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2 DESCARTE DE MEDICAMENTOS: DA LOGÍSTICA À LEGISLAÇÃO

2.6 PRINCIPAIS PROBLEMAS PROVOCADOS PELO DESCARTE

O descarte inadequado de medicamentos vencidos ou não utilizados contamina o meio ambiente de forma a destruir os recursos naturais. Provocam efeitos negativos para o meio ambiente e para a saúde humana quando descartados indevidamente. (HOPPE, 2012)

Os medicamentos descartados no lixo comum ou através da rede de esgoto tornam-se resíduos e com isso apresentam riscos à saúde através da contaminação da água e do solo. (HOPPE, 2012).

Os medicamentos jogados no lixo comum assim como os jogados na pia do banheiro ou vaso sanitário são prejudiciais ao meio ambiente. Os medicamentos jogados no lixo comum, segundo Hoppe (2012), “têm como destino o lixo que é levado a aterros sanitários comuns, não recebendo o tratamento adequado de incineração e assim, contaminando o meio ambiente pelos resíduos químicos que os compõe”.

Glassmeyer et al., (2009) apud Vaz et al., (2011) explicam que esta forma de descarte de medicamentos provocam o aumento de fármacos no sistema de águas residuais.

Quanto ao tratamento da água, os autores são categóricos ao afirmar que o tratamento não é capaz de eliminar os resíduos existentes.

Os aterros sanitários ou sistemas de tratamento de águas residuais, não são capazes de eliminar resíduos de medicamentos que porventura tenham sido depositados no lixo comum, pia ou vaso sanitário. Em ambos os casos as substâncias presentes nos medicamentos acabam sendo transferidas para os meios receptores hídricos ou para o solo. (HEBERER, (2002) apud VAZ, (2011).

E em relação aos efeitos das substâncias, os autores são convictos quando afirmam que “essas substâncias podem ter um conjunto de efeitos adversos em seres humanos ou animais que venham a entrar em contato com a água ou solo contaminados”. (FIRMINO, 2009 apud VAZ et al., 2011).

Os medicamentos contêm substâncias químicas e representam perigo ao meio ambiente e também às pessoas, se descartados indevidamente e segundo Heberer, 2002 apud Vaz et al., 2011 o tratamento da água não é tão eficaz quanto se espera.

Os aterros sanitários ou sistemas de tratamento de águas residuais, não são capazes de eliminar resíduos de medicamentos que porventura tenham sido depositados no lixo comum, pia ou vaso sanitário. Em ambos os casos as substâncias presentes nos medicamentos acabam sendo transferidas para os meios receptores hídricos ou para o solo. (HEBERER, 2002 desca VAZ et al., 2011).

O Professor de Epidemiologia e Medicina Preventiva, Salvador Massano Cardoso, explica que foram encontradas dezenas de substâncias químicas em análise realizada nas amostras de água

Têm sido detectadas na água de abastecimento, por esse mundo afora, dezenas de substâncias, tais como antibióticos, tranquilizantes, hormonas sexuais, anticonvulsivantes, analgésicos, anti-hipertensores, anti- hipercolesterolêmicos, anti-inflamatórios, entre muitas outras. (CARDOSO).

Cardoso explica ainda que os resíduos desses medicamentos chegam na água por meio da eliminação nos esgotos e que as centrais de tratamento dos esgotos não eliminam totalmente os resíduos fármacos

Por sua vez, Silvestre (2006) apud Hoppe (2012) também explica como acontece a contaminação.

Até os medicamentos que não são descartados e são consumidos (como parte do processo de recuperação da saúde) acabam sendo eliminados no meio ambiente. Fármacos de diversas classes terapêuticas, como antibióticos, hormônios, anti-inflamatórios entre inúmeras outras têm sido detectados em esgoto doméstico, águas superficiais e subterrâneas. (SILVESTRE, 2006 apud HOPPE, 2012).

Com essa explicação de Silvestre (2006), entende-se que até mesmo o medicamento ingerido pelo paciente pode causar algum dano ao meio ambiente, pois esses medicamentos são excretados através da urina e das fezes.

Costa et al., (2011) também relatam que os produtos fármacos podem ser liberados no meio ambiente através das fezes e urina

A liberação se dá de várias formas: após administração em humanos e/ou animais, parte dos fármacos ou produtos resultantes do seu metabolismo no corpo são excretados nas fezes e urina, onde de 50% a 90% de uma dosagem é excretado sem sofrer alterações, permanecendo no ambiente. (COSTA, et al., 2011).

Costa et al., (2011) também enfatizam a contaminação ambiental através de qualquer forma de descarte dos resíduos fármacos, seja sua eliminação pelo próprio corpo humano ou sendo jogados no lixo comum, pia ou vaso sanitário, enfatizam ainda que os tratamentos da água não eliminam totalmente esses resíduos.

As autoras dizem o seguinte:

Pelo fato do Brasil se enquadrar em um dos dez maiores consumidores mundiais de medicamentos e a tendência é de aumento do consumo nos próximos anos. Portanto devemos considerar que qualquer tipo de eliminação de medicamentos para o meio ambiente direta ou indiretamente, irá cair na rede de esgoto doméstico, chega à estação de tratamento, na qual não dispõe de tecnologia para remover todos os resíduos acabando nos rios e podendo voltar para o consumo humano. (COSTA et al., 2011).

O ex Vice-Presidente do Conselho Federal de Farmácia (CFF), Walter da Silva Jorge João afirmou para a Revista Pharmacia Brasileira que “foram identificados 36 fármacos diferentes em diversos rios, na Alemanha, dentre os quais estão antilipidêmicos, analgésicos-antipiréticos, anti-inflamatórios e anti- hipertensivos”.

João (2015), também afirmou que foram encontrados fármacos na Itália.

Detectaram a presença de 18 fármacos em oito estações de tratamento de esgoto, ao longo dos rios Po e Lombo; e outro pesquisador observou, em nove estações de tratamento de esgoto, fármacos, como ofloxacino, furosemida, atenolol, hidroclorotiazida, carbamazepina, ibuprofeno, benzafibrato, eritromicina, lincomicina e claritromicina. (JOÃO, 2015).

Apesar de as consequências desses fármacos no meio ambiente ainda serem muito obscuros, há uma preocupação redobrada com a presença de antibióticos e de estrogênios na água, devido ao desenvolvimento de bactérias resistentes e também a alteração no sistema reprodutivo de peixes. (JOÃO, 2015).

João (2015) é enfático ao afirmar que “essa contaminação resulta do descarte indevido, da excreção de metabólicos, que não são eliminados no processo de tratamento de esgotos, e também do uso veterinário”.

Em notícia publicada na revista Scientific American Brasil e no site uol.com.br existem falhas na remoção de fármacos nos tratamentos de água, e que as estações de tratamentos da água (ETA) só conseguem remover metade dos componentes químicos presente na água.

A pesquisadora da Joint Commission International, Antonette Arvai, relata que “Os compostos químicos aparecem em níveis baixos, em partes por bilhão ou partes por trilhão, mas as pessoas e a vida aquática não são expostas a apenas um composto de cada vez e sim a uma mistura de diversas substâncias”.

Com base no relato de Arvai, precisaríamos de um estudo mais complexo para detectar quais substâncias podem prejudicar a saúde humana.

Um estudo comandado por Arvai pesquisou setenta e quatro rios que são utilizados para água potável nos Estados Unidos, e destes, cinquenta e três rios apresentaram sinais de produtos fármacos.

A figura 4 demonstra com clareza que os descartes de medicamentos através do lixo comum, pias ou vasos sanitários não fazem parte do modo para a disposição final ambientalmente correto.

Figura 4 – Cadeia Não-Ecológica de medicamentos descartados Fonte: http://www.descarteconsciente.com.br/

A decomposição do lixo se transforma em gases poluentes, como exemplo o gás metano e no chorume, substância tóxica e de cheiro muito desagradável, o chorume penetra no solo vindo atingir os lençóis freáticos ou lençóis de água. (CARVALHO; MACHADO, 2012).

No aterro sanitário o risco de contaminação de lençóis freáticos é expressivo e a emissão do gás metano é muito grande. (VARGAS, 2014).

Quando o medicamento é descartado na pia ou no vaso sanitário, desce pela rede de esgoto e transforma-se na conhecida “mancha tóxica” que a estação de tratamento não é capaz de eliminar na sua totalidade, voltando novamente para o consumo humano. (VARGAS, 2014).

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