecto influi sobre o desenvolvimento das outras funções e atividades só quando estas têm elementos comuns.

A complexidade do processo de ensino exige do professor o conhecimento dos pressupostos teóricos que fundamentam sua atividade docente, permitindo-lhe, assim, de forma mais produtiva e científica, assumir papéis e funções que lhe cabem. Essa necessária base teórica se reveste de um caráter de maior consistência e significação se for verificada e constatada por experiências concretas, numa contínua interação teoria-prática.

Conforme Gadotti (1984, p. 79), podemos perceber que:

[...] é na prática que encontramos a necessidade de recorrer a análises teóricas, para compreendê-las melhor. Do contrário, o educador arrisca-se a impor a teoria aprendida à sua prática social, como se o conhecimento que ele tem, através dos livros, da realidade, fosse a realidade em si. Muitas vezes as teorias podem nos esconder o essencial, a realidade que não se adapta à nenhuma teoria.

A teoria, portanto, é o conjunto de conhecimentos e experiências sobre o mundo objetivo; é a reprodução na nossa mente dos fenômenos, processos e relações existentes no mundo real e objetivo. Entretanto, essa atividade teórica, deriva da atividade material concreta; é esta que permite à consciência o acesso ao mundo material. Teoria e prática são, portanto duas formas de comportamento humano face à realidade, mas indissoluvelmente ligadas entre si na ação concreta. A primeira corresponde ao saber humano no seu conjunto, a segunda corresponde às atividades práticas dos homens (a vida social, a vida profissional, a cultura, o trabalho, a arte entre outras). São dependentes porque uma fecunda a outra, são

94 autônomas porque cada uma corresponde a atividades humanas distintas. Sua relação não é mecânica, porque vai-se da prática à teoria, outras vezes da teoria à prática.

Na realidade, o que se percebe nos Centros de Educação Infantil é a ausência de um referencial teórico cientificamente elaborado, a fim de orientar a prática docente. O professor necessita descobrir e cuidar do seu profissionalismo, superando a fragmentação do seu saber, recriando a teoria e revendo sua própria prática. Nesta tarefa, é fundamental uma formação teórico-crítica, alicerçando e fundamentando sua docência. Tal formação deveria oferecer ao professor condições para construir uma prática de orientação, de transformação e de revisão do seu fazer, em um ideário pedagógico constituído, respeitando os princípios de cidadania e organicamente planejado.

Na Educação Infantil, a prática pedagógica deve basear-se em trabalhos de grupo para que aconteça a interação das crianças, para a realização desses trabalhos o professor é o mediador entre a criança, o grupo e o seu conhecimento. Na função de mediador, o professor desempenha sua prática partindo do que está acontecendo com as crianças naquele momento, procurando trabalhar com a realidade, suas experiências, expectativas, desejos e necessidades, lançando desafios para que a criança construa e reconstrua seus conhecimentos. Assim, a educação infantil é, portanto, uma construção histórico-cultural.

Esse processo precisa ser compreendido como uma atividade real e significativa, enquanto um objeto cultural e historicamente construído, de tal modo que o professor

desenvolva sua prática pedagógica, articulando dialeticamente o crescimento do grupo que dirige.

Conforme Vygotsky (1991, p. 8), “a aprendizagem da criança começa muito antes da aprendizagem escolar. A aprendizagem escolar nunca parte do zero. Toda a aprendizagem da criança na escola tem uma pré-história.”

95 O professor é quem conduz o processo, sua intervenção é direta, mediada, pois sua prática deve ajudar a criança a aprimorar os seus conhecimentos, organizando-os sistematicamente. O educador vygotskyano é peça fundamental para a construção e reconstrução do conhecimento, faz o papel de mediador, “traz a realidade dos alunos para dentro da sala de aula” e deixa que essa contextualização da realidade interfira na aprendizagem. Partindo dessa realidade cria hipóteses a fim de perceber o sentido e o significado da vida, cria oportunidades para que o aluno construa sua identidade e aprimore sua auto-estima; não esquecendo de respeitar a individualidade, a diversidade de culturas e valores existentes na sociedade.

Esta prática faz com que o educador desempenhe um papel ativo na escola, propondo atividades que façam o aluno avançar no desenvolvimento de suas funções psicológicas superiores, permitindo-lhe, assim, um salto qualitativo no processo ensino- aprendizagem. Essa postura profissional somente tem aquele professor com formação teórica- científica na área da Educação Infantil, compromissado com a função de cuidar e educar, sem esquecer do brincar como um dos requisitos básicos para o desenvolvimento pleno da criança de 0 a 6 anos de idade; um profissional que associa teoria e prática no seu fazer pedagógico, mediando o conhecimento sistemático de maneira significativa e prazerosa às crianças e, um educador que conheça a realidade de seus alunos e de sua escola, visando à melhoria da qualidade do atendimento nos Centros de Educação Infantil.

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2.4 A Zona Proximal e o Desenvolvimento da Criança na Práxis do Profissional da