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Presença e quantidade de mucosa ceratinizada periimplantar

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.5 Parâmetros clínicos para a avaliação dos tecidos

2.5.5 Presença e quantidade de mucosa ceratinizada periimplantar

A avaliação do índice gengival que é baseado em uma mensuração visual sofre freqüente interferência devido à grande variabilidade da mucosa periimplantar. A mucosa ceratinizada ou não, cicatrizes pós-operatórias, translucidez da mucosa deixando aparecer o metal tornam questionável a confiança da avaliação da mucosa periimplantar. A diferenciação entre a mucosa ceratinizada e não ceratinizada também é de difícil interpretação. É evidente que a mucosa ceratinizada ao redor dos implantes parece ser mais aderida ao intermediário, mas a significância clínica deste fato ainda precisa ser determinada (APSE et al., 1991).

Em um estudo prospectivo de 3 anos, realizado em Toronto, critérios clínicos tradicionais foram utilizados parar avaliar a eficácia dos implantes padrão Branemark por Cox e Zarb (1987). Foram avaliados 26 indivíduos que utilizavam próteses apoiadas em 144 implantes. Os resultados mostraram que 50% das superfícies dos implantes apresentavam ausência de mucosa ceratinizada. Os autores sugerem que a presença de mucosa ceratinizada ao redor dos implantes não é imprescindível para manutenção da saúde periimplantar. Os autores relatam que os índices periodontais utilizados para avaliação dos implantes nem sempre podem ser facilmente extrapolados para avaliação dos mesmos.

Wennströn et al. (1994) avaliaram um total de 39 indivíduos que receberam próteses totais implanto-suportadas (n = 21) há mais de 10 anos e indivíduos com reconstruções parciais (n = 18) há mais de 5 anos. Foram avaliados os padrões de higiene bucal, as condições dos tecidos moles através do índice gengival, a profundidade de sondagem, altura e mobilidade da mucosa mastigatória. Aproximadamente 60% dos sítios sangraram a sondagem, a média de profundidade

de sondagem nos sítios proximais foi de 4,1 mm e nos sítios vestibular e lingual de 3,0 mm. Vinte e quatro por cento dos sítios apresentaram ausência de mucosa mastigatória e 13% dos implantes tinham menos que 2 mm. Os autores apontam que uma medida < 2 mm seria “inadequada” para a altura da mucosa e ≥ 2 mm seria considerada uma faixa “adequada” e fazem uma comparação entre as duas medidas. Os resultados mostraram que 49% dos sítios com < 2 mm de mucosa apresentaram uma profundidade de sondagem < 3 mm, e apenas 1% apresentaram bolsas profundas (≥ 6 mm). Sítios com mucosa ≥ 2 mm mostraram uma menor freqüência de bolsas rasas (29%), e uma maior proporção de sítios com profundidade de sondagem aumentada (8%). O sangramento a sondagem foi observado em 69% dos sítios com < 2 mm de mucosa ceratinizada e em 54% dos sítios com uma faixa “adequada” de mucosa. Os resultados deste estudo demonstraram que a ausência de uma faixa “adequada” de mucosa não apresentou efeito significativo nas condições de saúde dos tecidos periimplantares.

Trinta implantes foram instalados em 5 macacos para se avaliar a influência do acúmulo de placa na evolução da doença periimplantar na presença e ausência de mucosa ceratinizada ao redor de implantes. Ligaduras foram instaladas nos implantes e foram realizadas mensurações do índice de placa e de sangramento, profundidade de sondagem e nível de inserção. Os resultados demonstraram que houve um aumento significativo nos índices de placa e sangramento nos sítios com ligaduras. Sítios com mucosa ceratinizada apresentaram menor perda de inserção quando comparados aos sítios com a

presença de mucosa ceratinizada (p < 0.05). Um aumento gradual na recessão

ocorreu em implantes com ligaduras sem mucosa ceratinizada, quando comparados aos implantes sem ligaduras ou implantes com a presença de mucosa ceratinizada.

Uma possível explicação para o aumento da susceptibilidade à destruição periimplantar causada pela placa na ausência de mucosa ceratinizada pode ser a falta de uma adaptação firme da mucosa ao implante que forneceria um selo para uma inserção epitelial ótima. Os autores sugerem que a ausência de mucosa ceratinizada ao redor dos implantes aumenta a susceptibilidade do sítio periimplantar à destruição induzida pela placa (WARRER et al., 1995).

Bengazi et al. (1996) não conseguiram demonstrar que a presença de uma faixa estreita de mucosa ceratinizada ou mesmo a sua ausência poderia ser responsável por uma maior recessão dos tecidos moles periimplantares em um acompanhamento de dois anos. A recessão tecidual foi observada principalmente nos primeiros seis meses após a exposição dos implantes e foi associada a uma remodelação tecidual para estabelecer as dimensões biológicas dos tecidos supracrestais.

Alguns autores sugerem que uma certa altura de mucosa periimplantar é necessária para permitir uma inserção apropriada do tecido conjuntivo e epitelial, e se essa dimensão de tecido mole não for adequada “uma reabsorção óssea irá ocorrer para assegurar uma altura biológica apropriada”. Em sítios com um padrão de reabsorção óssea angular a mucosa correspondente era fina. Nestes mesmos sítios, porém, o tecido conjuntivo se formou com dimensões similares às dos sítios com mucosa mais espessa. Isto sugere que para estabelecer uma inserção de epitélio e conjuntivo adequado um mínimo de altura de mucosa periimplantar é necessário. Se estas dimensões não forem respeitadas, uma reabsorção óssea ocorrerá para assegurar a “distância biológica” (ABRAHAMSSOM et al., 1996; BERGLUNDH e LINDHE, 1996).

Salvi et al. (2004) relatam que na presença de uma higiene bucal adequada, a natureza da mucosa periimplantar tem pouca influencia nas taxas de sucesso dos implantes. No entanto, uma higiene deficiente poderia levar a um dano maior nos tecidos ao redor dos implantes que não apresentem uma faixa de mucosa ceratinizada. Os procedimentos de higiene também podem ser facilitados na presença de uma faixa de mucosa ceratinizada adequada. Os autores chamam a atenção para a necessidade de estudos longitudinais controlados para evidenciar o papel da mucosa ceratinizada na saúde periimplantar.

Não existem recomendações definitivas que possam ser feitas sobre a quantidade de mucosa ceratinizada necessária ao redor dos implantes. No entanto, a preservação da mucosa ceratinizada periimplantar é recomendada (LANG et al., 2004).

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