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Principais obstáculos à integração das TIC

2. AS TIC NO CONTEXTO PEDAGÓGICO

2.3. Principais obstáculos à integração das TIC

O pesquisador Ignacio Valdívia (2008) nos assegura que existem obstáculos de diversa índole: de tipo pedagógico, institucional e tecnológico. Em seu estudo intitulado “ensinar e aprender com tecnologias” Silva (2004), chegou à conclusão de que o processo de integração das TIC na escola tem sido muito vagaroso e sobretudo rodeado de obstáculos de natureza díspar, particularmente materiais (falta de equipamentos),

humanos (falta de formação para professores e atitudes pouco positivas por partes destes) e financeiros (para aquisição de material, para a sua actualização e manutenção). Investigadores como Silva e Miranda (2005) entendem que as razões para a reduzida penetração das TIC em ambiente escolar parecem vir de várias frentes: poucos meios tecnológicos disponíveis na escola; formação limitada dos docentes para o uso pedagógico das TIC; atitudes de desconfiança e receio; a inércia da escola face as mudanças que a integração das TIC exige; a insistência na cultura de que os materiais de ensino devem ser produzidos por profissionais em vez de ser produzida por cada docente mediante as suas necessidades.

Segundo Moreira, Loureiro e Marques (2005), diversos estudos feitos em Portugal e em outros países têm mostrado algumas insuficiências com relação à efectiva integração das TIC no contexto pedagógico e alguns autores (Paiva, 2002; Lopes, 1995; Pelgrum, 2001) têm identificado vários obstáculos neste sentido e que apontam para, pelo menos, três níveis de dificuldades: Macro (Sistema educativo); Meso (Institucional); Pessoal (Professores e Alunos). De acordo com esta perspectiva, é preciso que: A nível macro seja revista a questão de falta de estabilidade do corpo docente e trabalhar o currículo tanto na perspectiva da diminuição dos conteúdos que são muito extensos bem como no sentido de adaptar os conteúdos às muitas propostas apresentadas para a integração curricular das TIC; A nível institucional se resolva todos os aspectos relacionados com a organização dos espaços, das turmas e dos horários, a insuficiência de equipamentos e infra-estruturas, a facilidade de acesso aos equipamentos, entre outros aspectos relacionados com a logística e gestão; A nível pessoal seja dada especial atenção à formação dos professores no sentido de apoderarem de competências para o uso das TIC e de poderem também fazer mudança a respeito de suas atitudes face ao uso das TIC. Aos alunos possam ver minimizadas as suas barreiras linguísticas e motivados à procura de conhecimento por iniciativa própria.

Para Barbosa e Loureiro (2011), os obstáculos à integração das TIC no contexto pedagógico, regra geral, estão relacionados com “a falta de competências na utilização

das TIC, a falta de motivação e a falta de formação”. Estes autores ainda pontuam “existir um apetrechamento, em termos de material informático algo deficitário das escolas e uma qualidade insuficiente das ligações à Internet” (p.5).

Num estudo realizado por Willem Pelgrum que envolveu 26 países, encontramos registado um conjunto de razões que, na perspectiva dos professores, obstaculizam a inserção das TIC no contexto educativo. Pelgrum (2001) elenca uma lista de trinta e oito

itens, de entre os quais podemos mencionar os seguintes: Reduzido número de computadores disponíveis para o ensino; Poucos computadores com acesso à internet; falta de técnicos para prestação de apoio técnico e de supervisão; grande dificuldade para a integração das TIC na prática pedagógica; fraca capacidade a nível de conhecimentos e habilidades dos professores para lidarem com as TIC;

Na acepção de Costa (2008), a integração das TIC nas práticas educativas padece de um conjunto de factores que podem ser reunidos em quatro grandes grupos:

Os factores de carácter predominantemente individual, sejam de natureza

afectiva ou cognitiva, de carácter intrinsecamente pessoal ou meramente profissional (contexto pessoal) – este factor tem a ver com a atitude favorável

por parte do professor com relação á importância que atribui às TIC para o processo de ensino e aprendizagem, o domínio de conhecimentos quer técnicos quer pedagógicos para lidar com as TIC em contexto de sala se aula, o nível de confiança e do sentir à-vontade para explorar o potencial das TIC;

Os factores, externos, predominantemente relacionados com a escola onde os

professores exercem a sua actividade profissional (contexto-escola) – este factor

relaciona-se com a existência de espaços e de recursos, tanto disponíveis como apropriados, a existência de pessoal qualificado para prestação de apoio técnico, a existência de um plano estritamente direccionado para a integração das TIC no currículo onde os objectivos estão rigorosamente definidos para a utilização das TIC, a existência de tempo nos horários para que tanto alunos como professores possam usá-las assiduamente, a existência de projectos de natureza curricular onde as TIC aparecem de forma transversal quer entre as áreas disciplinares quer entre as escolas locais, regionais ou nacionais;

Os factores mais directamente relacionados com as decisões tomadas em termos

de política educativa, nomeadamente ao nível da estrutura e organização curricular (contexto macro) – este factor está relacionado com a aprovação de

políticas educativas que favorecem a integração das TIC nas diferentes áreas curriculares, a infra-estruturação das escolas com recursos tecnológicos para fins pedagógicos, o financiamento de projectos que promovem iniciativas de professores e escolas, criação de sistemas de acompanhamento, de avaliação e sistematização das práticas e inovações que foram testadas com êxito;

Os factores que decorrem especificamente dos sistemas e práticas de formação

de professores – este factor está directamente relacionado com a preparação dos

professores para o uso das TIC, ou seja, com a formação quer inicial quer contínua dos docentes, a promoção de ambientes que favorecem aos alunos a autonomia e o desenvolvimento de trabalho colaborativo, a autonomia do professor através do seu desenvolvimento profissional, com formação sólida em modelos de formação que incentiva a criatividade e a colaboração, o investimento na investigação sobre o uso das TIC na educação e avaliação de resultados no tocante á melhoria do ensino e aprendizagem.

Em seu estudo sobre a utilização das TIC pelos professores, Paiva (2002) apontou um conjunto de obstáculos à integração das TIC na sala de aula: Falta de meios técnicos (equipamentos informáticos); falta de recursos humanos (profissionais qualificados para prestação de serviço técnico); falta de formação específica a professores para a utilização das TIC em contexto de sala de aula; falta de motivação por parte dos professores; falta de software e recursos digitais adequados;

Socorrendo a um outro estudioso (Wild, 1996) esta autora enumera outras tantas dificuldades com relação à integração das TIC em ambiente escolar, tais como: A falta de oportunidades para o uso assíduo de computadores o que impossibilita uma prática pedagógica contínua e eficiente; muitos alunos pertencentes a famílias de baixo rendimento económico não possuírem computador; escassez de recursos informáticos na escola; o stress do professor; a falta de segurança e também de confiança para usar as TIC; a falta de conhecimento sobre o real impacto da utilização das TIC em contexto educativo; a pouca experiência do uso das TIC na formação de professores, para a realização de actividades que envolvem as TIC;

Para Costa et al (2008), e referindo-se às conclusões do estudo de Paiva (2002) existem três dimensões que podem concorrer para obstaculizar o uso dos computadores e Internet nas escolas portuguesas: o acesso que tem a ver com o nível de equipamento das escolas com TIC e a velocidade de acesso á internet; as competências que se relaciona com a utilização das TIC e a confiança na sua utilização; e a Motivação que se deve a atitude positiva face à utilização das TIC e suas possibilidades no processo de ensino-aprendizagem.