• Nenhum resultado encontrado

Pré –operatório, Operatório Concreto e a Linguagem Cartográfica

A partir das considerações feitas, torna-se viável abrir um parêntese para destacar a grande importância que os períodos pré-operatório e operatório concreto têm em relação ao entendimento das relações espaciais e suas implicações frente ao aprendizado cartográfico. É importante ressaltar que cada estrutura cognitiva tem seu momento próprio de começar e para que essa estrutura seja utilizada adequadamente, é necessário uma boa interação com o meio ambiente e brincadeiras criativas, sejam através de jogos ou pique esconde e atividades que permitam um melhor desenvolvimento do estudante na escola. Enfatizamos as séries iniciais por se tratar de uma fase em que a criança está começando a interagir com o meio, desenvolvendo habilidades e noções espaciais através de vivências.

A par dessa discussão, dizemos que o ensino fundamental é considerado uma das etapas importantes que favorece o desenvolvimento integral do ser humano. As crianças, desde seus primeiros anos de vida, recebem estímulos que definem seu sucesso escolar e prepara-os para uma boa aprendizagem ao longo dos anos. A partir dessas ponderações, é de suma importância a alfabetização cartográfica, como parte integrante da educação geral das crianças, pois contribuirá para a formação do cidadão como um indivíduo da sociedade, que deverá buscar uma relação com o ambiente a sua volta.

Para compreender esse despertar cartográfico, há que se ressaltar a importância que a alfabetização cartográfica merece ter no contexto atual, em relação às habilidades e às construções das relações espaciais pela criança, bem como a necessidade de formar usuários (estudantes/ professores) conscientes desse aprendizado. O processo de ensino aprendizagem sempre foi algo que chamou atenção dos professores, no que diz respeito ao ensinamento da leitura e da escrita, porém o mesmo tratamento não tem sido dado à alfabetização cartográfica, isto é, preparar a criança para a representação gráfica da superfície terrestre.

Na tentativa de compreender melhor a relação entre os períodos pré-operatório e operatório concreto que acontece o despertar das primeiras noções e habilidades espaciais para o aprendizado cartográfico, é viável ressaltar a grande importância da construção do conhecimento desde as séries iniciais. Essa extensa e necessária exposição do processo de desenvolvimento perceptivo, cognitivo, desenho e operações espaciais proporcionam elementos para tratar da relação de interdependência, na qual o ensino cartográfico depende e, ao mesmo tempo, exerce um efeito desencadeador sobre cada tipo de espaço. O processo de desenvolvimento espacial perceptivo, cognitivo, desenho e operações espaciais caminham juntos, isto é, as habilidades espaciais adquiridas ao longo de cada etapa constituem a capacidade básica para a leitura e interpretação da linguagem gráfica.

Relacionadas às habilidades espaciais do processo cognitivo, as deficiências variam conforme o meio em que a criança vive e as suas possibilidades de ação nesse meio. A criança com deficiência espacial, apresenta um ritmo mais lento em relação à construção das estruturas cognitivas ou permanece em uma etapa inferior a sua faixa etária. Em conseqüência dessa deficiência, ocorre um menor rendimento ou dificuldade apresentada em relação a construção das ações no plano das representações cartográficas.

As deficiências apresentadas em relação ao desenvolvimento cognitivo, não permitem à criança ter o domínio sobre o real e produzem, em contrapartida o não entendimento da linguagem gráfica. Entender a construção do real é fundamental para a criança se inserir no espaço e fazer sua representação. Passini (1994, p.21) afirma que, “o estudo do espaço só terá significado se ele for considerado em um conjunto onde os espaços de ação cotidiana estão incluídos. Essa inclusão deve ser vista de forma dinâmica, pois é a ação do homem que constrói e reconstrói.”

Observa-se então que, o espaço altera-se constantemente para poder acompanhar as transformações humanas. E para isso, o conceito de espaço geográfico deve ser construído com base nas vivências cotidianas do estudante: assim a partir do seu mundo vivido vão contribuindo para a produção de espaços mais amplos. Para isso, o estudante deve estar voltado para o desenvolvimento de habilidades espaciais, terem domínio a sua volta,

compreender os detalhes gráficos mais abstratos para trabalhar com conhecimentos cartográficos. São de fundamental importância a observação, a percepção, a descrição e a síntese dos elementos do espaço, pois através deles, o estudante aprende a explicar e representar os diferentes elementos da natureza, permitindo-lhe conhecer e transformar a realidade em que se encontra inserido.

Nessa perspectiva é importante a compreensão das noções espaciais. Dessa forma torna-se necessário destacar a grande relevância que o período pré-operatório tem como fator relevante para o aprendizado cartográfico. Ocorre a presença da linguagem e da função semiótica, que baseia-se na leitura dos símbolos que utilizam uma linguagem convencional, com significados para representar determinados elementos da superfície terrestre, em implantação pontual, linear ou zonal. O operatório concreto traz para o aprendizado cartográfico, a possibilidade de desenvolver atividades vinculadas à manipulação dos objetos concretos, o ato de conservação e reversibilidade que são processos gradativos e essenciais para caracterização do raciocínio operacional que surge por volta dos 7 a 8 anos de idade.

A nosso ver, a criança que se encontra nas séries iniciais, visualiza a ligação com o espaço percebido. O estudante ao desenvolver as primeiras noções para o domínio geográfico e cartográfico, terá condições de entender, posteriormente o sistema de coordenadas geográficas em contato com o espaço. Nesta fase, ocorre o despertar para a curiosidade que representa uma evolução no seu conhecimento; logo, observar alguns objetos, fazer perguntas e conversar são algumas atividades fundamentais para estimular a curiosidade, o pensamento e a capacidade de expressão conforme PCNs,

é importante reiterar em relação ao aprendizado cartográfico, que os PCNS enfatizam a questão da Alfabetização Cartográfica que compreende uma série de aprendizagens necessárias para que os alunos possam continuar sua formação nos elementos da representação gráfica já iniciada nos dois primeiros ciclos, para posteriormente trabalhar com representação cartográfica. (PCNS de Geografia, 1998, p.77).

Nessa perspectiva, ao passar para as operações concretas, o estudante muda a forma de compreender o mundo que o cerca, suas ações são interiorizadas e passam a constituir as operações. A criança passa a

acompanhar suas transformações e suas percepções. Também neste período, operatório concreto a criança, já na 4ª série tem condições de trabalhar a ligação com o espaço percebido e é capaz de coordenar medidas métricas, utilizar pontos de referências, peso, volume, altura, comprimento e posteriormente o sistema de coordenadas com seus paralelos e meridianos. Essa compreensão toda de novos conhecimentos envolve as noções de perto, longe, interior, exterior que são a base para a construção dos referenciais de orientação dos estudantes no espaço.

Com essas ponderações, vemos que a discussão da linguagem cartográfica, a cada dia mais vem tendo sua importância nas séries iniciais, por isso necessário se faz que os professores proporcionem seus conhecimentos de forma criativa, por meio de diferentes metodologias, respeitando os diferentes períodos cognitivos do estudante, bem como o conhecimento que trazem de sua realidade vivida. Para dominar as habilidades e conceitos cartográficos é preciso conhecer o nível de desenvolvimento da criança, pois somente a partir dessa compreensão é que o professor poderá propor atividades adequadas que contribuam para o progresso da aprendizagem dos estudantes.

A falta de compreensão em relação ao desenvolvimento da criança poderá levar os professores a cometerem falhas, propondo situações inadequadas, em relação às habilidades e às construções das noções espaciais. As crianças passam necessariamente pelos períodos cognitivos e em especial pelo subperíodo concreto, quando chegam ao domínio geográfico e cartográfico, percebendo espaços mais amplos como a casa, rua, bairro, cidade e Município, intensificando sua vida mental.

Neste sentido, percebe-se a importância do período pré- operatório e operatório concreto, e o inicio do pensamento formal para registrar a ligação entre o desenvolvimento mental e a evolução do conhecimento psicológico da criança. Ela descentra seus movimentos e ações para compreender conceitos e conteúdos cartográficos como localização, orientação, proporção, simbologia, legenda entre outros. No próximo tópico discutir-se-á a percepção socioespacial entre os diferentes espaços escolares. Nesse desenvolvimento descreve-se o processo de ensino – aprendizagem entre o espaço rural e urbano, o estudo do meio, enfatizando alguns temas como o

estudo do bairro, da cidade e do município por ser de fundamental importância para o currículo escolar nos anos iniciais.

Nos últimos tempos, assistimos a um rápido processo de transformação histórica. O mundo moderno encontra-se diante de vários desafios, que nem sempre são fáceis de serem resolvidos, devido à velocidade da informação. Com isso, o impacto das novas tecnologias reflete-se de maneira ampliada em todos os setores do conhecimento. Nesse contexto, é certo que a diversidade de áreas de conhecimento em conjunto com a crescente complexidade da realidade, nos faz vivenciar, a cada dia mais, as novas tecnologias, globalização, era informacional. Concomitante a isso, para ensinar nossas crianças a todo esse mundo de teclas e botões, precisamos trabalhar as habilidades, noções e conceitos espaciais para fazer suas primeiras representações como o bairro, a cidade e o município. O objetivo deste capítulo é enfatizar através do teórico a importância de trabalhar a percepção e representação do espaço, destacando os elementos gráficos do mapa.