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(2017), três elementos justificam a vinda de congregações para o país em fins do século XIX:

- O processo de laicização europeu, especialmente na França, no final do século XIX, que proibiu os religiosos de atuarem nos serviços públicos, destacadamente nas escolas;

Fonte: Adaptação feita por, Marcio Correa, a partir de mapa disponível no site oficial do IPSDP (Onde estamos presentes: obras no mundo).Disponível em: www.pobresservos.org.br/ obras.Acesso:21 de abril de 2019.

- A reforma romana, instituída por meio do código de direito canônico de 1917, que transformou as ordens e os mosteiros em congregações, definindo às mesmas um trabalho de interesse social, além dos ofícios religiosos, bem como a restituição dos direitos civis pela adoção dos votos simples. Nesse período, os Estados republicanos liberais passaram a exigir uma comunidade religiosa útil, com funções sociais como qualquer outro cidadão;

- Os convites feitos tanto pelos representantes do alto clero brasileiro, por políticos de cidades em processo de urbanização e modernização, ou por chefes de colônias de imigrantes, no final do século XIX.

Para Bittencourt (2017, p, 51) é coerente dizer que “[...] as razões da imigração já definiam onde iriam se instalar as casas filiais e como se constituiria a rede da congregação.”

Ressalta, todavia, que havia “[...] adaptações às demandas locais [...]” as quais resultavam em “[...] reformas dos carismas e redefinição de suas missões.”

Podemos observar que a autora não considera o processo de laicidade vivido pelo do Estado brasileiro no final do século XIX como elemento promotor da imigração das ordens religiosas para o país. Devemos pontuar, entretanto, que a separação da Igreja do Estado, segundo Cunha (2017), foi marcado por um processo de “cooperação mútua” e boas relações do governo brasileiro com a cúria romana, o que, em aspecto diplomático, facilitou a entrada de novas ordens no território nacional, evidenciando, pois, uma “revinculação Estado-Igreja”, porém não no molde do padroado.

As regiões Sudeste e Sul, devido à maior presença de descendentes de europeus advindos da política imigratória do século XIX, receberam a totalidade das congregações que para cá migraram entre 1850 a 1970. Assim, “[...] os estados mais ricos, populosos e de maior influência política eram os preferidos pelas congregações estrangeiras como São Paulo e Rio de Janeiro, seguidos de Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul (BITTENCOURT, 2017, p.46).”

No contexto deste estudo, é conveniente destacar que, dentre as nacionalidades dos religiosos imigrantes, a italiana é a que apresenta maior destaque. Conforme dados registrados, em um intervalo de 120 anos, vieram da Itália 71 congregações, dentre estas, colocam-se os Pobres Servos da Divina Providência, chegados ao Rio Grande do sul, em 1961.

O dia 30 de agosto de 1961 é considerado a data oficial da chegada dos Pobres Servos ao Brasil. Os padres Gino Gatto, Antônio Leso e Aldo Farina foram os primeiros religiosos que atuaram no Brasil. Desenvolveram suas atividades iniciais de pastoral nas vilas pobres que circundavam a cidade de Porto Alegre (Cristal, São Gabriel, Santa Luzia, Volta do Asseio e Mato Sampaio). Em 1962, chegaram da Itália o Ir. Francisco Cornale e os clérigos Tiziano Tosi e Martino Zanni, completando a comunidade religiosa do Brasil. Na capital gaúcha, foi estabelecida a sede da congregação no Brasil, de onde os religiosos estenderam sua atuação para mais seis cidades do estado (A SEMENTE VINGOU, 2010).

A época, os Pobres Servos constituíram a época, a entidade jurídica denominada Sociedade Pobres Servos da Divina Providência (SPSDP), fundada em 02 de janeiro de 1962 (Cartório de Registro Civil de Pessoa Jurídica de Porto Alegre/RS nº 2.673-Livro A, nº 6) e

declarada Entidade Civil de Utilidade Pública em 1969 (Decreto Federal nº 64.412, de 28 de abril de 1969).

Em 1999, devido às novas disposições legais que não permitem misturar assuntos de natureza organizacional religiosa com os de natureza assistencial, a Congregação alterou a denominação de Sociedade para Instituto Pobres Servos da Divina Providência (IPSDP) - organização civil de caráter filantrópico. A entidade é mantenedora das atividades de cunho social, educacional e de saúde desenvolvidos pela Delegação Nossa Senhora Aparecida. Seus sócios compreendem os religiosos diretamente responsáveis pela sua condução e administração.

Em todas as filiais que o IPSDP mantém, estão organizados os conselhos de administração, denominados de Conselhos Regionais e Conselhos Operacionais, formados por religiosos e leigos envolvidos nas responsabilidades administrativas das diversas atividades. Com base neste modelo organizacional, a Congregação tem sistematizado, como podemos observar no Quadro 5, suas diferentes atividades pastorais dentro do território nacional (IPSDP. Institucional: estrutura jurídica, 2018).

Quadro 5: Presença da CPSDP na América do Sul - língua portuguesa43

DELEGAÇÃO NOSSA SENHORA APARECIDA BRASIL

RIO GRANDE DO SUL

PORTO ALEGRE - CAPITAL

 1962 - Escola Primaria São José

 1962 - Centro Social São João Calábria  1966 - Centro de Educação Profissional

 1971 - Paróquia Nossa Senhora da Misericórdia

 1975 - Centro de Orientação Vocacional Padre João Calábria  1976 - Centro de Promoção do menor (atualmente Centro de

Promoção da Infância e da juventude)  1976 - Creche Infantil Menino Jesus

 1981 - Abrigo João Paulo II, antiga Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor (atualmente funciona na modalidade Casa-lar) PORTO ALEGRE -

RESTINGA

 1988 - Aspirantado São José

FARROUPILHA  1964 - Seminário Apostólico Nossa Senhora de Caravaggio  1973 - Noviciado Nossa Senhora de Caravaggio

43

As datas apresentadas ora se referem ao ano em que as instituições foram criadas pela CPSDP ou o período em que foram por ela assumida.

RIO GRANDE  1996 - Paróquia Santa Tereza  2020 - Paróquia Santíssima trindade ERECHIM  2006 - Paróquia São Francisco de Assis VIAMÃO  1963 - Centro de Formação João Paulo II

 1963 - Abrigo João Paulo II

OSÓRIO  2007 - Casa episcopal de Osório (Bispado do Pe. Jaime Pedro Kohl)  2013 - Paróquia Nossa Senhora de Caravaggio

MARANHÃO

SÃO LUÍS  1983 - Lar do menor Dom Calábria (atualmente funciona na modalidade Casa-lar)

 1988 - Centro Educacional São José Operário - CESJO  1988 - Paróquia São João Calábria

 2012 - Paróquia Mãe da Divina Providência

BAHIA

FEIRA DE SANTANA

 1984 - Centro de orientação vocacional Mãe de Deus  1985 - Paróquia Nossa Senhora das Graças

PERMANBUCO

LIMOEIRO  2011 - Paróquia Nossa Senhora do Carmo  2011 Instituto Pe. Luís Cecchin (IPLC)

MATO GROSSO DO SUL

CAMPO GRANDE  1988 - Centro de Orientação Vocacional Rainha dos Apóstolos  1994 - Paróquia São João Calábria

 Paróquia Rainha dos Apóstolos ANAURILÂNDIA  1971 - Paróquia São João Batista

 1979 - Hospital Sagrado Coração de Jesus BATAYPORÁ  1973 - Paróquia Santo Antônio

TAQUARASSU  1970 - Paróquia São João Batista

1981 - Paróquia Nossa Senhora Aparecida NOVA

ANDRADINA

 1983 - Paróquia Imaculado Coração de Maria

 2012 - Santuário Diocesano Imaculado Coração de Maria PONTA PORÃ  2014 - Paróquia São Vicente de Paulo

CEARÁ

QUIXADÁ 1988 - Casa Episcopal Quixadá (Bispado do Pe. Adélio Tomasin) 1990 - Paróquia São Francisco de Assis

1995 - Paróquia Nossa Senhora dos Remédios

MARITUBA  1982 - Escola Nossa Senhora da Paz  1987 - Escola São José

 1991 - Paróquia Nossa Senhora de Nazaré  1992 - Creche Paz

 1993 - Escola Dom Calábria  1994 - Creche São Francisco  1994 - Creche Nazaré

 1997 - Hospital Divina Providência

 2000 - Centro de Orientação Vocacional Nossa Senhora de Nazaré  2004 - Centro Fazendinha Esperança

 2011- Centro de Educação Profissional Dom Aristides Pirovano JACUNDÁ  2002 - Paróquia São João Batista

2012 - Centro Educacional Nossa Senhora Aparecida BELÉM  2012 - Abrigo Especial Calabriano São João Calábria

AMAPÁ

MACAPÁ  2016 - Paróquia Nossa Senhora do Rosário

PARAIBA

Guarabira  2019 - Associação Menores com Cristo (AMECC)

Fonte: Tabela elaborada a partir das informações colhidas no site www.pobresservos.org.br e em GADILI, 2010.

Como podemos apreender dos quadros 1, 3, 4, 5 e dos mapas 1 e 2 a CPSDP concentra a maioria de suas atividades pastorais na Itália e na América do Sul.

Com especial presença no Brasil ramificou-se, decurso de 50 anos, para as regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte do país, com destaque para o Nordeste, onde atua em quatro dos nove estados (Maranhão, Ceará, Pernambuco e Bahia) e para o Mato Grosso do Sul onde concentram suas atividades em cinco cidades do oeste do estado.

3.5 A opção dos Pobres Servos pelo Maranhão

A partir da década de 1980, os organismos oficiais passaram a divulgar os dados estatísticos sobre as regiões do país. Os números sobre o Nordeste eram alarmantes: altos índices de indigência, analfabetismo, submoradia, desemprego, subemprego e êxodo rural. Os investimentos do setor público estavam concentrados apenas em algumas áreas da região, o que significava heterogeneidade e a desigualdade econômica entre os estados da Federação (GUIMARÃES NETO, 1997).

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