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2. CAMINHOS DA PESQUISA

2.2. Primeira etapa da pesquisa: os questionários

A primeira etapa da pesquisa consistiu em desenvolver um questionário com questões fechadas, que pudesse realizar um levantamento geral sobre o perfil dos estudantes de ambas as escolas participantes (Apêndice II). De acordo com Richardson (1999), questionários de perguntas fechadas “são aqueles instrumentos em que as perguntas ou afirmações apresentam categorias ou alternativas de respostas fixas e preestabelecidas” (p.191).

Dessa forma, o questionário aplicado visava abordar características gerais dos estudantes de ambas as escolas, a partir de perguntas como idade, sexo, cor/raça e renda familiar, na intenção de realizar inicialmente um levantamento socioeconômico e demográfico, além de questões que envolvem seus hábitos de consumo, de lazer, perspectivas acerca do seu futuro entre outros assuntos que serão discutidos posteriormente.

O questionário possui 32 perguntas, que foram elaboradas a partir de consultas realizadas em sites do governo federal e que trabalham com pesquisas estatísticas sobre a situação socioeconômica no Brasil, como o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos)12, o IGBE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)13 e o PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios)14.

12Disponível em:<https://www.dieese.org.br/relatoriotecnico/2007/instrumentoDeDiagnostico.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2015.

13Disponível em: <https://www.dieese.org.br/relatoriotecnico/2010/produto5.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2015.

Disponível em: <http://www.dieese.org.br/metodologia/pof4.xml>. Acesso em: 21 mar. 2015. Disponível

em:<http://censo2010.ibge.gov.br/images/pdf/censo2010/questionarios/questionario_basico_cd2010.pdf> . Acesso em: 21 mar. 2015.

Disponível

em:<http://download.inep.gov.br/educacao_basica/encceja/questionario_socioeconomico/2013/questionar io_socioeconomico_encceja_2013.pdf>. Acesso em: 21 mar.2015.

De acordo com Richardson, “geralmente, os questionários cumprem pelo menos duas funções: descrever as características e medir determinadas variáveis de um grupo social” (1999, p.189). Para a elaboração do questionário, incluíram-se as seguintes etapas, de acordo com Richardson (1999):

1. Determinação dos aspectos de interesse para a pesquisa (relação do assunto). 2. Revisão das hipóteses ou dos questionários que se desejam constatar com as perguntas. Assim, cada item do questionário deve ter um sentido preciso e responder a uma necessidade relacionada com os objetivos da pesquisa. Portanto, devem-se evitar perguntas não diretamente ligadas aos fins do trabalho. 3. Estabelecimento de um plano de perguntas a ser incluído nos questionários, ordenadamente, e localização nos instrumentos. 4. Redação das perguntas. 5. Preparação dos elementos complementários ao questionário (p.198).

As questões foram sendo selecionadas e adaptadas, mas só foram inseridas oficialmente no questionário após longas conversas e reflexões entre o pesquisador e o orientador, pois a expectativa era poder atender a ambos os grupos de estudantes.

A expectativa ao aplicar inicialmente o questionário era colher dados que pudessem destacar as semelhanças e diferenças existentes entre esses dois grupos, principalmente em relação aos seus hábitos de consumo e suas expectativas futuras. Assim, seria possível realizar uma análise preliminar das perspectivas e pretensões desses jovens em relação ao desenvolvimento dos seus projetos de vida.

Embora consideremos que o questionário tivesse uma quantidade de perguntas relativamente alta, tentou-se de maneira geral respeitar as individualidades e particularidades dos estudantes ao elaborar as perguntas. Afirma Richardson (1999), que não existem regras claras para ajustar determinados questionários a certos grupos específicos. Sendo de responsabilidade do pesquisador verificar o conteúdo e a quantidade das perguntas a serem realizadas.

Após a elaboração e discussão das questões envolvendo o primeiro questionário (Apêndice II), optou-se por aplicar um “questionário-piloto”. Segundo Richardson (1999), um pré-teste pode ser entendido como uma forma de coletar e tratar determinados dados e deve ser aplicado em um público-alvo semelhante ao participante da pesquisa.

14Disponível em:

<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseindicsoc iais2008/default.shtm>. Acesso em: 21 mar. 2015.

Para a aplicação do “questionário-piloto”, foi realizado um convite aos estudantes do curso pré-vestibular, localizado na cidade de Pirassununga, onde o pesquisador leciona a disciplina de geografia. “O pré-teste é um momento muito útil para revisar o processo de pesquisa, que não deve ser aproveitado para fazer do questionário um instrumento de monopolização do saber” (RICHARDSON, 1999, p.204).

No início da aula, foi explicada a temática e a importância da pesquisa e solicitada a ajuda de alguns estudantes que pudessem participar respondendo ao questionário, apontando, assim, possíveis dúvidas e erros presentes. Oito estudantes se prontificaram de forma voluntária a responder, durante o intervalo, o “questionário- piloto”.

Esses estudantes foram orientados a que se sentissem à vontade para apontar qualquer erro ou sugestão que pudessem observar no questionário, assim como realizar anotações críticas. Os apontamentos foram muito importantes para a correção de eventuais erros e de possíveis dúvidas que poderiam surgir durante a aplicação do questionário de fato, assim como apareceram também sugestões de outras perguntas e respostas que vieram a ser inseridas.

Dentre as sugestões feitas pelos estudantes e que interferiram no questionário oficial, ocorreu na pergunta “Qual o seu sexo?”, sendo sugerida a inserção como opção de resposta “outros”, além de “masculino” e “feminino”. Uma outra modificação significativa realizada no questionário foram as perguntas em que se tinha como resposta várias opções a serem assinaladas e que deixava com dúvidas os estudantes, pois não sabiam se seria permitido assinalar mais de uma opção ou não. Neste caso, foi inserida a seguinte observação nas perguntas onde se podia escolher mais de uma resposta, “pode assinalar mais de uma opção”.

Outras sugestões menores também apareceram, entretanto, não foram levadas em consideração por se tratar de questões muito particulares entre os estudantes, que poderia ser respondido no questionário de outra maneira, como por exemplo, a sugestão de inserir outros ambientes frequentados por esses estudantes, como academia de ginástica e a própria casa, na pergunta “Qual ambiente você mais frequenta?”.

Ao realizar a aplicação de forma oficial nos grupos participantes, foram determinados os seguintes passos para a tentativa de padronizar a aplicação: (1)

apresentação do pesquisador, seguido pela explanação dos objetivos e importância do projeto; (2) aviso sobre a não obrigação na participação e do anonimato total das respostas apresentadas; (3) instruções detalhadas sobre como responder às perguntas do questionário.

Sendo assim, optou-se por uma aplicação de contato direto, ou seja, realizada pelo próprio pesquisador, “dessa maneira, há menos possibilidades de os entrevistados não responderem ao questionário ou de deixarem algumas perguntas em branco” (RICHARDSON, 1999, p.196).

O primeiro grupo a responder o questionário foi dos estudantes da escola pública, com data previamente agendada junto à diretora e à coordenadora da escola para a segunda quinzena do mês de junho de 2015, uma sexta-feira pela manhã. O calendário de provas escolar havia sido finalizado há poucos dias, o que interferiu na presença dos estudantes na escola no dia da aplicação do questionário. O clima na escola já era de férias, poucos estudantes presentes, apenas aqueles que porventura não queriam ficar em casa ou aqueles que ainda deviam algum trabalho e nota aos professores. A princípio a intenção era aplicar o questionário apenas no 3º ano do Ensino Médio, mas como havia poucos estudantes, a coordenadora e o pesquisador resolveram convidar todos os estudantes do Ensino Médio, que naquele momento contabilizaram 64 estudantes presentes na escola.

Com a ajuda da coordenadora, os estudantes foram reunidos em duas salas, acompanhados por seus respectivos professores que ajudaram a distribuir os questionários até que pudesse ser realizada a explicação dos objetivos do projeto e a importância da participação deles em responder ao questionário. Foi esclarecido que a participação deles era voluntária e que caso não desejassem participar, apenas deveriam devolver o questionário em branco. Tudo ocorreu de forma tranquila, com um tempo médio de 10 minutos para a devolução do questionário. Assim, os dados foram organizados em uma pasta plástica preta e guardados posteriormente para a análise.

Na escola privada, o questionário foi aplicado na semana seguinte, sendo escolhido o melhor horário antes do início da aula de geografia semanal, momento em que estão reunidas duas salas de 3º ano do Ensino Médio que costuma ser denominada como “vaticano”, ou seja, todos os estudantes juntos. Inicialmente, foi explicada a importância e a temática da pesquisa, dizendo que eles não eram obrigados a responder

e, caso não desejassem participar, apenas deveriam devolver o questionário em branco. Somente um estudante devolveu o questionário em branco, sendo que o restante, outros 64 estudantes, responderam em um tempo médio também de 10 minutos.

Após a aplicação do questionário, estes foram recolhidos e separados em uma pasta plástica de cor azul, para se diferenciar da pasta preta da escola pública e depois pudessem ter os dados sistematizados.

Ao todo, foram 128 estudantes, sendo 64 da escola pública e 64 da escola privada. A análise dos dados foi feita de forma qualitativa, pois, segundo Richardson, “a análise do conteúdo visa a um tratamento quantitativo que não exclui a interpretação qualitativa” (1999, p.233). De acordo com Minayo (2004), ao classificar a amostragem qualitativa, esta favorece os sujeitos sociais privilegiando seus atributos.

Para realizar a sistematização dos dados, foi utilizado, como auxílio, o

Microsoft Excel, que possibilita editar planilhas e criar gráficos. Dessa maneira, as respostas das perguntas da escola pública e da escola privada foram organizadas em tabelas, tendo sido transformadas, posteriormente, em dados e colocadas lado a lado. Isso facilitou uma pré-análise entre os dados de ambas as escolas. Richardson afirma que “a pré-análise é uma etapa bastante flexível que permite a eliminação, substituição e introdução de novos elementos que contribuam para uma melhor explicação do fenômeno estudado” (1999, p.231).

Após essa primeira organização dos dados, eles foram separados por temas, sendo realizada uma análise descritiva dos dados apresentados e, então, transformados em gráficos de colunas e/ou pizza.

Para agrupar a análise de dados foram criados quatro subcapítulos denominados: Caracterização socioeconômica dos estudantes; A escola e sua relevância; Projeto de vida e consumo; e Consumo, cultura e perspectivas.

Durante a construção desses gráficos, optou-se pela cor preta para sinalizar os dados referentes aos estudantes da escola pública e a cor cinza para os dados referentes aos estudantes da escola privada.