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Pré-secados Característica:

No documento Anais... (páginas 37-41)

Produção de volumoso como estratégia para o período seco Jucilene Cavali

3. Pré-secados Característica:

Pré-secados são forragens conservadas obtidas por um processo intermediário à fenação e ensilagem, baseado na secagem parcial das forragens e na sua fermentação por microrganismos sob condições anaeróbicas. Nos EUA esta técnica é conhecida como "haylage" ou, numa tradução literal, "silagem de feno".

As silagens são obtidas principalmente de culturas ricas em grãos e apresentam matéria seca entre 30% e 45%, sendo preservadas por acidez, resultante principalmente da ação de bactérias láticas que proporciona um pH entre 3,5 e 4,5. Os pré-secados apresentam menor acidez e umidade, com matéria seca entre 40% e 60%, apresentando maiores teores de proteína e vitaminas que os fenos pelo fato de serem cortados em estágio vegetativo mais jovem e ficarem menos tempo expostos ao sol que os fenos (FRAPE, 2004).

A silagem e o feno são dois métodos de conservação de forragens bastante conhecidos e utilizadas pelos pecuaristas. Ambas as técnicas são utilizadas como alternativas para reduzir os efeitos da sazonalidade da produção de forragens e, consequentemente, da produção animal.

O capim-elefante é a gramínea forrageira tropical mais estudada para fins de ensilagem. Entretanto, as gramíneas dos gêneros Panicum (Tanzânia e Mombaça),

também têm sido utilizadas para ensilagem nos últimos anos. Entre as leguminosas, a mais utilizada é a Alfafa. A prática da adubação e do pastejo rotacionado permite elevadas produtividades dessas espécies na época das chuvas e possibilita que parte dessa produção seja conservada para suplementação do rebanho em outras épocas do ano. Nussio et al. (2000) afirmaram que a ensilagem de capins tropicais é uma alternativa à ensilagem de culturas tradicionais e tem como vantagens o uso de culturas perenes e o aproveitamento do excedente produzido na época das águas.

Trabalhos desenvolvidos com a utilização de gramíneas ensiladas evidenciam que a pré-secagem ao sol proporciona aumento prévio no conteúdo de matéria seca do material a ser ensilado, elevando dessa maneira a qualidade do produto final. De acordo com Rodrigues et al. (2007), o emurchecimento restringe fermentações indesejáveis dentro do silo, resultando em maior concentração de carboidratos solúveis na silagem produzida.

Para a obtenção de uma silagem pré-secada de alta qualidade, inicialmente se faz necessário o uso de gramíneas de alto valor nutritivo, posteriormente, a confecção da silagem deve atender alguns parâmetros preestabelecidos para que ocorra a plena fermentação do material ensilado, como atender o ponto de matéria seca (obtido na pré- secagem, entre 40% e 60% de MS), para cada cultura. Após atingir o ponto de umidade ideal, o material é enfardado normalmente, aos moldes do que acontece com o feno convencional. Contudo, pelo fato da matéria seca desse material ser muito inferior ao utilizado para feno (>85% MS), há formação de um ambiente favorável ao crescimento de microrganismos, ou seja, a umidade presente no material não impede que bactérias, fungos ou leveduras cresçam abundantemente. Isso pode tanto ser benéfico à conservação do produto como deteriorá-lo. Por isso, após o material ser enfardado, da mesma forma que é feito para produzir feno em fardos, é necessário envolvê-lo com um filme plástico para que a condição interna do fardo seja de anaerobiose e, portanto, haja uma fermentação similar à encontrada nos silos quando da produção de silagens convencionais. O tamanho dos fardos tem variado de 20 kg a 600 kg.

Pereira; Reis (2001) relataram que as plantas forrageiras, quando cortadas para conservação, apresentam teor de umidade de 80% a 85%, que reduz rapidamente para 65,8%. Com esta umidade, é improvável a formação de efluente ou a ocorrência de fermentações indesejáveis no silo. Assim, pode-se afirmar que a ensilagem de forragem emurchecida oferece menor risco de perdas com chuvas, pois a forragem fica menos

tempo no campo, sendo uma alternativa à fenação. Segundo Ribeiro et al. (2004), o emurchecimento do capim-marundu antes da ensilagem proporciona maiores teores de proteína bruta (PB) e fibra em detergente neutro (FDN), mas não afeta o teor de fibra em detergente ácido (FDA) e a digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS).

Bergamaschine et al, (2006) observaram uma redução (P<0,01) no teor de PB da forragem pré-emurchecida, e relacionou tal resultado à perda de proteína solúvel pelo extravasamento do conteúdo celular durante o emurchecimento ou à perda de fragmentos de folhas durante o recolhimento da forragem emurchecida. Contrariamente, Narciso Sobrinho et al. (1998) observaram que o emurchecimento aumentou o teor de PB da forragem e atribuíram o fato ao efeito de concentração decorrente da perda de umidade da forragem.

Bergamaschine et al, (2006), avaliando a qualidade e valor nutritivo de silagens de capim-marandu, com aditivos ou forragem emurchecida, observaram que o emurchecimento proporcionou o maior consumo de MS, em relação às silagens controle e com aditivo enzimático bacteriano e relataram que o alto teor de MS (48%) proporcionado pelo emurchecimento da forragem restringiu a fermentação no silo e, consequentemente, a formação de ácidos orgânicos e a proteólise. Lavezzo (1993) relatou que, de modo geral, a redução no consumo de silagem é causada pelas mudanças químicas durante a fermentação e que muitos estudos mostraram correlação positiva consumo de MS x teor de MS na silagem, de modo que 35% de MS possibilitaria maior consumo. Silveira et al. (1980) e Narciso Sobrinho et al. (1998) verificaram melhora significativa no consumo de MS da silagem de capim-elefante em resposta ao emurchecimento.

O tempo de espera para a abertura do silo deve ser superior a quarenta dias para que ocorra a plena fermentação do material ensilado (LOPES et al., 2008).

Vantagens:

Essa alternativa é bastante interessante do ponto de vista técnico por nos permitir reduzir os riscos de incidência de chuvas sobre material cortado no campo durante a fase de secagem, pois esse período fica restrito, dependendo das condições climáticas e das características morfológicas da planta forrageira, a duas a seis horas de duração. Quem produz feno sabe que esse curto período de tempo é uma vantagem prática muito

grande, uma vez que o feno permanece a campo por mais tempo que o pré-secado, para que se alcance o ponto ideal de recolhimento (COAN, 2001).

Também podem ser consideradas vantagens a possibilidade do uso dos equipamentos empregados no processo de fenação para produção de silagem; a possibilidade de transporte de pequenas quantidades de forragem conservada sem abertura de silos e o fato de não requerer estruturas físicas de silos.

Limitações:

A principal limitação da técnica é, sem sombra de dúvidas, o investimento elevado na aquisição de equipamentos (segadora, condicionadora, ancinho espalhador e enleirador e recolhedora (repicadora e enfardadora), mais os tratores para tracionarem estes implementos quando não autopropelidos) e do plástico apropriado.

Em virtude do elevado custo de produção da silagem pré-secada estar ligada aos equipamentos necessários, a terceirização do processo como um todo ou apenas dos serviços de corte e embalagem podem ser uma saída para manutenção da qualidade do produto final e de custos compatíveis com a produção de leite, carne ou uso em equinocultura.

Do ponto de vista do processo de ensilagem, as gramíneas forrageiras tropicais não apresentam teores adequados de matéria-seca, carboidratos solúveis e valores de poder tampão que proporcionem eficiente processo fermentativo. De acordo com Wilkinson et al. (1982), a ensilagem de forragens com menos de 21% de MS, teores de carboidratos solúveis inferiores a 2,2% na matéria verde e baixa relação carboidratos solúveis x poder tampão apresenta maior possibilidade de fermentações secundárias (indesejáveis). Neste sentido, Reis; Rosa (2001), analisando diversos trabalhos sobre ensilagem de gramíneas forrageiras tropicais, citaram dados que evidenciam os baixos teores de MS e carboidratos solúveis no momento ideal de colheita. Estas situações podem ser modificadas pelo uso de técnicas como a mistura de produtos à massa ensilada (aditivos) ou pela retirada parcial da água da planta mediante emurchecimento.

O desempenho de novilhas de leite com peso corporal incial de 201 kg foi avalido por Souza et al. (2006), testando diferentes níveis de casca de café em subistiuição ao milho no concentrado.

Avaliando dieta de relação volumoso: concentrado equivalente a 60:40, sendo o volumoso pré-secado de tifton 85, os autores verificaram ganho de peso de 1,07 kg, sem animais do grupo controle, ou seja, sem a inclusão de casca de café. Foi observado que a inclusão de casca de café reduziu o ganho de peso de forma linear, por causa da redução na ingestão de nutrientes digestíveis totais.

4. Bagaço de cana-de-açúcar

No documento Anais... (páginas 37-41)