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3.2 Juízo de Admissibilidade e de Mérito

3.2.1 Elementos dos Pressupostos Intrínsecos e Extrínsecos de Admissibilidade dos Recursos

3.2.1.4 Preparo

relativas ao recurso. Esse procedimento de pagamento é realizado através de Guia com destino aos cofres da Fazenda Pública. Entretanto, não se confunde com os custos de trânsito documental quando deve ser analisado em localidades diversas. Mas, como atualmente, a maioria dos Tribunais estão adotando a sistemática de controle documental eletrônico esses custos não devem virar exceções.

Aquele que recorre deve pagar as despesas com o processamento do recurso, que constituem o preparo. A beneficiária é a Fazenda Pública, por isso os valores devem ser recolhidos em guia própria e pagos na instituição financeira incumbida do recolhimento. Além do preparo, também haverá o recolhimento do porte de remessa e retorno, quando o recurso tiver de ser examinado por órgão diferente daquele que proferiu a decisão, salvo quando se tratar de processo eletrônico (GONÇALVES, 2016, pág. 856).

O Novo Código de Processo Civil inseriu esse instituto no art. 1007 e destacou que caso a legislação pertinente exija o preparo a sua ausência leva a deserção recursal. O texto do art. 1007 no atual código corresponde, exatamente, nos mesmos termos, ao art. 511 do CPC de 1973. Nesse caso de deserção a doutrina classifica como causa de preclusão consumativa, pois a parte, depois de verificado que não pagou o preparo no momento oportuno não poderá mais fazer.

O art. 1007 adicionou no parágrafo 6º. que no caso de prova de justo impedimento, o relator, irrecorrivelmente, concederá um prazo de 5 dias para que efetue o preparo. E o parágrafo 7º. do referido artigo 1007 inovou ao visualizar equívoco no preenchimento da guia de custos não implicando a aplicação da pena de deserção, onde o relator concederá o mesmo prazo de 5 dias nos casos de dúvida do recolhimento.

Esse último parágrafo deixou a regra em aberto, pois casos de equívocos podem ser invocados indiscriminadamente, principalmente com relação aos valores, entretanto somente deve se aplicar nos casos de sujeitos passivos e ativos, pois existe vedação legal a complementação nos casos de insuficiências parciais, inclusive no porte de remessa e retorno, portanto quem paga errado acaba pagando duas vezes e se ver obrigado a pedir restituição de erros nos pagamentos.

4 CONCLUSÃO

Os princípios, como demonstrado, possuem natureza abstrata, necessitando do operador do direito efetuar uma compreensão sistemática do direito para a devida aplicação no mundo real.

O princípio do contraditório ficou expandido no Novo CPC, pois no código de processo civil anterior, nos casos de embargos de declaração não era necessário ouvir a outra parte, já no atual código, sempre que a decisão prejudique a outra parte, será dado o direito de ouvi-la para atender esse princípio do contraditório.

Foi demonstrada a diferença entre princípios e regras, sendo que o primeiro conta com a capacidade do operador do direito para delimitar suas atribuições, por isso sua característica de abstração. Já as regras são delimitadas suas atribuições, dando pouca ou nenhuma margem de interpretação ao operador do direito.

Os princípios foram tratados individualmente, mas, inicialmente, foi evidenciada a importância do princípio do duplo grau de jurisdição, expressão essa que é considerada incorreta pela doutrina por considerar a unicidade da jurisdição e o correto poderia ser o duplo juízo sobre o mérito. Esse duplo grau de jurisdição não está expresso na Constituição Federal e é entendido de maneira implícita.

Foram citados, ainda o erro in judicando e o in procedendo como os objetos do recurso.

Com relação ao princípio da taxatividade, para cada decisão deve possuir um recurso específico, estando diretamente relacionado com o princípio da legalidade. A eliminação do agravo retido e dos embargos infringentes (transformado em técnica recursal) no Novo CPC foi uma das mudanças que ocorreram, bem como a inclusão do agravo de instrumento dentro do rol taxativo dos recursos.

O problema do Novo CPC está nas questões de urgência, pois, apesar do embargo de instrumento não deixar a matéria precluir, o momento de análise do embargo será nas razões de apelação, surgindo, nesse momento, a ideia dos sucedâneos recursais – Mandado de Seguraça e Habeas Corpus – fazendo às vezes de recursos.

O princípio da singularidade, unirrecorribilidade, unicidade, chamado pela doutrina desses três nomes, é que para cada decisão tenha apenas um recurso específico. Quando não utilizado o recurso correto, o pedido recursal não preenche o requisito da admissibilidade.

Ainda com relação à singularidade, foi tratada da simultaneidade da interposição do Recurso Especial e do Recurso Extraordinário que a doutrina não considera como exceção ao princípio da singularidade, sendo apenas na aparência, porque cada recurso trata de matérias constitucionais distintas.

O princípio da fungibilidade expressa a possibilidade de utilizar um recurso no lugar de outro quando há dúvida sobre o devido cabimento, no caso é uma mitigação do requisito de admissibilidade do cabimento. Surge sempre quando ocorre a chamada dúvida objetiva, que nos casos em que acontece a divergência doutrinária ou jurisprudencial sobre o cabimento de um ou outro recurso, e no caso do menor prazo do recurso utilizado, fator este que já foi eliminado no atual CPC pelo motivo da padronização dos prazos recursais.

Para finalizar esse princípio, o erro grosseiro é rechaçado na aplicação desse princípio. Sua utilização prática ocorre nos casos, por exemplo, em que a parte impetra embargos de declaração, mas o juiz entende ser devida a aplicação do agravo interno, para que a decisão seja revisada pelos demais desembargadores.

Se tratando do princípio da complementaridade que está sendo incluso no Novo CPC, sendo que era um problema nos embargos de declaração, se esse for aceito e modificar a sentença o novo CPC estipula um prazo de 15 dias para a parte complementar a decisão que modificou a sentença embargada.

O princípio da proibição da reformatio in pejus é uma garantia de que quando a parte recorre o tribunal não pode piorar ainda mais a realidade do recorrente. Só pode ser adotado em determinadas situações, como no caso de sucumbência solitária, pois se ambas a partes recorrem, a decisão pode favorecer apenas uma das partes. A exceção também ocorre quando existe o efeito translativo, matéria que o tribunal possa reconhecer de ofício – ausência de pressupostos processuais e condições da ação.

O princípio da voluntariedade está relacionado com a livre disposição da parte de recorrer. Doutrinadores dizem que quando ocorre a remessa necessária, quando a parte sucumbente forem os Entes Federativos diretos ou indiretos da administração pública, seria a

remessa necessária uma exceção à voluntariedade, pois a lei exige a rediscussão no tribunal.

O princípio da lesividade não foi tratado como subitem no capítulo de desenvolvimento devido sua lógica gramatical, pois se a parte não foi prejudicada de fato e de direito, não pode recorrer. Ninguém recorre se o pedido foi vitorioso no todo. Porém, foi tratado quando destacamos o interesse recursal, requisito de admissibilidade dos recursos.

Para finalizar, o princípio da consumação está ligado à preclusão consumativa que significa que após a parte decidir sobre o recurso ou a matéria sucumbente, não pode a parte novamente pedir através de outro recurso ou de outra matéria sucumbente não recorrida no tempo oportuno. Mesmo dentro do prazo de recorrer, se a parte escolhe o agravo de instrumento ao invés da apelação, não pode a parte voltar atrás para mudar para apelação.

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