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5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

5.1 Principal Contribuição da Dissertação

Diante dos resultados apresentados, concluiu-se que são muitas as lacunas existentes nas especificações vigentes referentes aos tratamentos superficiais por penetração. Na etapa de seleção e caracterização dos materiais, por exemplo, não há referência à critérios mínimos para os ensaios preconizados com base no desempenho dos TSPs. Tal fato pode ocasionar a concepção de revestimentos suscetíveis à ocorrência de defeitos, sendo estes originados por problemas primários que poderiam ser evitados, como uma baixa uniformidade dos grãos, ou uma incompatibilidade entre ligante e agregado, entre outros.

Por esse motivo, ilustrou-se na Figura 73 um fluxograma de seleção e caracterização de materiais adequados para aplicação em TSPs, evidenciando critérios mínimos aceitáveis para a PUC dos agregados, a compliância não recuperável Jnr do resíduo da emulsão

asfáltica e a tensão de arrancamento POTS do conjunto ligante agregado.

Figura 73 - Fluxograma de seleção e caracterização dos materiais

Considerando a perda de agregados limite que ainda é considerada com bom desempenho por Pereira (2013) igual a 20%, define-se P2EM máximo como sendo 80% e esse é

o denominador para o cálculo do PUC. Já o numerador PEM, que indica o potencial de

exsudação, não apresenta ainda um limite definido pela literatura, mas avaliando outros estudos nessa temática (CHATURABONG, 2014; HERRINGTON; KODIPPILY; HENNING, 2015; KODIPPILY, 2013) definiu-se como um valor limite de PEM 16% para que o revestimento ainda

seja considerado seguro para o usuário. Substituindo tais valores na equação 3, obteve-se um valor limite para o PUC de 0,2. É notório que esse valor pode variar para diferentes tipos de agregado e emulsão, sendo considerado representativo para materiais semelhantes aos aplicados no presente estudo.

Em relação aos valores de compliância não recuperável Jnr do resíduo da emulsão

asfáltica, reproduziu-se no fluxograma os limites preconizados pela PRS americana (KIM et al., 2017), que definiu faixas a partir do volume de tráfego a ser atendido. Já as faixas de desempenho para o ensaio ABS foram as mesmas propostas por Adams (2014), que avaliou em seu estudo materiais para aplicação específica em TSPs. Entende-se, no entanto, que os limites definidos consideram aceitáveis POTS muito baixos, necessitando de uma avaliação mais aprofundada à luz dos materiais disponíveis localmente.

Após uma seleção de materiais adequada, o desafio passa a ser a escolha de um método de dosagem que gere o melhor desempenho possível do revestimento. É sabido que mesmo os “melhores” materiais podem não ser suficientes para garantir a eficácia de uma estrutura, devendo-se levar em consideração também as taxas de aplicação associadas a eles. Diante disso, observou-se que não há no Brasil um método de dosagem específico aos TSPs, considerando as especificidades dos materiais, as condições climáticas, os possíveis defeitos, etc.

Sendo assim, com base na revisão de literatura realizada e nos inúmeros questionamentos levantados no presente estudo, propõe-se no fluxograma da Figura 74 um método de dosagem para TSPs, a fim de minimizar a ocorrência de perda de agregados e de exsudação. Nesse método incluem-se aspectos de volumetria dos materiais, do clima em que se pretende executar o serviço e ensaios de desempenho.

Figura 74 - Fluxograma do processo de dosagem

Fonte: elaborada pela autora.

Com relação à definição da TAAg, recomenda-se manter as proposições do método do DER-CE, no entanto sem a majoração das taxas recomendadas na especificação vigente, a fim de evitar o desperdício de agregado. Já para a definição da TAE, propõe-se o procedimento recomendado por Adams (2014), em que se propõe um escaneamento da bandeja após a definição da TAAg a fim de se descobrir o volume total da amostra. Dessa forma, poderia ser calculado o volume de vazios da amostra a ser preenchido por emulsão. No procedimento incluiu-se ainda um fator de absorção do agregado, que deve ser somada ao volume de vazios para realizar o cálculo da TAE. Esse volume de emulsão absorvida pelos agregados só será considerado em casos que a absorção é superior à 2%, de acordo com o critério de McLeod (1971 apud ADAMS, 2014).

Após a determinação da TAAg e da TAE devem ser moldados corpos de prova para verificar se o desempenho desses materiais nessas taxas é satisfatório. Antes da moldagem, verificou-se por esse estudo que a temperatura de aplicação da emulsão e a temperatura de cura têm grande influência no desempenho do TSP, devendo ser considerados na fase de dosagem. Assim, com base nos resultados obtidos considerou-se que em regiões de clima quente a emulsão pode ser menos aquecida (46°C) e em regiões mais frias é essencial um aquecimento mais elevado (58°C). Como esse critério de clima pode ser subjetivo, em regiões de clima mais ameno, sugere-se a moldagem de corpos de prova em ambas as temperaturas para a garantia de uma construção adequada.

Propõe-se que os CPs sejam submetidos a ensaios de avaliação da exsudação e da perda de agregados. Sugere-se o LWT associado a um PDI para verificação da área exsudada nas amostras, a fim de evitar problemas de segurança viária. Esse defeito ainda necessita de maiores estudos a fim de se definir limites aceitáveis para TSPs. Para a avaliação da perda de agregado existem diversos ensaios já explorados na literatura, mas no presente estudo foram considerados o WTAT e o Sweep test. Os limites preconizados para cada um foram diferentes devido ao Sweep test ser um ensaio menos abrasivo que o WTAT. Após a avaliação, caso o desempenho seja satisfatório, considera-se que as TAAg e TAE definidas podem ser consideradas como as de projeto. Em caso de desempenho insatisfatório, recomenda-se uma revisão completa do processo, desde a etapa de seleção até a confecção dos CPs. Mais detalhes de cada uma das etapas apresentadas nos fluxogramas foram abordados na próxima seção.

Por fim, recomenda-se que os órgãos rodoviários criem especificações de serviço que incluam parâmetros como o PUC, a tensão de arrancamento POTS, faixas de desempenho para a perda de agregados e para a exsudação com base no volume de tráfego a ser atendido, etc. Com isso, espera-se tornar viável a criação de um método de dosagem específico para TSPs nos moldes do que foi sugerido no presente estudo.