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Capítulo 6 – Conclusões

6.2. Principais conclusões

O turismo é um conceito multidisciplinar.

O fenómeno turístico tende a crescer significativamente nos anos vindouros, pois existem cada vez mais facilities para as pessoas se deslocarem de um para outro lugar. Também o fácil acesso à informação conduz a que o segmento do Turismo cresça. Estes aspetos impulsionaram a cultura da viagem, tão associada ao novo perfil do turista, o qual procura satisfazer os seus desejos e necessidades, aumentando a sensação de bem-estar percebido.

O conceito de bem-estar ocupa agora um lugar central na vida humana, que pretende sentir satisfação com a sua vida, através da experimentação de emoções positivas e de sensações de prazer, com as quais as experiências turísticas estão relacionadas. O turismo exerce influência mais significativa no bem-estar subjetivo dos indivíduos, uma vez que resulta de sensações imediatas. Contudo, também é pertinente afirmar que o turismo tem, ainda, impactes no bem-estar psicológico dos praticantes, na medida em que permite o crescimento psicológico destes e a sua autorrealização. Então, conclui-se que o turismo tem impactes positivos no bem-estar dos praticantes, de um modo geral.

Os animais de estimação são, cada vez mais, entendidos pelos seus proprietários como membros da família, o que alterou, ao longo dos anos, o vínculo afetivo estabelecido entre proprietário e animal de estimação, intensificando-o e levando a que houvesse uma melhor compreensão das necessidades dos animais e, por conseguinte, satisfazendo-as, com vista a aumentar o bem-estar destes. A ligação afetiva proprietário–animal de estimação traz benefícios para ambos quer ao nível psicológico, quer para a saúde, entre

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outros, o que lhes permite experimentar maiores índices de felicidade e, consequentemente, uma maior sensação de bem-estar.

Uma vez considerados membros da família, os animais de estimação acompanham as suas famílias nas viagens que realizam. Como vantagens das viagens realizadas com os seus animais de estimação, podem enumerar-se o facto de os animais de estimação serem considerados os melhores amigos dos seus proprietários, uma excelente companhia, o facto de os animais transmitirem segurança aos seus proprietários e também porque estes, viajando com os seus animais, evitam preocupações com o estado em que os animais se possam encontrar, o que tem repercussões no bem-estar de ambos.

No entanto, os turistas deparam-se com constrangimentos desde o momento de planeamento e no decorrer das viagens, estando estes associados ao desajuste da oferta

pet-friendly existente. Esta pode ser considerada uma das causas pelas quais os números

do abandono continuam tão elevados. As características dos animais têm também impactes na realização das viagens turísticas. Estes podem ser positivos e constituir uma motivação ou podem ser negativos e traduzir-se num constrangimento para os proprietários.

Apesar dos constrangimentos que ainda são mais evidentes do que o expectável, pode considerar-se que as viagens na companhia dos animais de estimação proporcionam, tanto a proprietários como a animais, a experimentação de maiores sensações de bem-estar e são uma mais-valia na saúde física e psicológica de ambos.

A investigação empírica desenvolvida mostrou que o perfil do inquirido que viaja na companhia dos seus animais de estimação é mulher, com idade média de 37 anos, solteira, detentora de habilitações literárias ao nível do ensino superior, e aufere entre € 500.00 e € 999.99 de rendimento líquido individual mensal. Viaja em média 1 a 2 vezes em três anos, planeia a viagem recorrendo a amigos e familiares como fontes de informação, prefere viajar de carro e ficar alojada em casas alugadas. Tem dois cães de porte pequeno, que considera membros da sua família e na companhia dos quais prefere viajar. Sente maioritariamente constrangimentos estruturais, que são aqueles relacionados com a adequação da oferta turística. Considera que as viagens na companhia de animais de estimação trazem benefícios tanto para o proprietário como para os animais de estimação, nomeadamente uma maior sensação de felicidade, mais diversão e ambos são uma boa

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companhia um para o outro. Consideram ainda que as viagens contribuem para a diminuição dos níveis de abandono.

Analisando o lado da procura e, portanto, o perfil dos clusters que viajam na companhia dos seus animais de estimação, verificam-se diferenças, em geral, entre os três clusters.

Numa perspetiva global, compreendeu-se que o cluster que tem mais motivação para viajar com os seus animais de estimação (Pet-traveller) é aquele que sente menos constrangimentos decorrentes das viagens efetuadas com os seus animais e que, naturalmente, perceciona mais benefícios para si e para os seus animais de estimação, decorrentes das viagens que realiza. Inversamente, embora o Pet-owner não seja o cluster que menos viagens realiza, é aquele que tem menos motivação para o fazer e acaba por sentir mais constrangimentos a todos os níveis, percecionando, por isso, menores sensações de bem-estar.

Também se compreendeu que, consoante o perfil de cada cluster, as características das viagens alteram. As espécies e o número de animais de animais influenciam os benefícios obtidos das viagens. O cluster que mais viaja com os seus animais (Pet-traveller) tende a procurar mais informação, utilizando as diferentes fontes de informação ao seu dispor, de um modo geral. Também tende a viajar utilizando diferentes meios de transporte e a fazer opções diversificadas de meios de alojamento.

Avaliando o lado da oferta, pode, em suma, concluir-se que a oferta turística não corresponde aos desejos e às necessidades dos turistas que viajam com os seus animais de estimação, uma vez que se verifica o desajuste da oferta existente que é insuficiente e, em geral, de qualidade inferior ao tipo de alojamento desejado pelo turista, não dispõe das infraestruturas necessárias para acomodar os animais junto dos seus proprietários (tendo os animais que ficar confinados a espaços criados para os acomodar – por exemplo, canis existentes nos hotéis) e apresenta lacunas na disponibilização de informação. É da competência dos gestores turísticos alterar a realidade atual, disponibilizando a este nicho de mercado facilities que terão impactes positivos para turistas e animais de estimação e ainda impactes económicos positivos para o setor turístico.

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