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3. PERFORMANCE DOS MEDICAMENTOS GENÉRICOS E REFERÊNCIA

3.4 Prescrições dos Medicamentos Genéricos no Mercado Farmacêutico

Existem empresas especializadas em captar as receitas emitidas pelos médicos que chegam às farmácias. A captação é feita a partir de técnicas de amostragem, instrumento estatístico de mensuração de dados em pontos chaves seguido de extrapolação matemática para esferas superiores, como todo território nacional. É o mesmo princípio utilizado, por exemplo, nas pesquisas eleitorais. Neste estudo, a empresa fornecedora dos de prescrições médicas é a CLOSE UP.

Analisaremos, portanto, a participação dos medicamentos genéricos nas prescrições das nove classes terapêuticas de nível quatro citadas no capítulo anterior: entre as vinte maiores classes terapêuticas nível quatro do mercado, nestas nove as vendas nos genéricos ultrapassam 30% do total.

Gráfico 12: Market Share dos medicamentos genéricos nas prescrições das 9 classes terapêuticas em destaque.

Quadro 5: Prescrições dos medicamentos genéricos nas maiores Classes Terapêuticas quanto volume de vendas e market share de genéricos.

Participação dos Medicamentos Genéricos nas Prescrições

R05C0 - EXPECTORANTES 26%

N02B0 - ANALG NAO NARCOT/A/PIRET 29%

M01A1 - A/REUM.S/EST.PUROS 33%

N05C0 - TRANQUILIZANTES 35%

P01B0 - A/HELMINTICOS EXC P 1C 37%

J01C1 - PENIC.AMPL/ESPECT.ORAIS 46%

A02B2 - INIBID.BOMBA ACIDA 50%

C07A0 - BETABLOQUEANTES PUROS 60%

C09A0 - INIBIDORES ACE PUROS 73%

Fonte: Close Up Consultoria

A positiva correlação entre prescrição e vendas de medicamentos genéricos nas classes terapêuticas em análise é uma conclusão natural: quanto mais se prescreve, mais são vendidos medicamentos genéricos.

Esta correlação só não é perfeita dada a existência de fatores exógenos ao processo: o balconista ainda influencia a decisão de compra do consumidor. Assim como ele tem a oportunidade de falar que os medicamentos são exatamente iguais e vender um genérico para um cliente que chega à farmácia com uma receita para o medicamento referência, ele também pode justificar a escolha de um medicamento de marca ou referência a partir de argumentos não científicos e vender um medicamento referência para um cliente que chega à farmácia com uma receita de medicamento genérico. No Brasil esta interferência na escolha do medicamento tem inúmeras justificativas que fogem do campo teórico, como, por exemplo, incentivo financeiro por parte dos laboratórios para as farmácias que mais vendem seus medicamentos. Não é uma atitude ética, mas infelizmente não podemos negar sua existência.

Este tema foge do objeto de estudo deste trabalho, mas não poderia ser ignorado. Popularmente no mercado farmacêutico já foi atribuído um nome para essa atividade: “empurroterapia.”

Voltando à participação do medicamento genérico nas prescrições das nove classes terapêuticas alvo da análise, vejamos como essa evolução se deu desde 2001, após o lançamento dos genéricos no mercado.

Gráfico 13: Evolução da participação dos medicamentos genéricos nas prescrições da classe terapêutica dos Inibidores da Bomba Ácida.

Fonte: Close Up Consultoria

Metade das prescrições de inibidores de bomba ácida são voltadas para medicamentos genéricos. Nesta classe terapêutica as vendas dos genéricos atingiram 51% das vendas. Ou seja, existe troca no balcão da farmácia (expontânea ou induzida) de prescrições de medicamentos de marca ou referência por medicamentos genéricos.

Gráfico 14: Evolução da participação dos medicamentos genéricos nas prescrições da classe terapêutica dos Betabloqueadores puros.

Fonte: Close Up Consultoria

Na classe terapêutica C07A, os genéricos acumulam 60% das prescrições no ano de 2009. No entando, o market share dos genéricos nas vendas desta classe é de 48%. A pressão no ponto de venda ou até mesmo estratégias comerciais transferem 12% das prescrições desta classe de genéricos para medicamentos de marca ou referência.

Gráfico 15: Evolução da participação dos medicamentos genéricos nas prescrições da classe terapêutica dos inibidores da ECA (Enzima Conversora de Angiotensina).

Fonte: Close Up Consultoria

Nesta classe os genéricos respondem por mais de 70% das prescrições mas absorvem 56% das vendas. O mesmo efeito visto na classe terapêutica C07A é observado na classe C09A.

Gráfico 16: Evolução da participação dos medicamentos genéricos nas prescrições da classe terapêutica das Penicilinas Orais.

Fonte: Close Up Consultoria

Um fenômeno curioso é observado na classe terapêutica J01C1, penincilinas de amplo espectro, orais. Os medicamentos genéricos já foram maioria no comportamento prescritivo. Contudo, via estratégias comerciais ou inovações biotecnologógicas comprovadas por pesquisas clínicas, os medicamentos de marca ou referência reverteram o cenário e passaram a ser preferência nas prescrições dos médicos.

Todavia, a informação já não é mais tão restrita e desperta o consumidor para a existência e eficácia do medicamento genérico. A superação desta falha de mercado promove uma troca espontânea por parte do consumidor da sua receita de medicamento de marca ou referência para um medicamento genérico. Assim justifica-se um market share de vendas (58%) acima do market share de prescrições (46%) na classe terapêutica J01C1.

Gráfico 17: Evolução da participação dos medicamentos genéricos nas prescrições da classe terapêutica dos Anti Reumáticos Puros.

Fonte: Close Up Consultoria

A escalada dos medicamentos genéricos é constante, um comportamente linear. Parte de 18% das prescrições da classe em 2001 e se estabiliza em 33% em 2007 e assim se mantém até 2009.

Gráfico 18: Evolução da participação dos medicamentos genéricos nas prescrições da classe terapêutica dos Analgésicos não narcóticos.

Fonte: Close Up Consultoria

Entre os analgésicos não narcóticos, os genéricos já surgem com relativa força na prescrição. Oscila entre 2001 e 2009, não cai da marca dos 20% mas também não atinge os 30% das prescrições. Dado o baixo preço dos medicamentos desta classe e utilização frequente, a procura espontânea por estes medicamentos acaba sendo norteada pelo preço, o que alavanca as vendas ds genéricos e torna seu market share de vendas (31%) maior que o market share de prescrições (29%).

Gráfico 19: Evolução da participação dos medicamentos genéricos nas prescrições da classe terapêutica dos Tranquilizantes.

Fonte: Close Up Consultoria

Novamente um comportameto volutivo intuitivamente normal. Em 2001 surgem com apenas 11% das prescrições e o market share cresce consistentemente, atingindo 35% em 2009. Nesta classe terapêutica podemos novamente observar o fenômeno de intercambialidade de receitas, já que em vendas, os genéricos respondem por 43% das vendas contra 35% das prescrições.

Gráfico 20: Evolução da participação dos medicamentos genéricos nas prescrições da classe terapêutica dos Anti Helmínticos.

Fonte: Close Up Consultoria

Os genéricos já surgem relativamente fortes, com aproximadamente 30% das prescrições e mantém esta ordem de grandesa até o ano atual, 37%. Nas vendas, o market share dos medicamentos genéricos (39%) estão perfeitamente alinhados com suas prescrições (37%).

Gráfico 21: Evolução da participação dos medicamentos genéricos nas prescrições da classe terapêutica dos Expectorantes.

Fonte: Close Up Consultoria

Movimento crescente e contante, com conquista gradual de market share de prescrições. Na classe terapêutica dos expectorantes a arrancada dos medicamentos genéricos é a mais agressiva, partindo de 4% das prescriçõe em 2001 e chegando a 26% das prescrições em 2009. Nas vendas, os expectorantes genéricos já atingem 35% de market share, o que nos leva a acreditar na continuidade de conquista de market share de prescrições por parte dos medicamentos genéricos nesta classe terapêutica.

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