• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 2 ESTADO DE ARTE: CLIMA, ENERGIA E CONFORTO TÉRMICO DE EDIFÍCIOS DE

2.3 SISTEMAS DE CERTIFICAÇÃO ENERGÉTICA

2.3.3 Metodologia, Exigências e Pressupostos de cálculo

2.3.3.2 Pressupostos

Seguidamente, apresentam-se alguns pressupostos e condições considerados na metodologia de cálculo do REH, exposta anteriormente, tecendo-se comentários de interpretação dos mesmos, ao abrigo do tema do presente estudo, e finalmente de que forma é que estes aspetos serão tratados na simulação realizada e apresentada nos §Capítulo 4 e 5.

pressupostos interpretação simulação

1

O cálculo de 𝑁 é realizado com base nos

GDA (base 18ºC). Também o zonamento climático das localidades portuguesas em I1, I2 e I3, para os quais estão definidos diferentes valores limite das características da envolvente a cumprir, deriva diretamente do valor dos GDA.

Isto significa, no presente regulamento, que deverão existir condições de conforto (e consequente climatização) para as 24h do dia e 7 dias da semana, independentemente dos perfis de ocupação da habitação e dos reais hábitos de climatização.

Serão definidos perfis de climatização mais próximos da realidade portuguesa, isto é, aquecimento intermitente e nenhum arrefecimento. Será considerada a temperatura de conforto de inverno de 20ºC.

2

No REH as ações de adaptação ao ambiente

interior estão tipificadas, através da utilização do fator de utilização dos ganhos térmicos (ƞ) (segundo a proposta na norma EN 13790).

Relativamente ao acionamento dos

dispositivos de sombreamento móveis, consideram-se no inverno sempre abertos, para maximizar os ganhos solares; já no

verão, consideram-se abertos uma

percentagem do tempo, função da orientação solar. Outra ação como abrir as janelas, por ser de difícil parametrização, não é considerada de todo, com exceção da abertura das janelas em WC’s de edifícios existentes (capítulo 12.6 ponto 3 do Despacho nº 15793-K/2013 do REH)

Se no inverno, as casas estão

maioritariamente fechadas, no verão, e para o clima Português, a ação de abertura das janelas para ventilar naturalmente é muito comum e variável ao longo do dia. A aproximação realizada pelo Regulamento pode, assim, estar muito distante da prática real dos portugueses. A mesma situação ocorre para o acionamento das proteções solares.

Serão adotados critérios de acionamento das proteções solares, para reduzir o sobreaquecimento no verão. Será avaliado o efeito da ventilação noturna no verão.

3

Assunção de que, baixando os valores

máximos de U, se baixam os consumos energéticos. A propósito da atualização da Portaria que define os requisitos mínimos da qualidade térmica da envolvente exterior (379- A/2015 que alterou a 349-B/2013), que passam a ser chamados de requisitos energéticos, pela diminuição significativa dos valores máximos dos coeficientes de condutibilidade térmica da envolvente, opaca

e envidraçada 𝑈 e 𝑈 . Esta revisão está

muito relacionada com o cumprimento das metas europeias (20-20-20) e da política associada ao NZEB’s.

Os atuais valores limite de U para a envolvente exterior, são de difícil exequibilidade, sobretudo na reabilitação de edifícios residenciais antigos, onde as condicionantes arquitetónicas são muitas vezes incompatíveis com as medidas de reabilitação que permitiriam atingir tais valores. A eficácia dessas medidas na redução da fatura energética, ou no aumento do conforto, também não estará totalmente garantida.

Serão criados cenários de simulação sem isolamento, com isolamento pelo interior ou pelo exterior das paredes exteriores e comparados os desempenhos em termos de conforto térmico e consumos energéticos.

pressupostos interpretação simulação

4

A classe energética não distingue situações

de sistemas técnicos conhecidos por uma maior eficiência à partida, de outros menos eficientes como o aquecimento por efeito de Joule, uma vez que os equipamentos existentes são comparados com o mesmo tipo mas com eficiências mínimas de referência. Só no caso de omissão, são adotados os sistemas por defeito previstos na Legislação.

Por exemplo, se é definido um sistema tipo bomba de calor, a metodologia compara-a com uma bomba de calor de referência; se for definido um sistema elétrico para aquecimento, este é comparado com um sistema elétrico de referência para aquecimento; o que significa que uma bomba de calor com uma eficiência menor que a considerada na referência agrava a classificação energética, relativamente à segunda situação quando a eficiência é igual à de referência. Neste último caso, a utilização de energia é superior, mas com uma melhor classificação energética, o que é paradoxal.

Serão comparados vários

cenários com diferentes

sistemas técnicos e

comparados com as suas referências. O único aspeto considerado na avaliação do desempenho dos sistemas será a eficiência nominal, com implicação na utilização de energia.

2.3.4 SÍNTESE DO CAPÍTULO

No presente subcapítulo foi feito o enquadramento legal a nível europeu para o surgimento do atual Regulamento de desempenho energético de edifícios de habitação (REH), nomeadamente as Diretivas europeias que lhe deram origem. Foram apresentadas as principais evoluções da legislação nacional sobre térmica até à data, desde o surgimento do primeiro regulamento, em 1990.

Foi também feito um balanço dos certificados energéticos já emitidos para habitação, desde o seu arranque, em 2006 e até meados de 2018, e a principal informação neles contida sumarizada em forma de gráficos.

Finalmente, foi apresentada sumariamente a metodologia prevista no atual regulamento, interpretados alguns pressupostos e feita uma ligação ao presente trabalho, nomeadamente a forma como esses pressupostos serão tratados nos capítulos seguintes.

Ligando este subcapítulo com o anterior, onde se abordou a problemática dos baixos consumos e da pobreza energética em Portugal, conclui-se assim que o pressuposto, previsto na certificação energética, de que se aquece sempre que a temperatura está abaixo do valor definido de conforto, não será muito realista para os países do sul da europa, verificando-se importantes diferenças entre os consumos teóricos e os reais, conforme se comprova em alguns estudos, tanto em Portugal como na Europa.

Importa, assim, refletir se as estratégias que estão a ser seguidas na União Europeia, com um contínuo agravamento dos valores máximos do coeficiente de transmissão térmica, entre outros aspetos, estarão corretas para a especificidade do sul da europa. Mesmo para outros países com consumos para aquecimento muito mais expressivos, é questionável a eficácia dos SCE’s pela diferença verificada entre os consumos teóricos e reais que comprometem as metas definidas de poupança e a capacidade de persuasão dos proprietários a intervirem nas suas casas.

Foram já emitidos cerca de um milhão e meio de certificados em Portugal e surgem sucessivamente novos programas e incentivos à eficiência energética. Será importante fazê-lo da forma mais eficiente quer do ponto de vista económico, quer técnico, salvaguardando o valor patrimonial dos edifícios mais antigos.

2.4

REABILITAÇÃO ENERGÉTICA E CONFORTO TÉRMICO DE EDIFÍCIOS DE

Documentos relacionados