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1.2 OBJETIVOS

1.4.3. PRESSUPOSTOS BÁSICOS

A presente investigação pretende contribuir para a configuração do campo de Análise Cognitivo (AnCo) considerando que o sujeito cognoscente estrutura o real a medida que também estrutura suas próprias ações e conceitos, construindo seus instrumentos para conseguir seus objetivos em um processo de assimilação cognitiva. O conhecimento vai sendo

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construindo por reorganizações sucessivas, onde a cognição se define como uma ação efetiva que permite a continuidade da existência do sujeito em um determinado ambiente a medida que ele constrói seu mundo e é construído por ele.

Fróes Burnham (2012) define a concepção de AnCo como:

Campo complexo (multirreferencial, polissêmico, polilógico pluridimensional) de trabalho com/sobre o conhecimento e seus imbricados processos de construção, organização, acervo, socialização que inclui dimensões entrelaçadas de caráter teórico, epistemológico, metodológico, ontológico, axiológico, ético, estético, afetivo e autopoiético que busca o entendimento de diferentes sistemas de estruturação do conhecimento e suas respectivas linguagens, arquiteturas conceituais, tecnologias e atividades específicas, com o propósito de tomar estas especificidades em bases para a compreensão mais ampla do mesmo conhecimento, com o compromisso de traduzi-lo, reconstruí-lo e difundi-lo com perspectivas abertas ao diálogo e a interação entre comunidades vinculadas a esses diferentes sistemas, de forma a tornar em conhecimento público aquele de carácter privado que é produzido por essas comunidades, mas que é também de interesse comum a outros grupos / comunidades/ formações sociais amplias (p.53, trad. da autora).

A autora considera que isto exige um compromisso ético-político que se assume ao tentar interagir em um território como espaço coletivo onde necessariamente é preciso desenvolver estratégias colaborativas para superar a segregação sociocognitiva. A importância de fazer do conhecimento privado um bem público contribui a fortalecer o bem comum colaborativo onde milhares de milhões de pessoas participam nos aspectos mais sociais da vida (RIFKIN, J., 2014. p.31).

Morin (1999) explica que as estratégias cognitivas por intermédio das quais o sujeito adquire o conhecimento, unicamente emergem quando este deve escolher, confrontar, arriscar e tentar um diálogo com algo novo para ele. Isto coincide com as asseverações de Varela:

A chave da cognição radica precisamente na capacidade de expressar o significado e as regularidades; a informação deve aparecer não por sua ordem intrínseca, mas como ordem emergente de suas próprias atividades cognitivas. (VARELA, F., 1996, p.13, trad. da autora)

Reitera-se então a ideia de conhecimento como emergente; como relação entre ação e saber, entre quem conhece e o que é conhecido. O conhecimento como atividade da mente não pode existir separado do sujeito e está ligado ao comportamento, mas por sua vez o corpo

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executa a ação de conhecer por intermédio de uma atividade do sistema nervoso integrado a outros sistemas do organismo humano.

A escritura é uma forma de expressão que exterioriza uma vontade de potência, de virtualizar o real, no entanto não é possível atualmente prescindir de outras formas de expressão que também contribuem a de/mostrar a complexidade do fenômeno em estudo na tentativa de construir uma tese na convergência da ciência, arte e filosofia.

O diagrama da figura 6 orienta a investigação em seus aspectos básicos. Pensa-se em uma ideia nietzschiana de continuidade da arte com a vida, encarnado no projeto de lutar contra o que separa a arte da vida. É nas manifestações artísticas e na experiência estética onde reside a arte: saber narrar, cantar, dançar ou polir madeira e não somente em sujeitos especiais, os artistas-gênios.

Figura 6: Diagrama que orienta a investigação

(Fonte: a autora)

O problema da investigação reside em identificar processos educativos em sintonia com a emergência da interatividade, considerando-a uma nova dimensão comunicacional nas

relações com o saber e a construção do conhecimento. A hipótese supõe que as TIC em ambientes multirreferenciais de aprendizagem geram maior complexidade, mas contribuem a modificar as formas de construir conhecimento e as relações com o saber desde a

perspectiva de um sujeito (da Abya Yala) intercultural em interatividade.

OBJETIVO Desenvolver um agenciamento de Análise Cognitivo (integração de conhecimentos, saberes, práticas, percepções, funções, experiências) dos sujeitos em

interatividade em ambientes multirreferenciais de aprendizagem no interior do projeto FDC com

ênfase na criatividade e afetividade.

Metodologia: Análise de Redes Sociais Etnopesquisa Multirreferencial e Multilocal Delimitação do problema

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A educação, desde a experiência da investigadora, é uma atividade que vale a pena ser vivida em uma sociedade democrática que colabora para a formação dos sujeitos em suas relações com o saber. Em atividades onde o conhecimento está formado por significados coletivos que resultam de experiências vividas, os aprendizes se encontram exigidos a derrubar os muros que separam as disciplinas acadêmicas e a pensar de forma integral.

Desta forma, a educação é uma oportunidade de aprender junto a outros, a interpretar o mundo, a compreendê-lo e interroga-lo. É também a oportunidade de lutar pela democratização do acesso ao saber historicamente acumulado e socialmente produzido, evitando o monopólio privado e a alienação dos benefícios, provocando o questionamento crítico e a compreensão das atuais incertezas. Desta forma, a educação tem um extraordinário e silencioso poder: a potência transgressora em suas margens e pontos de fuga.

O conceito que a investigação pretende tensionar e redirigir é a “interatividade” que articula três eixos da socialidade contemporânea: “conhecimento”, “mediação telemática” e “comunicação”, na interculturalidade a partir da introdução das TIC em instituições educativas na Abya Yala. A ideia de conceito de acordo com os aportes teóricos de Deleuze e Guatarri entende-se não como verdade, mas como possibilidade de experimentação. A potência do conceito não está implícita no que possibilita criar, na linguagem para expressar; este conceito ainda não figura como conhecimento acadêmico com significado. A necessidade que faz surgir o conceito é o impulso criador que contribui a justificar o desejo e a capacidade de poder. Um pensamento sobrevoa o processo: a realidade é plástica e se apresenta através de uma série de ficções simbólicas, de virtualidades, de níveis de realidade que podem ser parcialmente reconstruídos de forma retroativa. O sujeito é parte integrante da realidade e na socialidade contemporânea a realidade do sujeito não é exterior ou interior a ela; é simultaneamente exterior e interior. Finalmente, para tentar uma aproximação à realidade do fenômeno apresenta-se a delimitação do trabalho.

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