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II. à prática pedagógica

II.2. Observação e prática de ensino do Português

II.2.1. Primeira Unidade Didática: a leitura expressiva

Antes de passarmos à descrição da nossa planificação e do modo como a pusemos em prática no 12.ºP, cumpre-nos fazer uma breve descrição do perfil da turma, uma vez que foi com ela que desenvolvemos o trabalho mais relevante da nossa prática pedagógica em Português.

Antes de termos contacto com os estudantes, tivemos conhecimento das características do grupo no dia 13 de setembro, no Conselho de Turma, onde cada um dos 18 alunos foi descrito individualmente. Embora tenhamos recolhido anotações para cada caso no caderno diário que fomos preenchendo ao longo da PES, não nos parece necessário fazer aqui uma descrição detalhada. Genericamente, foi transmitido que se

22O artigo de Carlos Ceia “Considerações sobre o cânone e o professor de português” foi-nos facultado

numa aula de Didática do Português. Pudemos recuperá-lo em setembro de 2014, de

tratava de um grupo de alunos com uma média de 18 anos de idade (uma das alunas tinha 20 anos), maioritariamente empenhados, apesar de alguns não o serem, educados, embora conversadores.

A partir da observação que fizemos, pudemos apurar que alguns alunos se debatiam com muitas dificuldades em Português (Produção Escrita, Compreensão Escrita e, em alguns casos, Produção Oral), talvez por não ser esta a sua língua materna. Revelaram-se, todavia, muito interessados em superar esses obstáculos. Havia, por outro lado, alunos que se destacavam, tanto nos bons resultados obtidos nos exercícios para a avaliação, como na participação das atividades propostas em aula, nomeadamente no que concerne à interpretação do texto, ao pensamento e à capacidade crítica. De um modo geral eram trabalhadores, muito afáveis, recetivos e cooperantes.

Nesta primeira aula sobre Álvaro de Campos, começámos por contextualizar o primeiro modernismo português facultando algumas referências históricas, sociais, artísticas e culturais deste despertar do século XX. Através da apresentação de imagens e da sua exploração oral em diálogo com os alunos, tentámos transportá-los para o cenário de uma Lisboa conservadora, onde se reúne um grupo de jovens artistas destinados a romper com as convenções: “a geração dos criadores que introduziram o modernismo em Portugal” (Gonçalves, 2005, p. 5). Para melhor demonstrar esta procura de rutura ao nível estético, projetámos a imagem da pintura “Cabeça” de Santa-Rita, sobre a qual incidiu um exercício de exploração orientada em que os alunos foram conduzidos à análise e interpretação da obra pictórica na sua relação com os experimentalismos artístico- literários desse tempo. Conforme se pode verificar através do Plano de Aula (cf. Anexo I, pp. i - iv), os alunos foram recebendo algumas linhas orientadoras para desencadear o processo da descoberta que se foi cumprindo através do exercício de pergunta/resposta e da reflexão conjunta entre a professora e os alunos, fomentando diversas possibilidades de leitura.

Pelo exposto, foi nosso objetivo, neste segmento letivo, conduzir os alunos à leitura expressiva da “Ode Triunfal” de Álvaro de Campos, a partir de alguns elementos preparatórios que lhes fomos fornecendo.

No decorrer da aula abordámos algumas questões teóricas relativas ao estudo do modernismo e do heterónimo em análise, que vêm explicitadas no Plano de Aula já

mencionado, com o propósito de facultar a interiorização das principais intenções do experimentalismo poético das três fases de Campos. Aspirámos que, através destas linhas orientadoras, os alunos se mostrassem aptos a compreender a experiência modernista/futurista para uma leitura expressiva da “Ode Triunfal”. No final da aula foi pedido aos alunos que treinassem em casa a leitura expressiva do poema, de acordo com as seguintes diretivas:

A voz / entoação: tendo em conta o sentido do texto; ritmo: nem muito lento nem muito rápido, boa articulação e clareza na produção dos sons; o corpo: as expressões facial e corporal devem corresponder aos sentimentos e intenções expressos no texto:

Linguagem impetuosa, excessiva Canta o mundo contemporâneo

Celebra o triunfo da máquina, da força mecânica e da velocidade Energia e movimento.

Na segunda aula desta unidade recuperámos alguns conhecimentos adquiridos em aulas anteriores através da observação comentada de imagens sobre o Portugal Futurista e a Geração do Orpheu, antes de passarmos à leitura expressiva da “Ode Triunfal” de Álvaro de Campos. No momento da leitura, que foi repartida por vários alunos, pudemos constatar que, em certos casos, ou por timidez ou por uma menor apropriação do sentido do poema, não se observou um dizer do texto revelador de emoções. Mas, na maioria dos casos, os alunos revelaram uma boa apreensão do sentido do texto e das intenções do poeta, fazendo uma leitura que revelou uma compreensão do modernismo/futurismo e desta fase de Campos.

Passámos à análise detalhada do poema em diálogo com os alunos para terminar com a resolução escrita de uma ficha de compreensão do texto.

Tendo referido anteriormente (primeira aula) as principais características das três fases de Álvaro de Campos, solicitámos aos alunos que preparassem em casa a leitura expressiva do poema “Aniversário”. A última aula desta Unidade Didática, decorreu mediante uma estrutura idêntica às duas primeiras, tendo sido concluída a matéria referente às três fases do poeta em estudo. Na generalidade, os alunos manifestaram, através das leituras expressivas e da exploração orientada dos textos, com um momento,

para cada fase, dedicado à resolução de exercícios escritos, a apreensão dos conteúdos desta Unidade.

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