• Nenhum resultado encontrado

Princípios para formulação de planos de produção florestal

3.2 CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO DE REALIZAÇÃO DO ESTUDO

3.3.5 Princípios para formulação de planos de produção florestal

De acordo com Chadwick (1973) o planejamento, seja este urbano, rural, industrial ou regional, representa uma forma particular da planificação, que é entendida, pura e simplesmente, como uma ciência que envolve um processo de reflexão e ação humana, sempre orientada a um futuro otimista, pois pressupõe a capacidade do homem de controlar seu destino, dentro de certos limites.

Em suma, o planejamento corresponde a um processo de tomada de decisões, envolvido em um modo de pensar que leva a diversas indagações sobre o que fazer, como quando, quanto, para quem, por quem e onde (OLIVEIRA, 2001).

Independente dessas indagações, o ato de planejar, invariavelmente, está vinculado a um conjunto de características, dentre as quais cabe destacar: a antecipação dos acontecimentos, o compromisso com o futuro, a tomada de decisões de forma organizada, a preocupação com a eficácia, a atenção com as mudanças no ambiente e o uso correto dos recursos (SILVA, 2006).

Apesar de não aparentar, a atividade de planejamento é complexa, até mesmo pela própria natureza, de um processo contínuo de pensamento sobre o futuro, vinculado a ações inter-relacionadas e interdependentes que visam ao alcance de objetivo previamente estabelecido (OLIVEIRA, 2001).

A realidade é que o planejamento se constitui em uma ferramenta de trabalho que sustenta o processo de tomada de decisão e organiza as ações de maneira lógica e racional, garantindo assim a obtenção de melhores resultados e o alcance dos objetivos, com menores custos e prazos (BUARQUE, 1999).

O fato de o planejamento utilizar métodos consagrados na teoria e prática em sua formulação e, principalmente, configurar um processo sistemático de decisão, lhe confere uma conotação técnica e racional. Desta forma, esta ferramenta combina duas dimensões, quando voltada a sociedade, a política e a técnica, compondo uma síntese técnico-político (BUARQUE, 1999).

De acordo com Buarque (1999) essa concepção do planejamento, deve levar a mudanças na definição das prioridades do desenvolvimento e da participação da sociedade na tomada de decisões, que deve ser orientada por parâmetros técnicos. Assim, o planejamento constrói um projeto com o aval dos atores sociais e públicos que serão afetados pelo mesmo.

No que diz respeito ao estabelecimento de diretrizes para um plano da atividade florestal, voltado à produção de madeira com fins energéticos, em Guarapuava e região, além dos conceitos de planejamento discutidos por Chadwick (1973), Buarque (1999) e Oliveira (2001), utiliza-se como referência o guia do National Forest Programme Facility (NFP), baseado na obra da FAO6 (1996); e as recomendações de King (1974).

6

FAO. Formulation, execution and revision of national forestry programmes: basic principles and operational guidelines. Food and Agriculture Organization of the United Nations, Rome: 1996.

O NFP é uma entidade internacional criada em 2002, que reconhece o papel essencial dos programas florestais na resolução de problemas vinculados a tal setor, e tem como objetivo auxiliar países a desenvolver e implementar efetivos programas florestais, que reflitam as prioridades nacionais e as necessidades locais. O NFP, hoje, é dirigido por um comitê formado por representantes de países beneficiários, do Banco Mundial, de instituições de pesquisa, de Organizações Não Governamentais (ONGs), da FAO e do setor privado (NFP, 2011).

O guia do NFP (2011) propõe que a formulação e a elaboração de um plano florestal, compreendam as seguintes etapas: (a) Organização do processo; (b) Planejamento; (c) Aplicação do programa; (d) Revisão e atualização.

A primeira é caracterizada pela logística e compreende a identificação dos grupos interessados no setor florestal e afins, a organização dos mecanismos de coordenação e o desenvolvimento de uma estratégica de comunicação que garanta a transparência do processo e a participação dos atores (NFP, 2011).

O “Planejamento” é entendido como uma etapa de análises e estudos. As atividades chaves que devem ser realizadas são: exames dos setores florestal e afins, ou seja, a situação atual, a identificação de obstáculos, as potencialidades e os problemas; descrição e avaliação de opções; formulação de uma política florestal e elaboração da estratégia em longo prazo; preparação de um plano de ação, associado com as prioridades identificadas (NFP, 2011).

A terceira etapa intitulada como “Aplicação do programa” inclui a fase operacional, ou seja, a formulação detalhada e avaliação dos projetos, a obtenção de ajuda financeira, a execução e o prosseguimento do plano (NFP, 2011).

A última fase de revisão e atualização se preocupa em avaliar e revisar periodicamente o plano desenvolvido (NFP, 2011).

Sobre as informações a serem obtidas durante e para as análises, King (1974) expõe que na formulação de planos, programas ou políticas florestais, seria conveniente a obtenção de dados sobre: os fatores que influenciam sobre a produtividade das florestas, como por exemplo, clima, relevo e solo; a população e sua distribuição por localidade e classe de idade; a força de trabalho; as tendências do crescimento demográfico e da mão de obra; a renda per capita; as tendências do consumo dos produtos florestais; as possibilidades de incentivar financeiramente a produção florestal; as razões custo/benefício das atividades florestais; os períodos de cultivos alternativos (escala cronológica); a capacidade de absorção de mão de

obra das diversas atividades possíveis e; a possibilidade de industrialização dos produtos florestais.

King (1974) afirma que, caso seja possível a obtenção de todas estas informações, deve ser elaborado um plano de aproveitamento das florestas, que indique com segurança os caminhos a serem seguidos. No entanto, caso isso não seja possível o plano ou a política florestal deverá ter um grau de complexidade que reflita a quantidade de informações disponíveis, ou seja, com uma base de dados escassa o plano deve traçar linhas generalizadas, ao contrário de quando se tem em mãos um grande número de informações.

Deve-se lembrar de que a formulação de planos florestais tem de se associar aos planos econômicos nacionais já existentes, portanto, algumas atividades básicas devem ser consideradas, como: a avaliação dos recursos florestais existentes; a identificação de produtos florestais potenciais; a estimação dos rendimentos atuais e futuros das florestas; a avaliação da demanda por produtos florestais; os estudos de viabilidade quanto ao estabelecimento de florestas e; os estudos econômicos quanto à localização das florestas e indústrias do setor. Estes estudos indicariam a extensão da superfície do local, região ou nação que deveria ser dedicada à atividade florestal (KING, 19727 citado por KING, 1974).