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2. LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO

3.8. Precipitação pluvial, balanço hídrico e aptidão climática de culturas

Em meteorologia, o termo precipitação é utilizado para qualquer deposição à superfície na forma líquida, sólida ou gasosa, procedente da atmosfera. Segundo Ayoade (2002), as formas líquida e congelada da água, como: chuva, neve, granizo, orvalho, geada e nevoeiro são consideradas precipitações. Contudo, somente a chuva e a neve contribuem significativamente para os totais de precipitação e, nos trópicos, o termo precipitação pluvial é sinônimo de precipitação, pois a neve nunca ocorre, exceto em algumas montanhas altas.

A distribuição da precipitação sobre a superfície terrestre é muito mais complexa do que a da insolação ou da temperatura do ar. As principais áreas de ocorrência de precipitações são as zonas de fluxos de ar horizontais convergentes na região equatorial e as zonas de perturbações atmosféricas nas latitudes médias, assim como as áreas localizadas a barlavento das cadeias montanhosas (AYOADE, 2002, p. 164).

O modelo mensal e intra-anual de distribuição de chuvas no semiárido paraibano é extremamente irregular, tanto no tempo quanto no espaço geográfico. Na maioria dos anos, há uma predominância de estação chuvosa com duração de apenas dois a três meses, em outros persistem por até nove meses ou chove torrencialmente num local e quase nada na sua circunvizinhança (ALMEIDA & PEREIRA, 2007; ALMEIDA & SILVA, 2008).

No entanto, Silva et al. (2011) destacam que o sucesso das culturas realizadas em determinada região depende da regularidade e da quantidade das chuvas. As variabilidades espaciais e temporais da precipitação pluvial nas regiões áridas e semiáridas são fatores limitantes para a agricultura de sequeiro, que é uma prática de sobrevivência realizada pela maioria da população no Nordeste do Brasil. Segundo Ayoade (2002) as precipitações constituem o embasamento para as classificações e subdivisões dos climas, sendo um elemento bastante representativo de uma determinada região.

Nascimento & Alves (2008) explicam que a microrregião do cariri paraibano apresenta deficiência pluviométrica dentre outros motivos, por localizar-se na vertente a sotavento do Planalto da Borborema, mostrando a influência que a continentalidade e a morfologia do relevo exercem na distribuição da precipitação. Convém ressaltar ainda que a variabilidade da precipitação nessa região está relacionada ao fato de que nas baixas latitudes a precipitação é controlada principalmente pela dinâmica dos ventos, nas zonas associadas de convergência e divergência. Essa característica de irregularidade das precipitações demonstra a falta de confiabilidade com as quais determinadas quantidades de precipitação podem ser esperadas.

O conhecimento do regime pluvial é de extrema importância em regiões semiáridas, que se caracterizam por alto déficit hídrico, tornando-se fundamental conhecer os efeitos dos elementos do clima no processo de evapotranspiração potencial (ETp) de forma a se obter um gerenciamento e uso racional dos recursos hídricos. A precipitação pluvial (Pr) e a ETp são elementos do clima que ocorrem de forma oposta e são expressos na mesma unidade de medidas (mm). Teixeira & Silva (1999) indicam que para se ter uma idéia mais aproximada das reais disponibilidades de água em qualquer região, e em particular no semiárido, onde o problema do déficit hídrico provoca grandes impactos sociais, não basta apenas que se conheça o regime pluvial, mas é necessária, também, a realização do balanço hídrico. Assim, contabilizando-se a chuva (entrada), e a evapotranspiração (saída), tem-se o balanço hídrico, o que permite caracterizar as condições de umidade (fluxos hídricos positivos e negativos), e o clima de uma determinada região.

De acordo com Medeiros (2007), estes fluxos decorrem de trocas com a atmosfera (precipitação, condensação, evaporação e transpiração) e do próprio movimento superficial (escoamento) e subterrâneo (percolação) da água.

Como produtos do balanço hídrico de Thornthwaite & Matter (1955), tem-se os índices climáticos: o Índice de umidade (Iu) que representa a relação percentual entre o

excesso anual de água e a evapotranspiração potencial anual; o Índice de aridez (Ia) que

expressa à deficiência hídrica em percentagem da evapotranspiração potencial em termos anuais e o índice hídrico (Ih) que relaciona os dois índices já citados.

Através desse procedimento é possível identificar áreas climaticamente favoráveis à exploração de uma determinada cultura, bastando para isso que se conheçam as exigências climáticas dessa mesma cultura, expressas também em termos de parâmetros do balanço hídrico (VAREJÃO-SILVA, 2006, p.431).

De acordo com Assad (1994), qualquer estudo sobre zoneamentos busca delimitar áreas que tenham potencial produtivo e que mantenham essas potencialidades ao longo do tempo com um mínimo de impactos para o ambiente. Esses estudos permitem aprofundar a delimitação de zonas pluviometricamente homogêneas. O conhecimento climático de uma região é fundamental para todas as atividades humanas normalmente desenvolvidas, tendo como principal exemplo a agricultura. Desta forma, a identificação de aptidão agroclimática para culturas constitui-se numa ferramenta importante no processo de tomada de decisão.

Silva et al. (2006) com base nos resultados do balanço hídrico e no evapopluviograma correspondente, realizaram o zoneamento agroclimático para o município de Monteiro (PB) considerando as culturas com aptidão plena e regular, mais adequadas ao plantio no local. Como sugestão para futuras pesquisas, citam a extensão do estudo realizado a outros municípios, envolvendo também outras culturas economicamente interessantes ao Estado ou, somar aos resultados, análises detalhadas que levem em consideração fatores naturais, fatores sociais, tecnológicos e econômicos.

Para a identificação das aptidões climáticas das culturas, utilizam-se os Índices culturais, obtidos através do evapopluviograma: Índice de vegetação (Iv) – indica a capacidade

vegetativa da região como uma função das disponibilidades térmicas e hídricas e representa um índice anual de vegetação; Índice de repouso por seca (Irs) – indica a presença e

intensidade da seca fora do período vegetativo; Índice de repouso por frio (Irf) – corresponde

4. MATERIAL E MÉTODOS

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