4.6 O MODELO ANALYTIC HIERARCH PROCESS (AHP)
4.6.3 O PRINCÍPIO DA SÍNTESE DAS PRIORIDADES
Depois de realizado o principio dos julgamentos comparativos inicia-se a fase da síntese das prioridades por meio do cálculo de autovetores e autovalores.
Dada uma matriz quadrada
R
de ordemn
, comℜ
∈
ij
a
, um autovalor (ou valor característico) deA
, équalquer constante
λ∈C
, que satisfaz a equaçãoW
AW
=λ
, denominada de equação característica, ondeW
é um vetor coluna de ordemn
, denominado autovetor(ou vetor característico) de
A.
Da equação matricial
AW
=λW
, resulta que:=
−
I
X
A
)
(
λ
0, que é um sistema de equações lineares. Para que este sistema tenha solução não-trivial, terá que ocorrer:det(A− Iλ
)=0
resultando, após a aplicação do determinante, numa equação polinomial de grau n.0
)
(λ
=
p
é denominada de equação característica e)
(λ
p
de polinômio característico da matriz. As raízes dopolinômio característico são justamente os autovalores de
A
.Saaty (1991) apresenta quatro heurísticas para a determinação do autovetor e autovalor:
PRIMEIRA
Multiplica-se os
n
elementos em cada linha e toma- se a raizn
-ésima. A seguir, normaliza-se a coluna dividindo-se cada número da matriz pela soma de todos os números.SEGUNDA
Divide-se os elementos de cada coluna pela soma daquela coluna e, então soma-se os elementos em cada linha resultante e divide-se esta soma pelo número de elementos na linha. Este é um processo para tirar a média das colunas normalizadas.
Partindo-se da soma dos elementos em cada coluna, formam-se os recíprocos desta soma. Para normalizar-se de um modo que estes números dêem como soma a unidade, divide-se cada recíproco pela soma dos recíprocos.
QUARTA
Somam-se os elementos em cada linha. Normaliza- se o resultado, dividindo-se cada soma pelo total de todas as somas, de modo que os resultados somados dêem o valor um.
Apesar de não serem exatas, pode ser obtida uma boa estimativa das prioridades. Através de um experimento feito com uma matriz de ordem 6, foram realizadas 290 iterações e calculado o
λ
max,RC,IC
, pelas quatro formas. Os resultados das matrizes em questão só são considerados, quando pelo menos porum dos métodos o
RC
for menor ou igual a 10%.O próximo capítulo versará sobre a metodologia utilizada no presente trabalho.
CAPÍTULO 5 METODOLOGIA
A logística empresarial demanda um certo grau de aprofundamento e sofisticação das atividades. Não é diferente com a logística humanitária.
Pressupõe-se a necessidade de uma central de inteligência e suporte, de caráter permanente, que atue como indutora de políticas de preparação para situações de desastre.
Uma central de inteligência e suporte de caráter permanente pode contemplar aspectos como, por exemplo:
Coordenação e estabelecimento prévio de atribuições das instituições envolvidas;
Levantamento prévio de potenciais locais
(disponíveis ou adaptáveis) para o
estabelecimento de centrais de recebimento, controle e distribuição de recursos;
Criação de uma infra-estrutura
informacional (modelos computacionais,
modelos de simulação, etc.);
Treinamento de pessoas (familiarização com softwares, simulações);
Estabelecimento de parcerias (parcerias de transporte, suprimentos, recursos, etc.);
Construção de possíveis cenários de desastre.
No momento do desastre ou da iminência do mesmo, as questões principais que precisam ser encaradas são:
1. Onde localizar uma (ou várias) central(ais) de recebimento, controle e distribuição de materiais?
2. Como organizar e controlar o recebimento e a distribuição destes materiais?
A Figura 5.1 sintetiza os principais problemas na iminência do desastre.
Figura 5.1: Principais problemas na iminência do desastre.
É importante destacar que pelo fato da logística humanitária ser uma área muito nova, muita coisa ainda precisa ser estudada e consolidada.
Dentro deste contexto mais amplo, o presente trabalho visa dar uma contribuição nos problemas 1 e 3, considerados críticos em muitas situações emergenciais.
No problema 1, optou-se pela localização de uma única central. Neste sentido, utilizou-se a metodologia multicritério AHP, tendo em vista que a mesma tem sido amplamente utilizada mostrando-se adequada para auxiliar a tomada de decisão em diferentes situações. [DERSA(2001); Pereira et al (2001); Rabbani et al (1996); Roy (1995); Schmidt (1995); Arbel (1990); Belton (1996); Cook et al (1990); Costa et al (2001); Vargas (1990); Nogueira et al (2005)]. Também a opção de sua escolha deve-se ao fato da autora estar familiarizada com o método, pois utilizou na sua dissertação de mestrado. [Nogueira, (2002)].
O desenvolvimento desta etapa envolveu ampla pesquisa de campo com diversos especialistas. Aproveitou-se este contato com os especialistas para
levantar os aspectos básicos que devem ser
contemplados na Central de Inteligência e Suporte de caráter permanente.
Na direção do problema de distribuição, a principal contribuição desta tese é no sentido de montar uma rede dinâmica, que pode ser atualizada no decorrer do tempo, permitindo que a própria comunidade possa participar de sua atualização.
Para a construção da rede são utilizados conceitos básicos de Teoria dos Grafos e, mais especificamente o algoritmo de Dijkstra. (Anexo B).
A concepção da rede tem como base a utilização de Sistemas de Informações Geográficas (SIGs), dentro do conceito de biblioteca digital de informações geográficas (BDGs); ambiente compartilhado, distribuído e interoperável através de Webservice; vinculada ao conceito colaborativo de redes sociais, conforme detalhado no capítulo 7.
Os dois capítulos que seguem apresentam o desenvolvimento e a aplicação dos modelos: para a Localização (Problema 1) e para a Distribuição ( Problema 3).
CAPÍTULO 6
O DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DO MODELO PARA LOCALIZAÇÃO
Neste capítulo, apresenta-se o modelo para a localização de uma central de inteligência e suporte para recebimento, controle e distribuição de recursos em situações emergenciais, com a utilização da metodologia multicritério AHP. Também são detalhadas a aplicação e os resultados obtidos.
6.1 ETAPAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO MODELO
O desenvolvimento do modelo para localização tem como base os princípios do AHP que foram detalhados no capítulo 4. O objetivo desta fase é a localização de uma central de inteligência e suporte para recebimento, controle e distribuição de recursos em situação emergencial.
As diversas etapas são descritas a seguir.
1. Definição dos elementos primários de
avaliação: Os aspectos a serem levados em consideração na concepção de uma central de
inteligência e suporte para situações
emergenciais. Esta etapa compõe-se dos aspectos mais gerais e considerações iniciais. Por exemplo: Que características deve ter uma central de inteligência e suporte para situações emergenciais? Que considerações devem ser feitas em relação a central num momento pré- desastre? E na iminência do desastre?
2. Composição de critérios e subcritérios: É a etapa de construção dos critérios e subcritérios específicos para a localização de uma central de inteligência e suporte para recebimento, controle
e distribuição de recursos em situação
emergencial.
3. Construção da árvore hierárquica: É a etapa de estruturação em uma hierarquia dos critérios e subcritérios para a localização de uma central
de inteligência e suporte para recebimento, controle e distribuição de recursos em situação emergencial.
4. Análise de alternativas: É a etapa de análise propriamente dita das possíveis alternativas de localização.
A figura 6.1 sintetiza o desenvolvimento do modelo.