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2. A Investigação: Horto de Amato Lusitano – Matemática em estado vivo

2.4. Metodologia

2.4.5. Descrição procedimental da visita de estudo

2.4.5.1. Preparação

Como qualquer visita de estudo, também a visita ao Horto de Amato Lusitano com os alunos, necessitou de uma preparação, para que esta fosse possível e para que tudo pudesse acontecer pelo melhor permitindo a consecução dos objetivos que nos propusemos atingir. Iniciámos este processo fazendo algumas visitas ao Horto de Amato Lusitano com o objetivo de conhecer o espaço e, em particular, as suas características físicas e as suas potencialidades educativas. É de notar que, apesar do Horto de Amato Lusitano se situar na área envolvente da Escola Superior de Educação, poucas têm sido as atividades nele desenvolvidas nos últimos anos, pelas razões atrás expostas. Existe agora o cuidado da sua conservação e proteção, mas este espaço poderia ainda ser mais aproveitado e rentabilizado em situações de prática de ensino. Assim, é importante referir que tanto os alunos do ensino básico, participantes no estudo, como o seu professor (professor titular de turma/professor cooperante) não conheciam o Horto de Amato Lusitano.

Em simultâneo com as visitas realizámos algumas pesquisas sobre o espaço. Sobre os documentos que nos dão informações sobre o mesmo, é importante destacar a obra “Horto de Amato Lusitano – Uma ponte para Cultura, Educação e Cidadania” (Salvado & Cardoso, 2004) que nos conta um pouco da história deste Horto e descreve algumas das atividades de ensino e aprendizagem aí promovidas, nos anos de 1998 e 1999, por alunos dos cursos de Formação de Professores e destinadas a crianças da Educação Pré-escolar e do 1.º Ciclo do Ensino Básico.

Com base nas visitas realizadas a este espaço e nas pesquisas efetuadas, foram planeadas e desenvolvidas as tarefas a propor aos alunos, antes, durante e após a visita e construídos os recursos didáticos a utilizar durante a visita: guião do aluno, com a planta do horto e onde são apresentadas as tarefas a desenvolver, e o guião do professor que apresenta algumas informações e pontos fundamentais para a supervisão e orientação das diferentes atividades a

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realizar pelos alunos. Como refere Godino (2007: 171), quando se planificam tarefas a propor aos alunos, é importante tomar decisões sobre a intervenção do professor, pois

El professor, una vez planteada la tarea, no contesta a ninguna pregunta, contesta sólo las preguntas que aclaran la consigna dada, hace sugerencias sobre cómo realizar la tarea, colabora con los niños en la resolución de la tarea, dice a los niños, bien personalmente o bien a través de otro niño, lo que tienen la tarea.

Também foram identificados e elencados alguns materiais que seriam necessários, como pás, regador, estacas e plantas necessárias à consecução de algumas das tarefas previstas. Apresenta-se na figura 12 um esquema em que se pretende salientar a articulação entre as atividades realizadas nos dois espaços – Horto e sala de aula - que consideramos indispensável para a promoção de aprendizagens de âmbito curricular.

Figura 12– Interação entre os espaços de educação formal e não formal

Para que este estudo e a visita de estudo fossem possíveis foram solicitadas as autorizações do diretor do Agrupamento de Escolas João Roiz de Castelo Branco e dos pais/encarregados de educação dos alunos participantes. De modo informal foram também contactados o jardineiro e o técnico de laboratório da ESECB, para que pudessem ajudar na organização do espaço e dos materiais utilizados.

Sendo a turma composta por 25 alunos, que iam ser acompanhados por 3 adultos (o professor titular de turma e os elementos do par pedagógico), esta foi organizada em três grupos (dois de oito elementos e um de nove). Como se pretendia promover a realização de trabalho de grupo e consequentemente o desenvolvimento de atitudes de autonomia, responsabilidade e trabalho colaborativo, a seleção dos alunos a integrar em cada um dos grupos teve a consideração aspetos como o comportamento, o relacionamento entre os alunos e a capacidade de liderança. Para tal, revelou-se fundamental o contributo do professor titular de turma pelo seu maior conhecimento dos alunos e experiência profissional.

De facto, a aprendizagem não é consequência direta e exclusiva de confrontação dos alunos com as tarefas propostas pelo professor. De entre as várias variáveis intervenientes é de

• Exploração de um retrato de Amato Lusitano; • Leitura de um texto e construção de uma linha

de tempo referentes à vida e obra de Amato; • Resolução do desafio “Há quantos anos nasceu

Amato Lusitano?”;

• Abordagem aos diferentes constituintes das plantas e às noções de plantas espontâneas e cultivadas.

• Exploração de mapa da cidade com identificação de pontos de referencia: Escola EB e ESE; •Traçado e comparação de diferentes itinerários

entre a escola e a ESE.

Antes da visita - atividades em sala de aula • Interpretação da planta do Horto;

• Identificação e recolha de plantas espontâneas;

• Identificação das partes constituintes de uma planta; • Resolução de situações

problemáticas.

Atividades em espaço de educação não formal - Horto Amato Lusitano

• Realização de um guião sobre a visita ao Horto Amato Lusitano;

• Realização de um desenho livre sobre a visita; • Trabalho prático "Haverá só verde nas folhas?" • Atividade de expressão plástica.

Após a visita - atividades em sala

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destacar a importância do planeamento da forma de realizar a tarefa, pois como afirma Godino (2004:171) esta pode ser “Individualmente, colaborando en grupo pequeño homogéneo, colaborando en grupo pequeño heterogéneo, colaborando en grupo grande, todos a la vez en grupo pequeño o grande”.

Posteriormente a esta fase, deu-se início à preparação dos alunos para a visita de estudo. Como já foi apresentado, várias foram as atividades realizadas com os alunos, no dia anterior, com base à visita.

De uma forma mais suscinta, pois a planificação já foi apresentada neste Relatório, iniciámos a preparação para a visita com a projeção e exploração de um retrato de Amato Lusitano, depois com a descoberta do nome da pessoa representada no retrato (João Rodrigues) e posteriormente com a realização da leitura de um texto sobre o ilustre médico renascentista, João Rodrigues. De modo a organizar melhor as informações recolhidas no texto foi construída uma linha do tempo, referentes à sua vida e obra. Posteriormente, foi lançado o desafio “há quantos anos nasceu Amato Lusitano?” - para cuja resolução se sugeriu aos alunos o recurso à reta numérica. De acordo com o trabalho realizado foi necessário o ensino explícito de algumas palavras nomeadamente: horto, erva, arbusto e árvore. Com o visionamento de um PowerPoint e com a leitura do manual de Estudo do Meio foram abordados e explorados os diferentes constituintes das plantas, a diferença entre plantas espontâneas e plantas cultivadas e os dois tipos de folhagem, persistente e caduca.

Como forma de localizar o Horto de Amato Lusitano, na cidade de Castelo Branco, foram distribuídos mapas da cidade pelas crianças de modo a localizar a ESECB (local onde se encontra o Horto de Amato Lusitano) e a EB1 Quinta da Granja e traçar “o caminho mais curto para chegar ao Horto”.

Como forma de explicitar as regras que os alunos deveriam ter na visita do dia seguinte, foi distribuído um guião com algumas regras que os alunos teriam, em sinal de compromisso, que ler e assinar. De seguida, foram distribuídos os guiões dos alunos e escritos no quadro o nome dos alunos que integravam os vários grupos de trabalho. Os alunos assim com estes elementos, preenchiam a capa do guião.

O guião do aluno era constituído por todas as tarefas que iriam ser realizadas durante a visita de estudo ao Horto de Amato Lusitano. Apresentava na sua totalidade, quatro conjuntos de tarefas intituladas “Vamos plantar!”, “Fruta azul?”, “A dama e as laranjas” e “Planta, plantinha quem te plantou?”, também no guião eram apresentados um retrato de Amato Lusitano e a planta do Horto de Amato Lusitano. Existiam quatro tipos de guião, cada um correspondente a um grupo, onde a ordem dos vários conjuntos de tarefas era diferente, para que não houvessem vários grupos a trabalhar na mesma atividade em simultâneo.