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2.3 Modelagem atuarial

2.3.3 Premissas atuariais

O custo futuro de um sistema de aposentadorias é determinado pelas características demográficas e econômicas da população coberta. É influenciado, ainda, por uma série de fatores que ocorrerão durante a existência do plano. Neste contexto de incerteza, insere-se a componente de risco presente nas projeções atuariais. Pode-se definir risco como a probabilidade de ocorrência de determinado evento que gere prejuízo econômico. Segundo Jorion (2003), risco é a volatilidade de resultados inesperados, normalmente, relacionados ao valor de ativos ou passivos de interesse.

O risco atuarial é aquele decorrente da adoção de premissas atuariais que não se confirmem ou que se revelem agressivas e pouco aderentes à massa de participantes ou ao uso de metodologias que se mostrem inadequadas. É decorrente das oscilações das trajetórias de vida da população (mortalidade, invalidez, desligamento etc.) em relação às premissas adotadas.

As premissas atuariais representam o conjunto de variáveis ou de hipóteses admitidas nas avaliações anuais para a projeção dos compromissos do plano. As mais comuns são as tábuas de mortalidade que contemplam as probabilidades de ocorrência de determinado evento, por idade. As tábuas de mortalidade são aquelas relacionadas à mensuração de eventos como morte, sobrevivência, invalidez e morbidez dos participantes e assistidos, conforme relata Vilhena (2012). As EFPC utilizam para a mensuração de probabilidades capazes de gerar custeio ao plano: a tábua de mortalidade geral, a tábua de mortalidade de inválidos, tábua de entrada em invalidez e morbidez.

A tábua de mortalidade geral mede as chances de morte por idade a que todos os participantes do plano estão sujeitas. Este tipo de tábua é elaborada com base em um grupo inicial de indivíduos de mesma idade que são acompanhados até a data de seus óbitos. Assim, o número de indivíduos vivos a cada ano sofre decrementos devido às mortes ocorridas na população até o momento em que não haja mais nenhum indivíduo vivo.

A tábua de entrada em invalidez e a tábua mortalidade de inválidos também são muito importantes para determinação do passivo atuarial. As relações entre as funções destas tábuas são as mesmas das tábuas de mortalidade geral, alterando-se apenas a simbologia. Segundo Chan, Silva e Martins (2010), o conceito de invalidez tem se alterado bastante ao longo do tempo, dada a própria transição epidemiológica pela qual o Brasil passou. Além disso, deve ser levado em consideração que as tábuas de invalidez e de mortalidade de inválidos utilizadas pelo mercado advêm de longa data, aumentando consideravelmente o risco de não aderência aos participantes do fundo.

Conforme a Resolução MPS/CGPC 18/2006, que estabelece parâmetros técnico- atuariais para a estruturação de plano de benefícios de entidades fechadas de previdência complementar, as hipóteses biométricas, demográficas, econômicas e financeiras devem estar adequadas às características da massa de participantes e assistidos e ao regulamento do plano de benefícios de caráter previdenciário. Assim, com periodicidade mínima anual, as premissas adotadas pelas EFPC passam por testes de adequação que visam garantir sua aderência à massa do plano.

Ainda conforme a Resolução MPS/CGPC 18/2006, a tábua biométrica utilizada para a projeção da longevidade dos participantes e assistidos do plano de benefícios será sempre aquela mais adequada à respectiva massa, não se admitindo, exceto para a condição de inválidos, tábua biométrica que gere expectativas de vida completa inferiores às resultantes da aplicação da tábua AT-83. Nota-se, segundo Consolidado Estatístico da ABRAPP, a migração para a tábua AT2000 em detrimento da tábua mínima estabelecida pela legislação (AT83). Tal comportamento é esperado uma vez que a tábua AT 2000 gera expectativas de vida maiores do que a AT83, uma vez que nesta as probabilidades de morte são mais elevadas.

Tabela 2 - Tábuas de mortalidade geral utilizadas pelas EFPC. Tábua 2009 2010 2011 2012 AT2000 38% 45% 48% 61% AT83 53% 45% 42% 31% IBGE 3% 4% 4% 4% RP 2000 1% 1% 2% 2% Outras 5% 5% 4% 2%

Fonte: Consolidado Estatístico da ABRAPP de setembro de 2013

As tábuas atuariais são tabelas que relatam a evolução de uma população inicial sobre determinado evento. Tábuas que sofrem decrementos ao longo do tempo por um único evento são chamadas de “tábuas unidecrementais”, como as apresentadas na Tabela 2. Porém, os fundos de pensão utilizam também a combinação das tábuas com decremento simples para formar tábuas multidecrementais. Tais tábuas mostram, hipoteticamente, a evolução do número de empregados de um grupo populacional original, sujeito aos efeitos de todas as taxas decrementais das hipóteses demográficas do fundo, que permanecem no plano a cada idade atingida futura.

Não obstante, a resolução CGPC 18/2006 estabelece que a adoção e a aplicação das hipóteses biométricas, demográficas, econômicas e financeiras são de responsabilidade dos membros estatutários da EFPC, na forma de seu estatuto, bem como do atuário que tenha proposto ou validado as hipóteses adotadas na avaliação atuarial do plano de benefícios e do atuário responsável pela auditoria atuarial. Os cálculos atuariais são realizados com base em premissas a respeito do futuro, tais como as tábuas biométricas e a taxa de juros. Segundo Chan, Silva e Martins (2006) as premissas atuariais podem classificadas da seguinte maneira:

a) Premissas econômicas - taxa de inflação de longo prazo, ganho real dos investimentos, escala de ganhos salariais, indexador dos benefícios, teto de benefício do sistema público, custeio administrativo.

b) Premissas biométricas - mortalidade de válidos, mortalidade de inválidos, entrada de invalidez, rotatividade.

c) Outras premissas - composição familiar, idade presumida de aposentadoria, idade de entrada no emprego, idade de adesão ao sistema público de aposentadoria e formas opcionais de escolha de benefícios.

A escolha das premissas atuariais deve ser a mais fidedigna possível, para não subavaliar ou sobreavaliar o passivo da instituição. Assim, todas as hipóteses adotadas na projeção do passivo foram submetidas a testes de aderência específicos.