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de pena de prisão até ao qual o nosso ordenamento jurídico ad mite a substituição como limite mínimo (ou seja, a medida con-

creta da pena mais reduzida que funciona como máximo até ao

qual se aplicam certas sanções substitutivas), então diríamos

que, com a reforma de 2007 do CP, ele passou a ser de um ano

(

98

) (multa de substituição, as então prisão por dias livres e re-

gime de semidetenção, bem como, em regra, o então art. 44.º, n.º

1; hoje (desde 2017), só nos podemos referir ao art. 45.º, n.º 1).

Todavia, como usualmente o limite mínimo da privação de li-

berdade é de um mês (art. 41.º, n.º 1), será este o quantum de

pena a partir do qual se pode pensar em aplicar o regime em es-

tudo (

99

). Se tivermos em mente o limite máximo até ao qual

ainda é possível ao juiz equacionar a substituição, então diremos

que, também com a reforma de 2007, o mesmo passou a ser de

cinco anos de prisão, com a suspensão de execução da pena pri-

vativa de liberdade — a que nos opomos (

100

) —, o que já se não

(98) Não por esta ordem de considerações, a maioria dos subscritores da Una propuesta

alternativa al sistema de penas y su ejecución, y a las medidas cautelares personales, Málaga: Grupo de Estudios de Política Criminal, 2005, p. 31 propende para esse li- mite, embora também se refira que uma «minoria significativa» deles alinha pelo di- apasão dos seis meses.

(99) Prova da imprestabilidade deste critério é um breve relance de Direito Compa-

rado: o StGB austríaco aponta para uma duração mínima de um dia (§ 18 Abs 2), o mesmo sucedendo nos Países Baixos (art. 10, 2, do CP daquele Estado), ao passo que em Cabo Verde, por exemplo, o limite mínimo normal é de três meses (art. 51.º), provavelmente por se ter considerado que as finalidades punitivas assinaladas no CP daquele Estado (art. 47.º) só se cumprem com um quantum mínimo de pena superior ao que foi tido por adequado pelo legislador nacional.

(100) Veja-se o nosso «A suspensão da execução da pena privativa de liberdade sob

pretexto da Revisão de 2007 do Código Penal», in: MANUEL DA COSTA ANDRADE et al. (orgs.), Estudos em homenagem ao Prof. Doutor Jorge de Figueiredo Dias, vol. II, Coimbra: Universidade de Coimbra e Coimbra Editora, 2009, pp. 603-607. Como referimos naquele trabalho, em Itália, p. ex., o art. 163 admite a sospensione condi- zionale della pena até dois anos, fazendo-o não só para a pena de prisão, mas também de multa e, como regra, a suspensão pode ir até cinco anos; no caso de menores de 18 anos pode ser medida concreta até 3 anos, e de 18 a 21ou quando o agente tem mais de 70 anos, pode elevar-se até dois anos e meio — cf. art. 163 do CP italiano. Ao invés, patrocinando-o e podendo ser encarada como fonte próxima da alteração de 2007, cf. MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, Relatório final da Comissão de Estudo e Debate da Reforma do Sistema Prisional, 2004, disponível em

http://www.dgpj.mj.pt/sections/politica-legislativa/anexos/legislacao-avulsa/comis- sao-de-estudoe/downloadFile/attachedFile_f0/RelatorioCEDERSP.pdf?noca- che=1205856345.98, acedido em 16/8/2013, pp. 90-91. Em Espanha, onde a suspen- são é, em regra, até dois anos (cf. art. 80 do CP daquele Estado), também defensoras de um alargamento, ESTER BLAY/ELENA LARRAURI, «La supervisión de los delincuen- tes en libertad», in: ELENA LARRAURI/ESTER BLAY (eds.), Penas comunitarias en Eu- ropa, Madrid: Editorial Trotta, 2011, p. 10. Já em sentido que temos por correcto — e que era o vigente entre nós até 2007, mas sem as distinções que veremos já a seguir — o prazo suspensivo oscila, consoante a gravidade da pena entre dois a cinco anos para as penas não superiores a dois anos, e de três meses a um ano para as «penas leves» (art. 81, § 1, do CP espanhol). O art. 33 estabelece classes de penas — graves, menos graves e leves —, sendo estas últimas as prevenidas no n.º 4 daquele norma- tivo, abrangendo um conjunto muito amplo e diversificado de reacções que vão desde a privação do direito a conduzir veículos com motor até certo limite temporal, multa, o correspondente à nossa pena de PTFC e certas restrições de direitos. Impressiona a aparente falta de rigor na elaboração destas «classes sancionatórias».

Focando agora mais de perto a nossa atenção sobre a mudança legislativa que, por via da Ley Orgánica 1/2015, com entrada em vigor em 1/7/2015, no específico domínio das penas substitutivas, o mais saliente foi a simplificação do regime do equivalente à nossa pena suspensa, transformando-a em uma única, ao invés das várias modalida- des existentes em função dos condenados (ordinária, para toxicodependentes e subs- tituição, a qual, agora, é uma pena substitutiva de expulsão para estrangeiros), ofere- cendo uma tramitação mais fácil e ágil (assumida no preâmbulo do diploma), até por- que se assistia, não raras vezes, a um conjunto de recursos derivados dessas distintas modalidades, o que em nada abonava à celeridade e eficácia processuais (também elogiadas no preâmbulo, como hoje sucede em todas as democracias ocidentais). Por outro lado, a rigidez existente em termos de não concessão da pena em estudo na hipótese de antecedentes criminais é alterada, passando o juiz a, caso a caso, determi- nar se essa inscrição ou inscrições devem ou não infirmar o juízo prognóstico favorá- vel, algo de similar ocorrendo com a revogação da pena suspensa (MARGARITA ROIG TORRES, «Suspensión de la ejecución de las penas privativas de libertad (arts. 80, 81 y 82)», pp. 323-339 e ADORACIÓN CANO CUENCA, «Suspensión de ejecución de la pena condicionada al cumplimiento de prohibiciones y deberes. Especial considera- ción de la expulsión de los extranjeros. La sustitución de la pena de prisión por la expulsión (arts. 83, 84, 85, 86, 87, 308 bis y 89)», pp. 341-374, ambos in: JOSÉ L. GONZÁLEZ CUSSAC (dir.), Comentarios a la Reforma del Código Penal de 2015, 2.ª ed, Valencia: Tirant lo Blanch, 2015.; ANTONIO ROMA VALDÉS (dir.), Código Penal comentado, Madrid: Bosch, 2015, p. 177, ABEL TÉLLEZ AGUILERA, «El libro primero del Código Penal tras la Ley Orgánica 1/2015», in: La Ley, 4105/2015, JUAN JOSÉ CORELLA MIGUEL, «La nueva regulación de la suspensión y sustitución tras la entrada en vigor de la reforma operada en el Código Penal por la LO 1/2015, de 30 de marzo», in: La Ley, 3595/2015 e EMILIO SÁEZ MALCEÑIDO, «Reforma penal del beneficio de la suspensión de la pena», in: La Ley, 4649/2015). Já entende que a concessão da reacção criminal se justifica «inteira e exclusivamente de jeito preventivo-especial negativo», pelo que os constituintes do juízo de substituição se ligam todos com a

enquadra, todavia, em nenhuma das concepções típicas de uma