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I- Enquadramento

6. Princípios

Os julgados de Paz na sua atuação têm como base um conjunto de princípios orientadores que passaremos desde já a analisar.

O artigo 2º da Lei 78/2001 de 13 de Julho prevê na sua redação alguns dos princípios basilares do funcionamento e organização dos Julgados de Paz. Atentemos à letra da lei e desde logo destacamos “a participação cívica dos interessados” para que “haja uma justa composição dos litígios por acordo das partes”.

O princípio da simplicidade, o princípio da adequação, o princípio da informalidade, o princípio da oralidade, o princípio da economia processual, o princípio da participação cívica dos interessados, o princípio da proximidade, o princípio da celeridade. Todos estes princípios estão indissociavelmente ligados entre sim e têm um objetivo comum – a de uma justiça mais célere. Pelo que também o princípio da celeridade só é favorecido pelos aspetos decorrentes da proximidade, simplicidade, adequação e oralidade.

É por isso que em média os processos demoram entre 35 a 60 dias a ser resolvidos.46

No entanto, ainda que não estejam expressamente previstos na letra da Lei dos Julgados de Paz, estão implícitos ainda outros princípios decorrentes dos acima descriminados, que também pretendem aproximar os cidadãos da justiça, fomentando a participação activa e directa das partes.

Destacamos aqui o princípio da acessibilidade, o princípio da subsidiariedade, princípio do dispositivo, princípio da pacificação de conflitos e princípio da equidade47.

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Fonte: site Conselho dos Julgados de Paz -

www.conselhodosjulgadosdepaz.com.pt, acedido em 15/02/2016, intervenção de Maria Judite Matias Juíza de paz coordenadora do julgado de paz de Oliveira do Bairro, in Conferência Os Julgados de Paz;

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João Chumbinho compara e sistematiza as diferenças entre os princípios que regem os Julgados de Paz e os princípios que orientam os tribunais judiciais.

De referir apenas que naturalmente há princípios comuns aos Julgados de Paz e aos tribunais judiciais, pelo facto de constituírem “imposição constitucional”, como sucede com o “princípio do dispositivo, princípio do inquisitório, principio do contraditório, princípio da igualdade das partes, princípio da imparcialidade do juiz, princípio da publicidade…”.48

Atentemos então nos princípios dos Julgados de Paz que muitas vezes encontram concretização não só na Lei dos Julgados de Paz, como também no Código de Processo Civil.

6.1. Princípio da Participação dos Interessados

Tendo em conta o artigo 2º da Lei 78/2001 de 13 de Julho , encontramos desde logo este princípio em destaque, consagrando este que aqueles que se dirigirem a um Julgado de Paz enquanto parte processual (demandante ou demandado) têm a faculdade de participar no processo de uma forma activa.

“A actuação dos Julgados de Paz é vocacionada para permitir a participação cívica dos interessados”49 – Isto quer dizer que as partes devem

estar presentes, tendo em que conta que se considera que as partes serão, desde logo, as maiores conhecedoras da causa que originou o litígio e que poderão assim também ser as mais indicadas para se chegar à resolução do problema.

47 CHUMBINHO, João – Julgados de Paz na Prática Processual Civil, Quid

Juris, Lisboa, 2007, pág. 53;

48 CHUMBINHO, João – Julgados de Paz na Prática Processual Civil, Quid

Juris, Lisboa, 2007, pág. 53;

49 GOUVEIA, Mariana França – Curso de Resolução Alternativa De Litígios, 3ª

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“As partes têm de comparecer pessoalmente, podendo fazer-se acompanhar de advogado, advogado estagiário ou solicitador” – Artigo 38º nº 1 da LJP. 50

Regra geral a presença do advogado é meramente facultativa, exceptuando os casos previstos na Lei 78/2001 de 13 de Julho.

Na fase de mediação as partes são quem deve ter o papel principal, através da comunicação directa, do diálogo.

Tendo as partes também a faculdade de escolha de resolução do problema, seja em mediação, conciliação51.

6.2. Princípio do Estimulo ao Acordo

Como decorre do artigo 2º, nº 1 da Lei dos Julgados de Paz, o princípio do estímulo ao acordo está intimamente ligado ao princípio da participação dos interessados, e como o próprio diz “o julgado de paz está vocacionado para estimular a justa composição de litígios por acordo das partes”.52

No decorrer do processo nos Julgados de Paz existe a sempre a possibilidade das partes chegarem a acordo, seja na fase de mediação ou na fase de conciliação.

Na fase de mediação pretende-se que se conclua sessão com acordo obtido (voluntariamente) entre as partes – ainda que sem qualquer pressão para a obtenção do acordo, não existindo qualquer penalidade se este não se alcançar.

Na fase de julgamento, o juiz de paz procura conciliar as partes53sempre no início de cada audiência. (Também na subfase de conciliação não existe obrigatoriedade de se chegar a acordo, não existindo igualmente nenhuma sanção para as partes)

50CHUMBINHO, João – Julgados de Paz na Prática Processual Civil, Quid

Juris, Lisboa, 2007, pág. 54;

51 CHUMBINHO, João – Julgados de Paz na Prática Processual Civil, Quid

Juris, Lisboa, 2007, pág. 58;

52 CHUMBINHO, João – Julgados de Paz na Prática Processual Civil, Quid

Juris, Lisboa, 2007, pág. 58;

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6.3. Princípio da Simplicidade

O Princípio da Simplicidade é concretizado pela ideia de que o processo é linear, de fácil compreensão, acessível às partes “enquanto cidadão comum”. Contrariamente ao que sucede no Processo Civil em tribunais judiciais, que apenas é compreensível para juristas.

Este princípio pretende que as formalidades e procedimentos concretizem a desburocratização que é tão caracterizadora do processo civil em tribunais comuns. É aqui que encontramos também a concretização para o tempo médio real de resolução de processos, que demoram em média cerca de 30 a 90 dias a serem resolvidos/concluídos.

O facto de se poder apresentar o requerimento oralmente na secretaria (reduzido a escrito pelo técnico de atendimento) – é a tradução prática (diária) dos Julgados de Paz.

O princípio está intimamente conexionado com os princípios da oralidade, da celeridade e da informalidade, sobre os quais nos debruçaremos adiante.

O artigo 2º, nº2 da Lei dos Julgados de Paz confere que “os Julgados de Paz estão concebidos e orientados por princípios de simplicidade”

O artigo 137º do CPC consagra que “Não é lícito realizar no processo actos inúteis, incorrendo em responsabilidade disciplinar os funcionários que os pratiquem”54

Pretende-se agilizar procedimentos e diligências praticadas neste tribunal ao longo do decorrer do processo.

6.4. Princípio da Adequação Formal

54 CHUMBINHO, João – Julgados de Paz na Prática Processual Civil, Quid

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Na análise deste princípio verifica-se a necessidade de explicar a clara diferença que existe no decorrer do processo em tribunal comum e do processo em Julgados de Paz.

Na sua concretização este princípio pretende a justiça adaptada ao caso concreto, traduzindo-se em flexibilidade.

Nos Julgados de Paz não existe uma forma de processo prevista como sucede nos tribunais judiciais e em que existe “processo comum/sumário e sumaríssimo”, e que se encontram previstos nos CPC/CPP.

O artigo 265º A consagra que “quando a tramitação processual prevista na lei não se adequa às especificidades da causa, deve o juiz oficiosamente, ouvidas as partes determinar a prática dos actos que melhore se ajustem ao fim do processo, bem como as necessárias adaptações”

O princípio da adequação formal juntamente com o princípio da simplicidade permitem que o processo se desenrole e se ajuste às especificações de cada acto/processo. Em cada caso concreto deve-se afastar as formalidades desnecessárias à justa composição do litígio55.

6.5. Princípio da Informalidade

O processo que decorre Julgados de Paz tem como ideia basilar ser uma alternativa ao processo decorrente nos tribunais judiciais, pelo que pretende eliminar objectivamente o ritual típico do processo civil no tribunal comum.

Com a aplicação deste princípio, pretende-se eliminar o excesso de formalismo que só viria contradizer, atrasar e dificultar a justa composição dos litígios que apenas se conseguem resolver na maioria

55 PEREIRA, Joel Timóteo Ramos – Julgados de Paz, 3ª edição, Quid Juris,

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das vezes por acordo, devido ao facto de na sua base não existir esse entrave formal56.

Deste modo, o princípio da informalidade fomenta o diálogo aberto entre as partes, essencialmente nas fases de mediação e conciliação.

No entanto e ainda assim, alguns formalismos são essenciais de se manter, de forma a assegurar o mútuo respeito entre as partes, nomeadamente na fase de julgamento.

6.6. Princípio da Oralidade

O princípio da Oralidade é dos que mais caracteriza o decorrer do processo nos Julgados de Paz, tendo em conta que a oralidade é a forma privilegiada nos Julgados de Paz para se transmitir informação - começando desde logo pela propositura da acção – artigo 43, nº 2 e nº 3º; seja na apresentação da Contestação – artigo 47º, nº 1.

As notificações podem ser feitas por telefone e durante a sessão de pré-mediação e mediação as partes comunicam, em todo o seu esplendor, através de diálogo.

Em sede de julgamento também o juiz de paz convida e fomenta o diálogo entre as partes, dando-se sempre preferência a esta forma de comunicação directa.

A sentença é também proferida oralmente pelo juiz perante as partes, sem prejuízo de ser igualmente reduzida a escrito.57

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COSTA, Ana Soares da; RIBEIRO, Catarina Araújo; PEREIRA, Joana de Deus; LIMA Marta Pimpão Samúdio e BANDEIRA, Susana Figueiredo – Julgados de Paz e Mediação. Um novo conceito de justiça, AAFDL, Lisboa, 2002;

57 CHUMBINHO, João – Julgados de Paz na Prática Processual Civil, Quid

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A fase de pré-mediação e mediação são predominantemente realizadas através do diálogo das partes, passando apenas a acordo escrito se as partes chegarem a acordo.

Há necessidade de salvaguardar aquilo que reproduzido oralmente, ser o que se transcreve para os autos. Ou seja a redução a escrito, deve coincidir com a palavra das partes58.

6.7. Princípio da Absoluta Economia Processual

O Princípio da Absoluta Economia Processual tem consagrado na sua essência os artigos 137º e 138º do CPC, onde se prevê a proibição de actos inúteis para o processo, pretende-se ainda que sejam eliminados ou reduzidos os actos que não sejam considerados indispensáveis para o bom andamento do processo e para a boa decisão da causa.

No entanto, devem salvaguardar-se sempre os Direitos Liberdade e Garantias e as formalidades indispensáveis.

Ao eliminar-se as inutilidades a resolução do conflito revela-se mais célere e cinge-se ao que realmente interessa sem divagações, aumentando assim a resolução do número de litígios59.

6.8. Princípio da Equidade

A equidade consubstancia-se na Justiça aplicada ao caso concreto 60.

O juiz deve atender a uma ponderação, a uma perspectiva de razoabilidade das partes, ainda que a equidade não afaste a fundamentação obrigatória à decisão61.

58 PEREIRA, Joel Timóteo Ramos – Julgados de Paz, 3ª edição, Quid Juris,

Lisboa, 2005.

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SEVIVAS, João – Julgados de Paz e o Direito, Rei dos Livros, Lisboa, 2007 pág.92

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6.9. Princípio da Pacificação de Conflitos

O princípio da pacificação de conflitos encontra-se desde logo referenciado na própria nomenclatura do tribunal. Como se evidência os JP, incluem a palavra Paz na própria designação, dando desde logo essa mesma ideia, a quem não tenha sequer noção do que se trate os JP.

Efectivamente, no decorrer do processo nos JP, pretende-se sempre preservar a relação entre as duas partes que se encontram ali em conflito.

Pretende-se que se ultrapasse aquele litígio de uma forma pacífica, conversando, chegando a um acordo dentro de uma lógica de “relação de vizinhança”.

Desde a mediação à conciliação existe este sentimento de apaziguar e resolver o conflito da melhor forma possível e que mais convenha às partes.

No decorrer de um processo nos Julgados de Paz não há a ideia de que uma das partes tem que ganhar a causa. As duas partes devem sair a ganhar, a relação das partes deve sair a ganhar.

6.10. Princípio do Dispositivo

O princípio do Dispositivo predominante nos Julgados de Paz, surge por oposição ao princípio do Inquisitório que caracteriza o processo nos tribunais comuns.

O princípio do inquisitório traduz-se na condução do processo pelas mãos do juiz. Quer isto dizer que o bom andamento do processo não depende propriamente da vontade das partes, mas antes das

61 CHUMBINHO, João – Julgados de Paz na Prática Processual Civil, Quid

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alegações e provas oferecidas pelas partes. Aqui será sempre o juiz a investigar e a decidir62.

O princípio do dispositivo contrariamente ao princípio do inquisitório pretenda e valoriza claramente o interesse das partes.63 “Pois ninguém melhor que os próprios titulares pode saber cuidar dos seus direitos e interesses”64

O princípio do dispositivo pretende assim, dar voz activa às partes ao longo de todo o processo, apenas cabendo ao juiz proferir a decisão, caso aquelas não consigam chegar a acordo.

Este princípio está patente quando se estímula o acordo entre as partes, facultando a estas a resolução do conflito.

Ao longo do meu estágio verifiquei a concretização prática desde princípio, que tal como refere João Chumbinho, este princípio encontra- se reforçado com a criação dos Julgados de Paz.

6.11. Princípio da Celeridade

O princípio da celeridade traduz-se na prática no desenrola processo de forma expedita. Quer isto dizer que em conjugação com todos os outros princípios basilares dos Julgados de Paz, o processo aqui (neste tribunal em contraposição ao processo nos tribunais comuns) tende a ser menos moroso.

A própria CRP fala de celeridade quando diz que a justiça deve ocorrer em tempo útil. cfr. Artigo 20º nº 5 CRP. A decisão para o caso concreto

62 CHUMBINHO, João – Julgados de Paz na Prática Processual Civil, Quid

Juris, Lisboa, 2007, página 131;

63 CHUMBINHO, João – Julgados de Paz na Prática Processual Civil, Quid

Juris, Lisboa, 2007, pág 130;

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SOUSA, Miguel Teixeira de, Introdução ao Processo Civil, Lex, 2000,pág. 59;

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deve ser obtida dentro de um prazo razoável a que o seu efeito útil não se dilua no tempo65.

Nos Julgados de Paz o horário de expediente alarga-se até aos sábados de manhã e pode-se eventualmente trabalhar nos feriados, não existindo aqui férias judiciais, pelo que não há suspensão de prazos (ao contrário do que sucede nos tribunais judiciais.66

O tempo médio de um processo nos Julgado de Paz é de 60 dias para se ver concluído. No entanto pode ir de 30 a 90 dias, consoante o desenrolar de actos e fases processuais (de fazer notar que muitas vezes o atraso processual dá-se devido à dificuldade de citar o demandado).

Durante a minha experiência nos Julgados de Paz e devido ao aumento de competências do JP em Setembro do ano transacto, o número de processos aumentou drasticamente, tendo possivelmente (se futuramente não aumentarem o número de juízes de paz), havido um ligeiro retrocesso no que diz respeito ao princípio da celeridade.

No entanto, regra geral, as diligências processuais desenrolam-se de forma bastante expedita.

6.12. Princípio da Proximidade

O princípio da proximidade é concretizado no artigo 4º da LJP onde a proximidade se deve ao facto de os JP se tratarem de “tribunais locais” que na génese pretendem aproximar o cidadão à Justiça, tornando os tribunais mais acessíveis a todos os que os procuram ou pretendem procurar.

As características dos Julgados de Paz que revelam essencialmente este princípio da aproximação são:

65 COSTA, Ana Soares da; RIBEIRO, Catarina Araújo; PEREIRA, Joana

de Deus; LIMA Marta Pimpão Samúdio e BANDEIRA, Susana Figueiredo – Julgados de Paz e Mediação. Um novo conceito de justiça, AAFDL, Lisboa, 2002;

66 CHUMBINHO, João – Julgados de Paz na Prática Processual Civil, Quid

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- O horário de funcionamento (essencialmente o horário alargado (das 9h15 às 19h30) permite aos cidadãos deslocar-se quando tiverem disponibilidade.67

- A taxa de justiça (valor máximo de € 70 por processo, € 35 custas para cada parte, € 25 quando as parte cheguem a acordo via mediação) – faz com que qualquer cidadão independentemente da sua condição económica/financeira possa aceder ao tribunal.

- o facto de não existir obrigatoriedade de constituição de advogado, também reduz as custas de colocar uma acção no tribunal.

6.13. Princípio da Subsidiariedade

O princípio da subsidiariedade consubstancia-se na relação de complementaridade entre a UE e os Estados-Membros. Atendendo ao Artigo 5º do Tratado que institui a UE, o princípio da subsidiariedade consiste na acção subsidiária da UE em relação aos Estados-Membros. Quer isto dizer que, a UE só intervém quando se trate matéria da sua exclusiva competência, supondo sempre uma actuação ponderada, não devendo essa actuação exceder aquilo que seja necessário para alcançar os objectivos do Tratado.

Deste modo, existe uma relação de cooperação, que consiste no facto de competir aos Estados-Membros agir sempre que não se trate de competência exclusiva da União Europeia68.

Algumas matérias que são reguladas de forma exclusiva pela U.E. como a União aduaneira e a Política monetária (nos países aderentes ao Euro). Existem ainda competências compartilhadas entre a UE e os

67 CHUMBINHO, João – Julgados de Paz na Prática Processual Civil, Quid

Juris, Lisboa, 2007, pág 101;

68 PEREIRA, Joel Timóteo Ramos – Julgados de Paz, 3ª edição, Quid Juris,

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Estados-Membros, como é o caso de: mercado interno, ambiente, transportes, energia, agricultura, pescas, seguranças, justiça69.

Não obstante, cabe à União Europeia intervir o mínimo possível, estando limitada a actuação quando os Estados-Membros não conseguirem atingir sozinhos os objectivos a que o Tratado se propõe.

Em bom rigor, o princípio da subsidiariedade visa proteger a capacidade de decisão e acção dos Estados-Membros, quando a UE não tiver legitimidade para intervir.

O princípio da subsidiariedade é complementado pelos princípios da atribuição e princípio da proporcionalidade.

Pelo que a União Europeia só intervém em domínio político se:

a) Essa acção fizer parte das competências atribuídas à UE - princípio da atribuição;

b) No âmbito das competências partilhadas os objectivos forem mais pertinentemente alcançados com a acção da EU - fixados no Tratado- princípio da subsidiariedade;

c) Se o conteúdo e forma da acção não excederem o necessário para alcançar os objectivos fixados nos Tratados. – princípio da proporcionalidade70;

Por outro lado, este princípio tem igualmente o objectivo de aproximar os cidadãos à UE. Neste seguimento este princípio determina quando a UE é competente para legislar e quando pode contribuir para que as decisões sejam tomadas o mais perto possível dos cidadãos.

6.14. Princípio da Cooperação

Este princípio é fomentado ao longo do decorrer de todo o Processo nos Julgados de Paz.

69 PEREIRA, Joel Timóteo Ramos – Julgados de Paz, 3ª edição, Quid Juris,

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Desde a fase de mediação, em que se pretende que as partes cooperem entre si com vista a obter um resultado final – O Acordo. cfr. artigo 53º, n.º 2 da Lei 78/2001 de 13 de Julho.

Na fase de conciliação também o juiz incentiva a que se chegue a um acordo de partes.

No entanto, se não se chegar a um acordo não há nenhuma sanção para as partes e aí compete ao juiz de paz a decisão do resultado71.

Não obstante o princípio da cooperação entre as partes, juiz e mediador é o que se procura no decorrer do processo, atendendo ao facto de só assim se conseguir atingir o propósito de encontrar uma solução que agrade a ambas as partes.

6.15. Princípio da Acessibilidade

A Constituição da República Portuguesa consagra o princípio de acesso aos direitos e aos tribunais e é nisso que consiste na prática o princípio da acessibilidade72.

O princípio da acessibilidade consiste numa aproximação dos tribunais, da justiça aos cidadãos.

Dos factores com maior influência no afastamento ou proximidade os cidadão à justiça é o custo que isso pode acarretar.

Como já se verificou os Julgados de Paz têm um custo fixo de 70€.

Como diz o Juiz de Paz, João Chumbinho, o princípio da acessibilidade traduz, na prática, o princípio da constitucionalidade do acesso ao direito e aos tribunais

71 PEREIRA, Joel Timóteo Ramos – Julgados de Paz, 3ª edição, Quid Juris,

Lisboa, 2005;

72 CHUMBINHO, João – Julgados de Paz na Prática Processual Civil, Quid

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