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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Primeiro Experimento (semeadura do capim-braquiária)

Com exceção da altura das plantas de eucalipto para distância a 5 cm do capim-braquiária (Figura 3), todas as outras características avaliadas no primeiro experimento aos 90 dias após o plantio (DAP) apresentaram diferença significativa da testemunha para os demais tratamentos. Mantendo a exceção citada, observou-se que o tratamento com uma planta de capim-braquiária (BRADC) diferiu significativamente dos que apresentavam 2, 3 ou 4 plantas de capim-braquiária. Densidades a partir de 2 BRADC não diferenciaram significativamente entre si (Figuras 4 a 10).

Aos 30 DAP, para todas as características avaliadas no primeiro experimento, não foi encontrada diferença significativa entre os tratamentos (Figuras 3 a 10). Já aos 60 DAP, pode-se observar, para a distância de 5 cm, que a testemunha não se diferenciou de maneira expressiva do tratamento com 1 BRADC, porém, ambos diferiram dos demais

tratamento. Para 15 cm, todos os tratamentos na presença de BRADC diferenciaram da testemunha, mas não entre si.

Aos 90 DAP, tanto para a distância de 5 cm quanto 15 cm, as plantas da testemunha cresceram cerca de 20% a mais do que as do tratamento com uma planta de capim-braquiária. Em comparação ao tratamento com 2 BRADC, o crescimento das plantas da testemunha foi, em média, 36% maior (Figuras 3 e 4).

Figura 3. Altura do eucalipto (cm) em relação aos dias após o plantio, em diferentes densidades para as plantas de capim-braquiária semeadas a 5 cm do eucalipto. As barras indicam o erro padrão da média.

Figura 4. Altura do eucalipto (cm) em relação aos dias após o plantio, em diferentes densidades para as plantas de capim-braquiária semeadas a 15 cm do eucalipto. As barras indicam o erro padrão da média.

Analisando o efeito de densidades de capim-braquiária no desenvolvimento inicial do eucalipto, Toledo et al. (2000; 2001) obtiveram resultados semelhantes aos expostos. Em seus trabalhos, foram encontrados, para o mesmo período após o plantio, redução de 18,47% na altura dos eucaliptos para a densidade de 4 capim-braquiária m-² (equivalente a 1,5 BRADC na área utilizada no presente trabalho), não havendo diferença significativa em densidades maiores de capim-braquiária.

Com relação ao diâmetro do caule, aos 60 DAP é possível observar que para densidades de 2, 3 ou 4 plantas daninhas por caixa, já houve uma diferença significativa em relação à testemunha e ao tratamento com apenas uma BRADC, tanto para 5 quanto para 15 cm. Para uma planta de capim-braquiária, aos 90 DAP, o diâmetro do caule foi

menos sensível à interferência imposta pela planta daninha do que as demais características avaliadas, pois obteve um crescimento de 11,94% menor que a testemunha na distância de 5 cm, e 7,44% menor que a testemunha para 15 cm. Em contraponto, as plantas dos demais tratamentos cresceram, em média, no mesmo período, 39,7% a menos que as da testemunha, tanto para 5 cm quanto para 15 cm, não havendo diferença significativa entre eles (Figuras 5 e 6).

Tais dados condizem com os obtidos por Toledo et al. (2001) no que diz respeito ao diâmetro do caule, pois, em maiores densidades da planta infestante, os autores não constataram diferença significativa entre elas na interferência do eucalipto.

Figura 5. Diâmetro do eucalipto (mm) em relação aos dias após o plantio, em diferentes densidades para as plantas de capim-braquiária semeadas a 5 cm do eucalipto. As barras indicam o erro padrão da média.

Figura 6. Diâmetro do eucalipto (mm) em relação aos dias após o plantio, em diferentes densidades para as plantas de capim-braquiária semeadas a 15 cm do eucalipto. As barras indicam o erro padrão da média.

Com relação ao número de folhas, não houve diferença significativa para as diferentes distâncias analisadas. Aos 60 DAP já é possível observar diferença significativa entre a testemunha, e os demais tratamentos (Figuras 7 e 8).

Aos 90 DAP, essa diferença apresenta-se de forma ainda mais expressiva, sendo que as plantas do tratamento com uma planta de capim-braquiária apresentaram 56% (média das duas distâncias) menos folhas que a testemunha. Já as plantas dos tratamentos com duas, três ou quatro BRADC não apresentaram diferença significativa entre si, e obtiveram média de 79% de folhas a menos que a testemunha (Figuras 7 e 8).

Cruz et al. (2010) analisando a interferência do capim-colonião sobre o desenvolvimento inicial do eucalipto, verificaram que o número de folhas, bem como a área foliar, foram afetadas significativamente na presença da planta daninha. Estes dados

corroboram com os expostos no presente trabalho, bem como com os encontrados no trabalho de Toledo et al. (2001).

Para massa seca total (MST), não houve diferença significativa entre os efeitos das distâncias de 5 e 15 cm. Porém, houve redução média de 48% na MST para a densidade de uma planta de capim-braquiária em comparação a testemunha. Com relação aos demais tratamentos, que não diferenciaram de maneira expressiva entre si, a diferença para com a testemunha foi, em média, 82,55% menor (Figura 9).

Tarouco et al. (2009) obtiveram resultados semelhantes ao analisarem a convivência de eucaliptos com diversas plantas daninhas. Os autores observaram que, em longo prazo (cerca de 400 dias), a diferença de massa seca entre os eucaliptos expostos à convivência com as plantas infestantes, dos que não foram expostos, chegou a 400%, evidenciando que com o aumento do período de convivência o grau de interferência na cultura também é aumentado.

Figura 7. Número de folhas do eucalipto em relação aos dias após o plantio, em diferentes densidades para as plantas de capim-braquiária semeadas a 5 cm do eucalipto. As barras indicam o erro padrão da média.

Figura 8. Número de folhas do eucalipto em relação aos dias após o plantio, em diferentes densidades para as plantas de capim-braquiária semeadas a 15 cm do eucalipto. As barras indicam o erro padrão da média.

Para a área foliar não houve diferenciação significativa entre os tratamentos com 2, 3 e 4 BRADC. Também não foram constatadas diferenças significativas entre as duas distâncias analisadas. Entretanto, proporcionaram redução média de 88,5% se comparados à testemunha. A área foliar para uma BRADC foi 55,82% (média das duas distâncias) menor que a da testemunha (Figura 10). Tais dados corroboram com os obtidos por Toledo et al. (2001), no qual os autores avaliaram plantas de Eucalyptus grandis na presença de BRADC, e encontraram redução de 63,26% na área foliar para a densidade de 4 plantas m

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da planta infestante.

Figura 9. Massa seca total (g) do eucalipto em relação ao número de plantas de capim-braquiária semeadas, para as distâncias de 5 e 15 cm. As barras indicam o erro padrão da média.

Diante do exposto, há de se ressaltar a possibilidade do clone utilizado no presente trabalho ser mais suscetível à competição do capim-braquiária do que outros clones; além

disso, estavam em ambiente controlado, sem a ausência de água ou nutrientes. Autores como Bleasdale (1960), Blanco (1972) e Pitelli (1985) afirmam que o grau de interferência sofrido pela cultura é dependente das espécies, o que inclui os clones. Silva et al. (1997) constataram que plantas de Eucalyptus grandis são menos sensíveis à convivência de Brachiaria brizantha e comparado a Eucalyptus citriodora, corroborando com a afirmação feita pelos autores acima.

Ainda sobre interferência entre diferentes espécies, Souza et al. (1993), ao analisarem o efeito de duas espécies de plantas daninhas (braquiária e capim-colonião) no desenvolvimento inicial do eucalipto, constataram que a interferência causada na cultura pelo capim-braquiária foi mais acentuada em comparação a ocasionada pelo capim-colonião.

Figura 10. Área foliar (cm²) do eucalipto em relação ao número de plantas de capim-braquiária semeadas, para as distâncias de 5 e 15 cm. As barras indicam o erro padrão da média.

Graat (2012), trabalhando com diversas distâncias de capim-braquiária em relação ao eucalipto, relata que as características que mais sofreram com a competição da planta daninha foram à matéria seca (do caule e das folhas), a área foliar e o número de folhas do eucalipto, com reduções de 71,19%, 65,84%, 69,84% e 35,08%, respectivamente. Dinardo et al. (2003) analisando, em diferentes densidades, a interferência do capim-colonião no eucalipto, constataram que a partir de 4 plantas m-² já existe decréscimo no desenvolvimento do diâmetro do caule, número de folhas, altura, massa seca e área foliar. Esses dados corroboram com os resultados encontrados no presento trabalho.

Vale ressaltar ainda o trabalho de Toledo et al. (2003), no qual os autores determinaram a necessidade do controle de uma faixa de 100 cm ao longo da linha de plantio para que a interferência das plantas daninhas no desenvolvimento inicial do eucalipto fosse reduzida. Nessa mesma linha de pesquisa, Silva et al. (2012) trabalhando com eucalipto em duas cidades distintas (Araraquara e Altinópolis) do estado de São Paulo, verificaram que foi necessário o mínimo de 75 cm de faixa tratada, a partir da linha de plantio, para minimizar a interferência das plantas daninhas no desenvolvimento inicial do Eucalyptus grandis.

4.1.1. Capim-braquiária (semeada)

Na presença da planta de eucalipto, a massa seca dos tratamentos com uma planta de BRADC foi de cerca de 100 g para ambos os espaçamentos utilizados (5 e 15 cm). Já na ausência do eucalipto, a massa seca de uma planta de BRADC foi de aproximadamente 190 e 130 g, para os espaçamentos 5 e 15 cm, respectivamente (Figura 11).

As massas secas de duas plantas de BRADC, na presença de uma planta de eucalipto foi de cerca de 120 e 100 g para os espaçamentos 5 e 15 cm respectivamente. Já

na ausência do eucalipto, e para os mesmos espaçamentos, as massas secas de duas BRADC totalizaram 220 e 280 g, aproximadamente.

Já para os tratamentos que continham três plantas de BRADC, a massa seca oscilou entre 180 e 220 g, independentemente da presença ou ausência da planta de eucalipto, para espaçamentos de 5 e 15 cm respectivamente. Os tratamentos com quatro plantas de BRADC, tanto na presença quanto na ausência da planta de eucalipto, apresentaram massa seca de cerca de 150 gramas para os espaçamentos analisados (Figura 11).

Figura 11. Valores de massa seca das plantas de capim-braquiária semeadas, em relação à sua densidade, para as diferentes distâncias (5 e 15 cm) na presença e ausência do eucalipto. As barras indicam o erro padrão da média.

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