• Nenhum resultado encontrado

PRERROGATIVAS DOS CONSELHEIROS TUTELARES

4. INOVAÇÕES DA LEI 12.696/2012 NA ESTRUTURA DOS CONSELHOS

4.4 PRERROGATIVAS DOS CONSELHEIROS TUTELARES

Outra inovação empreendida ao Estatuto da Criança e do Adolescente pela lei n. 12.696/2012 foi à retirada da redação original, que previa a garantia até então concedida aos conselheiros tutelares, de lhes ser assegurada prisão especial, em caso de regime comum, até o julgamento definitivo.

A respeito do tema, preceitua a respeito o art.135 do Estatuto da Criança e do Adolescente que art. 135. “O exercício efetivo da função de conselheiro constituirá serviço público relevante e estabelecerá presunção de idoneidade moral.”

Esta retirada da prisão especial, não configura um retrospecto no tratamento aos Conselheiros, mas sim uma sincronia da nova lei, que esta baseada nas ultimas mudanças legislativas dentro do processo penal.

Mesmo com essa alteração as funções desenvolvidas pelos conselheiros continuam sendo de serviço público de alta relevância e tendo como requisito indispensável para este membro a presunção de idoneidade moral, uma vez que assume a condição de autoridade pública municipal, além de assumir função de relevância no cuidado dos menores.

5.CONCLUSÃO

O Conselho Tutelar é um organismo que vem realizando um trabalho de grande interesse público, na medida em que é dado a este órgão o dever de zelar pelo cumprimento dos direitos da Criança e do Adolescente, através de uma via não jurisdicional.

Suas funções são de suma importância diante das relevantes atribuições que lhes são impostas pela legislação no cuidado da criança e do adolescente, sendo compreendido como um serviço indispensável a efetivação das práticas e políticas públicas a serem realizadas para o atendimento da proteção integral.

Considerado um serviço público, em nível municipal, já que há obrigatoriedade de existência de pelo menos um em cada município da federação, e de caráter permanente e essencial, o Conselho Tutelar, sofreu uma modificação em sua estrutura. Isto ocorreu com o advento da Lei nº 12.696/2012. Esta Lei efetuou várias alterações à redação original do Estatuto da Criança e do Adolescente, trazendo mudanças consideráveis em relação ao Conselho Tutelar.

Esta modificação do Conselho Tutelar veio a sanar algumas inconsistências, no tocante a carreira, ao regime de eleição, e estruturação do atendimento, conforme visto no trabalho, que com o advento da Lei nº 12. 696 passam a ter outra disposição.

A evolução legislativa que se fez indispensável diante de uma serie de direitos de caráter trabalhista que eram, há tempos, reivindicados pela categoria dos Conselheiros e que agora passaram a ser garantidos em lei, como por exemplo, auxílios e gratificações. As quais, no entanto se mostram ainda aquém de uma regulamentação trabalhista integral para estes integrantes dos Conselhos.

Com essa mudança legislativa buscou-se regulamentar o vinculo existente entre a administração municipal e os conselheiros tutelares, fortalecendo o principio da municipalização do atendimento para crianças e adolescentes em situação de risco social, criando com essa relação mecanismos legais que concedam a remuneração, a prestação continuada dos serviços assim como a fiscalização do devido funcionamento do mesmo.

Com as inovações trazidas pela referida lei houve também uma evolução no tocante da profissionalização dos membros dos Conselhos Tutelares, tendo em vista

as responsabilidades que são atribuídas a este profissional e a importância dele dentro do processo de zelar pela observância dos direitos concedidos a infância e a adolescência.

Por uma óptica mais objetiva, aponta-se a questão da sincronia dos processos eleitorais para escolha dos membros e Conselheiros tutelares, com as eleições normais, buscando atender a uma maior adequação nas ações de políticas de proteção que variam de governo a governo, bem como, no intuito de tornar o processo cada vez mais profissional.

Enfim, as alterações advindas com a Lei 12.696/ 2012 foram salutares, no sentido de incitar uma insipiente modificação quanto a situação dos Conselhos Tutelares, do ponto de vista estrutural; mas, que tanto sob esta visão, quanto sob uma visão mais profunda de organização das funções, em sincronia com outros poderes- legislativo e judiciário- a lei deixa uma lacuna e um anseio de maiores discussões sobre a figura do Conselho Tutelar.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.

BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Organizado por Luiz Roberto Curia, Livia Céspedes e Juliana Nicoletti. 13.ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

BRASIL. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Acórdão no Agravo de Instrumento Nº 70000640888 Relator: PEREIRA, Antônio Carlos Stangler. Disponível em:<http://www.tjrs.jus.br/busca/?q=agravo+de+instrumento+70000640888&tb=juris nova&partialfields=tribunal%3ATribunal%2520de%2520Justi%25C3%25A7a%2520d o%2520RS.%28TipoDecisao%3Aac%25C3%25B3rd%25C3%25A3o%7CTipoDecisa o%3Amonocr%25C3%25A1tica%7CTipoDecisao%3Anull%29&requiredfields=&as_q =>Acesso em 03 mar 2014.

BRASIL. Conselho Nacional dos Direitos da criança e do adolescente.

Resolução n° 152, de 09 de agosto de 2012 Dispõe sobre as diretrizes de transição para o primeiro processo de escolha unificado dos conselheiros tutelares em todo território nacional a partir da vigência da lei 12.696/12. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 08 de outubro de 2012. Disponível: em:

<http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/8/docs/resolucao%20n%20139_%20conand a.pdf>. Acesso em: 14 set. 2013.

BRASIL. Conselho Nacional dos Direitos da criança e do adolescente. Resolução n° 139, de 17 de março de 2010. Dispõe sobre os parâmetros para a criação e funcionamento dos Conselhos Tutelares no Brasil e dá outras

providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 15 de março de 2011. Disponível: em:

<http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/8/docs/resolucao%20n%20139_%20conand a.pdf>. Acesso em: 14 set. 2013.

BRASIL. Lei n. 12.696, de 25 de julho de 2012. Altera os arts. 132, 134, 135 e 139 da Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), para dispor sobre os Conselhos Tutelares. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26 de julho de 2012. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011- 2014/2012/Lei/L12696.htm>. Acesso em: 13 set. 2013

BRASIL. Conselho Nacional dos Direitos da criança e do adolescente. Resolução n° 137, de 21 de janeiro de 2010. Dispõe sobre os parâmetros para a criação e o funcionamento dos Fundos Nacional, Estaduais e Municipais dos Direitos da Criança e do Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 04 de março de 2010. Disponível: em:

<http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/8/docs/resolucao__conanda_n_137.pdf>. Acesso em: 15 set. 2013.

CUNHA, José Ricardo. O Estatuto da Criança e do Adolescente no marco da doutrina jurídica da proteção integral. Revista da Faculdade de Direito Candido Mendes. Rio de Janeiro, v.1, 1996.

CURY, Munir. Estatuto da Criança e do adolescente comentado. Ed. Malheiros, 2ª edição: 2013.

ELIAS, Roberto João. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente: Lei n. 8.069 de 13 de Julho de 1990 – 4ed.- São Paulo: Saraiva,2010.

FERREIRA, Luiz Antônio Miguel. Conselho tutelar e as modificações proporcionadas pela lei n. 12.696/2012. Disponível em:

<http://www.mprs.mp.br/areas/infancia/arquivos/novoconselhotutelar.pdf>. Acesso em: 15 set. 2013

ISHIDA, Válter Kenji. Estatuto da criança e do adolescente: doutrina e jurisprudência. 12.ed. São Paulo: Atlas, 2010.

LAUREANO, Clodomiro Wagner Martins. Conselho tutelar: funções,

características e estrutura do órgão de efetivação dos direitos da criança. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XV, n. 98, mar 2012. Disponível em:

<http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artig o_id=11303>. Acesso em: 17 set 2013

LIBERATI, Wilson Donizete. Conselhos e fundamentos no estatuto da criança e do adolescente. São Paulo, Malheiros, 2003, 2ªed.

MACIEL, Kátia; ANDRADE, Regina Ferreira Lobo (coordenação) Curso de Direito da Criança e do Adolescente, aspectos teóricos e práticos - 6 ed. rev. e atual, conforme Leis n. 12.010/2009 e Lei 12.595/2012 – São Paulo: Saraiva,2013.

MESSEDER, Hamurabi. Entendendo o estatuto da criança e do adolescente. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

RAMOS, Sandra Teresinha Rosa. O papel do conselho tutelar na efetividade dos direitos da criança e do adolescente. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XV, n. 96, jan 2012. Disponível em:

<http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artig o_id=10947>. Acesso em: 16 set 2013.

SARAIVA, João Batista Costa Saraiva. Compêndio de Direto Penal Juvenil Adolescente e Ato Infracional. 4. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010.

LEI Nº 12.696, DE 25 DE JULHO DE 2012.

Altera os arts. 132, 134, 135 e 139 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), para dispor sobre os Conselhos Tutelares.

O VICE–PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no exercício do cargo de PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Os arts. 132, 134, 135 e 139 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), passam a vigorar com a seguinte redação: “Art.132. Em cada Município e em cada Região Administrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar como órgão integrante da administração pública local, composto de 5 (cinco) membros, escolhidos pela população local para mandato de 4 (quatro) anos, permitida 1 (uma) recondução, mediante novo processo de escolha.” (NR)

“Art.134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o local, dia e horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto à remuneração dos respectivos membros, aos quais é assegurado o direito a:

I - cobertura previdenciária;

II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 (um terço) do valor da remuneração mensal;

III - licença-maternidade; IV - licença-paternidade; V - gratificação natalina.

Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal e da do Distrito Federal previsão dos recursos necessários ao funcionamento do Conselho Tutelar e à remuneração e formação continuada dos conselheiros tutelares.” (NR)

“Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro constituirá serviço público relevante e estabelecerá presunção de idoneidade moral.” (NR)

§ 1º O processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar ocorrerá em data unificada em todo o território nacional a cada 4 (quatro) anos, no primeiro domingo do mês de outubro do ano subsequente ao da eleição presidencial.

§ 2º A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia 10 de janeiro do ano subsequente ao processo de escolha.

§ 3º No processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive brindes de pequeno valor.” (NR)

Art. 2º (VETADO).

Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Documentos relacionados