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Principais Desafios do Planejamento Metropolitano

No documento BRUNNO COSTA DO NASCIMENTO SILVA (páginas 177-181)

3. GOVERNANÇA METROPOLITANA FACE À IMPLEMENTAÇÃO DO

3.3. Planejamento e Estratégia Metropolitana

3.3.3. Principais Desafios do Planejamento Metropolitano

O processo do planejamento metropolitano da RM da Grande Vitória não se esgotou com a elaboração e, tampouco, com a tímida implementação do PDUI. Ao contrário disso, o planejamento metropolitano deve ser vislumbrado como um ato contínuo. O Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado da RMGV foi e é um marco para o estabelecimento do processo de planejamento metropolitano no Brasil, pois ao passo que levou em consideração o desenvolvimento socioeconômico da Região (interesse do estado e dos municípios), também buscou possibilitar aos atores sociais melhores condições e oportunidades de acesso as políticas governamentais e serviços públicos. Todavia, o PDUI da RMGV necessita ser implementado, de modo efetivo por parte do Governo estadual atual – Renato Casagrande – que tem por competência a coordenação e gestão da Região. Este é, portanto, um primeiro desafio posto ao planejamento metropolitano da RM da Grande Vitória.

O segundo desafio, na dimensão do planejamento metropolitano, encontra-se ligado intrinsecamente ao primeiro, pois também se faz necessário que o Governo restabeleça os pactos com os atores governamentais dos 7 municípios que integram a Região Metropolitana

da Grande Vitória, bem como resgate o diálogo voltado a pauta metropolitana com os atores sociais para dar continuidade, fortalecer e legitimar a implementação do Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado da Região.

O terceiro desafio, como verificado pela pesquisa de campo, recai na ausência de integração do planejamento municipal, em razão de serem conduzidos à revelia da condição metropolitana. Este desafio é oriundo da baixa integração de ações entre os 7 municípios metropolitanos que integram a RM da Grande Vitória. O resultado direto e negativo disso se manifesta na limitação das gestões locais em enfrentar os problemas urbanos, a exemplo dos obstáculos criados para gestão plena das políticas de mobilidade urbana, saneamento básico, habitação entre tantas outras e a distribuição equitativa dos equipamentos urbanos e de lazer.

Estas, por sua vez, podem ser reduzidas e sanadas através da implementação efetiva do PDUI.

O quarto desafio incide sobre a não priorização de outras funções públicas de interesse comum, no Plano, que deveriam ser priorizadas pelos gestores públicos na Região Metropolitana da Grande Vitória. Durante a construção do Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado, da RMGV, foram elencados quatro eixos norteadores – Ordenamento Territorial;

Mobilidade Urbana; Desenvolvimento Econômico; Meio Ambiente e Áreas de Risco – de acordo com a Lei Complementar nº 318/2005. No entanto, as FPICs da RM da Grande Vitória também agregam a questão da segurança pública que, atualmente, não pode ser mais vislumbrada como uma política isolada, uma vez que os índices de violência urbana estão sobretudo concentrados nos municípios metropolitanos. E mesmo sendo competência do ente estadual, a articulação dessa FPIC – presente na LC n° 318/2005 – tende a possibilitar uma consolidação dos serviços públicos de interesse comuns no território metropolitano da RMGV.

Todavia, a segurança pública não chega a ser mencionada no Plano. Uma segunda política que deveria ter sido trabalhada, também, mas que não se encontra como FPIC, é da saúde pública, pois mesmo não sendo uma política urbanística, esta área tem o maior número de benificiários provindos dos municípios que compõem as RMs (SILVEIRA et al., 2020). Contudo, não existe um posicionamento claro de como essa política poderia ser mais bem ofertada, enquanto serviço público comum, à população da Região Metropolitana da Grande Vitória.

O último desafio posto ao planejamento metropolitano da RM da Grande Vitória é o de fortalecer a formação política dos atores sociais, com o objetivo de estabelecer uma cultura de participação e engajamento, da sociedade, nos debates e deliberações acerca das políticas públicas relacionadas na agenda governamental voltada a Região, pois nem todos os cidadãos

ainda se reconhecem como “cidadãos metropolitanos” como verificado na pesquisa de campo.

Desse modo, as instâncias já trabalhadas, para inserção dos atores sociais durante a elaboração do PDUI, devem ser fortalecidas e ampliadas visando garantir o maior número de atores desse segmento na implementação do instrumento e sua futura revisão.

Com vista a contribuir na visualização dos apontamentos e resultados analisados no segundo eixo deste trabalho, o Quadro 16 apresenta uma síntese das conclusões desta seção.

Quadro 16 - Síntese do Planejamento Metropolitano da RMGV Planejamento e Estratégia Metropolitana

Elaboração do PDUI

Com a promulgação do Estatuto da Metrópole, em 2015, o planejamento metropolitano no Brasil passou a ter como guia normativo o Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado como o principal instrumento de ordenamento do território, sendo o Poder Executivo Estadual responsável por sua elaboração. Com vista a integrar o planejamento metropolitano, o EM também determinou a compatibilização dos Planos Diretores as ações do PDUI, esta atividade ficou sob responsabilidade do Poderes Executivos Municipais.

Ambas as medidas possuíam prazo de implementação até janeiro de 2018.

Desse modo, a gestão da RMGV iniciou o debate sobre o processo de elaboração do PDUI, ainda no final de 2015, por meio de reuniões entre os membros do GE do Sistema Gestor.

Em 2016, foi iniciado, de fato, a elaboração do PDUI com a definição do Plano de Trabalho.

O primeiro passo foi a definição da equipe de elaboração. Quanto aos recursos: Governo do ES mais o restante do recurso do FUMDEVIT.

A equipe de elaboração foi composta por:

COMDEVIT:

• Presidência do COMDEVIT/IJSN (que passou a ser mesma na época de elaboração do Plano)

• GE do COMDEVIT

• GT PDUI do COMDEVIT

• IJSN (Órgão de Apoio Técnico e Secretaria Executiva)

Coordenação Geral e Técnica do Projeto IJSN que contou ainda com:

• FAPES (Bolsistas e Pesquisadores)

• Coordenação de Geoprocessamento (IJSN)

• Coordenação de Mobilização Social (IJSN)

• Coordenação de Modelagem Institucional (IJSN)

• Coordenação de Desenvolvimento Econômico (SEDES)

• Coordenação de Ordenamento Territorial (SEDURB)

• Coordenação de Mobilidade Urbana (SETOP) Tendo como etapas de elaboração:

• Reuniões Técnicas (realizadas com os representantes do GT e com os representantes do GE)

• Seminário de Mobilização da Sociedade (Divulgar para a sociedade e estimular os atores sociais a participarem de processo de elaboração do PDUI da RMGV)

• Oficinas Municipais (Levantar dados e informações importantes da RMGV)

• Diagnóstico (Diagnosticar o “estado da arte” da RMGV)

• Ciclo de Debates (Debater o futuro da RMGV através de leitura técnica, comunitária e institucional)

• Cenários e Projeções (Apresentar os cenários e projeções a partir dos resultados do diagnóstico)

Audiências Públicas Municipais (Propor diretrizes, projetos e ações para o equacionamento de questões e/ou problemas de interesse comum, priorizando as propostas e projetos de caráter transversal; e apresentar o macrozoneamento, o modelo de gestão metropolitana, os mecanismos e formas de governança para garantir a execução das metas e propostas do PDUI da RMGV)

• Plano de Ação Preliminar

• Redação da Minuta do Projeto de Lei

• Enviado à Assembleia Legislativa do ES

Aprovação do PDUI da RMGV: 07 de dezembro de 2017 no formato de Lei Complementar n° 872/2017.

Implementação do PDUI

Apesar da exigência inicial do EM para elaboração e implementação do PDUI, a partir da promulgação da Lei n° 13.683/2018, a obrigatoriedade deixou de existir. Nesse período, o PDUI da RMGV já estava elaborado e aprovado e pronto para ser iniciado a implementação do instrumento. No entanto, sua implementação vem sendo conduzida lentamente, podendo ser elencados os seguintes movimentos: Plano. Além disso, a Gestão estadual – Renato Casagrande – do ES optou por adotar uma nova agenda com foco no desenvolvimento regional sustentável das demais 9 microrregiões do estado do Espírito Santo.

Principais Desafios da Planejamento Metropolitano

• Implementar o PDUI, de modo efetivo, na Região Metropolitana da Grande Vitória.

Devendo o Governo estadual liderar essa implementação juntamente com os demais atores (governamentais e sociais) envolvidos no processo de gestão da RMGV.

• Restabelecer a pauta metropolitana na agenda governamental mediante a pactuação com os atores governamentais dos municípios metropolitanos e com a sociedade civil e população.

• Estimular a integração do planejamento metropolitano, uma vez que o ato de planejar não se finda na produção de planos para uma RM.

• Aprofundar as discussões dos temas debatidos no Plano com inserção de outras FPICs, a exemplo da segurança pública e da saúde pública no momento de revisão do instrumento (prevista para ocorrer em 2027). Além de outras políticas de interesse comum que sejam demandadas pela sociedade e demais atores governamentais.

• Fortalecer a formação política dos atores sociais com o objetivo de estabelecer uma cultura de participação e engajamento, da sociedade, nos debates e deliberações acerca das políticas públicas relacionadas na agenda governamental voltada a RMGV.

Fonte: elaborado pelo autor (2020).

No documento BRUNNO COSTA DO NASCIMENTO SILVA (páginas 177-181)