• Nenhum resultado encontrado

Preparação citotóxicos

Capítulo I Relatório de Estágio no Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho

1. Introdução

4.1. Preparação citotóxicos

A quimioterapia é uma das áreas da saúde que tem apresentado maior desenvolvimento científico nos últimos anos. A descoberta de novos agentes antineoplásicos (também designados como citostáticos ou citotóxicos (CTX), tem proporcionado maior longevidade, qualidade de vida e bem-estar aos doentes. Embora a utilização primária destes fármacos esteja associada ao tratamento do cancro, eles são igualmente utilizados no tratamento de outros quadros clínicos como esclerose múltipla, psoríase e lúpus eritematoso sistémico, por via tópica em oftalmologia e no tratamento da estenose laringotraqueal (25).

A maioria dos CTX têm propriedades mutagénicas, carcinogénicas e teratogénicas, apresentando elevados risco para os operadores que o manipulam. Devido a isso, a sua preparação/manipulação exige particular cuidado, obedece a uma serie de Normas e Procedimentos instituídos (25, 26).

Todos os profissionais envolvidos no circuito, recebem formação acerca dos riscos de exposição, dos procedimentos específicos e são submetidos a exames médicos periódicos. A Unidade de Preparação de Citotóxicos (UPC) é constituída por uma:

• Zona Negra (ou zona suja) - Corresponde à sala onde se retira adornos e vestuário e se veste a farda, inclui um banco corrido.

• Zona Cinzenta (antecâmara) – Esta zona ainda não é estéril, equipada com armários, para armazenagem do material necessário e com um lava mãos.

• Zona Branca (ou zona limpa) – Sala assética ou branca onde se encontra a Camara Fluxo Laminar vertical de tipo IIb, sendo pressurizada negativamente, para evitar a saída de aerossóis CTX.

• Sala de trabalho onde se validam as prescrições, e que funciona também como armazém.

Todas as atividades relacionadas com o manuseamento de CTX, desde a receção até à sua administração ao doente implicam o uso de EPI. Sala negra - calça, túnica, toucas (duas) e socos; Sala negra/cinzenta – Protetores de sapatos (dois pares, através do banco corrido); Sala cinzenta - máscara de alta filtração P3 e após a lavagem assética das mãos (Anexo 12) veste a bata esterilizada de baixa permeabilidade e primeiro par de luvas de látex; Sala branca - segundo par de luvas esterilizadas apropriadas para manipulação de CTX. Com exceção dos óculos e socos, todo este material é descartável e eliminados como resíduos hospitalares do Grupo IV (resíduos perigosos)

A equipa afeta à UPC, é constituída por: um TDT que é responsável pela manipulação dos CTX, e limpeza do interior da CFLV antes e depois da preparação CTX; um farmacêutico no apoio à manipulação, um farmacêutico na receção e validação de prescrições; dois AO (um para transporte das preparações, e outro responsável pela limpeza da sala e recolha dos resíduos).

Para minimizar os riscos para a saúde existe rotatividade entre os farmacêuticos e TDT que trabalham na sala de manipulação. Grávidas ou lactantes estão interditas de exercer funções na Área Oncológica, bem como homens nos 2 meses previamente à conceção (25).

A prescrição médica em oncologia é feita de acordo com os protocolos terapêuticos instituídos no CHVNG/E, aprovados pela Comissão de Coordenação Oncológica e pela Comissão de Farmácia e Terapêutica do hospital. Podem, no entanto ocorrer reduções de dose devidamente expressas na prescrição. A prescrição contempla as indicações imprescindíveis à preparação: Nome completo do doente, com NSC; Peso e Altura do doente; Diagnóstico; Dosagem de cada fármaco; Tempo previsto para a perfusão; Soro de diluição a utilizar e respetivo volume; Ritmo e via de administração.

Com base na lista de doentes agendados para o Hospital de Dia, o farmacêutico faz a listagem de doentes previstos para o dia seguinte, retirando do arquivo as respetivas prescrições. As prescrições são sempre validadas pelo farmacêutico. Para tal, deve ter em conta uma série de itens fulcrais, dos quais se destacam: Nome do doente; Peso, altura e respetiva superfície corporal; Diagnóstico; Nome do protocolo de quimioterapia; Número do ciclo de quimioterapia; Datas do último e próximo tratamento (garantia de intervalo apropriado); Citotóxico(s)/outros fármacos prescrito(s); Dose do(s) fármaco(s) de acordo com a superfície corporal, peso , AUC; Forma farmacêutica; Tipo(s) de solução(ões) de diluição do(s) respetivo(s) fármaco(s) e respetivas concentrações; Tempo de perfusão e via de administração; Medicamentos prescritos como pré-medicação.

Na validação da prescrição oncológica, o farmacêutico confronta o diagnóstico com o protocolo prescrito e confirma se a dose prescrita está adequada ao doente. A dose dos

fármacos utilizados em oncologia, é normalmente calculada em função da superfície corporal do doente, segundo a fórmula:

SC (m2) = 0,007184 X (Altura (cm)) 0,725 X ( Peso (kg) )0,425

Assim, o farmacêutico, multiplicando a dose recomendada, para um determinado protocolo por m2 (mg/m2) pela superfície corporal do doente, verifica assim se a dose prescrita está de

acordo com protocolo. Para certos fármacos, o cálculo da dose não é feito em função da superfície corporal, mas é feito em função do peso (ex: trastuzumab), ou por dose fixa (ex: vincristina) ou por ajuste de dose de acordo com a função renal (ex: carboplatina).

Em seguida, faz-se o cálculo da concentração, para ver se com a diluição, a concentração do fármaco esta entre os valores descritos em RCM. Confirma a frequência de administração da quimioterapia verificando a data e doses que efetuou no ciclo anterior.

Sempre que existam discrepâncias entre a prescrição e os protocolos aprovados, o farmacêutico deve contactar de imediato o médico para esclarecer a situação antes de proceder à preparação.

Por fim, elabora os rótulos do qual devem constar as seguintes informações: o Nome completo do doente (com NSC); Designação do fármaco, dose e volume correspondente; Soro de diluição e seu volume; Tempo de perfusão; Volume total; Informações relevantes (por exemplo proteger da luz); Data e hora de preparação; Assinatura dos profissionais responsáveis pela preparação.

Todos estes passos são novamente validados por um segundo farmacêutico (responsável pelo apoio à manipulação), confirmando os cálculos constantes no rótulo e das fichas de preparação.

Com base na lista de doentes agendados para o dia, o Farmacêutico coloca no transfer: embalagens de CTX necessárias, os rótulos identificativos anexados ao protocolo a que se referem e os solventes de reconstituição necessários.

De forma a garantir a qualidade das preparações, relativamente à estabilidade e assepsia na sala branca e de forma a proteger o operador, estão descritas no anexo 13 os procedimentos que devem ser seguidos.

Após o OK´s de preparação do protocolo do doente o Farmacêutico que se encontra no interior da sala assética, analisa cuidadosamente o rótulo identificativo e em função das operações a realizar, reúne todo o material necessário na mesa de apoio da CFLv. TDT é o responsável pela manipulação de CTX, sendo conferidas todas as medições e procedimentos pelo farmacêutico.

No final, efetua o registo de todas as preparações efetuadas e posteriormente o registo informático do consumo dos fármacos e soros manipulados. São também registados, os tempos de exposição na câmara dos operadores.

Documentos relacionados