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2. O Turismo de Negócios

2.3. Tendências da Meetings Industry

2.3.4. Primeiros sinais de recuperação do sector

Embora não seja possível prever com exactidão qual será a evolução da indústria do Turismo de Negócios dada a sua dependência da evolução dos mercados, os esforços despendidos parecem estar a produzir efeitos. De acordo com Statistics Report 2000-2010 da ICCA (2011) a média de participantes por reunião atingiu o valor mais baixo da última década em 2010, com 571 participantes por reunião internacional. Apesar dos constrangimentos macroeconómicos, o relatório de 2011 da EIBTM assinala já o aumento dos níveis de procura e de preços, sendo os primeiros, em muitos sectores, semelhantes aos registados em 2008, isto é, anteriores à crise (Davidson, 2011). Contudo, de acordo com o International Monetary Fund World Economic Outlook (WEO), em 2012, assistir-se-á a um crescimento moderado da economia global que a possibilidade de regresso à recessão económica nos Estados Unidos, de escalada da crise na Europa agravada pelo efeito de contágio entre países da zona Euro e de desaceleração das economias emergentes, em particular da China, poderão dificultar.4 À semelhança do WEO, o European Travel

Comission’s Trends e Prospects Quarterly Report prevê a possibilidade de uma nova recessão, baseada nos mesmos factores.5

Apesar destas previsões pouco promissoras, parece existir um clima de algum optimismo no sector que, nos últimos dois anos, tem vindo a registar uma evolução positiva. Com efeito, o Statistics Report 2000-2010 da ICCA assinala o aumento do número de reuniões de associações internacionais no ano de 2010. Avançando a informação de que

4 Cf. World Economic Outlook Update - Global Recovery Stalls, Downside Risks Intensify, 24 de Janeiro de 2012,

<http://www.imf.org/external/pubs/ft/weo/2012/update/01/index.htm> (acesso em 14/04/2012).

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teriam decorrido mais 800 eventos do que no ano anterior, Martin Sirk afirma no já referido prefácio que muitas dessas iniciativas não tinham lugar anteriormente:

“[m]any of these are genuinely new events rather than newly-discovered but long-established conferences: they are spinning off from established parent meetings, cloning successful formulae in new regions, or literarily popping into existence to meet the needs of new discoveries or directions in science, technology and healthcare” (ICCA, 2011: 4).

Segundo a Advito (2012), já no ano de 2011 se verificara uma maior procura da realização de reuniões de negócios, tendência iniciada no ano anterior, na sequência de uma melhoria dos resultados, que permitiu às empresas um maior investimento nessa área. De acordo com a mesma organização, existe a expectativa de que, no final de 2012, se atinjam níveis semelhantes aos máximos de 2008, com algumas empresas dispostas a investir verbas mais alargadas nestas iniciativas, o que, ainda assim, representa um investimento relativamente baixo. Por outro lado, esta última circunstância significará para as empresas de Turismo de Negócios uma nova dificuldade: a de manter, com um orçamento mais baixo, os níveis de qualidade do ponto de vista logístico – preço dos hotéis, dos voos, da alimentação e das bebidas.

A previsão do aumento gradual da procura em 2012 terá impacto do ponto de vista da oferta, no respeitante à disponibilidade logística, sobretudo nos mercados em que a procura era tradicionalmente elevada, como Londres e Nova Iorque. Embora a Europa se mantenha como o destino preferido,6 a sua popularidade tem vindo a decrescer nos últimos

dez anos. A mesma tendência se tem verificado na América do Norte. Prevê-se que o crescimento sustentado da procura levará os organizadores a buscar mercados secundários e terciários. Assistir-se-á também à crescente procura do Turismo de Negócios nos mercados emergentes como a China e a Índia, devido à necessidade das empresas de apoiarem os seus negócios localmente. Segundo a Advito (2012), em 2012, a oferta aumentará significativamente na Ásia e na região do Pacífico, mantendo-se sensivelmente a mesma na América do Norte e na Europa.

6 De acordo com o Statistics Report 2000-2010 da ICCA (2011), em 2010, 54% das reuniões decorreram neste

continente. Os dados disponíveis a 9 de Maio de 2011 mostram que os Estados Unidos e a Alemanha ocuparam respectivamente o primeiro e o segundo lugares entre 2001 e 2010 no respeitante à organização de reuniões internacionais, com a distância entre ambos os países a diminuir progressivamente. Para além destes dois países, a França, a Itália, a Espanha e o ReinoUnido também figuraram entre os dez países onde este tipo de eventos ocorreu em maior número. No decurso desse período de tempo, Viena foi a cidade mais procurada para esse tipo de iniciativas. Entre as dez cidades mais procuradas para o efeito contam-se ainda Barcelona, que sendo embora alvo de procura flutuante, nunca desceu abaixo do quinto lugar, Berlim e Paris, respectivamente desde 2003 e 2004, e, fora da Europa, Singapura. Não tendo alguma vez subido além do quinto lugar, Lisboa situou-se sempre nas dez primeiras posições, excepto em 2001 e 2005.

40 De acordo com a Advito, em 2012, a procura crescente e a estabilização da oferta resultarão no aumento do preço dos hotéis, mais significativo à medida que o ano avança, tendência que se acentuará em 2013 e se justifica pelo facto de a marcação com antecedência criar junto da indústria hoteleira um clima de confiança. Por esse motivo, os intervenientes na organização de eventos de negócios poderão recorrer a cidades de segundo e terceiro nível para o efeito, tendo em conta os custos mais reduzidos. Ao mesmo tempo, essa opção promoverá o desenvolvimento dessas localidades europeias e de outras regiões.

Enquanto componente do Turismo de Negócios, o mercado de incentivos encontra- se também em recuperação, ainda que de forma mais lenta do que a organização de reuniões. Ao mesmo tempo, a tendência é para a alteração da natureza dos incentivos, que, de acordo com a Advito (2012), deixam de caracterizar-se por um elemento de extravagância para se adaptarem aos gostos das novas gerações, as quais, mais do que golfe ou tratamentos de spa, apreciam actividades ao ar livre e ementas opcionais, incluindo alimentação saudável. Os incentivos tenderão também a assumir uma dimensão educativa e de cidadania, revertendo, por vezes, para a comunidade ou para uma organização caritativa. A prestação da indústria do Turismo de Negócios no contexto da crise económica e financeira mostra como é claramente afectada pela conjuntura global. Por outro lado, ao demonstrar capacidade de reagir e lidar com a situação económica desfavorável, a indústria de Turismo de Negócios afirma a sua vontade de fazer parte da solução desse problema.

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3. O Destino como conjunto de experiências e serviços

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