• Nenhum resultado encontrado

2.4 Paradigmas para adoção de inovações tecnológicas

2.4.3 Predisposições organizacionais para a inovação tecnológica

Os aspectos psicológicos e comportamentais que envolvem receios, esperanças, desejos e frustrações relativas à adoção e utilização de tecnologias por parte dos profissionais que desempenham papéis decisórios em uma empresa representam um dos fatores que podem facilitar ou impedir o processo de inovação. Se uma empresa tiver uma cultura organizacional favorável à mudança, normas e regulamentos que incentivem a inovação e clima organizacional apto a lidar com esses processos, mas pessoas sem espírito empreendedor e proativo, a inovação pode estar comprometida.

Para Badaway (1993), a gestão da tecnologia envolve um convívio com a inovação, direcionada à mudança, ao desenvolvimento de novas maneiras de pensar, produzir e competir. A gestão tecnológica somente será desenvolvida de forma eficiente se a tecnologia tiver seu papel na estratégia da empresa. O empreendedor precisa estabelecer a ligação entre a estratégia empresarial e a tecnológica, sabendo quais os tipos de tecnologias são necessárias ao seu negócio, de forma a alcançar os objetivos previamente estipulados.

Nesse sentido, torna-se evidente a necessidade de aplicação de instrumentos que utilizem variáveis capazes de identificar a disposição desses profissionais em desenvolver, adotar e utilizar tecnologias e os principais fatores envolvidos nesse processo. Conforme Graeml (2003), os resultados podem ser usados para avaliar o desempenho da organização e compará-lo ao de outras organizações ao longo do tempo, revelando a sua posição frente aos concorrentes. Além desses fatores, esses resultados podem possibilitar a adoção de novas estratégias competitivas e permitir a correção dos desvios de rumo, quando necessário.

No entanto, determinadas variáveis envolvidas no processo de tomada de decisão, como as relacionadas ao comportamento humano, são difíceis de serem avaliadas.

Parasuraman (2000) estudou o comportamento das variáveis comportamentais, propondo a utilização de um instrumento de medida denominado Technology Readiness Index (TRI) – Índice de Prontidão para a Tecnologia, cujo objetivo era mensurar a propensão das pessoas em adotar inovações tecnológicas. Com esse instrumento, seria possível identificar a ação de condutores e inibidores mentais que, coletivamente, determinam a predisposição das pessoas tomadoras de decisões diante de fatores que condicionam a adoção de inovações tecnológicas nos processos de produção.

De acordo com Parasuraman e Colby (2001), a prontidão para a tecnologia é composta por quatro dimensões:

otimismo: representa as visões positivas em relação à inovação;

inovatividade: indica uma tendência da empresa em ser pioneira na adoção de inovação tecnológica;

desconforto: denota a percepção de falta de controle sobre a inovação tecnológica e o sentimento de ser oprimido por ela,

insegurança: demonstra desconfiança da inovação tecnológica e ceticismo em relação às habilidades para utilizá-la de forma apropriada.

Dessas quatro dimensões, otimismo e inovatividade são os condutores da prontidão para a tecnologia, ou seja, indicam fatores que motivam as empresas à adoção de inovações tecnológicas. Os inibidores são as dimensões desconforto e insegurança, representando fatores que retardam ou impedem a adoção. Os autores destacam que a prontidão para a tecnologia varia de empresa para empresa, uma vez que o caminho que leva à adoção e as implicações da adoção dependem do grau e da natureza da prontidão das empresas adotantes e é multifacetada, pois diferentes tipos de crenças e sentimentos produzem uma prontidão geral.

Segundo os autores, as dimensões condutoras e inibidoras da prontidão para a tecnologia atuam independentemente, de forma que uma empresa pode possuir qualquer combinação de motivações ou inibições. Mesmo que apresente níveis altos de otimismo e inovatividade, o fato de uma empresa ser levada a adotar uma inovação tecnológica em uma área específica não significa que ela será igualmente levada a adotar em outra.

Portanto, uma empresa pode ser inovadora em tecnologia, propensa à experimentação, mas temerosa a respeito do valor da inovação tecnológica. Em outras palavras, a empresa pode acreditar na inovação tecnológica, mas ao mesmo tempo temê-la.

Em razão desses aspectos, Parasuraman e Colby (2001) sugerem que as empresas podem ser classificadas em cinco tipos (exploradoras, pioneiras, céticas, paranóicas e retardatárias) em relação à predisposição para a inovação tecnológica.

O segmento das exploradoras apresenta altos índices de prontidão para a tecnologia, com altos índices nas dimensões condutoras da adoção (otimismo e inovatividade) e baixos índices nas dimensões inibidoras (desconforto e insegurança). O segmento das pioneiras divide com as exploradoras altos níveis de otimismo e inovatividade, mas, ao mesmo tempo, apresenta níveis altos de desconforto e insegurança. O grupo das céticas revela

índices baixos em todas as dimensões. O grupo das paranóicas apresenta altos níveis de otimismo, mas revela níveis igualmente altos nas dimensões inibidoras da adoção. Este grupo apresenta baixo grau de inovatividade. As retardatárias representam o oposto das exploradoras, pois exibem baixos índices nas dimensões condutoras da adoção e altos índices nas dimensões inibidoras.

Para Rogers (1995), as etapas do processo de decisão de adoção de uma inovação tecnológica envolvem conhecimento, persuasão, decisão, implementação e confirmação. A etapa do conhecimento inicia-se quando a empresa recebe estímulo, despertando sua atenção para uma inovação tecnológica. Na etapa de persuasão, há formação de atitudes favoráveis ou desfavoráveis em relação à inovação tecnológica. Esta etapa está relacionada ao risco percebido na avaliação das conseqüências de uso da inovação tecnológica.

O terceiro estágio (etapa da decisão) envolve a escolha entre adotar ou rejeitar a inovação tecnológica. O estágio seguinte, implementação, refere-se ao uso efetivo da inovação, enquanto o quinto estágio envolve a confirmação ou reforço buscado pela empresa para a decisão de adoção que já foi tomada. De maneira geral, o processo de decisão envolve as atividades de busca e processamento de informações, através dos qual a empresa obtém informação para diminuir a incerteza sobre a inovação.

Observa-se que, segundo o modelo de Rogers (1995), a adoção de inovações tecnológicas envolve um processo de decisão em que predominam os elementos cognitivos do comportamento da empresa adotante para a sua explicação. Sabe-se, contudo, que o processo de decisão da empresa adotante abrange diferentes respostas psicológicas e que estas incluem tanto aspectos cognitivos, quanto afetivos. A segmentação dos adotantes proposta pelo autor leva em consideração, sobretudo, a inovatividade da empresa adotante, ou seja, o grau em que esta é relativamente mais imediata ou pioneira na adoção de inovações tecnológicas que outros membros de um sistema social.