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CAPÍTULO 1: A INFLUÊNCIA DA ESTRUTURA, CONDUTA E DESEMPENHO DOS

1.7 A Conduta dos Agentes na Formação de Preços em Oligopólio

1.7.2 O Princípio do Custo Total:

“quebra” na demanda, as curvas de receita marginal seriam descontínuas o que garantiria uma manutenção nos preços mesmo com significativa alteração nos custos. Deslocamentos moderados na demanda também pouco surtiriam efeitos sobre o preço.

Labini alia o conceito da curva de demanda quebrada com o princípio do custo total, devido à impossibilidade da existência de um equilíbrio marginalista, pois não seria possível estabelecer um preço onde o custo marginal cruzasse com e Receita marginal, dada a descontinuidade da última.

Conforme será exposto na seção adiante, o princípio do custo total não estabelece a quantidade a ser produzida pela firma sem a existência de um dado preço. Como o próprio preço não pode ser obtido com o auxílio da curva de demanda quebrada, estes dois mecanismos apenas explicam apenas a rigidez nos preços em oligopólio. Autores como Labini (1984) e Bain (1956) argumentam que a determinação de um preço de equilíbrio dependerá das condições de entrada de novas firmas desta indústria. Deste modo o seu processo de determinação seria deslocado para o longo prazo.

1.7.2 O Princípio do Custo Total:

Este princípio, desenvolvido por Labini (1984), sugere que os preços a serem fixados pelas firmas seriam aqueles nos quais cobrissem os custos diretos (salários, insumos, energia), mais uma porcentagem sobre os custos indiretos (máquinas, amortizações, despesas com administração) e uma margem de lucros. Deste modo tem-se:

v q v q v p= + ´ + ´´ x k v q =´ g v q´´ = Onde: x = Quantidade produzida k = custo fixo

22

v = custo direto médio

´

q = % que cobre o custo fixo

´´

q = % necessário para obter o lucro g g = lucro p = preço Para: ´´ ´ q q q= + qv v p= + Onde: g x k qv= +

Por se tratar de um método simples e convencional seu uso facilitaria a ação colusiva dos agentes com o propósito de elevarem suas margens de lucro. Também auxiliam a disciplinar o mercado quanto à volatilidade nos preços.

Ao considerar a dinâmica de entrada e saída de firmas, Labini apresenta três tipos de preços que seriam usualmente utilizados como estratégia de mercado: Os preços mínimos, de exclusão e de expulsão. O primeiro garantiria à empresa um retorno mínimo ao seu capital, ou seja, a taxa de lucro normal da economia. O segundo refletiria numa queda na taxa de lucro do setor, tal que seria menor que a taxa de lucro mínima de equilíbrio da economia, o que desestimularia a entrada de novos concorrentes. Quanto ao último, seria aquele abaixo dos custos diretos de determinado tipo de empresa (ex: pequenas), obrigando-as a sair deste mercado. No logo prazo o preço de exclusão seria igual ao de expulsão.

Labini atribui a execução dessas estratégias de preços à(s) empresa(s) dominante(s), que os fixarão seguidamente, até encontrar seu ponto de estabilidade.

23 Mesmo com a manutenção de um mesmo nível de preços, ainda há a questão da quantidade a ser produzida para o mercado, na qual sofrem variações cíclicas (LABINI, 1984). O empresário produzirá uma quantidade intermediária entre x (quantidade onde o 0

lucro é igual a 0) xmax (quantidade máxima possível de produzir com a planta). Neste caso:

0 x k v p= + v p k x − = 0

A quantidade que serve para determinar o preço deverá ser maior que x0 para ter lucro líquido. Mas x depende do preço para ser determinado, além do custo fixo e do variável 0

médio. A interdependência existente entre as empresas no oligopólio impede que a firma elabore seu preço isoladamente. Assim o preço deverá ser um dado pelo mercado para a firma estipular a quantidade a ser ofertada. Deste modo tem-se:

n

x : Solução de equilíbrio, dado p.

n x k qv > Então: g x k qv= n +

Portanto este modelo explicaria apenas variações de preços e não a sua determinação. Mudanças nos custos referentes a todas as firmas da indústria gerariam variações nos preços de mercado, sendo mantidas as margens sobre os lucros, enquanto que alterações nos custos em uma ou em algumas firmas não impactariam sobre os preços, mas apenas sobre suas margens de lucros. Isso mostra a relação de dependência existente entre a conduta de formação de preços em oligopólio e os parâmetros estruturais de mercado para o estabelecimento dos preços12 (SCHERER & ROSS, 1990).

12 Diferentemente da abordagem da ECD, Labini atribui apenas as barreiras à entrada como responsáveis pela

24 A quantidade produzida e as margens de sobre os custos fixos e o lucro seriam indeterminadas sem um dado preço de equilíbrio. O preço, uma vez fixado, após estabilização, ou manutenção da estrutura de mercado, tenderia a permanecer no mesmo nível, segundo o mecanismo da demanda quebrada.

Outras formas de fixação de preços também são comumente utilizadas pelas firmas oligopolistas tais como a formação de mark-ups, preço “standard” e a precificação por pontos focais. O estabelecimento de preços com mark-up consiste na adição de uma determinada margem sobre os custos médios (ou marginais). Segundo Varian (1994) este método é representado pela seguinte fórmula:

ε − = 1 me C p Onde: p = preço

ε

= elastiscidade-preço de demanda me C = custo médio

Como se pode observar a firma deverá operar no segmento elástico da curva de demanda, de modo a obter um mark-up maior do que um, e assim auferir alguma margem. Para o caso da firma se confrontar com uma demanda de elasticidade constante, o mark-up não se modificará com a quantidade produzida pela firma.

O preço “standard” é também calculado a partir dos custos e se baseia num volume esperado demandado de produção. Sobre isso, estipula-se uma margem de retorno desejado sobre o capital, que será revisto de acordo com o padrão de competição verificada na indústria e com suas metas de longo prazo.

25 No caso da precificação pela regra dos pontos focais13, sua aplicação é preferida no caso de situações onde os competidores não possuem informações ou subsídios à coordenação da indústria. Neste caso as firmas tenderão a buscar preços que convirjam a um ponto comum, sendo escolhido por analogia ou por simetria de uma situação anterior, onde se alcançará um “meio termo” de equilíbrio.

Observam-se como as estratégias de mark-up do preço “standard” são derivadas do “princípio do custo total” e, como a técnica dos pontos focais, são somente apenas mais tipos regras para disciplinar a competição da indústria. Destaca-se também que estas regras sofrem com as mesmas limitações acima explicadas.