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Cobertura Vegetal

1970 1980 1991 2000 2010 1970 1980 1991 2000 2010 Eunápolis 63.540 79.161 93.413 7.005 4.959 6

4.4 Principais atividades econômicas  Pecuária

O processo de ocupação pela pecuária na área em estudo se deu pelo desmatamento da Mata Atlântica, pelos antigos madeireiros na busca de espécies nobres. Embora a agricultura tenha importância significativa na composição do PIB, nas atividades voltadas para a produção de alimentos, a pecuária desponta como a maior agregadora de áreas e capital, sendo uma das atividades econômicas mais importantes. Essa atividade se distribui por todos os sistemas ambientais da bacia aqui destacados, à exceção daqueles localizados nas planícies de agradação do baixo curso.

O peso dos sistemas produtivos no campo é verificado quando analisada a área destinada as atividades agropecuárias. De acordo com os dados declarados no Censo Agropecuário de 2006, a pecuária agregava a maior parte da área em ambos os municípios. Em Eunápolis representa 86,18% das áreas voltadas para a produção alimentar, com 42.613 ha (Tabela 17; Gráfico 09). Nesse mesmo ano o efetivo bovino do município era de 98.200 cabeças de gado (Tabela 18). Santa Cruz Cabrália também possui a maior parte de suas terras ocupadas com pastagens, 60,85%. Neste município, há uma maior área agrupada em torno das lavouras permanentes e temporárias, que são de 8.688 ha e 7.535 ha, respectivamente, quando comparado a Eunápolis.

Tabela 17 – Área em hectares ocupada pelas atividades agropecuárias na BHRSJT em 2006.

Municípios permanen-Lavouras tes Lavouras temporárias Pastagens (naturais e plantada) Terra Inaproveitá veis Terras produtivas não utilizadas ou em descanso Eunápolis 3.485 1.219 42.613 1.052 1.078 Santa Cruz Cabrália 8.688 7.535 28.562 1.438 718

Gráficos 09 – Percentual da área ocupada pelas atividades agropecuárias na BHRSJT em 2006.

Fonte: Censo Agropecuário de 2006.

A bacia apresenta a maior parte de sua área apta ao uso com pastagens. A atividade pecuarista desenvolvida é extensiva e destina-se a pecuária de corte e leiteira e seus derivados, que são produzidos artesanalmente em cooperativas ou em fábricas e exportada para grandes centros regionais (Figura 58).

Figura 58 – Área de pastagem plantada com o gado solto no pasto, no Sistema Tabuleiros Costeiros na BHRSJT.

A maior parte do rebanho bovino se concentra em Eunápolis, com efetivo bovino em 2011 de 77.615 animais. O que se observa, analisando os dados da Tabela 18, é que o total de efetivo bovino em Eunápolis apresentou crescimento entre 1989 e 2004, após esse período verifica-se oscilações com grandes perdas, apresentando em 2011, o mesmo efetivo que tinha em 2001. Já em Santa Cruz Cabrália, nota-se que o efetivo aumenta e diminui em vários períodos. Nos últimos 5 anos, o efetivo demonstra queda. Este fato pode estar atrelado a diminuição das áreas de pastagem para a implantação da eucaliptocultura. Além disso, muitos produtores rurais estão participando de programas de fomento florestal desenvolvidos pela Veracel.

Tabela 18 – Total de efetivo bovino, municípios da BHRSJT entre 1989 e 2011.

Ano Municípios

Eunápolis Santa Cruz Cabrália

1989 21.450 25.543 1990 22.366 26.452 1991 22.995 27.402 1992 23.697 28.405 1993 58.708 15.106 1994 55.574 14.799 1995 61.245 15.539 1996 65.730 15.140 1997 68.043 14.803 1998 68.043 14.509 1999 71.826 14.215 2000 74.652 14.637 2001 78.113 15.085 2002 97.228 23.929 2003 107.091 24.160 2004 107.681 24.650 2005 103.469 23.742 2006 98.200 23.570 2007 103.944 24.506 2008 81.894 17.496 2009 86.699 17.741 2010 86.584 16.715 2011 77.615 17.550

 Agricultura

As atividades rurais da bacia caracterizam-se por um padrão de utilização da terra com uma pequena variedade de atividades produtivas representativas, tendo como as de maior relevância, em termos econômico- espaciais, a silvicultura e a pecuária bovina. Atualmente, as atividades agrícolas se concentram em torno da produção de mamão e cana-de-açúcar que são as maiores geradoras de capital, com emprego de grande quantidade de investimentos privados e modernização agrícola. A fruticultura irrigada empresarial é voltada ao mercado interno de diversos estados brasileiros e exportação, e a cana-de-açúcar devido ao cenário atual do país, que aponta uma valorização dos biocombustíveis, é cultivada para atender a demanda da Usina Santa Cruz para a produção de álcool. A Tabela 19, apresenta a produção agrícola de Eunápolis em 2011.

Tabela 19 – Produção agrícola do município de Eunápolis em 2011.

Cultura Área plantada (ha) Quantidade produzida (t) ou *1.000 frutos

Valor em R$ 1.000

Abacaxi 20 *300 210

Banana 123 984 806

Cacau (em amêndoa) 1.088 316 1.769

Café (em coco) 1.150 828 2.980

Cana-de-açúcar 3.349 167.450 8.372

Coco-da-baía 1.756 *8.780 5.092

Feijão (em grão) 25 19 39

Goiaba 45 1575 1.417 Laranja 6 120 50 Limão 45 450 229 Mamão 462 31.416 25.761 Mandioca 1.600 19.200 4.224 Maracujá 1.10 1.650 1.188 Melancia 15 300 99

Milho (em grão) 130 104 37

Pimenta-do-reino 86 301 1.210

Em Eunápolis, as culturas que apresentaram maior área plantada em 2011 foram: a cana-de-açúcar, coco-da-baía e mandioca, respectivamente. A mandioca representa grande importância econômica para o município, por ser o 4º maior produtor do estado. O cultivo é realizado em sua maior parte por agricultores familiares, com baixa produtividade, técnicas rudimentares, e uso do fogo como prática de limpeza da área em áreas de solos naturalmente pobres, desenvolvidos sobre os sedimentos do Grupo Barreiras, em sua maioria de Latossolos Amarelos (Figura 59 e 60). Além disso, este uso da terra vem disputando espaço com a silvicultura, onde as grandes empresas do setor de celulose buscam ampliar suas plantações e acabam expulsando o pequeno produtor. Essa é uma realidade de todo o Extremo Sul da Bahia, onde a agricultura tradicional vem disputando o território e seus recursos com grandes empresas capitalistas, especialmente nos sistemas ambientais que apresentam topografia plana e permitem a agricultura mecanizada.

Figura 59 – Área com plantio de mandioca em Eunápolis-Ba, em antigas áreas de reflorestamento no Sistema dos Tabuleiros Costeiros.

Figura 60 – Área com plantio de mandioca e eucalipto em Eunápolis-Ba no Sistema dos Tabuleiros Costeiros. À frente, observa-se uma área pronta para o cultivo, após a limpeza com fogo, e ao fundo plantios de mandioca em contato com o eucalipto, protagonizando uma verdadeira guerra pela disputa do território.

Fonte: Trabalho de Campo 2013.

Quando verificada a participação dos produtos agrícolas na geração de capital no campo em Eunápolis, pode-se perceber que o cultivo de mamão é responsável por 49%, seguido da cana-de-açúcar com 16%, cultivados nos sistemas ambientais de áreas planas (Gráfico 10). O cultivo do mamão merece destaque no Extremo Sul da Bahia, pois esta é responsável por 80% da produção estadual, sendo que o estado produz 48% da produção nacional, e pelo fato do Brasil ser um dos maiores produtores mundiais (ALMEIDA, 2009). Em 2011, Eunápolis produziu mais de 31 mil toneladas de mamão (Tabela 19). Também é expressiva a produção de café que em 2011 foi de 828 toneladas. Alguns produtores fazem o consórcio da produção do mamão com o café. Com isso diminui-se os custos com a cultura do café, além de geração de

mais empregos e renda no campo (Figura 61). A cultura do mamão que vem se destacando como uma alternativa de diversificação agrícola recebe investimentos e incentivos governamentais, e acaba por fomentar a cafeicultura no município.

Gráfico 10 – Participação dos principais produtos agrícolas no valor produzido pela Agricultura de Eunápolis, em 2011.

Fonte: IBGE – Pesquisa Agrícola Municipal

Figura 61 – Plantios de mamão consorciado com café em Eunápolis no Sistema dos Tabuleiros Costeiros.

Em Santa Cruz Cabrália, a maior quantidade produzida foi de cana- de-açúcar, com 142 mil toneladas, seguido do mamão, com 55.000t e a mandioca com 10.800t (Tabela 20). Quando verificada a participação desses produtos na geração de capital no campo, a cultura do mamão é responsável por 73% e a cana-de-açúcar 16% (Gráfico 11). Em menor escala, aparecem o abacaxi, café, banana e pimenta-do-reino que são destinados a atender os mercados do próprio município e cidades vizinhas.

Tabela 20 – Produção agrícola do município de Santa Cruz Cabrália em 2011.

Cultura Área plantada (ha) produzida (t) Quantidade ou *1.000 frutos Valor em R$ 1.000 Abacaxi 50 1.050* 703 Banana 86 688 571 Borracha 60 27 64

Cacau (em amêndoa) 92 18 92

Café (em coco) 475 285 1.026

Cana-de-açúcar 3.550 142.000 9.940

Coco-da-baía 260 3.120* 1.809

Feijão (em grão) 8 5 10

Mamão 810 55.080 45.165

Mandioca 900 10.800 2.268

Maracujá 14 210 149

Milho (em grão) 16 9 3

Pimenta-do-reino 30 120 489

Gráfico 11 – Participação dos principais produtos agrícolas no valor produzido pela Agricultura em Santa Cruz Cabrália, em 2011.

Fonte: IBGE – Pesquisa Agrícola Municipal.

 Silvicultura

A silvicultura praticada na bacia é destinada ao fornecimento de matéria prima para a indústria de papel e celulose. O modelo silvicultor integrado e verticalizado abrange toda a área do Extremo Sul da Bahia, e vem se revelando cada vez mais competitivo no mercado nacional e internacional, concentrando cada vez mais capitais e excluindo socialmente. Ocupa os sistemas ambientais de relevo plano a suave ondulado e solos profundos, que apresentam características edáficas que permitem o desenvolvimento dos cultivos das florestas artificiais e uniformes de forma produtiva, como os Sistemas dos Tabuleiros Costeiros, das Superfícies Aplainadas e o Sistemas das Colinas e Morrotes, sendo nessas unidades de paisagem, as formas de uso com o aspecto visual mais marcante.

Nos últimos anos, esse modelo produtivo vem provocando mudanças na fisionomia da paisagem, produzindo uma uniformização, concentrando capitais em torno desses atores, reduzindo a participação de outros agentes produtivos, e estimulando o êxodo rural.

Este segmento apresenta alto padrão tecnológico, desde a produção de mudas ao processo industrial de fabricação da celulose e papel. Segundo

Pedreira (2008), o Extremo Sul da Bahia responde por 16% de toda a exportação no Brasil de papel e celulose. As perspectivas para este setor apontam para maiores investimentos da área plantada e produção industrial para os próximos anos, recebendo incentivos privados e governamentais. Estima-se que o setor de papel e celulose seja responsável por quase 20% do investimento industrial na Bahia (BAIARDI, 2009). O reflorestamento com eucalipto na região, incluindo a área da BHRSJT é um dos mais produtivos do mundo, com um grau de produtividade cinco vezes maior que em outras regiões do Brasil (IMA, 2008).

Nesse contexto, podemos observar os dois lados da moeda: de um lado uma região que até pouco tempo estava debilitada economicamente na busca de uma alternativa econômica que a integrasse melhor ao circuito da economia capitalista e globalizada. Essa atividade é intensiva em capital e acabou formando uma espécie de cluster madeireiro do eucalipto e da celulose no Extremo Sul e tem impactado de forma positiva o desenvolvimento da região, quando observado o crescimento e dinamização da economia criados por essa atividade (SANT’ANNA, 2009). E de outro, uma série de impactos socioambientais, causando conflitos entre os atores regionais e esse uso da terra. Sobre isso, Cerqueira Neto (2012) fala sobre um processo de eucaliptização do Extremo Sul, que repercutiu em diversos problemas sociais como aumento da criminalidade, prostituição, inchamento das cidades, desterritorialização das comunidades rurais, concentração da terra, e perturbação do meio ecológico. Essa realidade pode ser observada em diversos trabalhos e artigos escritos sobre a temática. O processo de expansão da área plantada e das empresas representam um aumento dos conflitos já existentes, uma vez que tendem a manter o modelo vigente.

O circuito espacial da celulose fez com que a região se reorganizasse para atender as novas necessidades do processo produtivo. A especialização produtiva criada em decorrência da modernização seletiva do espaço regional, fez com que os recursos naturais da BHRSJT, assim como outras bacias da região servissem como recursos a ser utilizado por este capital.

A instalação da fábrica da Veracel no município de Eunápolis foi uma decisão política que apoiou e incentivou a multinacional, além de condições ambientais favoráveis, acessos rodoviários e por este município ser um polo

regional de comércio e serviços. A instalação da fábrica contou com a melhoria e abertura de estradas vicinais, para o escoamento da produção, construção de terminal marítimo em Belmonte, para facilitar a logística de exportação da empresa via Portocel no Espírito Santo. Parte da celulose produzida em Eunápolis é destinada a fábricas de papel na China, a qual vende sua produção para empresas europeias, verificando-se um aprofundamento da divisão internacional do trabalho.

O processo de produção de celulose na Veracel emprega tecnologia de ponta que proporciona ganhos em produtividade e competitividade no mercado internacional. Dentro da unidade fabril, a produção de celulose é quase que totalmente mecanizada, sob a vigilância de profissionais especializados que a monitora vinte quatro horas por dia, usando câmeras e sensores espalhados pela fábrica com modernos sistemas de monitoramento. As Figuras 62 e 63 mostram a fábrica da Veracel e algumas etapas do processo industrial no interior da fábrica.

Figura 62 – Fábrica da Veracel Celulose em Eunápolis. Na frente da fábrica uma placa do governo federal, mostrando os incentivos fiscais recebidos pela empresa.

Figura 63 – Interior da fábrica da Veracel; a) Monitoramento do processo produtivo através de computadores; b) Conclusão do processo de produção da celulose, sendo destinada ao galpão.

Na Tabela 21, pode-se observar a área plantada pela empresa Veracel nos municípios da bacia, onde verifica-se que a maior parte dos plantios estão concentrados em Santa Cruz Cabrália, com mais de 22.524 ha. A empresa possui mais de 100 mil hectares plantados com eucalipto, distribuídos em 10 municípios do Extremo Sul da Bahia, e vem crescendo sistematicamente sua área reflorestada desde o início dos plantios em 1992. Eunápolis e Santa Cruz Cabrália concentram juntos cerca de 45% da área plantada com eucalipto da Veracel, agrupando mais de 43 mil hectares. Quando considerada a área ocupada pela empresa incluindo, plantios, APP, infraestrutura, reserva legal, e a RPPN da Estação Veracel, a empresa possui mais de 93 mil hectares nesses dois municípios adquiridos nos últimos 20 anos, causando uma verdadeira concentração fundiária em torno do circuito espacial produtivo da celulose. Tabela 21 – Área Plantada, Preservação, Industrial e de Fomento Florestal da Veracel nos municípios da BHRSJT.

Municípios Plantio Reserva

legal APP Infraestru- tura Estação Veracruz Total Fomento Florestal (2006) Eunápolis 20.712,94 7.999,07 8.483,35 2.631,53 0 39.826,89 1.123 Santa Cruz Cabrália 22.524,80 10.822,51 13.0983,9 2.236,18 5.335,32 54.017,20 2.218 Fonte: Veracel (2008).

 Turismo

A atividade turística na bacia se desenvolve nos Sistemas Ambientais da Planície Costeira e no Sistema Planície Estuarina, restrita ao município litorâneo de Santa Cruz Cabrália, que faz parte da zona turística da Costa do Descobrimento, juntamente com os municípios de Belmonte e Porto Seguro, sendo este último, o segundo maior receptor de turistas da Bahia e um dos principais destinos turísticos do Brasil.

Santa Cruz Cabrália representa o marco histórico do descobrimento, pois foi onde os portugueses chegaram e realizaram a primeira missa no Brasil. O município conta com importantes Unidades de Conservação de proteção integral e uso sustentável (Mapa 12). As de proteção integral são: A Estação Ecológica do Pau Brasil em Santa Cruz Cabrália, com uma área de 1.145 hectares, com o objetivo de conservação da espécie e desenvolver estudos sobre as comunidades a ele associadas. O Parque Nacional Pau Brasil (PARNA), criado em 1999, possui uma área de 11.538 hectares, com a finalidade de proteger os ecossistemas existentes e possibilitar programas de educação ambiental e pesquisa científica. As unidades de usos sustentável são: Áreas de Preservação Ambiental (APA), como a APA Coroa Vermelha compreendida entre Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália criada pelo decreto estadual 2.184/93 com 4.100 hectares. A APA Santo Antônio que abrange 23.000 hectares, criada pelo Decreto estadual 3.413/94. Nessa área, encontram-se importantes remanescentes de Mata Atlântica associados à manguezais, restingas, várzeas e rios importantes como o São João de Tiba, Rio Jequitinhonha e Rio Santo Antônio. Os municípios de Santa Cruz Cabrália e Porto Seguro, ainda contam com a RPPN (Reserva do Patrimônio Particular Natural) da Estação Veracel com 6.069 hectares, maior RPPN do Brasil, onde a maior parte deles está inserida na área de estudo.

A Costa do Descobrimento também possui uma grande quantidade de hotéis e pousadas, restaurantes, casas e barracas de shows, centro de convenções e aeroporto internacional localizado em Porto Seguro. Apresenta uma vasta oferta turística que vai desde as belas paisagens naturais ao turismo histórico-cultural, ligado à colonização do Brasil, étnico-indígena, e hotéis de luxo. Santa Cruz Cabrália apresenta todos esses elementos, com destaque para

os aspectos naturais como praias, rios, mangues, ilhas, remanescentes de Mata Atlântica e parques que apresentam potencialidades para a expansão turística. Segundo relatório do Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável da Costa do Descobrimento, da Secretaria de Turismo da Bahia (SUDETUR, 2002), o município já aproveita 58% de seus atrativos naturais com o turismo, restando 42% dos recursos subutilizados e que possuem potencial elevado para as atividades turísticas.

A Costa do Descobrimento é considerada uma região prioritária para os investimentos governamentais da Secretaria de Turismo do Estado previstos entre 1991 e 2020, através do PRODETUR-NE (Programa de Desenvolvimento Turístico do Nordeste), orçado em US$ 325 milhões, visando a consolidação e o fortalecimento do turismo na área. Isso representa 10% do investimento público para o turismo na Bahia (DIEESE, 2008). O programa aparece como forma de planejamento e gestão integrada do turismo em áreas potenciais para a atividade.

A Bahia absorveu 35% dos recursos do PRODETUR na primeira fase e a Costa do Descobrimento foi a maior beneficiada, com uma fatia de 57% de todo o recurso (QUEIROZ, 2005). Como resultado, essa zona se tornou um importante centro turístico no interior do estado, atraindo turistas nacionais e estrangeiros.

O PRODETUR contribuiu para a consolidação e expansão do circuito espacial do turismo na Costa do Descobrimento, quando este assume um status de prioridade econômica na busca por geração de receitas e alternativa de desenvolvimento. O espaço, principalmente o litorâneo sofreu grandes transformações ao longo das décadas de 1990 e 2000, para que essa área se tornasse um dos maiores polos turísticos do Nordeste, com investimentos maciços em infraestrutura, criação e revitalização de estradas com acesso aos principais centros turísticos, modernização e ampliação do aeroporto, implantação de sistemas de tratamento de água e esgotamento sanitário. O que repercutiu em um grande atrativo populacional na busca de emprego e melhores oportunidades.

Segundo estudo elaborado pelo Dieese (2008), a Costa do descobrimento é carente de informações relacionadas a atividade turística, com

exceção de Porto Seguro. Todos os municípios apresentam deficiência na infraestrutura básica e problemas relacionados ao meio ambiente. Além disso, o grande volume de investimentos públicos não foi suficiente para promover a melhoria da qualidade de vida e renda da população, assim como, o desenvolvimento do turismo sustentável.

Verifica-se vários impactos negativos associados ao turismo na área, como o desmatamento que se acelerou em torno de Santa Cruz Cabrália e Porto Seguro nos últimos anos, provocando uma descaracterização da paisagem, especulação imobiliária, inchamento das cidades, aumento da produção de lixo e esgoto, e impacto sobre as comunidades indígenas locais.

Sobre isso, Cerqueira Neto (2011), afirma que deve-se ter cuidado quando se coloca o turismo como uma alternativa de salvação dos lugares, pois pode ser sedutora e perigosa, principalmente quando não se aponta os efeitos negativos da atividade na natureza e sociedade. Que o turismo é uma atividade antrópica, e por isso induz a modificações dos ambientes que pode provocar impactos como qualquer outro grande projeto econômico.