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1.5 Caracterização

1.5.2 Prevalência

De acordo com vários autores, a taxa de prevalência do autismo tem vindo a sofrer oscilações, decorrentes de uma maior sensibilidade no diagnóstico desta patologia e de um crescente desenvolvimento de instrumentos mais precisos ao longo dos tempos.

Pereira (2006a) refere a existência de estudos, realizados na década de sessenta, que indicam uma média de 4 indivíduos com autismo para 10 000, vinte anos depois, o número aumentou para 4 a 6 por cada 10 000, tendo por base o DSM-III. Newschaffer et al, (2007), salienta estudos mais recentes, onde se estima que 5 em cada 10.000 crianças apresentem um diagnóstico de distúrbio autista e 21 em cada 10.000, perturbações do espectro do autismo.

Newschaffer et al., (2007), conta que num país com as dimensões dos Estados Unidos, estima-se existirem cerca de 450 000 crianças e adultos com diferentes formas de perturbações do espectro do autismo e que estas perturbações afectam quatro a cinco vezes mais os rapazes do que as raparigas.

Sun & Allison (2010), realizaram uma pesquisa sobre a prevalência das PEA em seis países Asiáticos, com base em estudos publicados em três bases de dados, entre 1980 e 2008. Nesta pesquísa foi possível detectar que existem diferenças metodológicas entre países na definição de caso, dado que a selecção de instrumentos e os critérios de diagnóstico tornam-se difíceis para a comparação de estudos. No entanto, esta prevalência parece ser mais elevada em crianças de 2- 6 anos de idade, onde os meninos apresentaram maior prevalência relativamente às meninas, o que também é encontrado em estudos ocidentais.

Estudos anteriores (Fombonne, 2003, referido por Sun & Allison, 2010), sugeriram quanto maior é a população, menor a prevalência de PEA. Contudo, esta tendência não foi evidente nos países Asiáticos. Os efeitos nas diferenças dos instrumentos de rastreio e dos critérios de diagnóstico empregados, foram os principais factores que conduziram às diferenças reveladas pelas estimativas de prevalência, estes autores alegam que é necessário maior pesquisa nestes países.

Oliveira, et al. (2007), num estudo realizado acerca da epidemiologia em crianças, em idade escolar com PEA em Portugal, menciona que a prevalência total é de 9,2 em Portugal Continental e de 15,6 nos Açores por cada 10 000 crianças. Este estudo refere que no Norte de Portugal, onde existe maior população, a prevalência é menor do que nas outras regiões do país. A grande maioria de crianças diagnosticadas com PEA, são seguidas regularmente em cuidados de saúde (94,25) e pouco mais de metade está em escolas de Educação Especial.

Têm sido apontadas várias razões para identificar este facto, recusando-se frequentemente as hipóteses explicativas que aleguem um aumento de portadores desta perturbação. No sentido de compreendermos melhor esta evolução é importante relembrar a mudança ocorrida nos últimos anos relativamente à evolução conceptual de autismo, já referida no ponto 1.2 deste trabalho, tal como a recente introdução do conceito espectro.

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Sumário

O Autismo é geralmente aceite como uma perturbação que está incluída nas PGD, nos sistemas de classificação utilizados internacionalmente. Estas são perturbações do neurodesenvolvimento que apresentam uma grande variedade de manifestações clínicas e resultam de disfunções do desenvolvimento do sistema nervoso central.

Apesar da vasta variedade clínica demonstrada por estes indivíduos e pelas diversas causas orgânicas, todos eles apresentam limitações características em três domínios: Perturbação na Comunicação (Verbal e Não - Verbal); Perturbação na Interacção Social e Perturbação no Jogo Simbólico e Repertório de Interesses.

A grande maioria dos indivíduos falha no jogo do ―faz de conta‖. Este facto compromete as suas possibilidades de compreender as intenções do outro. Não são conhecidas as causas para o aparecimento do Autismo. Estas estão ainda por esclarecer. Contudo, é claro que não há uma só causa biológica mas que deve haver uma etiologia multifactorial. Na maior parte dos casos têm de ser considerados factores hereditários com uma contribuição genética complexa e multidimensional que leva a uma vasta variação na expressão comportamental. Não existe cura para o Autismo logo o que se torna mais importante e reconhecido internacionalmente é o processo de intervenção o mais precocemente possível. Esta intervenção de cada indivíduo deve ser bem estruturada e bem adaptada às suas necessidades.

Relativamente à prevalência do autismo, Oliveira, et al., (2007) realizaram um estudo, onde referem que a prevalência total é de 9,2 em Portugal Continental e de 15,6 nos Açores por cada 10 000 crianças

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CAPÍTULO

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Uma perspectiva ecológica em contexto

desenvolvimental

Introdução

Em todo o mundo as famílias constituem a principal referência social para todas as pessoas. Em muitos países as pessoas com deficiência não são apoiadas pelo estado, cabendo às famílias toda a responsabilidade pelo que lhes possa acontecer.

As famílias não se adaptam passivamente às tensões provocadas pela presença de um filho autista. Cada uma delas tem o seu modo de lidar com essa situação, o que depende de muitos factores. A patologia, as especificidades e as exigências de uma criança autista implicam sucessivas adaptações e reorganizações por parte da sua família, mais concretamente dos seus pais. O seu desenvolvimento depende, também, da forma como os pais organizam o meio educacional que a rodeia.

Ao longo das últimas décadas foram propostas muitas abordagens, para intervir com estas crianças e com os respectivos pais, no entanto, importa salientar o envolvimento cada vez maior e mais participativo dos pais, neste processo terapêutico. Neste capítulo, pretendemos mostrar como se efectua a avaliação do comportamento da criança através da participação e colaboração

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da família no seu processo, os modelos de intervenção, a integração escolar da criança bem como as respectivas orientações curriculares.