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Priorização de projetos sociais

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E REVISÃO DA LITERATURA

2.2 Gerenciamento e avaliação de projetos de desenvolvimento social

2.2.3 Priorização de projetos sociais

Se existe pouca literatura referente ao gerenciamento de projetos sociais, técnicas e abordagens seguindo a literatura de projetos, aqueles que se referem de algum modo à priorização, portfólio ou seleção desses projetos são quase inexistentes. Para este capitulo, então, busca-se mais um embasamento teórico e referenciar alguns modelos utilizados em pesquisas recentes sobre priorização de projetos sem procurar aprofundar em propriedades de

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nenhum modelo de projeto específico. A ideia é que a priorização é uma forma de avaliação de projetos para a escolha daquele que será priorizado.

Deste modo, como visto anteriormente, os projetos sociais possuem recursos finitos e que muitas vezes são desperdiçados por falta de eficiência em seu gerenciamento. Como parte do trabalho de gerente é priorizá-los e selecioná-los faz muito sentido que se pense como isso pode ser feito de forma eficiente, eficaz e efetiva. O PMI (2004), considera a gestão de portfólio uma importante prática do gerenciamento de projetos e estabelece como processos necessários a identificação, categorização, avaliação, seleção, priorização, balanceamento e autorização. Destaca-se aqui o processo de priorização, que deve possuir um modelo de pontuação para avaliação dos projetos e priorizar os projetos de melhor pontuação.

De forma geral, apesar de existirem diversos tipos de critérios para priorização de projetos, na prática ela é feita geralmente apenas visando o lucro sem considerar vários critérios, tanto quantitativos como qualitativos. Outra limitação das práticas existentes na priorização de projetos é a abordagem determinista. A maioria das priorizações são feitas com base no aspecto financeiro (PURNUS; BODEA, 2014).

Em estudo recente, por exemplo, Dutra, Ribeiro e Carvalho (2014), em uma abordagem seguindo a primeira categoria, sugeriram um modelo baseado nos investimentos e benefícios e suas possíveis incertezas, fornecendo uma análise econômico-probabilística do retorno esperado dos projetos. Para tal selecionaram 73 estudos entre 2010 e 2011 e conseguiram organizar 35 critérios quantitativos e qualitativos utilizados para seleção de projetos. Após compilar esses critérios, organizaram o modelo.

Este tipo de priorização não é muito válida no caso de projetos sociais já que o objetivo maior deste tipo de projeto não é o lucro. Atualmente pesquisas sobre projetos em geral vem buscando demonstrar modelos que busquem mais do que a priorização pelo aspecto financeiro. Vamos a alguns exemplos.

Em um estudo sobre priorização de projetos de grandes construções, Mok, Shen & Yang, (2014) buscaram obter essa seleção através da análise dos stakehoders. O que se aproxima muito das analises participativas de projetos sociais. No caso, deste estudo, existia uma grande dificuldade dos gerentes de projetos em identificar os stakeholders e as suas necessidades e a avaliação de impactos destes e de seus relacionamentos para formulação de estratégias de engajamento adequadas. Assim foram-se definidos quatro importantes temas para priorização de projetos a partir de stakehoders: (1) os interesses dos stakeholders e

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influências, (2) processo de gerenciamento dos stakehoders, (3) os métodos de análise dos stakehoders, e (4) o engajamento dos stakehoders. Descobriu-se assim que a precisão da avaliação das partes interessadas pelos gerentes de projeto é restringida pela limitação cognitiva do próprio stakeholder.

Outro modelo existente e que é muito utilizado na seleção de projetos são os métodos Multiple Criteria Decision Aid (MCDA). Estes são usados principalmente em problemas típicos de classificação em que o tomador de decisão é chamado de destacar as alternativas mais atraentes, tendo em conta diferentes aspectos das empresas ou eficiência dos projetos. De maneira geral este modelo conta com propriedades de projetos mais simples. Caso sejam feitas restrições podem ser feita a utilização de dois modelos ou mais em conjunto. Na pesquisa Mavrotas; Diakoulaki; Caloghirou, (2004), além de ter que observar critérios múltiplos, existiam restrições. Nesse caso a solução foi a combinação de duas ferramentas (MCDA e Integer Programming) pode efetivamente lidar com problemas de tomada de decisões específicas, onde para além da consideração de múltiplos critérios as alternativas devem obedecer a restrições especiais (MAVROTAS; DIAKOULAKI; CALOGHIROU, 2004).

Mais do que um modelo, Nowak, (2013), considera a necessidade de uma abordagem diferente. Para ele, muitos modelos são baseados na premissa que o tomador de decisão está familiarizado com os últimos desenvolvimentos na análise de decisão, o que nem sempre é verdade. A gestão de portfólio de projetos é um processo contínuo e nesses modelos, normalmente, a dinâmica não é levada em consideração. Mas a qualquer momento, a organização tem vários projetos. E é preciso saber que novas propostas devem ser incluídas , e que os projetos devem ser retirados do sistema do modelo. Devemos também ter em conta as alternativas que possam surgir no futuro próximo. Deste modo, Nowak (2013) propõe uma abordagem interativa para gestão de projetos, com o uso de programação dinâmica para identificar a melhor solução no que diz respeito a cada critério. Em seguida, usa-se uma abordagem quase hierárquica para encontrar uma proposta para o tomador de decisão.

Assim, existem diversos modelos e abordagens para a priorização de projetos. Como dito no capitulo sobre gerenciamento de projetos, não existe um modelo definido e as organizações acabam por utilizar o método que lhe convém. Alguns destes métodos não se encaixam com a dinâmica de projetos sociais, como é o caso daqueles baseados em lucro. Tal ocorre porque este não é o principal objetivo dos projetos sociais. Já uma abordagem que

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considere as partes interessadas pode ser interessante. O problema é que, como visto antes, os stakeholders formam uma teia complexa de interesses em projetos sociais. A dificuldade é encontrar uma metodologia que se adapte a esta complexidade e que consiga abarcar interesses de todas as pessoas e organizações envolvidas. Tanto a priorização como a avaliação de projetos é um desafio recorrente em muitas Organizações sem fins lucrativos e no desenvolvimento de seus projetos. A seguir descreve-se um pouco mais sobre este tipo de organização e que obstáculos ela vêm encontrando.

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