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4 MUDANÇAS NA LEGISLAÇÃO SOCIETÁRIA BRASILEIRA E IMPLICAÇÕES

4.2 Alterações provenientes das Leis federais nº 11.638/07 e 11.941/09

4.2.1 Principais modificações no Balanço Patrimonial

A Lei Federal nº. 11.941/09 alterou o artigo 178 da Lei Federal nº. 6.404/76, que trata do Balanço Patrimonial, relativamente às contas de Ativo e Passivo, que devem ser dispostas, respectivamente, em ordem decrescente de grau de liquidez e exigibilidade dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos:

a) Ativo Circulante;

b) Ativo Não-Circulante, composto por, - Ativo Realizável a Longo Prazo; - Investimentos;

- Imobilizado; e - Intangível.

c) No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos, - Passivo Circulante;

- Passivo Não-Circulante; e

- Patrimônio Líquido, dividido em Capital Social, Reservas de Capital, Ajustes de Avaliação Patrimonial, Reservas de Lucros, Ações em Tesouraria e Prejuízos Acumulados.

Dessa forma, com a modificação na nomenclatura e forma dos grupos, o Balanço Patrimonial passou a ter a estruturação apresentada no Quadro 2.

ATIVO PASSIVO + PATRIMÔNIO

LÍQUIDO

Ativo Circulante Passivo Circulante Ativo Não-Circulante Passivo Não-Circulante Realizável a Longo Prazo Patrimônio Líquido Investimento Capital Social

Imobilizado (-) Gastos com Emissão de Ações Intangível Reservas de Capital

Reservas de Lucros (-) Ações em Tesouraria

Ajustes de Avaliação Patrimonial Prejuízos Acumulados

QUADRO 2 – Novos grupos do Balanço Patrimonial Fonte: Elaborado pelo autor (2009).

substancialmente, a estrutura do Balanço Patrimonial, quando criou dois grandes grupos para Ativo e Passivo: Circulante e Não-Circulante, mantendo o Patrimônio Líquido.

No Ativo Circulante, são classificados os bens e direitos de natureza operacional, com liquidez em curto prazo; no Ativo Não-Circulante estão os subgrupos: Realizável a longo Prazo, Investimentos, Imobilizado e Intangível, sendo extinto o sub-grupo Diferido.

No Passivo Circulante estão as obrigações em curto prazo; no Passivo Não- Circulante são registradas as obrigações de longo prazo. Foram extintos os seguintes grupos: Exigível a Longo Prazo e Resultados de Exercícios Futuros, sendo que o saldo das contas desses grupos deverão ser reclassificados para o Passivo Não-Circulante. Essas mudanças visam a adequar as Demonstrações Contábeis, das entidades sediadas no Brasil, às Normas Internacionais de Contabilidade.

A Lei Federal nº. 11.638/07 inseriu, no Balanço Patrimonial, dois novos subgrupos de contas: o Intangível, no Ativo Permanente e Ajustes de Avaliação Patrimonial, no Patrimônio Líquido (BRASIL, 2007, art. 178, § 1º, “c” e § 2º, “d”). Além disso, em consonância com os padrões internacionais de contabilidade, incluiu, no ativo imobilizado, os bens decorrentes de operações em que há transferência de benefícios, controle e risco, independentemente de haver transferência de propriedade (BRASIL, 2007, art. 179, IV). Restringiu o uso do ativo diferido, extinto pela Lei nº. 11.941/09, às despesas pré- operacionais e aos gastos incrementais de reestruturação. Segregou, no ativo intangível, os bens incorpóreos, inclusive o goodwil adquirido. Deve ser ressaltado que, para as companhias abertas, a existência desse sub-grupo Intangível já se encontrava regulada pela Deliberação CVM nº. 488/05.

Quanto ao subgrupo Ajustes de Avaliação Patrimonial, servirá, essencialmente, para abrigar a contrapartida de determinadas avaliações de ativos a preço de mercado, especialmente, a avaliação de determinados instrumentos financeiros e, ainda, os ajustes de conversão em função da variação cambial de investimentos societários no exterior.

A Lei Federal nº. 11.638/07 estabeleceu, também, novos critérios para a classificação e a avaliação das aplicações em instrumentos financeiros, inclusive derivativos. Os instrumentos financeiros derivativos são aqueles cujo valor oscila em decorrência de mudanças nas taxas de juros, preço de título ou valor mobiliário, preço de

mercadoria, taxa de câmbio, índice de bolsa de valores, índice de preço, índice ou classificação de crédito, ou qualquer outra variável similar específica, cujo investimento inicial seja inexistente ou pequeno, em relação ao valor do contrato, e que sejam liquidados em data futura. Em linha com a regra internacional, esses instrumentos financeiros são classificados em três grupos: destinados à negociação, mantidos até o vencimento e disponíveis para venda, avaliação pelo custo mais rendimentos ou pelo valor de mercado será feita em função da classificação em um desses grupos (art. 183, I e § 1º, “d”).

Outra alteração relevante é a introdução do conceito de Ajuste a Valor Presente para as operações ativas e passivas de longo prazo e para as relevantes de curto prazo. A Lei Federal nº. 11.638/07, também, obriga a companhia a efetuar, periodicamente, análise para verificar o grau de recuperação dos valores registrados no ativo imobilizado, intangível e diferido. A CVM, no caso das companhias abertas, já regulou essa matéria, ao emitir a Deliberação CVM nº. 527/07 que aprovou o Pronunciamento CPC 01 do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, estando em linha com as normas internacionais de contabilidade (art. 183, § 3º).

Nas operações de incorporação, fusão ou cisão (combinação de empresas), quando forem realizadas entre partes não relacionadas e estiverem vinculadas à efetiva transferência de controle de todos os ativos e passivos da incorporada, cindida ou fusionada, deverão ser identificados, avaliados e contabilizados a valor de mercado (art. 226, § 3º).

Foi alterado o parâmetro para avaliação de coligadas pelo método da equivalência patrimonial, sendo estabelecido que esse método de avaliação seja aplicado a todas as coligadas em que a investidora tenha influência significativa. A nova lei estabelece ainda que existe presunção de influência significativa quando a participação for de 20% ou mais do capital votante, ao contrário do disposto na lei original que estabeleceu como parâmetro o capital total. Esse parâmetro está estabelecido no artigo 248 da Lei Federal nº. 6.404/76, com redação dada pela Lei Federal nº. 11.941/09.

Nos critérios de avaliação do Ativo mudou o termo ‘valor de mercado ou equivalente’, para ‘valor Justo’, quando se tratar de aplicações destinadas à negociação ou disponíveis para venda. A redação, com o termo valor justo, alterou o artigo 183, alínea a, da Lei Federal nº. 6.404/76 e foi definida na Lei Federal nº. 11.941/09.