• Nenhum resultado encontrado

Capítulo 5. Conclusão

5.1 Principais conclusões

O estudo baseou-se nos princípios da Aprendizagem Cooperativa (AC) que emergem dos pressupostos teóricos de Vygotsky em que esta metodologia assenta. Pretendia-se responder ao problema Qual a influência da Aprendizagem Cooperativa no desenvolvimento

de competências académicas e sociais, nomeadamente de elevado nível de abstração, em alunos do 5º ano de escolaridade? Assim, proporcionou-se aos alunos, dos três níveis

socioeconómicos e cultural familiar (NSECF), um conjunto de aprendizagens académicas e sociais concretizadas em grupos heterogéneos de trabalho cooperativo para, de acordo com os objetivos definidos, inferir um combinado de conclusões a partir das informações reunidas e, assim, poder dar resposta ao problema génese.

Neste sentido, recordamos os objetivos delineados para este estudo e apresentamos as conclusões essenciais de cada um deles:

(a) Perceber a importância da AC no desenvolvimento de competências académicas e sociais.

As aprendizagens académicas, quer ao nível das competências cognitivas simples (CS) quer ao nível das competências cognitivas complexas (CC), como dissemos anteriormente, foram quantitativamente avaliadas através da aplicação aos alunos de quatro fichas de avaliação sumativa, uma antes da implementação da AC (que serviu de classificação base), duas fichas durante a implementação da AC e uma na fase de finalização.

Da análise dos dados reunidos, podemos concluir que os alunos obtiveram resultados gerais bastante satisfatórios ao longo de todas as avaliações, os alunos de nível NSECF1 (relacionado com o que, tradicionalmente, se designa por classe trabalhadora) evoluíram significativamente nas competências CS mas, pelo contrário, alguns alunos regrediram nas competências CC, os alunos de NSECF2 (relacionado com o que, tradicionalmente, se designa por classe média baixa) evoluíram bastante nas competências CC e aumentaram

86

ligeiramente o aproveitamento nas competências CS. Quanto aos alunos de NSECF3 (relacionado com o que, tradicionalmente, se designa por classe média alta), não é possível tirar grandes conclusões já que estavam pouco representados na amostra (apenas 2 alunos), no entanto, podemos dizer que mantiveram e/ou evoluíram nos seus resultados ao longo do estudo.

Estes resultados dizem-nos que esta estratégia cooperativa é importante no desenvolvimento de competências académicas de todos os alunos, mas sobretudo nos alunos de NSECF2, uma vez que foram aqueles que apresentaram uma maior evolução, nomeadamente, nas competências CC, que são de grau de dificuldade superior e, aquelas que queríamos destacar por serem as mais difíceis de desenvolver, e uma ligeira evolução nas competências CS, as menos exigentes do ponto de vista cognitivo. Esta estratégia também foi relevante para os alunos de NSECF1, porém, apenas no que refere às competências CS.

As aprendizagens sociais identificadas (e a desenvolver) para este estudo autonomia,

responsabilidade e participação foram qualitativamente avaliadas por meio das observações

feitas pela professora, da autoavaliação dos alunos e do portfólio cooperativo da turma. A análise conjunta destes dados permite concluir que houve uma evolução gradual ao longo das atividades cooperativas, das atitudes individuais e dentro de cada grupo, na generalidade dos alunos, comparando com os dados recolhidos nas primeiras aulas, notando-se uma maior evolução nos alunos mais tímidos/apáticos e nos menos bem comportados. Verificou-se, portanto, progresso no desempenho global dos grupos que se traduziu numa turma mais empenhada, participativa e motivada, e que não precisou de recompensas materiais.

Ao cruzarmos os dados iniciais, do desenvolvimento cognitivo com o do social, verificamos que não existe harmonia nos dados dos melhores alunos, ou seja, alunos com bom desempenho cognitivo não tinham necessariamente bom desempenho social, ao contrário das conclusões a que chegaram por exemplo, os estudos de Andrade (2011) e Rodrigues (2012). Contudo, com o decorrer das atividades cooperativas os resultados cognitivos e sociais destes alunos foram-se aproximando.

(a1) Averiguar a eficácia dos métodos Jigsaw e Graffiti Cooperativo no desenvolvimento de competências académicas (competências cognitivas complexas e simples).

Em concordância com as conclusões anteriores, podemos dizer que os métodos Jigsaw e Graffiti Cooperativo revelaram-se eficazes, tanto para aprendizagem das competências CC

87

como CS, estando de acordo com Lopes & Silva (2009) quando referem que a AC, onde se incluem estes dois métodos, permite, entre outros aspetos, o desenvolvimento de competências de pensamento de nível superior e fomenta as competências metacognitivas dos alunos, possibilitando a melhoria dos resultados escolares.

(a2) Averiguar a eficácia dos métodos Jigsaw e Graffiti Cooperativo no desenvolvimento de competências sociais (autonomia, responsabilidade e participação).

Do mesmo modo, os métodos aplicados, são, igualmente, eficazes para a aprendizagem das competências sociais definidas para este estudo, que permitiram desenvolver um maior número de relações heterogéneas positivas entre os membros dos grupos, e têm procedimentos atrativos para os alunos o que os fez querer e gostar muito de

participar nas atividades propostas, com autonomia e responsabilidade.

(b) Conhecer os porquês da preferência ou não preferência dos alunos pela Aprendizagem Cooperativa (AC) e pelos métodos Jigsaw e Graffiti Cooperativo, em particular.

Ao proceder-se à análise das respostas às Questões de opinião final e, também, pelo diálogo cultivado com os alunos ao longo das atividades, foi possível concluir que, independentemente do nível socioeconómico e cultural familiar (NSECF) de cada um, existe grande empatia em relação à AC e o desejo de continuar a aprender desta forma, bem como, imensa curiosidade em conhecer outros métodos, e preferência pelo método Graffiti Cooperativo pela possibilidade de poderem desenhar.

Sobre os casos particulares da turma, 3 alunos com uma ou duas retenções ao longo do percurso escolar, 1 aluna referenciada para beneficiar das Necessidades Educativas Especiais (NEE), e 1 outra aluna, simultaneamente, com uma retenção e também mencionada para usufruir das NEE, pertencentes aos NSECF mais baixos, denotamos que a AC ajudou para a melhoria dos resultados nas competências cognitivas complexas (CC) e manutenção dos resultados nas competências cognitivas simples (CS) em 2 dos alunos com retenções, e manutenção dos bons resultados, em ambas as competências, no outro aluno com retenções, a aluna referida para as NEE evoluiu nas competências CC e manteve os resultados positivos nas competências CS. No que refere à aluna mais particular, não verificamos resultados satisfatórios, notando-se mesmo uma regressão constante do aproveitamento no que respeita às competências CC e aproveitamento irregular nas competências CS.

88

No que diz respeito ao desenvolvimento das competências sociais (autonomia, responsabilidade e participação), percebemos que estes alunos, tal como os restantes, progrediram sucessivamente neste tipo de aprendizagens, podemos mesmo dizer que “desabrocharam” socialmente, com exceção da aluna mais particular onde o progresso foi muito pouco percebido.

Consideramos, por fim, que os resultados obtidos nos permitem dizer que a generalidade dos alunos, ou progrediu nas aprendizagens académicas e sociais, ou manteve os resultados positivos já evidenciados, foram poucos os alunos que regrediram, e apenas em termos de aprendizagens académicas. Se pensarmos em Vygotsky e nos seus conceitos de Desenvolvimento Psicológico, parece que muitos alunos terão evoluído do Desenvolvimento Real (DR) para o Desenvolvimento Potencial (DP), em consequência do trabalho realizado ao nível da zona de desenvolvimento proximal (ZDP) proporcionado pela AC em grupos heterogéneos onde havia pares mais capazes.

Documentos relacionados