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2.7. Gestão dos CDW

2.7.3. Prinícipio da Hierarquia de Resíduos

Os resíduos de construção e demolição podem ser gerados devido à demolição ou desmantelamento de uma estrutura, erros cometidos durante a construção, entre outros. A gestão de resíduos de construção contempla duas abordagens essenciais: a primeira consiste em minimizar a quantidade gerada e a segunda consiste na reutilização dos resíduos produzidos. Uma outra vertente importante é a reciclagem em que uma quantidade considerável de resíduos pode ser utilizada no fabrico de novos materiais de construção. De forma a gerir os resíduos corretamente pode ser útil avaliar no local os fatores que afetam a geração dos mesmos (Dakwalea e Ralegaonkarb, 2014).

De acordo com o DL nº 73/2011, o princípio da hierarquia de resíduos, está definido em 6 prioridades (figura 2.24) sendo elas a prevenção e redução, a preparação para a reutilização, a reciclagem, outros tipos de valorização e por último a eliminação.

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O mesmo decreto acima mencionado, no artigo 7º, fixa alguns objetivos a alcançar até 2020 sendo eles (DL 73/2011):

 Estabelece um aumento mínimo para 70 % em peso relativamente à preparação para a reutilização, a reciclagem e outras formas de valorização material, incluindo operações de enchimento que utilizem resíduos como substituto de outros materiais, resíduos de construção e demolição não perigosos;

 Sempre que tecnicamente exequível, é obrigatória a utilização de pelo menos 5 % de materiais reciclados ou que incorporem materiais reciclados relativamente à quantidade total de matérias-primas usadas em obra, no âmbito da contratação de empreitadas de construção e de manutenção de infraestruturas ao abrigo do Código dos Contratos Públicos.

2.7.3.1.REDUZIR

A redução da produção de resíduos é a primeira medida integrante do princípio de hierarquia dos resíduos, proporcionando grandes benefícios ambientais. Esta medida permite, menor poluição proveniente da sua produção e transporte, poupança de energia e a redução de deposição de material em aterro.

A obtenção deste objetivo passa pela adoção de uma filosofia de desenvolvimento e avaliação de projetos que privilegie a seleção de materiais suscetíveis de serem reutilizados ou reciclados após demolição ou desmantelamento (Silva, 2012).

É importante salientar o potencial de certos procedimentos em obra no que diz respeito à redução do desperdício de materiais. O cumprimento do plano de gestão de resíduos torna-se fundamental na obtenção destes objetivos, adotando estratégias que incluem (Melim,2010):

 análise antecipada dos resíduos que irão ser produzidos;

 identificar os materiais mais fáceis de recuperar e cujo custo de reciclagem seja menor;

 identificar os materiais perigosos, definindo procedimentos de recolha e tratamento adequados à sua perigosidade;

 ordenação lógica, conforme as necessidades, dos materiais em estaleiro de forma a evitar o excesso de stock.

2.7.3.2.REUTILIZAR

Esta operação tem como principal objetivo prolongar o ciclo de vida do material. Esta operação deve ser desenvolvida sempre que os materiais possuam ainda, grande parte das suas propriedades (por exemplo a resistência ou a forma) e possam por isso ser rentabilizadas. Não se pressupõe, porém, que tenha de desempenhar a mesma função. Através de técnicas de manutenção e reparação ou de algumas adaptações o material poderá ter outra utilidade totalmente distinta daquela para a qual foi inicialmente previsto (Silva, 2012).

2.7.3.3.TRIAGEM E RECICLAGEM

Segundo o DL 46/2008 quer a reutilização de materiais quer o encaminhamento de CDW para reciclagem ou outras formas de valorização obrigam necessariamente à criação de condições em obra no sentido da adequada triagem de matérias e de resíduos por fluxos e fileiras.

A triagem e a reciclagem são etapas fundamentais em termos de valorização dos CDW. A fase de triagem permite a separação dos CDW consoante a sua natureza (papel, madeira, metais, plásticos, entre outros) (Torgal e Jalali, 2010).

A correta triagem no local de produção constitui um contributo fundamental para maximizar a

valorização dos resíduos produzidos. A triagem dos CDW produzidos na obra deverá efetuar-se preferencialmente no local de produção.

A reciclagem de materiais e componentes na construção, consiste na reintrodução destes no sistema produtivo, dando origem a produtos diferentes dos iniciais, ou seja, que possam servir de matéria- prima.

Na tabela seguinte encontra-se, o p

otencial de reciclagem de vários tipos de CDW.

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A figura 2.24 mostra, a reciclagem dos resíduos de construção e demolição per capita, ao longo do tempo, em 27 países da EU e na Noruega. Países como a França, Alemanha e Irlanda têm um nível de reciclagem da ordem das 2 e 3,5 toneladas. Por outro lado, países como a Áustria, Bélgica, Dinamarca, Estónia, Holanda e Reino Unido apresentam um nível de reciclagem inferior, entre 0,5 e 1,5 toneladas.

De forma a tornar mais percetível a leitura da figura anterior encontram discriminados os valores da reciclagem (per capita), na tabela 2.13:

Figura 2.24: Reciclagem de resíduos de construção e demolição per capita na UE e na Noruega (Fischer e Werge, 2009)

Segundo a Comissão Europeia, os resíduos de construção e demolição, têm sido identificados como um fluxo de resíduos prioritário pela União Europeia. Estes resíduos, apresentam um elevado potencial de reciclagem e de reutilização, dado que os seus componentes têm elevado valor enquanto recurso. Em particular, existe um mercado de reutilização de agregados derivados dos CDW, em estradas, drenagem e outros projetos de construção. A tecnologia para a separação e recuperação destes resíduos, está bem estabelecida, é facilmente acessível e, em geral de baixo custo (Comissão Europeia do Ambiente,2016).

Como se pode verificar pela figura 2.25, o grau de reciclagem e de recuperação dos resíduos de construção e demolição, referente ao ano de 2011, é distinto para os diferentes países, sendo em alguns casos inferior a 10 % e noutros superior a 90 %. Pela análise do gráfico verifica-se a inexistência de reciclagem dos CDW, em Portugal, no ano de 2011.

Em Portugal existiam em 2012 entre 15 a 20 instalações fixas de reciclagem, licenciadas pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), para a recuperação da fração mineral de CDW e produção de materiais a serem utilizados no sector da construção. A maioria destas instalações de reciclagem está localizada nas áreas metropolitanas das principais cidades, em particular, Lisboa e Porto, que correspondem aos locais de maior atividade de construção (Martins et al., 2012).

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