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CAPÍTULO III ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

2. PRINCIPAIS CONCLUSÕES

Elaborou-se a seguinte questão de partida, que atende aos critérios do formato PI[C]O:

Qual o impacto dos cuidados de enfermagem especializados (I), na promoção da vinculação, (O) da díade/tríade, (P) nos nascimentos de parto eutócico?

Palavras-chave: Vinculação, experiência de parto, cuidados de enfermagem.

Após o caminho metodológico referido anteriormente foram identificados como factores promotores da vinculação:

Contacto pele-a-pele, Amamentação na 1ª hora de vida, Envolvimento do pai, Ambiente favorável, Presença do convivente significativo, Apoio familiar, Experiência de parto, (Expectativa, Experiencias anteriores, Relações afectivas),

Informação (Preparação para o parto/ nascimento, Vigilância de saúde materna, Internet e livros), Significado do vínculo, Competências parentais, Competências

do recém-nascido, Prestação dos cuidados ao recém-nascido no momento oportuno (Gestão de recursos, Autonomia dos pais), e Contributo da enfermagem.

Como cuidados de enfermagem promotores da vinculação foram identificados:

Prevenção primária, (Relação de confiança, Educação para a saúde, Contributos para

a tomada de decisão), Prevenção secundária, (Identificação dos stressores, Intervenções para minimizar/eliminar stressores e Capacitação do sistema familiar),

Prevenção terciária (Restabelecimento dos padrões de bem-estar).

Da reflexão e análise de conteúdo emergiu que:

 Os casais mais informados, foram os que efectuaram a vigilância da gravidez, com a assistência do EESMO, nomeadamente a preparação para o parto/ nascimento, no entanto apenas uma mulher/ casal, tinha plano de parto.

 Muitas vezes é a conduta do enfermeiro que determina o tipo de cuidados a adoptar, na aproximação pais/ filho, nos primeiros momentos após o parto, não dando autonomia ao sistema familiar.

 As intervenções de acompanhamento, informação, capacitação e treino dos

pais, devem ser realizadas não só no momento do parto, mas também durante a

vigilância da gravidez e nos dois meses seguintes ao parto, antes e depois da invasão pelo stressores,

 A prestação dos cuidados ao recém-nascido não deve interferir no primeiro contacto dos pais, no entanto em momentos de ocorrência de muitos partos

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em simultâneo e sobretudo nos finais de turno, este primeiro contacto é mais

curto, com o objectivo de concretizar todos os procedimentos rapidamente.  Algumas mães preferem que se realizem estes cuidados imediatamente ao

nascimento, parecendo estar na origem desta decisão, os aspectos culturais, a

falta de informação, que leva os pais a desvalorizar a importância da

aproximação de ambos neste momento, o desconhecimento das vantagens da vinculação e por vezes a falta de incentivo pelos profissionais de saúde para

a prática do contacto pele-a-pele.

 Nas práticas de alguns enfermeiros, existe a preocupação de retirar o recém-nascido do contacto pele-a-pele, com o pretexto de manter a termorregulação do recém-nascido em berço aquecido. No entanto, emergiu na

literatura, para além de outros estudos, um achado novo que mostra a

existência de uma resposta térmica imediata da mãe, ao iniciar o contacto pele-a-pele com o recém-nascido, considerado útil para a promoção do vínculo.  A evidência científica concluiu que as intervenções de enfermagem

desenvolvidas durante a gravidez, foram associadas a uma maior vinculação pré-natal nas mães adolescentes e a uma maior vinculação pós-natal nas mães adultas. Também neste estudo se verificou que a vinculação pós-natal, surgiu com alguma insegurança nas mães adolescentes.

 Apesar da evidência científica referir que estimular a amamentação na primeira hora de vida, favorece a vinculação, em determinadas culturas essas práticas não prevalecem.

 A maioria dos pais deseja participar no primeiro contacto com o recém-nascido, e apesar do contacto pele-a-pele ser essencialmente realizado entre a mãe e o recém-nascido, os pais envolvem-se tocando no bebé, pegando-lhe ao colo, falando-lhe e colaborando no estabelecimento da amamentação e nos cuidados ao recém-nascido.

 A presença do convivente significativo foi considerado um factor importante para algumas mulheres, na promoção da vinculação, o que corresponde aos dados observados na evidência científica, no entanto uma das mulheres preferiu ficar sozinha.

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 A maioria das mulheres conhecem o significado da vínculo, mas não apresentavam conhecimentos acerca, das suas vantagens a curto e longo prazo, nem da importância dos seus desejos/planos para o promover.

 As competências do RN vão desencadear nos pais reacções e comportamentos que orientam a interacção entre ambos; no entanto, estes primeiros momentos podem ser geradores de grande ansiedade que não é referido pelos autores, mas vivido pelas mulheres

 Todas as mulheres que experimentaram o contacto pele-a-pele, descrevem o momento como sendo único, feliz e indescritível. E o que mais surpreendeu as mulheres foi o facto de o RN ficar calmo ao permanecer junto de si.

Como impacto dos cuidados de enfermagem na promoção da vinculação da díade/tríade surgiu que:

A assistência dos EESMO foi considerada muito importante para a experiência de parto positiva, sendo o enfermeiro descrito pelos pais como a pessoa mais valorizada. Descrevem o EESMO como o profissional que está sempre presente, o que mais

informa, o mais atencioso, o que promove a autoconfiança, que se preocupa com os seus desejos e o que transmitiu calma.

Como sugestões os pais evidenciaram o desejo de uma maior permanência do pai nos momentos a seguir ao parto (na primeira noite) e mais tempo de permanência no internamento na unidade de obstetrícia, tornando-se a participação e permanência do pai como um “recurso a mobilizar”. O distanciamento masculino de alguns processos incluídos no ciclo gravídico-puerperal, é um stressor que pode gerar um sentimento de solidão e vazio “acentuados pela falta de espaço para os homens participarem” nestes momentos (FREITAS et al, 2007, p. 138). Esta sugestão, foi referida por vários casais, no entanto na prática verificamos que as unidades hospitalares não estão actualmente preparados para isso, o que será um factor a ter em conta, para futuramente repensarmos este aspecto, com o objectivo de melhorar a qualidade dos cuidados.

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