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3.2 Variáveis Ambientais e a previsão de atropelamentos

3.2.2 Previsão dos atropelamentos com modelos de 2002 e 2005

A predição dos atropelamentos utilizando os modelos gerados com os dados de 2002 foi melhor para o ano de 2002, enquanto as previsões para 2005 não foram tão precisas. Utilizando os modelos gerados com os dados de 2005, é possível realizar a previsão dos atropelamentos com qualidade semelhante para os dois anos.

Com relação aos grupos, utilizando os modelos gerados com dados de 2002 e de 2005, as melhores previsões foram para os grupos de répteis. Já os grupos de mamíferos, apresentaram previsões de qualidade muito baixa para os dois anos e com todos os modelos utilizados.

Utilizando os modelos gerados com os dados de amostragens de 2002, é possível predizer os atropelamentos para VERTEBRADOS, AVES e

C. ruficapillus, embora para 2005 o padrão das curvas não seja muito

semelhante dificultando a previsão (Figura 4).

Ainda com os dados de 2002, dentre os grupos de répteis, para RÉPTEIS, H. infrataeniatus e QUELÔNIOS os valores dos atropelamentos preditos também foram semelhantes aos observados. Com isso podemos realizar uma boa previsão dos atropelamentos com base nas variáveis ambientais (Figura 5) para estes grupos. Para os grupos de répteis, as previsões para o ano de 2005 apresentaram um melhor ajuste do que para os demais grupos (Figura 5).

Figura 4: Atropelamentos observados em 2002 e 2005 e previsões dos

atropelamentos com modelos GAMM de 2002 para VERTEBRADOS, AVES e C.

ruficapillus. Linha preta: dados preditos com o modelo. Linha cinza: dados

observados

! ! !

Figura 5: Atropelamentos observados em 2002 e 2005 e previsões dos

atropelamentos com modelos GAMM de 2002 para grupos de répteis. Linha preta: dados preditos com o modelo. Linha cinza: dados observados

Para todos os grupos de mamíferos a qualidade de previsão dos atropelamentos foi inferior aos demais grupos para os dois anos. Apenas para os grupos correlacionados as variáveis ambientais (M. coypus, H.

hydrochaeris, HERBÍVOROS AQUÁTICOS e CARNÍVOROS

TERRESTRES), principalmente em 2002, foi possível prever os atropelamentos utilizando os modelos definidos com o GAMM (Figura 6).

2005 2002

Figura 6: Atropelamentos observados em 2002 e 2005 e previsões dos

atropelamentos com modelos GAMM de 2002 para os grupos de mamíferos. Linha preta: dados preditos com o modelo. Linha cinza: dados observados

Utilizando os modelos gerados com dados de 2005, é possível realizar uma boa previsão dos atropelamentos para VERTEBRADOS, RÉPTEIS, H. infrataeniatus, T. merianae e QUELÔNIOS para 2002 e 2005 (Figura 7). Algumas previsões foram inferiores as obtidas utilizando dados de 2002 como AVES e C. ruficapillus. Entretanto outros grupos tiveram

2005 2002

previsões com qualidade igual ou superior as obtidas com dados de 2002: VERTEBRADOS, RÉPTEIS, H. infrataeniatus, T. merianae (não foi possível previsão com dados de 2002) e QUELÔNIOS para 2005 (Figura 4, Figura 5, Figura 7).

Para os grupos de mamíferos utilizando os dados de 2005 a capacidade de previsão dos atropelamentos também foi inferior aos demais grupos. Apenas para D. albieventris, M. coypus e L. geoffroiy foi possível prever os atropelamentos (Figura 8). Da mesma forma, alguns grupos de mamíferos apresentaram qualidade da previsão inferior a obtida com os dados de 2002, como C. thous, CARNÍVOROS TERRESTRES e HERBÍVOROS AQUÁTICOS, apenas D. albiventris e L. geoffroiy melhoraram a previsão (Figura 8).

Figura 7: Atropelamentos observados em 2002 e 2005 e previsões dos

atropelamentos com modelos GAMM de 2005 para os VERTEBRADOS e grupos de répteis. Linha preta: dados preditos com o modelo. Linha cinza: dados observados

Figura 8: Atropelamentos observados em 2002 e 2005 e previsões dos

atropelamentos com modelos GAMM de 2005 para os grupos de mamíferos. Linha preta: dados preditos com o modelo. Linha cinza: dados observados

3.3 Padrão espacial de atropelamentos e número de amostragens

A distribuição das densidades de atropelamentos foi diferente entre os dois anos (p<0.05) para todos os grupos avaliados, rejeitando a hipótese nula de que as distribuições dos atropelamentos é a mesma para os anos ao nível de 5%. Com monitoramentos anuais, para VERTEBRADOS em 2002 as maiores agregações de atropelamentos ocorrem em torno do km 110,

enquanto em 2005 a concentração de atropelamentos ocorreu no inicio da rodovia, aproximadamente no km 10 (Figura 9). Assim, diferentes locais da rodovia são propostos para instalação de medidas de mitigação em cada ano.

Figura 9: Distribuição de densidades de atropelamentos de VERTEBRADOS na

rodovia para 2002 e 2005. Cinza escura: 2002; Cinza claro: 2005.

O mesmo ocorre para todas as classes e grupos, apresentando diferença no padrão de densidades dos pontos de atropelamento entre os anos com diferentes locais da rodovia com agregação de atropelamentos (Figura 10).

Figura 10: Distribuição de densidades de atropelamentos para AVES,

MAMÍFEROS e RÉPTEIS para os anos de 2002 e 2005. Cinza escura: 2002 e cinza claro: 2005.

Dentre os grupos de mamíferos apenas C. thous (2002 em torno do km 50 e 2005 do km 90) e M. coypus (2002 em torno do km 15 e 2005 do km 100) mostraram diferentes trechos da rodovia com maior atropelamento

p"value(=(0.00(

em ambos os anos (Figura 11), mesmo com as densidades de atropelamentos sendo significativamente diferente (p<0.05) em todos os grupos.

Figura 11: Distribuição de densidades de atropelamentos para os grupos de

mamíferos e C. ruficapillus 2002 e 2005. Cinza escura: 2002 e cinza claro: 2005.

Da mesma forma, para C. ruficapillus e todos os grupos de répteis o trecho da rodovia com maior densidade de atropelamentos foi diferente entre os anos (Figura 11, Figura 12). Dentre os répteis, apenas T. merianae não apresentou agregações dos atropelamentos no inicio da rodovia em 2002 e no final em 2005, mostrando padrão contrário ao dos demais répteis (Figura 10, Figura 12).

p"value(=(0.00( p"value(=(0.03( p"value(=(0.00(

p"value(=(0.00( p"value(=(0.00( p"value(=(0.00(

Figura 12: Distribuição de densidades de atropelamentos para todos os grupos de

répteis para 2002 e 2005. Cinza escura: 2002 e cinza claro: 2005.

O número de amostragens necessário para definir o padrão de distribuição dos atropelamentos semelhante ao encontrado em um monitoramento anual foi maior para VERTEBRADOS, AVES, RÉPTEIS e

H.infrataeniatus (Tabela 3). Para os demais grupos, a densidade dos

atropelamentos foi semelhante com até 12 amostragens, o menor número de amostragem avaliado.

MAMÍFEROS apresentaram menor número de amostragens necessárias do que as demais classes e os VERTEBRADOS (Tabela 3, Figura 13). Já para RÉPTEIS e AVES foi necessário um alto número de amostragens (Tabela 3), com coletas semanais durante o ano todo para determinar padrão anual de distribuição dos atropelamentos (Tabela 3).

Dentre todos os grupos de répteis, o maior número de amostragens necessário foi para H. infrataeniatus e entre os grupos de mamíferos os únicos grupos com pelo menos 12 amostragens necessárias foram M. coypus e HERBÍVOROS AQUÁTICOS apenas no ano de 2002 (Tabela 3).

Para C. ruficapillus, L. geoffroyi e L. crassicaudata não foi possível verificar o número de amostragens, pois apresentam poucos atropelamentos ou concentrados em poucos dias, impossibilitando a realização das amostragens aleatórias (Tabela 1).

Tabela 3: Número de amostragens necessário para determinar o padrão de

atropelamentos anual. n/d: o número de amostragens foi menor que o avaliado (12).

Figura 13: Número de amostragens necessário para determinar o padrão de

distribuição dos atropelamentos semelhante ao de uma amostragem anual de VERETBRADOS, AVES, MAMÍFEROS e RÉPTEIS para os dois anos. Linha pontilhada: significância de 0.05; linha preta: ano de 2002; linha cinza: ano de 2005.

Embora o número de amostragens definido tenha sido alto para REPTEIS e todos seus grupos, a distribuição anual das densidades dos atropelamentos foi semelhante à obtida apenas nos períodos de maior atropelamento. Em 2002, amostragens realizadas na primavera e verão juntos têm o mesmo padrão de distribuição dos atropelamentos do que com

Grupo 2002 2005 VERTEBRADOS 29 30 AVES 25 39 MAMÍFEROS 16 n/d Herbívoros Aquáticos 15 n/d RÉPTEIS 30 33 H. infrataeniatus 24 >33

amostragem anual (Figura 14; Figura 15). Em 2005 as amostragens realizadas no verão, na primavera ou nas duas estações juntas apresentam o mesmo padrão de distribuição de densidades anual (Figura 14; Figura 15).

Da mesma forma que os grupos de répteis, os VERTEBRADOS também apresentaram autocorrelação temporal nos atropelamentos em 2005. Em 2002 apenas as amostragens realizadas no verão são capazes de representar a distribuição dos atropelamentos da mesma forma que amostragens anuais. Em 2005 apenas amostragens da primavera representam os atropelamentos da mesma forma que monitoramentos anuais (Figura 16).

Figura 14: Comparação da distribuição de densidades de atropelamentos anual com

(A) primavera+verão de 2002, (B) com verão 2005, (C) primavera 2005, (D) e primavera+verão 2005 para RÉPTEIS. Cinza escuro: 2002 e cinza claro: 2005.

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A

p"value(=(0.65( p"value(=(0.21(

p"value(=(0.17( p"value(=(0.43(

A B

Figura 15: Comparação da distribuição de densidades de atropelamentos anual com

(A) primavera+verão de 2002, (B) com verão 2005, (C) primavera 2005, (D) e primavera+verão 2005 para todos os grupos de répteis. Cinza escuro: 2002 e cinza claro: 2005.

Figura 16: Comparação da distribuição de densidades de atropelamentos anual com

amostragem do verão 2002 e primavera 2005 para VERTEBRADOS. Cinza escuro: 2002 e cinza claro: 2005.

D B

C

p"value(=(0.53( p"value(=(0.51( p"value(=(0.50( p"value(=(0.08( p"value(=(0.11( p"value(=(0.14( p"value(=(0.17( p"value(=(0.18( p"value(=(0.23(

p"value(=(0.41( 2005 p"value(=(0.39( 2002

4 DISCUSSÃO

O maior atropelamento dos grupos de répteis na primavera e verão ocorrem, possivelmente, por serem organismos ectotérmicos que dependem das condições ambientais para manter sua temperatura corporal e, por isso, reduzem a mobilidade no inverno (ZUG et al., 2001; POUGH; JANIS; HEISER, 2008). Outros autores também mostraram estações do ano com maior atropelamento para répteis (COELHO; KINDEL; COELHO, 2008; CURETON; DEATON,2012; JOCHIMSEN;PETERSON;HARMON, 2014).

A principal variável correlacionada ao atropelamento dos répteis foi a temperatura mínima para todos os modelos gerados, enquanto os demais grupos foram correlacionados a diferentes variáveis ambientais ou a apenas com o dia do ano. Nenhum grupo apresentou maior correlação com as variáveis do mesmo dia do atropelamento, mas autocorrelação temporal e o dia do ano foram incluídos nos modelos da maioria dos grupos.

Entretanto, a distribuição das densidades dos atropelamentos foi diferente entre os anos, indicando que um ano de amostragem não é suficiente para determinar locais permanentes de agregação dos atropelamentos. Comparando a distribuição dos atropelamentos encontramos ainda diferença nos padrão dos atropelamentos de cada grupo e a influência de um grupo dominante no padrão de outros maiores.

Devido a estes fatores, o número de amostragens definido foi diferente para cada grupo: AVES e espécies com atropelamentos autocorrelacionados indicam maior número de amostragens; os demais grupos têm a distribuição dos atropelamentos semelhante a anual com até 12 amostragens. Embora tenha sido determinado alto número de amostragem para RÉPTEIS e seus grupos, devido aos períodos de atropelamento bem marcados, eles apresentam distribuição anual de densidades dos atropelamentos semelhante a encontrada apenas nos períodos com maior atropelamento (p<0.05).

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