• Nenhum resultado encontrado

3.4 CONTROLE SOCIAL DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

3.4.1 Prestação de Contas e TCU

As principais competências constitucionais que o TCU possui segundo o art. 71 da CF de 1988 são:apreciar (as Contas do Presidente da República,segundo

art. 71, I); julgar (as Contas dos responsáveis por bens, dinheiros e valores federais); e inspecionar e auditar (Orçamento e Finanças, Contabilidade e Patrimônio, Desempenho Operacional) numa maneira complementar e integrada. A capacidade de prevenir, avaliar, orientar e recomendar melhorias garante também ao TCU a tarefa de exercer o controle externo, auxiliando ainda o Congresso Nacional em tal feito.

O dispositivo do art. 71 da CF/88 em seu parágrafo único define que a prestação de contas deverá ocorrer para qualquer

pessoa física ou entidade pública que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que ainda, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.

Para Rocha, A. (2009), o alcance da accountability por meio da prestação de contas se torna comprometido, dado que do ato de prestar contas apenas restringe- se ao que a norma define, guiada pela formalidade e com caráter de conformidade de atos praticados frente às as normas e dispositivos legais, tal como pratica o TCU. O controle externo exercido pelo TCU através de sua auditoria financeira é essencial para identificar a real aplicação de recursos públicos, de maneira justa e transparente aos fins que se destinam. Considerando ainda a condição de regularidade ou não, o Tribunal emite parecer sobre as contas, sendo então um promotor do controle social sobre a gestão da coisa pública,analisando criticamente a capacidade de alocação de recursos em determinadas áreas, além do processo de planejamento e avaliação.

Juntamente à auditoria de natureza financeira, na auditoria de natureza operacional, o trabalho possui prerrogativas legais para realizar inspeções nos processos e rotinas das entidades públicas,com o objetivo de avaliação sistemática de programas, projetos, atividades e sistemas do governo (BRASIL, 2000).

A Tomada de Contas e a Prestação de Contas são duas definições existentes para conformidade dos atos praticados pelos responsáveis na administração pública em relação às normas e leis adotadas pelo TCU (Rocha, A. 2009). Ainda é relevante compreender que embora em ambos meios de conformidade exista o julgamento de contas pelo TCU, como bem elucida o autor com base no TCU (BRASIL, 1999), na Tomada de Contas a Administração Direta dos Poderes da União são avaliados e julgados, já na Prestação de Contas os Órgãos e Entidades da Administração Indireta são avaliadas e julgadas, incluindo Fundações, Autarquias e Sociedades Instituídas e mantidas pelo Poder Público Federal (BRASIL, 1992).

Em conclusão à análise da prestação de contas da gestão da Fundação Universidade Federal do Maranhão para o exercício de 2015, o TCU detectou por

meio do relatório de gestão algumas impropriedades, tornando-as públicas mediante Acórdão nº 1387/2018 – TCU – 2ª Câmara:

com fundamento no art. 7º da Resolução-TCU 265/2014, dar ciência à Fundação Universidade Federal do Maranhão sobre as seguintes

impropriedades detectadas no âmbito da gestão de 2015 dessa

Universidade:

a aplicação de recursos do Pnaes em ações relativas ao apoio à organização de eventos estudantis na UFMA embora importantes para o desenvolvimento estudantil, beneficiam todo o

corpo discente da instituição de ensino, inclusive aqueles que não se encontram em condições de vulnerabilidade socioeconômica; desse modo, deve ser devidamente justificada pela

Universidade, quando da definição dessas ações, a importância desses eventos para inclusão e permanência dos estudantes nessa condição de vulnerabilidade, na educação superior pública federal,

aspectos os quais não se mostraram devidamente esclarecidos no Relatório de Gestão, o que afrontou o estabelecido nos arts. 2º e

3º, § 1º, do Decreto7.234/2010;

a imposição de atividades laborais administrativas ou acadêmicas como contrapartida para usufruto dos benefícios do Pnaes, em desacordo com a natureza assistencial acadêmica do

Pnaes, afrontou o disposto nos arts. 1º e 2º do Decreto7.234/2010;

o desenvolvimento de ações no âmbito do Pnaes exclusivamente para benefício de alunos de cursos pré-determinados,

aspecto que não se mostrou devidamente esclarecido no Relatório de Gestão e afrontou os arts. 1º, 2º, 3º e 4º do

Decreto7.234/2010;

não foram considerados nos Editais 009/2015, 010/2015,

011/2015 e 014/2015 desse Programa, como critérios prioritários de

seleção dos alunos beneficiados, a renda e/ou a procedência dos

alunos da rede pública de ensino, em afronta ao art. 5º do

Decreto7.234/2010.

Nos termos do art. 243, do Regimento Interno, determinar à

Secex-MA a constituição de processo específico para monitoramento das determinações e recomendações acima.

(BRASIL,2018, grifo nosso).

A transparência ativa já está inerente ao ato da prestação de contas dos órgãos e entidades federais ao TCU e, portanto, à sociedade, sendo ainda ampliada, conforme DN TCU 163/2017, em seu art.3º quando elucida que a auditoria realizada anualmente aumenta a transparência e fomenta, inclusive, a boa governança pública, provocando melhorias na prestação de contas, tomando como base em suas conclusões a legalidade, legitimidade e economicidade dos atos de gestão.

O TCU fixou por meio de sua IN 63/2010 que a periodicidade de apresentação dos Relatórios de Gestão seja anual, além de definir por meio de suas Portarias e Decisões Normativas a forma, o conteúdo e prazo de tais relatórios, que ficam sob livre consulta no Portal do TCU (www.tcu.gov.br) e sítios eletrônicos da própria Unidade Prestadora de Contas, conforme assegura o direito fundamental da LAI ao acesso à informação.

padronização visando abranger amplamente o conteúdo da gestão do Ente no cumprimento de sua obrigação de prestar contas, há permissões para que em ocasiões peculiares da Instituição, o gestor faça ajustes de maneira que seja possível expressar questões pontuais da gestão e seu desempenho.

A discricionariedade relativa às permissões mencionadas, na visão das autoras é estimulada para que o gestor público tenha a iniciativa de promover a divulgação voluntária de informações, o que compreendemos que será benéfico tanto para o gestor (na lógica racional da melhor escolha), quanto para a instituição e ainda mais para a sociedade, como o verdadeiro beneficiário da informação.

Vê-se dentro dessa compreensão que a sociedade é dependente da proatividade do gestor público, quanto à divulgação voluntária das informações que são extras em relação ao requisitado pelas normas e legislações, porém, na prática útil à sociedade quando tais informações se aproximam de sua realidade não- organizacional.