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Na sequência do primeiro capítulo, com a apresentação de considerações sobre o diálogo de Melville com a instância divina e de incidências intertextuais relativas às alusões bíblicas da queda de Adão e da Paixão de Cristo nas obras do autor, procedemos à sua análise mais profunda em fíiliy Rudd. Sailor.

O subtítulo da obra — " An Inside Narrative" — sugere desde logo uma abordagem do tema da interioridade, uma deambulação pela esfera íntima e misteriosa do eu que explora o alcance da vivência espiritual do homem. Embora o subtítulo seja explicado no terceiro capítulo da obra como restringido à vida de um determinado navio e da carreira de um marinheiro em particular, a sua importância estende-se para além do domínio do enredo ficcional. A obra reflecte uma mensagem de consciencialização do eu céptico face à criação, isto é a natureza humana, e perante o criador divino que se identifica com Deus do cristianismo.

O simbolismo bíblico evidencia-se em Billv Budd. Sailor pela sua presença e pela sua ausência em Billy Budd, John Claggart, Vere e Dansker. Torna-se pertinente a utilização de alusões bíblicas para descrever os traços da interioridade de cada uma dessas personagens que, por sua vez, se reflectem na acção da narrativa, contribuindo para a edificação de um sentido total da obra. Tendo em conta a presença do simbolismo bíblico, a intriga é estabelecida com o encontro e o desencontro entre os espaços labirínticos da natureza humana de Billy, Claggart e capitão Vere.

Por outro lado, a ausência do simbolismo bíblico na obra realça a personagem secundária Dansker, geralmente ignorada pela crítica, assim como a sua relação com o narrador, Dansker é representativo de um potencial interpretativo capaz de percepcionar as complexidades da interioridade dos três protagonistas e de lançar um sentido mais profundo 88

Para além do enredo ficcional. Dansker fornece a sugestão de um poder de discernimento inteligente e experiente que ilumina o drama do homem e a sua difícil compreensão dos limites humanos. Na análise de Billy e dos seus opositores torna-se relevante a presença do texto bíblico, enquanto com Dansker a ausência desse texto bíblico é mais marcante, sobressaindo, em vez deste, as alusões à mitologia clássica. Esta temática será abordada no terceiro capítulo do nosso trabalho.

Através de uma técnica de apropriação do texto bíblico e da consequente associação livre de símbolos e da transformação destes, Melville faz convergir em Billy as figuras bíblicas de Adão e Cristo ou, na perspectiva de São Paulo, o primeiro e o segundo Adão. Parece-nos determinante a leitura das cartas do apóstolo São Paulo para o estudo intertextual que visamos, uma vez que muitos dos seus temas são abordados em Billy Budd, Sailor,l

Nas cartas que escreve às igrejas que fundou, São Paulo expõe temas como a salvação Pela fé em Cristo, o testemunho de Abraão, a superioridade do espírito sobre o corpo, a

obediência e a santidade, o plano misericordioso de Deus, a escravidão do pecado, a ressurreição dos mortos, o perigo das paixões pecaminosas, a mensagem da cruz e o exemplo do sacrifício de Cristo. São Paulo coloca o problema do pecado em função do paralelismo entre Adão e Cristo em "The Letter of Paul to the Romans" (Rom. 5, 12-20) e em "The First Letter of Paul to the Corinthians" (ICor. 15, 20-49):

( ) death held sway from Adam to Moses, even over those who had not sinned as Adam did. by disobeying a direct command - and Adam foreshadows the man who was to come.2

But God's act of grace is out of all proportion to Adams wrongdomg^ For if the wrongdoing of that one man brought death upon so mam. is effect is vastly exceeded by the grace of God and the gift that came to so many by the grace of the one man. Jesus Christ3

1 Sao pa„i„ „ _ „„ „„„ 1 da nossa era. Ele era urn defensor das tradições judaicas e, por isso, perseguidor dos cristãos, g » aiaa. funda igrejas, sofre perseguições e cmartirizado

UfllBçvjsed ftn.ijsi, R i h l f i w i t h Apocrypha, op. cit, Rom. >:l* Kom. 5- 15

Il follows then that as the result of one misdeed was condemnation for all people, so the result of one righteous act is acquittal and life for all.4

For as through the disobedience of one man many were made sinners, so through the obedience of one man many «ill be made righteous.5

For since it was a man who brought death into the world, a man also brought ressurrection of the dead 6

As in Adam all die. so in Christ all «ill be brought to life.7

Observe, the spiritual does not come first; the physical body comes first, and then the spiritual.8

São Paulo converte a transgressão de Adão no Eden na representação figurada da desobediência à vontade divina, do princípio da morte no mundo, do pecado dos homens e das limitações do corpo físico e corruptível. Nesta perspectiva, a evocação à ruptura com Deus, pela servidão ao pecado, salienta o drama interior do homem, ou seja, o desejo de ultrapassar o corpo para uma vida do espírito, a vontade de anular as paixões pecaminosas em favor da lei vivificante do espírito.9 À escravidão do homem ao pecado, São Paulo contrapõe a bondade de

Deus na possibilidade de salvação representada pela fé em Cristo.10 A morte e a ressurreição

de Cristo associados na mensagem de salvação significam para o cristão a passagem do pecado à perdão, da morte à vida.11 No raciocínio comparativo entre Adão e Cristo, que podemos

observar nas frases acima citadas, destacamos as oposições básicas: desobediência /

obediência, morte / ressurreição e vida, falta / graça, homem natural / homem espiritual.

Com efeito encontramos estes assuntos também em Billy Budd, Sailor, nomeadamente no valor simbólico que o percurso de Billy Budd adquire: a inocência, a falta, o problema da obediência a morte sacrificial, a evolução do indivíduo de um estado natural para uma

Rom. 5:18. iÎRom. 5: 19. ,lCor, 13:21, íiCor. 15:22. glCorl5:46. Rom. 7: 14-25

lõp ' ' V „ . . , „ u£Aemniion- E m Théolociwe ( Paris: Desclée & Co., 1973). p. 187. . Pierre Grelot. Péché Qriaind f P^""Ptl0n- BBS

espiritualização. É precisamente neste sentido de progressão do homem não espiritualizado para espiritualizado que perspectivamos a personagem Billy, isto é, existe a possibilidade de

Billy se desenvolver do inocente para o mártir, de Adão para Cristo. Aceitamos uma Progressão espiritual, uma descoberta significativa que se verifica na interioridade da personagem no limiar da sua vida. Assim, este despertar de Billy é sustentado peia significação das alusões bíblicas que analisamos. Recorremos aos textos de São Paulo para comprovar a consistência ou inconsistência da presença bíblica nesta narrativa ficcional de Melville.

Desde o inicio da narrativa Billy é associado à beleza física e moral, à pureza, à bondade, à inocência e a um poder apaziguador que o relaciona com motivos religiosos. Ele é possuidor de uma capacidade especial para manter um ambiente de paz, uma virtude, como afirma o capitão do navio "Rights-of-Man":

But Billy came: and it was like a Catholic priest striking peace in an Irish shindy. Not

that he preached to them or said or did anything in particular; bu! a virtue went out of him. sugaring the sour ones.12

Billy impõe-se pela valorização de algo invisível que os outros interpretam num plano para lá do humano, ou seja, o seu poder exerce-se pelo que lhe é atribuído exteriormente, uma vez que não descobrimos um esforço interior de vontade consciente ("Not that he preached to them or said or did anything in particular")13 Assim, a caracterização de Billy deve-se à leitura dos

outros, quer dos marinheiros que o rodeiam, quer do próprio narrador omnisciente que defende um determinado ponto de vista, nomeadamente o de uma voz adulta e experiente. Billy consiste num vazio que se vai preenchendo com diversas leituras, como realça Eric Mottram:

Budd is himself a white or pale object like Moby-Diek and Bartleby, to be coloured by men according to their mtfh-making needs.14

nBj]lvBudd. Sailor.p 1ÎS.

«*>•. p. 330, Billy carece de um sentido de auto-consaência: Ofsetf-consciousness he seemed to have little or none, or about as much as we H ? reas°nablv impute to a dog of Saint Bernard's breed".

« i c Mottram, "Orpheus and Measured Forms: Law, Madness and Relicence m Melville". New Perspectives on Melville Ed, Faith Pullin (Edinburgh: Edinburgh University Press, 1978), p. 244.

Billy representa um fenómeno de bondade, um exemplo de perfeição:

The moral nature was seldom out of keeping with the physical make.15

Também a paz que irradia de Billy é elogiada pelo oficial que o recruta para o "Bellipotent": 'Well, blessed are the peacemakers, especially the fighting peacemakers. And such are

the seventy-four beauties some of which you see poking their noses out of the portholes of yonder warship lying to for me'.,6

Este passo contém uma alusão à Bíblia no segmento verbal "blessed are the peacemakers" que é extraído do texto do Sermão da Montanha proferido por Jesus;

Blessed are the peacemakers;

they shall be called God's Children.17

Esta citação directa do texto bíblico é contextualizada através da ideia de singularidade e de atribuição de um estatuto especial dos pacificadores. Não se trata de identificar o oficial do "Bellipotent" com Jesus, o pregador, mas de realçar o ideal do homem que zela pela paz personificado em Billy. Ao integrar a alusão bíblica, o texto melvilleano visa, ironicamente, corrigi-la com "fighting peacemaker", uma designação que acentua desde logo a ambiguidade dos atributos de Billy.

Neste contexto, acrescentamos a observação de David Reynolds sobre a utilização de Melville de um estereótipo, que combina gentileza e pujança, piedade e ferocidade, para compor a personagem Billy:

Post-Ci\il War popular culture had introduced a new kind of hero — the muscular Christian — who was both mixed and virtuous.18

16Bil!\LBudd. Sailor, p. 322. JgMatt. 5:9.

David S. Reynolds, op. a t , p. 305. Sublinhado do autor.

Através da atracção que a sua beleza ("his unpretentious good looks") provoca, Billy torna-se o centro das atenções ("cynosure"), possuidor de qualidades que ambiguamente o aproximam de deuses e de humanos, uma figura superior como a estrela "Aldebaran", tão corajoso e ágil como o jovem Alexandre, o Grande, a controlar o seu cavalo indomável Bucéfalo, e tão humano como o olhar tranquilo de uma natureza boa que algum escultor grego cunhou no heróico Hércules, um símbolo de vitória e ideal da força combativa.19 A sua

juventude é sublinhada logo a partir do nome "Budd" que sugere um botão de flor por desabrochar ("bud") e é associada por um lado à beleza física e por outro lado à imaturidade psicológica. Na beleza de Billy convergem esses aspectos da robustez masculina de um Apolo, assim como traços da fragilidade feminina: com a expressão adolescente de uma face feminina na pureza, em que o lírio é substituído pela rosa, ou seja, a pele branca torna-se rosada e bronzeada. Ao ser transferido do navio "Rights-of-Man" para o "Bellipotent", Billy é comparado à beleza rústica de uma rapariga que entra em competição com as damas da corte.20 Por outro lado, a imaturidade mental de Billy Budd traduz-se no analfabetismo, na

ausência de auto-consciencialização e no seu grau de inexperiência, como ilustra a comparação com o jovem Aquiles a ser instruído pelo sábio Quíron. Essa vertente de falta de preparação para a vida em geral sublinha a inocência de Billy que deriva da evidência das contradições em criança / adulto e homem do mar / homem da terra:

But a voung seafarer of the disposition of our athletic foretopman is much of a child- man And vet a child's utter innocence is but its blank ignorance, and the innocence more or less wanes as intelligence waxes. But in Billy Budd intelligence, such as it was had advanced while yet his simple-mindedness remained for the most part unaffected. Experience is a teacher indeed; yet did Billy's years make his experience small.21

I9Bi!lv Budd Sailor pp 321 322 329- Bill>r é dose"10 como o centro das atenções com o termo "cynosure", que sigiifica a Estrela Polar da conãelaçâo "Ursa Menor" A estrela "Aldebaran" constitui o olho do louro na constelação de "Taurus". Bucéfalo é o nome do cavalo indomável

que só se deixava conduzir na direcção do sol, pois tinha medo da sua sombra e, embora fosse controlado por Alexandre, corria de modo infatigável

,.Ibid.,pp.328.329. ^Ibid„p.363.

... i „r nmn C\CCDI of man as a mere Sailor'» And the old-

And what could BUlv * * £ ^ ¾ m a s t. t h e sailor from boyhood op. he. fashioned sailor, the veritable man Wore n r e

though indeed of the same spcc.es as a «ndsman. is

distinct from him. The sailor is frankness, the landsman » finesse.

. . . j . ^Q cimnlicidade do marinheiro conjugam-se na inocência de

A inexperiência da criança e a simpnuuauc u

Rin a.t n Hptprminante na análise da interioridade desta Bll'y para salientar um outro aspecto determinante

nprr. . • i , ia ^victpnria do mal e das duplicidades do real. O

Personagem: o desconhecimento da existência uu

rrfir. : ,. o r nnccívftl destrinçar ao longo do romance, do homem crescimento de Billy, que sugerimos ser possível oeuiiuya e

nâo espiritualizado para o homem espiritualizado, produz-se em conjugação com a

aprendizagem desse conhecimento do mal e dos significados ambíguos da realidade. Melville

serve-se de alusões bíblicas para expor o percurso de um homem inocente e acriançado ao

*<*&* ao seu primetro e único contacto com a esfera da maldade. Assim, a condição que Melville impõe para adquirir o estatuto de espiritualização afasta-se completamente do texto bíhiirn ara fn7~- crescer um homem de Adão a Cristo, ou seja, Melville U]oiico em que se inspira para tazer cresci mu «»w

«rve-se da aparência mas rejeita a essência da carta de S. Paulo aos Romanos. Billy Budd Parece oferecer o exemplo vivo do homem não espiritualizado, que vive segundo a lei do

c°rpo e que, no fim, se converte no homem segundo o espírito e a lei de Deus. Todavia, o que

contribui para essa evolução consiste na aquisição do conhecimento do mal e não na vivência

d e uma fé segundo Deus dos cristãos. A componente básica do pensamento de São Paulo está

isente na história de Melville, levando-nos a evidenciar o processo subversivo deste autor Para manifestar, mais uma vez, as suas inquietações espirituais, assim como a sua percepção * * * * de um mundo esvaziado de mensagem e de uma interioridade humana esgotada de

Sentido. É nesta perspectiva que lemos o percurso das personagens nesta narrativa ficcional. Distanciamo-nos das interpretações que definem BiHy, Budd, Sailor como a representação do

^ o conflito entre o bem e o mal, como defende R. W. B. Lewis que afirma mesmo: Billy is the type of scapegoat hero, by whose sacrifice the sins of lus world are taken away (...).23

Apesar de aceitarmos a designação "scapegoat hero", não direccionamos o nosso estudo para "«a leitura literal que ignora os processos subversivos da apropriação de excertos da Bíblia. Com efeito, não podíamos concordar mais com Nathalia Wnght quando salienta:

. ,.,;„o «neri of Mehille's quotation from the Bible is his Without doubt the most interesting aspect 01 men H

least adherence to it.24

A capacidade de reconhecer a ambiguidade do real, de que Billy carece, consiste na «mdiçâo que nós, leitores atentos, não devemos desprezar para apreender o cerne da teia narrativa. Deste modo, reparamos que logo no pnmetro capitulo, Billy ignora o riso irónico de alguns marinheiros aquando da sua despedida do navio "Rights-of-Man":

. „, ;« pffwt it was hardly so by intention, for Billv. And yet. more likely, « ^ ^ ^ £ Z S . vouth. and a free hean. was though happily endowed with the gaetjo h,g * , d

yet by no means of a satincal turn The* ° 't ^ a wanting. To deal in double meanings and insinuations his nature.25

A transição do navio "Rights-of-Man", que já pelo seu nome sugere um ambiente de humanitarismo ("it's the happy family here"), para o navio de guerra "Bellipotent" introduz o intacto com um mundo povoado de jogos de duplicidades e subtilezas que o protagonista desconhece:26

As little did he [Billv] observe that something about him provoked an ambiguous smile in one or two harder faces among the bluejackets.

j . . . 2 ¾ ¾ Wri8ln. op. cit., p. 142.

26nj?^-SiiíÍSailor, p. 327. . Thomas Paine (1737-1809), datado de 1791-92, como resposta a "Reflections on the O S ^ " ^ " é ° ^1° d e u m áoamff> "ZZJui constituição de um governo que se tomasse um agente benéfico com um programa de

h u m ' *0'1 m F r a n c e" d e E d m u n d B u r k e- ?TC I t H r l T m o aft numa lei t ordem da natureza imutável como uma revelação divina, a

oam" positivo. Paine exprime os ideais do iiumm uv. ' | ^ ^ ^ a igualdade de direitos e a dignidade do indivíduo, uma r e l i e f .3 * r a z â 0 M l i t e d a d e p a r^d*a t W t^ ¾ L c l ™ a e d ia Britannica (London and Chicago: Encyclopaedia Britannica, Inc., 1973), VOL 17 8S a c ç õ e s' e u m cosmopolhansmopacuico^.^^ ^ relevante em contraste com o navio de guerra "Bellipotent", uma vez que suite» P'u65- ° n o m e d o n a v i 0* d 0 ^1 B l"y e f l w nira outra dimensão mais complexa. Trata-sc da introdução de um mundo em guerra

eere „ a b a n d o n o d e a l r n o s f e r a h u mana e simples ^ 2 7d e7r^ g o n i s t a encontra adversidades e ambiguidades causadoras da sua derrota

E^ e estado de inocência de Billy 6 aprofundado no segundo capítulo:

. , „ „ of facultv or anv trace of the wisdom of the

For the rest. »*h little or no M ^ that kind and degree of intelligence going serpent, nor yet quite a dove ne P» d h u m a n creature. one to whom

along with the unconventional and rectmide 01: a «™™ 2K

not 4 has been proffered the questionable apple of knowledge.

c , „~o A* Rillv Budd remete-nos para o texto bíblico. O Esta descrição do estado puro da natureza de Billy «uca i »

-,. , ~n nnfte,ii a sabedoria da serpente e da pomba ("wisdom

autor informa-nos que a personagem nao possui a saoeuu

A f t, . . ,M o n,,p ainda não lhe foi oferecida a maçã do conhecimento

o f the serpent, not yet quite a dove ) e que ainaa nau

«u. , _. , . - . . 1 ^ A orimeira alusão traduz o eco do texto de "The

( the questionable apple of knowledge ). A pnnieu

rm , .. . , u « „m nnp se descreve a missão de que Jesus incumbiu os seus

Gospel according to Matthew", em que se aes.ue

j . , , . , „ pcníHtns imouros e curar todas as enfermidades. Ai, discípulos para poderem expulsar os espíritos impuiu

tnw. - . J W Ar lesus sobre a conduta do discípulo:

também se mencionam os conselhos de Jesus suuic a

„„« ,vr,iv« be wan' as serpents, innocent as doves29

I send you out like sheep among w Oh es. De aij a *~

A , . - o n„ nnc vocábulos "serpent" e "dove", verificando-se urn A relação intertextual baseia-se apenas nos vocaou.ub *aF

a„_„am(,nto- enauanto no texto bíblico Jesus aconselha os seus

aproveitamento do sentido por apagamento, euquo

. L „„_„ ac çprnentes e simples como as pombas, no texto

apóstolos para serem prudentes como as serpent y

m . ... - ' ca ^onat à caoacidade ou sabedoria da serpente e da pomba, o

melviIleano o narrador refere-se apenas a cdpawuau

„„ , . nrA„;n Ân leitor nara poder identificar "serpent" com "wary" e

que exige um conhecimento prévio do tenor pw« v

"dove" com "innocent". Verifica-se o apagamento de uma parte da informação necessária à

compreensão total da frase. Com efeito, enquanto o simbolismo bíblico da pomba se limita à Pureza, simphc.dade e paz, a serpente como símbolo bíblico encerra uma ambiguidade de «atidos negativos e positivos. A frase proferida por Jesus (Matt. 10:16) constitui um exemplo de excepção e único em que a serpente é utilizada positivamente, identificando-se com a

sabedoria prudente. Northrop Frye adianta uma explicação plausível para essa simbolização:

2 9"P- « , , p. 330.

Perhaps the serpent is a symbol of wisdom because there is a good deal of wriggling and insinuating about choosing the wisesl course of action.30

Às vezes, as serpentes são associadas a espíritos maléficos, à personificação de Satanás, à desgraça e à falsidade, constituindo um perigo mortal. Outras vezes, são adoradas como deuses de fecundidade e transmissores de vida. Além disso, Cristo na cruz, a árvore da morte, é a serpente que dá vida, que depois vai vencer a serpente repugnante no Apocalipse.31

Por outro lado, e ainda no passo acima transcrito, Billy possui o grau de inteligência Próprio de uma criatura que não conhece a maçã do conhecimento, ou seja, o fruto proibido do jardim do Éden:

The woman looked at the tree: the fruit would be good to eat: it was pleasing to the eye and desirable for the knowledge it could give.32

No texto de Génesis, o fruto proibido pertence à árvore da ciência do bem e do mal e a transgressão de Adão e Eva traduz, por um lado, o acesso ao conhecimento da valorização moral de todas as coisas e, por outro lado, a introdução do pecado e da morte na humanidade

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