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PREVENÇÕES E CORREÇÕES DAS FISSURAS E TRINCAS

No documento Eliana Amorim Coutinho Fonseca (1.549Mb) (páginas 45-52)

Prevenções de fissuras passam por regras de bem planejar, projetar e construir. Para prevenir se faz necessário um controle sistemático e eficiente da qualidade dos materiais e dos serviços, atrelando os diversos projetos executivos, estocagem e manuseios dos materiais e componentes do canteiro de obras, utilização e manutenção corretas do edifício. Os cálculos, os detalhes nos diversos projetos construtivos, as propriedades dos materiais de construção, os métodos de organização e planejamento de obra, as regras, fazem com que o problema reduza, sem onerar o custo da obra.

O tratamento de peças fissuradas depende da identificação da causa da fissuração, ou do tipo de fissura que se esta a lidar, no que diz respeito a atividade, variação da espessura, ou não da mesma, e da necessidade ou não de executar reforços estruturais.

Havendo ou não atividade, sempre de pretenderá, com o tratamento, criar uma barreira ao transporte nocivo de líquidos e gases para dentro das fissuras, impedindo a contaminação do concreto e até das armaduras.

No caso de fissuras ativas, elimina-se a causa ou deve-se promover a vedação, cobrindo os bordos externos da mesma e preenchendo-a com material plástico e não resistente. Deve ser uma obstrução macia, que admita e conviva com a patologia instaurada, impedindo, no entanto, a degradação do concreto.

Os casos passivos , além do estabelecimento do dispositivo protetor, há que se garantir que a peça volte a funcionar como um todo, há que se fechar a fissura, conseguido pela injeção de um material aderente e resistente como a resina epoxidica.

Placas de vidro podem fissurar em função de solicitações térmicas adversas. Uma medida preventiva é adotar folgas entre as placas de vidro e sua estrutura de suporte. Alem da

movimentação térmica as placas de vidro podem ser solicitadas por deflexão da estrutura de concreto armado, caso das fachadas suportadas por vigas em balanço. A adoção de uma junta de movimentação entre caixilharia e o componente estrutural superior fazendo a ligação entre um e outro mediante emprego de ganchos chatos de metal, que funcionam como molas.

As estruturas de concreto armado podem apresentar deformações que em nada afetam o comportamento em serviço de seus componentes, mas que podem comprometer o desempenho de outros elementos da construção como vedações e caixilharia.

As deformações e esforços introduzidos nos elementos estruturais por cargas de serviço e por deformações como recalque de fundação e movimentações térmicas, podem ser calculados para empregar os modelos da teoria da elasticidade e as regulamentações das técnicas desenvolvidas.

Segundo o autor E. Thomaz (1990), há divergência sobre o espaçamento a ser observado entre juntas de dilatação em uma estrutura de concreto armado, pois as recomendações variam de 30m e 60m, em geral 50m. A distancia entre juntas de dilatação dependerá dos fatores extrínsecos a estrutura, levando em conta o comportamento global do edifício. Considerando não apenas as juntas na direção do comprimento do prédio como também a adoção de juntas na direção da sua altura. A cada dois pavimentos são criadas juntas de movimentação entre o topo das paredes e a estrutura, para acomodar deformações do concreto originadas de variação térmica e retração.

As movimentações térmicas da parede e da estrutura, as acomodações do solo e as deflexões dos componentes estruturais inserem tensões nas paredes de fechamento que, em função da natureza do seu material constituinte e da própria intensidade da movimentação, podem ser absorvidas. Se houver incompatibilidade entre deformações impostas e as admitidas pela parede, devem ser tomados no sentido de evitar a fissuração da parede ou o seu

destacamento do componente estrutural. Por exemplo, em casos de fachadas, onde através da fissura ocorre a penetração de água para o interior do edifício.

As paredes de vedação se deparam com o problema de deflexão de vigas e lajes. Retardando a montagem das paredes as deflexões dos andares superiores não transmitem aos andares inferiores, a montagem das paredes deve ser feita do topo para base do prédio e iniciados em pavimentos alternados.

Para prevenir fissuras que tem origem devido aos recalques diferenciados, deve-se analisar o solo com sondagens, para optar pelo tipo de fundação apropriada. No projeto de fundação prevalece o critério dos recalques admissíveis, em função da rigidez da superestrutura e dos demais componentes do edifício. Não basta apenas a informação do calculista das cargas dos pilares ou das pares e, do arquiteto, a função do edifício.

Segundo o autor U. Alonso (1991), o intraventamento entre os componentes isolados da fundação, da possibilidade de flutuação do nível do lençol freático, do adensamento de aterros, da falta de homogeneidade do solo, de carregamentos muito diferenciados, do atrito lateral que realmente poderá ser mobilizado, da interferência com fundações de edifícios vizinhos e da possibilidade de ocorrência de recalques profundos, é essencial para projetar-se à fundação de maneira a limitarem-se os recalques diferenciados.

Correções, reforços e recuperações feitas nas edificações dependem de uma analise das causas que as tornaram necessárias e do estudo dos efeitos produzidos. Para que se faça a escolha da técnica adequada, se faz necessário escolher os materiais e equipamentos a serem empregados e a mão de obra necessária para execução do serviço.

Segundo o autor T. Ripper (1998), os serviços de reforços requerem prévia na elaboração de trabalhos de cálculo estrutural, sejam estes serviços onde há alteração na funcionalidade da estrutura, como o aumento da carga de utilização, ou como conseqüência de

danificação sofrida pela estrutura, casos em que reforço estará inserido nos trabalhos de recuperação.

A partir do cálculo poderão ser estabelecidos elementos básicos para definição das peças da estrutura em que será necessário fazer o reforço, determinar a extensão desta intervenção e daquelas que será suficiente para recuperar ou reconstituir as características geométricas, de resistência e desempenho originais. Para a determinação da capacidade resistente residual da estrutura, ou definição do tipo, intensidade e extensão do reforço necessário. Para indicação da necessidade ou não da adoção de procedimentos de escoramento durante os trabalhos. Para avaliação do grau de segurança em que de encontra a estrutura, antes, durante e depois da execução do reforço e para a escolha da técnica executiva a ser utilizada.

O tratamento de peças fissuradas esta diretamente ligado à identificação da causa da fissuração, da necessidade ou não de executar reforços estruturais e da atividade desta fissura (que é a variação da espessura). Havendo ou não atividade, é necessário criar uma barreira ao transporte nocivo de líquidos e gases para dentro das fissuras, para impedir a contaminação do concreto e até das armaduras.

Nas fissuras ativas, deve-se promover a vedação, cobrindo os bordos externos da mesma e preenchendo com material elástico e não resistente. Devera ser uma obstrução macia que admita e conviva com a patologia, impedindo a degradação do concreto.

Segundo o autor T. Ripper (1998), a técnica de costura das fissuras, ou grampeamento, nos casos de fissuras ativas e em que o desenvolvimento delas acontece segundo linhas isoladas e por deficiência localizadas de capacidade resistente, poderá vir a ser conveniente a disposição de armadura adicional, de forma a resistir ao esforço de tração extra que provocou a fissuração. Em função do seu aspecto e de seu propósito, estas armaduras são chamadas grampos, sendo este o processo de costura das fissuras, conforme ilustrado na figura 28.

Figura 28 – Reparo de uma fissura por costura (SOUZA, Vicente C. M. de; RIPPER, Thomaz. Patologia,

recuperação e reforço de estrutura de concreto. 3.ed. São Paulo, Pini, 2001)

Para minimizar os efeitos, os grampos devem ser dispostos de forma a não introduzirem esforços em linha, nem mesmo os de ancoragem no concreto, pelo que devem ser diferentemente inclinados em relação ao eixo da fissura a ter comprimento variável, a semelhança do que é feito no caso de emendas de barra de aço embutida no concreto.

Para execução da técnica de costura de fissura, quando possível fazer descarregamento da estrutura, pois o processo não deixa de ser um esforço. Fazer execução de berços na superfície do concreto, para assentamento das barras de costura, sendo os buracos cheios com adesivo apropriado. Injetar a trinca com resina epoxídicas ou cimenticias, fazendo a selagem a um nível inferior ao do berço executado, o grampeamento deve ser posterior a injeção. Colocar os grampos e complementações dos berços executados com o mesmo adesivo utilizado para a selagem. Costurar as fissuras nos dois lados da peça, se for o caso de se estar lidando com peças tradicionais.

A técnica de selagem é a vedação dos bordos das fissuras ativas pela utilização de um material necessariamente aderente, resistente a mecânica e quimicamente, não retrátil e com módulos de elasticidade suficiente para adaptar-se a deformação da fissura.

Para fissuras com abertura entre 10mm a 30mm é necessário fazer um enchimento, na mesma direção, com grout a base de epóxi, conforme ilustrado na figura 29.

Figura 29 – Selagem de fissuras com abertura ɞ entre 10mm e 30mm (SOUZA, Vicente C. M. de; RIPPER, Thomaz. Patologia, recuperação e reforço de estrutura de concreto. 3.ed. São Paulo, Pini, 2001)

Para fissuras com abertura superior a 30mm a selagem semelhante a vedação de uma junta de movimento e que prevê a inserção de um cordão em poliestireno extrudado, ou de uma mangueira plástica, para apoio ou isolamento do selante do fundo da fissura, conforme ilustrado na figura 30. Ou colocar juntas de neopreme, que aderem aos bordos da fissura. Com a finalidade de fortalecer a superfície mais externa dos bordos das fendas, para que o reparo seja efetivo, e não fracasse justamente pela perda de aderência localizada.

Figura 30 – Vedação de fissuras de grande abertura com mastique (SOUZA, Vicente C. M. de; RIPPER, Thomaz. Patologia, recuperação e reforço de estrutura de concreto. 3.ed. São Paulo, Pini, 2001)

As fissuras com abertura superior a 0,1mm devem ser injetadas de acordo com a técnica de injeção de fissuras, procedimento feito sob baixa pressão ( ≤ 0,1 MPa ), exceto os casos que a abertura já esta superior a 3mm e não profundas, se fazendo admissível o preenchimento por gravidade.

As resinas epóxidicas são as usadas nos casos em que se pretende injetar fissuras inativas, por serem produtos não retráteis, de baixa viscosidade, alta capacidade resistente e aderente e bom comportamento em presença de agentes agressivos, alem de endurecerem muito rapidamente e de continuarem a manter suas características básicas.

No documento Eliana Amorim Coutinho Fonseca (1.549Mb) (páginas 45-52)

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