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O uso expansivo da internet no Brasil, assim como o crescente número de compras realizadas no meio digital, acendeu discussões pertinentes sobre o uso e o destino de informações obtidas por provedores de internet e redes sociais.

O impacto das mídias sociais, seja em business to business (B2B), seja em business to consumer (B2C), possui reflexos comerciais diretos e expressivos, dada a forte influência que o meio digital, em especial as redes sociais, exerce nas próprias empresas e em pessoas comuns.

Técnicas como storytelling18, um modo de impactar e causar uma

impressão manipulada de acordo com o interesse desejado no consumidor, são potencializadas pelas mídias digitais, graças à natureza democrática da internet, a velocidade com que os dados circulam na rede e, principalmente, a impressionante adesão das pessoas a essas mídias.

Os números, levando-se em consideração somente o Brasil, falam por si só. 62% (sessenta e dois por cento)19 da população brasileira encontra-se em plena atividade nas redes sociais, segundo o relatório divulgado pelas empresas We are Social e Hootsuite, intitulado “Digital in 2018: The Americas”.

O youtube, a plataforma de vídeos mais popular do mundo, detém 60% (sessenta por cento)20 dos acessos brasileiros. Logo em seguida, destaca-se a rede social facebook, com 59% (sessenta e por cento)21 dos acessos, e o aplicativo de conversas online whatsapp, contando com expressivos 56% (cinquenta e seis por cento)22. A surpresa do relatório é a rede social instagram, que segundo o documento,

18 Como fazer apresentações incríveis usando storytelling. Disponível em:

https://endeavor.org.br/marketing/storytelling/. Acesso em: 11 de novembro de 2019.

19 Digital in 2018: The America. Disponível em: https://hootsuite.com/resources/digital-in-2018-

americas. Acesso em 07 de novembro de 2019.

20 Digital in 2018: The America. Disponível em: https://hootsuite.com/resources/digital-in-2018-

americas. Acesso em 07 de novembro de 2019.

21 Digital in 2018: The America. Disponível em: https://hootsuite.com/resources/digital-in-2018-

americas. Acesso em 07 de novembro de 2019.

22 Digital in 2018: The America. Disponível em: https://hootsuite.com/resources/digital-in-2018-

possui 40% (quarenta por cento)23 dos acessos, figurando em quarto lugar na pesquisa.

O mesmo relatório constatou ainda que 58% (cinquenta e oito por cento)24 já buscou por um serviço ou produto pela internet, o que evidencia a existência de um forte mercado digital de vendas.

As mídias digitais, portanto, representam uma tendência já amplamente difundida de estratégia de marketing das empresas. O relatório, contudo, demonstra que 37% (trinta e sete por cento)25 das pessoas ainda compram um produto em razão da publicidade propagada em canais aberto de televisão, e que 29% (vinte e nove por cento)26 dos consumidores realizam compras por terem visto o produto primeiro na internet, o que não deixa de ser um destaque positivo para as mídias.

A frenética expansão da internet e seu poder de captar a atenção dos indivíduos também implica em questões sérias, tais como a segurança no meio digital, os crimes virtuais e as penalidades cabíveis, bem como a assistência necessária às vítimas de tais delitos, a potencialização de preconceitos e, principalmente, a privacidade.

A sensação de anonimato e a falsa ideia de que tudo pode ser feito e dito na internet sem prudência, com certeza são fatores que justificam, em parte, a insegurança digital a qual as pessoas estão constantemente submetidas ao utilizarem a tecnologia.

O direito à privacidade, contudo, não é violado apenas nas circunstâncias expostas acima, mas cotidianamente em situações, muitas vezes, desconhecidas pelos indivíduos.

A utilização de mecanismos como o Big Data revela a problemática existente entre a vida íntima e os interesses nas coletas de dados pessoais para fins diversos.

Foi nesse contexto que surgiu a Lei Geral de Proteção de Dados, visando

23 Digital in 2018: The America. Disponível em: https://hootsuite.com/resources/digital-in-2018-

americas. Acesso em 07 de novembro de 2019.

24 Digital in 2018: The America. Disponível em: https://hootsuite.com/resources/digital-in-2018-

americas. Acesso em 07 de novembro de 2019.

25 Digital in 2018: The America. Disponível em: https://hootsuite.com/resources/digital-in-2018-

americas. Acesso em 07 de novembro de 2019.

26 Digital in 2018: The America. Disponível em: https://hootsuite.com/resources/digital-in-2018-

a proteção do titular dos dados e a penalização daquele que descumpre suas diretrizes, com o intuito de preservar o direito à privacidade, previsto constitucionalmente no artigo 5º, inciso X , e reiterado a fundo em diversos dispositivos do Código Civil , como no artigo 21, que dispõe que “a vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma”.

A garantia à vida íntima, portanto, vale-se da premissa de que tudo aquilo mantido em domínio próprio e que o indivíduo não tem interesse em compartilhar deve ser mantido em total sigilo, não havendo a possibilidade de ser mirada por sujeitos alheios à informação.

André Ramos Tavares27, em sua obra, leciona que a intimidade se traduz como tudo aquilo que diz respeito única e exclusivamente à pessoa em si mesma, abarcando questões como sua personalidade, modo de agir no íntimo e assuntos que não tenham a participação de terceiros.

O autor destaca ainda que tem sido utilizada a ideia de camadas para representar a diferença entre a intimidade e a vida privada. Assim, a intimidade poderia ser conceituada como a camada mais profunda, mais reservada, a qual o acesso de terceiros é praticamente vedado totalmente e restrito até mesmo para pessoas íntimas.

A vida privada, por sua vez, seria uma camada de proteção menor e mais modesta, mas ainda atuante. Destarte, embora nesta camada ainda exista o acesso por muitos indivíduos, não há a possibilidade de divulgação irrestrita, massiva ou mesmo de desnecessidade de autorização para a divulgação de tais informações.

Nesse sentido, a privacidade, em si, seria um conceito associado não só a individualidade, mas também ao interesse coletivo, uma vez que as regras inerentes ao íntimo moldam e impõem limites ao convívio em sociedade, relacionando-se, portanto, ao interesse coletivo.

A garantia da proteção dos dados virtuais nada mais é que uma manifestação do direito à privacidade. A privacidade dos dados pessoais tem, portanto, início em diversas leis e tratados internacionais na década de 1970, como

27 Tavares, André Ramos. Curso de direito constitucional – 10. ed. rev. e atual. – São Paulo : Saraiva, 2012, p. 676.

pontua Danilo Doneda28 ao afirmar que a privacidade dos dados começou a se estruturar em torno da informação e da preocupação com os dados de natureza pessoal29.

A relação entre privacidade e dados é perceptível com clareza, segundo o autor, nas construções legislativas e jurisprudenciais dos últimos 40 (quarenta) anos. Destaca-se, nesse sentido, referências significativas como a concepção de uma informational privacy nos Estados Unidos.

Prossegue esclarecendo que o 'núcleo duro' do informational privacy é formado pelo direito de acesso a dados armazenados por órgãos públicos do governo e, ainda, pela disciplina das instituições de proteção de crédito.

Além disso, menciona-se também a autodeterminação informativa estabelecida pelo Tribunal Constitucional alemão e a Diretiva n° 95/46/CE da União Europeia, que surtiu efeitos diretos em nossa legislação atual sobre dados.

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