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2. CONCEITOS, ORIGENS E OBJETIVOS DO ESTATUTO BRASILEIRO DA

2.3 Principais desafios do Estatuto

A Lei Brasileira de Inclusão à Pessoa com Deficiência, diante da sua recente entrada em vigor, possui grandes desafios. Para que alcance plena eficácia, é essencial realizar políticas públicas para adequação das normas e conscientizar a sociedade de seu papel fundamental para com as pessoas com deficiência.

Nesse sentindo, merece atenção o entendimento de Maria Regina Cazzaniga Maciel:

A estrutura das sociedades, desde os seus primórdios, sempre inabilitou os portadores de deficiência, marginalizando-os e privando-os de liberdade. Essas pessoas, sem respeito, sem atendimento, sem direitos, sempre foram alvo de atitudes preconceituosas e ações impiedosas. A literatura clássica e

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58 VILLELA, Flavia. IBGE: 6,2% da população têm algum tipo de deficiência. Disponível em:

http://www.ebc.com.br/noticias/2015/08/ibge-62-da-populacao-tem-algum-tipo-de-deficiencia, Acesso em: 25 out. 2016.

59 ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL. Secretaria Especial dos Direitos da Pessoa com

Deficiência. Aprovado o Estatuto da Pessoa com Deficiência/Lei Brasileira da Inclusão.

Disponível em: http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/noticias/aprovado-o-estatuto-da-pessoa- com-deficiencialei-brasileira-da-inclusao. Acesso em: 15 jan. 2017.

a história do homem refletem esse pensar discriminatório, pois é mais fácil prestar atenção aos impedimentos e às aparências do que aos potenciais e capacidades de tais pessoas. Nos últimos anos, ações isoladas de educadores e de pais têm promovido e implementado a inclusão, nas escolas, de pessoas com algum tipo de deficiência ou necessidade especial, visando resgatar o respeito humano e a dignidade, no sentido de possibilitar o pleno desenvolvimento e o acesso a todos os recursos da sociedade por parte desse segmento60.

Ela faz uma severa crítica ao tratamento dado às pessoas com deficiência, que são corriqueiramente subestimados por uma sociedade que, muitas vezes, têm atitudes preconceituosas e discriminatórias, visando um estereótipo e não a capacidade de fato que possuem, mas é necessário incluí-los como parte da sociedade, conforme preconiza Rafael Diogo Diógenes Lemos.

Longe de uma diferença meramente semântica, a integração permite que a sociedade incorpore aquelas pessoas que conseguem adaptar-se por meios próprios, enquanto a inclusão pressupõe que todos fazem parte de uma mesma comunidade, sem divisão em grupos, cabendo à sociedade e ao Poder Público envidar esforços para inexistirem barreiras entre os cidadãos e entre estes e seus direitos básicos61.

Uma das finalidades do estatuto é promover uma sociedade mais justa e valorizar as diferenças, possibilitando condições necessárias para que cada pessoa assuma um papel ativo dentro da comunidade. Conforme já mencionado, maior impedimento é o preconceito e a discriminação que assolam grande parte das pessoas com deficiências, mas compreender que possuir deficiência não é sinônimo de incapacidade, é um grande avanço.

A importância e os resultados da Lei de inclusão serão visualizados a longo

prazo, a medida que o tempo avançar, pois era fundamental que fosse assegurado trabalho, educação, e a concretização de outros direitos, para inclusão no social, que também são tratados no Estatuto. Leciona Sidney Madruga que:

60 MACIEL, Maria Regina Cazzanica. Portadores de deficiência, a questão da inclusão social. São

Paulo Perspec. vol.14 no.2 São Paulo Apr./June 2000. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-88392000000200008. Acesso em: 01 nov. 2016

61 LEMOS, Rafael Diogo Diógenes. Cotas Trabalhistas para Pessoas com Deficiência - Uma Análise

Principiológica. Revista de Direito do Trabalho | vol. 164/2015 | p. 65 - 84 | Jul - Ago / 2015 |

DTR\2015\13256. Disponível em:

http://www.revistadostribunais.com.br/maf/app/resultList/document?&src=rl&srguid=i0ad6adc5000001 588a3ac6eda4761f22&docguid=I08787070749811e59187010000000000&hitguid=I08787070749811e 59187010000000000&spos=1&epos=1&td=17&context=11&crumb-action=append&crumb-

label=Documento&isDocFG=true&isFromMultiSumm=true&startChunk=1&endChunk=1. Acesso em: 20 nov. 2016.

Já o paradigma da inclusão social tem por escopo mudar as estruturas comuns dos sistemas sociais em todos os aspectos (educação, trabalho, lazer etc.) e deve incluir, além das pessoas com deficiência, todas as outras excluídas dos sistemas sociais comuns, a partir de três princípios de inclusão: 1. A celebração das diferenças – as diferenças são bem-vindas, são atributos que implicam maneiras diferentes de fazer as coisas; 2. O direito de pertencer – significa que ninguém pode ser obrigado a comprovar sua capacidade para fazer parte da sociedade; 3. A valorização da diversidade humana – em que a sociedade se beneficia e se enriquece de qualidade pelo fato de ser composta por uma tão variada gama de grupos humanos62

Sendo assim, para que ocorra uma integração das pessoas na coletividade é de fundamental importância aceitar as diferenças e dar aos cidadãos o direitos de fazer parte da comunidade e, por fim, valorizar a diversidade, incutir nas mentes que as diferenças existem e que são elas que enriquecem a sociedade.

O estatuto ainda deve ser debatido com a sociedade, em escolas, nas comunidades, nas televisões ou seja, de um modo geral, ser discutido com todos. Ademais é crucial encontrar mecanismos para que os artigos dispostos aconteçam no plano fático, que se torne real na vida dos deficientes. Pois, a entrada em vigor dessa Lei foi algo inovador devido as alterações que conduziu, sendo especialmente importante para o ordenamento jurídico brasileiro, devido ao grande número de pessoas com deficiência no Brasil, conforme já aludido. Para alcançar os fins a qual foi criada, as disposições devem ser divulgadas, além disso, o governo deverá realizar ações para que seja praticado e também investir em fiscalizações, garantindo, desta forma, a aplicabilidade da norma.

Por fim, destaque-se que a inclusão social da pessoa com deficiência física é indispensável para a concretização de sua dignidade e da igualdade com os demais

cidadãos63.

Depois de compreender sobre o Estatuto da Pessoa com Deficiência, ressaltando a origem, os objetivos e as principais dificuldades enfrentadas, é indispensável, relacioná-lo com a Lei de Improbidade Administrativa, entendendo a

62 MADRUGA, Sidney. Pessoas com deficiência e direitos humanos: ótica da diferença e ações

afirmativas. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 105.

63 LEMOS, Rafael Diogo Diógenes. Cotas Trabalhistas para Pessoas com Deficiência - Uma Análise

Principiológica. Revista de Direito do Trabalho. vol. 164/2015. p. 65 – 84. Jul - Ago / 2015.

DTR\2015\13256. Disponível em:

http://www.revistadostribunais.com.br/maf/app/resultList/document?&src=rl&srguid=i0ad6adc5000001 588a3ac6eda4761f22&docguid=I08787070749811e59187010000000000&hitguid=I08787070749811e 59187010000000000&spos=1&epos=1&td=17&context=11&crumb-action=append&crumb-

label=Documento&isDocFG=true&isFromMultiSumm=true&startChunk=1&endChunk=1. Acesso em: 20 nov. 2016.

alteração que ocorreu com a entrada em vigor do Estatuto e verificar seu possível

3. O ESTATUTO DO DEFICIENTE FRENTE À LEI DE IMPROBIDADE

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