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3.   Medição de desempenho em sustentabilidade 22

3.1.   Princípios e definições 22 

A idéia conceitual da medição de desempenho em sustentabilidade consiste em coletar dados mensuráveis e rastreáveis das firmas que reflitam os principais aspectos ou pontos de pressão. O grande desafio é gerar e disseminar informações para a tomada de decisão sobre sustentabilidade que sejam robustos, relevantes, acurados e viáveis em custo para os usuários (OLSTHOORN et al., 2001; JIN; HIGH, 2004).

Segundo Sikdar (2003), desenvolvimento sustentável pode ser visto como um balanço entre desenvolvimento econômico, gestão ambiental e igualdade social. Ainda de acordo com esse autor, a sustentabilidade somente ocorrerá quando as condições econômicas e sociais forem melhoradas ao longo do tempo sem exceder a capacidade ambiental. Essa visão é referida amplamente como sendo a abordagem do resultado triplo, ou triple bottom line.

A avaliação de desempenho das organizações deve ser feita para cada uma das dimensões da sustentabilidade: indicadores ambientais, indicadores sociais e indicadores econômicos. No entanto, essas métricas10 avaliam somente uma dimensão da sustentabilidade,

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A Agência de Proteção Ambiental (EPA, 2003) dos Estados Unidos lista uma série de exemplos de métodos e ferramentas que podem ser empregados para avaliar a sustentabilidade de sistemas de produção, p.ex. inventário de emissões, avaliação do ciclo de vida, contabilidade do custo ambiental, avaliação de risco, entre outros exemplos.

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A métrica define um meio específico para mensurar e avaliar um indicador de desempenho. No geral, uma variedade de métricas pode ser escolhida para qualquer indicador. Considerando o indicador Resíduo Sólido, métricas em potencial incluem volume anual (toneladas/ano), melhoria anual (% redução), ou quantidade evitada (toneladas recicladas/ano) (FIKSEL; MCDANIEL; MENDENHALL, 1999).

sendo por isso chamadas unidimensionais (1D). Da mesma forma, existem tentativas de mensurar duas dimensões (2D). Tais métricas estão ilustradas na Figura 3.1 como pertencentes à área comum entre duas dimensões, sendo classificados como: indicador sócio- econômico, indicador de eco-eficiência e indicador sócio-ambiental. Medidas que reflitam a sustentabilidade são obtidas da intersecção de todos os aspectos do resultado triplo, sendo por isso, classificadas como tridimensionais (3D).

Figura 3.1 – Dimensões da sustentabilidade e tipos de indicadores de desempenho. Fonte – SIKDAR, 2003, p.1930.

Veleva e Ellenbecker (2001) colocam os indicadores de sustentabilidade como importantes ferramentas de suporte a gestão de sustentabilidade. Os indicadores podem facilitar a criação de um sistema de produção mais ecoeficiente e responsável socialmente. A seguir é apresentada uma lista de objetivos que deve ser atendida pelas empresas e seu sistema de medição de desempenho com a finalidade de viabilizar a produção sustentável:

• Produzir informações periódicas sobre o desempenho das instalações; • Promover a aprendizagem organizacional em sustentabilidade;

• Medir continuamente o desempenho para rastrear os avanços em sustentabilidade; • Atualizar e melhorar o desempenho da empresa por meio de benchmarking

externo;

• Estabelecer canais de comunicação com os stakeholders;

• Incentivar a participação dos stakeholders na tomada de decisão.

Uma lista de fatores de qualidade para os indicadores também foi elaborada por Veleva e Ellenbecker (2001), servindo como um guia durante o processo de construção do

Resultado triplo (triple bottom line) Dimensão  ambiental Dimensão  social Dimensão  econômica Dimensão sócio‐ambiental Dimensão sócio‐econômica Dimensão da ecoeficiência

sistema de medição de desempenho. A seguir podem ser vistos os fatores de qualidade apresentados pelos autores:

• Apropriado a tarefa de mensurar a produção sustentável; • Baseados em dados disponíveis, acurados e verificáveis; • Baseado em um conjunto de indicadores e não em um; • Baseado em indicadores principais e suplementares; • Baseado nos princípios de produção sustentável; • Formado por um número gerenciável de indicadores;

• Fácil de aplicar, além de permitir a reavaliação de seus indicadores; • Simples, mas poderosos;

• Formado por indicadores quantitativos e qualitativos; • Apropriado a comparações entre companhias;

• Apropriado às discussões sobre os principais assuntos globais;

• Consistente com indicadores sustentáveis nacionais e da comunidade;

• Desenvolvido através de um processo amplo com a participação de stakeholders; • Formado por uma fronteira de estudo bem definida.

• Elaborado com dimensões bem definidas: unidade de medida, tipo de medida (absoluto ou taxa) e período de medida

Outras características foram, ainda, citadas por Schwarz, Beloff e Beaver (2002) como fundamentais para os indicadores de sustentabilidade (Quadro 3.1).

Quadro 3.1 – Características desejadas para os indicadores em sustentabilidade.

Características  Descrição 

Simples  Nãoserem requer grande quantidade de tempo e tão pouco de mão‐de‐obra para  desenvolvidos  Útil  Devem ser úteis para a tomada de decisão e relevante para o negócio  Compreensível  Deve ser de fácil entendimento para pessoas de diferentes áreas  Baixo custo  A tomadas das medidas devem apresentar custo compatível 

Decomposição  Osregras resultados obtidos devem ser consistentes e comparáveis de acordo com  ajustadas a tomada de decisão  Robusta  Demonstrarmelhorias (passível de verificação)  corretamente que avanços foram feitos quando da adoção de  Complementaridade  Osempresas resultados para um negócio podem servir de dados de entrada para outras  na cadeia de suprimentos  Segurança  Dados sigilosos devem ser preservados em segurança 

De acordo com Spangenberg e Bonniot (1998), os indicadores devem ser simples e diretos, mostrando aspectos de desempenho que sejam relevantes e sem exageros. O conjunto de medidas deve procurar não focar somente nos sintomas e danos, mas também, buscar prever e responder a possíveis pressões. Os indicadores devem ser comunicáveis, reproduzíveis e limitados em número, porém refletindo os pontos principais de pressão de uma forma confiável.

Além das determinações quanto ao formato e construção dos indicadores de sustentabilidade apresentados acima, estes também devem seguir a quatro princípios básicos, como apresentado por Fiksel, McDaniel e Mendelhall (1999):

1. Devem considerar relação entre recursos e valor;

2. Devem atender ao conceito do resultado triplo, ou triple bottom line; 3. Devem procurar enxergar todo o ciclo de vida do produto manufaturado;

4. Devem usar indicadores de resultado juntamente com direcionadores de resultado. O primeiro fator chave trata dos recursos consumidos contraposto ao valor gerado. As organizações sustentáveis devem maximizar a criação de valor enquanto minimizam o consumo de recursos e a geração de poluentes. O conceito do resultado triplo, ou triple bottom

line, apresentado por Elkington (1998), deve ser atendido plenamente pelo sistema de

medição de desempenho, i.e., as dimensões ambiental, social e econômica são mensuradas conjuntamente dentro de uma dada empresa. No final, o desempenho para as três dimensões precisa ser balanceado com a finalidade de melhorar a sustentabilidade do sistema como um todo. A consideração de todo o ciclo de vida das operações e produtos da empresa é outro fator chave. Considerar o escopo do ciclo de vida implica visualizar as fases que antecedem a produção até a disposição final do produto (FIKSEL; MCDANIEL; MENDELHALL, 1999). Finalmente, o uso de indicadores de resultado e também de direcionadores de resultado é importante para a legitimidade do sistema de medição de desempenho. (Figura 3.2) Além de mensurar as melhorias alcançadas, é fundamental mensurar as iniciativas tomadas pela gestão para tornar a empresa mais sustentável.

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